O BRASIL FICOU REFÉM DE CHICO XAVIER, DETURPADOR E REACIONÁRIO, MAS "DONO" DOS CONCEITOS DE "PAZ" E DE "AMOR" ACREDITADOS POR MUITOS.
Nos tornamos reféns da deturpação espírita e não sabemos. Usamos pretextos agradáveis como "paz", "misericórdia", "tolerância", sem saber que caímos em armadilhas bastante perigosas devido ao pretexto da conciliação entre abusadores e abusados. E é por isso que o Brasil não vai para a frente, apostando em velhas fórmulas de pacificação que põem os conflitos debaixo do tapete.
É como se, a cada desordem no galinheiro, chamássemos as raposas para controlar a situação. Sempre dá errado, mas também sempre há uma tentação de, em nome da misericórdia, da tolerância e do perdão, acolhêssemos as raposas que irão destruir o galinheiro, acreditando que elas "aprenderam a lição". E, a cada destruição, mais perdão. E sempre o mesmo papo: "tudo bem, as raposas erraram, elas são as que mais erram entre todos nós. Mas deem uma chance a elas, vamos!".
Isso é o que acontece sob o rótulo de Espiritismo, no Brasil. A deturpação criou estragos profundos, sem que a maioria das pessoas soubesse (e, quando é convidada a saber, se recusa a tal desagradável, porém realista, tarefa, presas às "coisas lindas" trazidas pela deturpação).
A deturpação reduziu o Espiritismo a uma religião de ideias medievais, herdadas pelo Catolicismo jesuíta do Brasil-colônia, marcada pela erosão doutrinária na qual os ensinamentos espíritas originais foram reduzidos a nada. Só se admite vida após a morte e reencarnação e só. O resto são devaneios católicos, e coisas deploráveis como a adoração extrema aos ditos "médiuns".
Mas isso prejudicou o legado kardeciano de maneira bastante criminosa. Em vez de estudarmos a sério os conceitos de contato entre vivos e mortos, preferiu-se inventar mensagens fake de conteúdo religioso. Isso fez as pessoas optarem por fantasiar mundos espirituais como se fossem um misto de condomínios de luxo, grandes complexos hospitalares e igreja. Os próprios "hospitais" das ditas "colônias espirituais" funcionam como tais arremedos de igrejas.
Na "caverna de Platão" que se tornou o Brasil, muitos imaginam que as supostas psicografias são "autênticas" porque falam mensagens positivas que a ninguém agridem. Mas, paremos para pensar. Até os trotes telefônicos de perigosos estelionatários falam de coisas boas, agora ganham um tom familiar, com o criminoso caprichando no tom familiar, e esperando a "leitura fria" da vítima, pegando, assim, carona nos detalhes trazidos por esta.
Não imaginamos o quanto pessoas como Humberto de Campos e Auta de Souza, por exemplo, teriam se sentido ofendidas por verem que outra pessoa, no caso Chico Xavier, se passou por eles para mandar mensagens. Mesmo sendo mensagens positivas e agradáveis, a apropriação é ainda assim leviana e cruel, porque, de qualquer maneira, um outro se passa por eles para mandar mensagens. Só na "caverna de Platão" é que Humberto e Auta falaram por si mesmos do além.
Não imaginamos o quanto Irma de Castro, a Meimei, foi postumamente traída pelo seu viúvo Arnaldo Rocha, com as supostas psicografias de Chico Xavier. Ela teria ficado horrorizada com os arremedos textuais que imitam uma caricata professorinha de jardim de infância, e Meimei, mesmo católica, veria imoralidade naquelas mensagens que ela não havia escrito, porque outro está se passando por ela.
Os espíritos do além-túmulo se afastam, horrorizados, dos "médiuns". Nada do que estes fazem tem a autoria das almas do outro lado. Tudo é feito da imaginação fértil de cada "médium", com base em pesquisas bibliográficas sobre um morto de sua escolha ou por pesquisas empíricas, colhendo informações ou interpretando sinais de linguagem dos depoimentos de parentes e amigos de um falecido.
Na "caverna de Platão", tudo bem, porque a "realidade" está nas sombras refletidas por velas acesas, que forjam uma luminosidade impressionante para os padrões do recinto, mas que não se comparam ao que está fora de tal ambiente.
Qualquer mensagem fake que não traga conteúdo ofensivo, obsceno ou aludisse à violência propriamente dita é considerado "autêntico" mesmo com falhas de aspectos estilísticos ou pessoais. Chega-se mesmo à idiotice de permitir que essas mensagens "possam ser autênticas ou não" conforme o "entendimento de cada um". Ignora-se quantos falecidos são lesados diante dessa permissividade da "fé espírita".
Pesquisas sobre a verdadeira comunicação com os mortos ficam comprometidas. Estudos existem e há pesquisadores como Sônia Rinaldi, no Brasil. Há estudos sobre como usar recursos dos meios de Comunicação, da televisão ao programa de áudio Audacity, para capturar mensagens dos mortos. Mas tudo isso é paralizado, porque a "mediunidade" se tornou uma farra de mensagens fake permitidas por causa do prestígio religioso de um "médium", que rapidamente se blinda pela caridade de fachada.
RELIGIÃO DE ADORAÇÃO
O que entendemos aqui como Espiritismo virou uma mera "religião de adoração", que expressa valores tão conservadores que já combinam seu conteúdo com a herança Católica medieval e alguns acenos reacionários das seitas neopentecostais. Ultimamente os "espíritas" estão cada vez mais se aproximando de pautas obscuras da Igreja Universal do Reino de Deus, da Assembleia de Deus e outras.
O mais chocante é que, se observarmos o que realmente foi a trajetória de Chico Xavier, se constata que ele tem mais aspectos negativos que positivos. Ele foi um deturpador grave dos ensinamentos espíritas, ele "medievalizou a Doutrina Espírita" e, com seu exército fake de "autores espirituais", veiculou valores medievais e opiniões retrógradas como se não fossem "suas opiniões pessoais", enganando o público pelo falso universalismo de tais posições.
Neste caso, destaca-se a ofensa grave que Chico Xavier fez com Casimiro de Abreu, poeta ultrarromântico de vida bem curta, botando na "autoria dele" posturas que o poeta fluminense nunca defenderia, que era a "alegria de sofrer", com base na Teologia do Sofrimento, seguida pelo "médium". Os ultrarromânticos falavam em sofrimento e angústia, mas o faziam por lamento e desabafo, nunca por verem as desgraças da vida como coisas alegres e divertidas.
O Espiritismo, no Brasil, foi desmoralizado porque virou mera "religião de adoração". Tudo se limita à idolatria dos chamados "médiuns", e até supostas atividades como a mediunidade e a filantropia são nada mais do que meros ganchos para essa adoração cega e extrema. Nem mesmo o pretexto de certos espíritas de pedir que os "médiuns" sejam apenas admirados como pessoas "imperfeitas e humildes" impede essa idolatria, antes a disfarçando pelo aparato da falsa modéstia.
O gravíssimo prejuízo que se observa no legado espírita, criminosa e irresponsavelmente desmoralizado no Brasil, é que indica o quanto não se deve subestimar o problema da deturpação espírita. As pessoas fogem dos textos que alertam sobre a deturpação, porque preferem a "água com açúcar" das "mensagens lindas" do "espiritismo" catolicizado. No oceano da lógica e do bom senso, o "canto da sereia" igrejeiro-medieval de Chico Xavier já levou multidões à perdição.
E isso se deu de tal forma que há até a "masturbação com os olhos" do entretenimento da comoção fácil. As pessoas já vão às doutrinárias (missas) dos "centros espíritas" com a perspectiva de chorarem ouvindo uma "estória linda", sem perceber da crueldade que fazem: sem saber, acabam se divertindo às custas da tragédia alheia, por mais que pareçam "solidárias" aos sofredores.
COMBATE À DETURPAÇÃO PREJUDICADO
Com essa inclinação fácil e viciada ao igrejismo "espírita", os trabalhos de combate à deturpação espírita são sempre prejudicados. A primeira tentativa séria, nos anos 1970, se revelou uma farsa. Na crise do roustanguismo, depois que se acentuou o conflito entre os "científicos" (como José Herculano Pires e Deolindo Amorim) e a cúpula da FEB, depois da morte do ex-presidente Antônio Wantuil de Freitas e da ascensão de seus herdeiros, criou-se a "fase dúbia" do "movimento espírita".
Integrantes dos "místicos", dos quais se incluíram Chico Xavier e Divaldo Franco, buscaram uma aproximação tendenciosa e oportunista aos "científicos", até para se vingarem de Luciano dos Anjos, que denunciou um esquema de fraudes "espíritas" que quase jogou os dois "médiuns" uns contra os outros. Com isso, os dois, famosos pelo conteúdo igrejeiro-medieval de seus livros, pegaram carona nos "científicos" para evitar serem "engolidos" pela crise do roustanguismo.
Os dois prometeram "recuperar as bases espíritas originais". Nunca cumpriram tais promessas e só fizeram, quando muito, ações de fachada: Chico Xavier com alguns depoimentos "corretamente espíritas", Divaldo Franco com seus simulacros de pretensa intelectualidade, sua retórica rebuscada, seus trejeitos professorais. Mas, fora isso, os dois até intensificaram a deturpação do Espiritismo e levaram às últimas consequências.
Por causa disso, a promessa de "não só entender e conhecer Kardec, mas vivê-lo no dia a dia" foi só uma desculpa demagógica para abafar os conflitos. E, o que é pior, a tentação do igrejismo contamina até quem quer mesmo combater a deturpação. No meio do caminho, se fala demais em "fraternidade", "amor a Jesus" e "paz entre os irmãos" que mesmo alguns anti-igrejistas mais esforçados, que garimpam nos ensinamentos científicos kardecianos, caem na tentação.
Tanto que até entre os anti-deturpadores se fala de desculpas viciadas, de que "Chico Xavier pelo menos era um homem bom e fez caridade", algo que não se faz sequer a profissionais simpáticos, porém desastrosos, que são designados a arrumar as casas das pessoas comuns. Mas o Chico Xavier desastrado na conduta do Espiritismo é poupado por causa de uma "caridade" que nunca teve resultados profundos, até porque, se tivesse, o Brasil seria um país bem melhor que hoje.
Usar o bom-mocismo de Chico Xavier como desculpa para abafar ou relativizar críticas severas tornou-se comum. E isso faz com que ele sobreviva ileso até ao mais esforçado combate à deturpação, mesmo quando uma parcela da bibliografia xavieriana é sacrificada, como as que se atribui a Emmanuel.
Até mesmo a fantasiosa narrativa de Nosso Lar, de um fictício André Luiz, ou a obra fake creditada a Humberto de Campos, o ufanista (proto-bolsonarista?) Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, sobrevivem diante do esforço do combate à deturpação, mesmo com seus conteúdos constrangedores. Brasil, Coração do Mundo, por exemplo, aborda a História do Brasil de caráter ao mesmo tempo místico e irreal dos livros didáticos menos qualificados.
Ultimamente bastante comparado a Jair Bolsonaro pela ascensão arrivista e pelo conteúdo reacionário surpreendentemente idênticos, os chiquistas aparentemente progressistas são levados à tentação de jogar o "médium" para a esquerda, mesmo quando sabemos que Chico é um pé-frio perigoso para os esquerdistas. Tentam, em vão, colher textos tardios da literatura xavieriana para plantar neles uma interpretação tendenciosamente "progressista", manipulada pelo pensamento desejoso e não raro à mercê de muitas inverdades.
A confusão que se tem entre perdão e permissividade fez com que o combate à deturpação do Espiritismo fosse comandado por seus maiores deturpadores. E existe sempre o risco de haver mais um escândalo referente à "vaticanização do Espiritismo" e a "quadrilha" de deturpadores - como, por exemplo, foi o caso de Alamar Régis Carvalho, já falecido - criar um falso discurso anti-deturpação, se aproveitando dos pretextos de "fraternidade" e "conciliação".
Dessa forma, concilia-se as raposas e as galinhas, usando como desculpas palavras aparentemente bonitas e confortáveis como "tolerância e compreensão". Confundindo perdão com permissividade, também se confunde banimento com intolerância.
Demitimos encanadores e obreiros de casa quando eles provocam algum desastre. Botamos filhos nas ruas por uma traição. Alguns maridos chegam a ser sanguinários com as mulheres que apenas lhe demonstram uma pequena infidelidade. Amigos de infância viram inimigos por conta de uma pequenina traição ou desavença.
Mas quando se trata de um "médium" trair os ensinamentos espíritas, desqualificar o trabalho árduo de Allan Kardec, a complacência é geral e até mesmo masoquista. Diante de tantos incidentes negativos, os defensores de Chico Xavier e asseclas sempre arrumam um jeito para livrá-los das responsabilidades, seja atribuindo culpa a terceiros, seja minimizando os erros, quando não podem ser escondidos.
Isso tem que parar. O prejuízo causado ao Espiritismo pelos deturpadores, sobretudo os "médiuns" alvo de adoração cega e extrema (ainda que sob o disfarce da "admiração saudável a pessoas simples"), impede os verdadeiros estudos da espiritualidade, da vida após a morte, pois as supostas pesquisas que prevalecem vão no âmbito do esoterismo, do misticismo e até da legitimação de práticas fraudulentas. Tudo isso só tem como resultado a adoração agradável, porém viciada, aos "médiuns", transformados em sacerdotes de um "espiritismo" catolicizado e medieval.
Nos tornamos reféns da deturpação espírita e não sabemos. Usamos pretextos agradáveis como "paz", "misericórdia", "tolerância", sem saber que caímos em armadilhas bastante perigosas devido ao pretexto da conciliação entre abusadores e abusados. E é por isso que o Brasil não vai para a frente, apostando em velhas fórmulas de pacificação que põem os conflitos debaixo do tapete.
É como se, a cada desordem no galinheiro, chamássemos as raposas para controlar a situação. Sempre dá errado, mas também sempre há uma tentação de, em nome da misericórdia, da tolerância e do perdão, acolhêssemos as raposas que irão destruir o galinheiro, acreditando que elas "aprenderam a lição". E, a cada destruição, mais perdão. E sempre o mesmo papo: "tudo bem, as raposas erraram, elas são as que mais erram entre todos nós. Mas deem uma chance a elas, vamos!".
Isso é o que acontece sob o rótulo de Espiritismo, no Brasil. A deturpação criou estragos profundos, sem que a maioria das pessoas soubesse (e, quando é convidada a saber, se recusa a tal desagradável, porém realista, tarefa, presas às "coisas lindas" trazidas pela deturpação).
A deturpação reduziu o Espiritismo a uma religião de ideias medievais, herdadas pelo Catolicismo jesuíta do Brasil-colônia, marcada pela erosão doutrinária na qual os ensinamentos espíritas originais foram reduzidos a nada. Só se admite vida após a morte e reencarnação e só. O resto são devaneios católicos, e coisas deploráveis como a adoração extrema aos ditos "médiuns".
Mas isso prejudicou o legado kardeciano de maneira bastante criminosa. Em vez de estudarmos a sério os conceitos de contato entre vivos e mortos, preferiu-se inventar mensagens fake de conteúdo religioso. Isso fez as pessoas optarem por fantasiar mundos espirituais como se fossem um misto de condomínios de luxo, grandes complexos hospitalares e igreja. Os próprios "hospitais" das ditas "colônias espirituais" funcionam como tais arremedos de igrejas.
Na "caverna de Platão" que se tornou o Brasil, muitos imaginam que as supostas psicografias são "autênticas" porque falam mensagens positivas que a ninguém agridem. Mas, paremos para pensar. Até os trotes telefônicos de perigosos estelionatários falam de coisas boas, agora ganham um tom familiar, com o criminoso caprichando no tom familiar, e esperando a "leitura fria" da vítima, pegando, assim, carona nos detalhes trazidos por esta.
Não imaginamos o quanto pessoas como Humberto de Campos e Auta de Souza, por exemplo, teriam se sentido ofendidas por verem que outra pessoa, no caso Chico Xavier, se passou por eles para mandar mensagens. Mesmo sendo mensagens positivas e agradáveis, a apropriação é ainda assim leviana e cruel, porque, de qualquer maneira, um outro se passa por eles para mandar mensagens. Só na "caverna de Platão" é que Humberto e Auta falaram por si mesmos do além.
Não imaginamos o quanto Irma de Castro, a Meimei, foi postumamente traída pelo seu viúvo Arnaldo Rocha, com as supostas psicografias de Chico Xavier. Ela teria ficado horrorizada com os arremedos textuais que imitam uma caricata professorinha de jardim de infância, e Meimei, mesmo católica, veria imoralidade naquelas mensagens que ela não havia escrito, porque outro está se passando por ela.
Os espíritos do além-túmulo se afastam, horrorizados, dos "médiuns". Nada do que estes fazem tem a autoria das almas do outro lado. Tudo é feito da imaginação fértil de cada "médium", com base em pesquisas bibliográficas sobre um morto de sua escolha ou por pesquisas empíricas, colhendo informações ou interpretando sinais de linguagem dos depoimentos de parentes e amigos de um falecido.
Na "caverna de Platão", tudo bem, porque a "realidade" está nas sombras refletidas por velas acesas, que forjam uma luminosidade impressionante para os padrões do recinto, mas que não se comparam ao que está fora de tal ambiente.
Qualquer mensagem fake que não traga conteúdo ofensivo, obsceno ou aludisse à violência propriamente dita é considerado "autêntico" mesmo com falhas de aspectos estilísticos ou pessoais. Chega-se mesmo à idiotice de permitir que essas mensagens "possam ser autênticas ou não" conforme o "entendimento de cada um". Ignora-se quantos falecidos são lesados diante dessa permissividade da "fé espírita".
Pesquisas sobre a verdadeira comunicação com os mortos ficam comprometidas. Estudos existem e há pesquisadores como Sônia Rinaldi, no Brasil. Há estudos sobre como usar recursos dos meios de Comunicação, da televisão ao programa de áudio Audacity, para capturar mensagens dos mortos. Mas tudo isso é paralizado, porque a "mediunidade" se tornou uma farra de mensagens fake permitidas por causa do prestígio religioso de um "médium", que rapidamente se blinda pela caridade de fachada.
RELIGIÃO DE ADORAÇÃO
O que entendemos aqui como Espiritismo virou uma mera "religião de adoração", que expressa valores tão conservadores que já combinam seu conteúdo com a herança Católica medieval e alguns acenos reacionários das seitas neopentecostais. Ultimamente os "espíritas" estão cada vez mais se aproximando de pautas obscuras da Igreja Universal do Reino de Deus, da Assembleia de Deus e outras.
O mais chocante é que, se observarmos o que realmente foi a trajetória de Chico Xavier, se constata que ele tem mais aspectos negativos que positivos. Ele foi um deturpador grave dos ensinamentos espíritas, ele "medievalizou a Doutrina Espírita" e, com seu exército fake de "autores espirituais", veiculou valores medievais e opiniões retrógradas como se não fossem "suas opiniões pessoais", enganando o público pelo falso universalismo de tais posições.
Neste caso, destaca-se a ofensa grave que Chico Xavier fez com Casimiro de Abreu, poeta ultrarromântico de vida bem curta, botando na "autoria dele" posturas que o poeta fluminense nunca defenderia, que era a "alegria de sofrer", com base na Teologia do Sofrimento, seguida pelo "médium". Os ultrarromânticos falavam em sofrimento e angústia, mas o faziam por lamento e desabafo, nunca por verem as desgraças da vida como coisas alegres e divertidas.
O Espiritismo, no Brasil, foi desmoralizado porque virou mera "religião de adoração". Tudo se limita à idolatria dos chamados "médiuns", e até supostas atividades como a mediunidade e a filantropia são nada mais do que meros ganchos para essa adoração cega e extrema. Nem mesmo o pretexto de certos espíritas de pedir que os "médiuns" sejam apenas admirados como pessoas "imperfeitas e humildes" impede essa idolatria, antes a disfarçando pelo aparato da falsa modéstia.
O gravíssimo prejuízo que se observa no legado espírita, criminosa e irresponsavelmente desmoralizado no Brasil, é que indica o quanto não se deve subestimar o problema da deturpação espírita. As pessoas fogem dos textos que alertam sobre a deturpação, porque preferem a "água com açúcar" das "mensagens lindas" do "espiritismo" catolicizado. No oceano da lógica e do bom senso, o "canto da sereia" igrejeiro-medieval de Chico Xavier já levou multidões à perdição.
E isso se deu de tal forma que há até a "masturbação com os olhos" do entretenimento da comoção fácil. As pessoas já vão às doutrinárias (missas) dos "centros espíritas" com a perspectiva de chorarem ouvindo uma "estória linda", sem perceber da crueldade que fazem: sem saber, acabam se divertindo às custas da tragédia alheia, por mais que pareçam "solidárias" aos sofredores.
COMBATE À DETURPAÇÃO PREJUDICADO
Com essa inclinação fácil e viciada ao igrejismo "espírita", os trabalhos de combate à deturpação espírita são sempre prejudicados. A primeira tentativa séria, nos anos 1970, se revelou uma farsa. Na crise do roustanguismo, depois que se acentuou o conflito entre os "científicos" (como José Herculano Pires e Deolindo Amorim) e a cúpula da FEB, depois da morte do ex-presidente Antônio Wantuil de Freitas e da ascensão de seus herdeiros, criou-se a "fase dúbia" do "movimento espírita".
Integrantes dos "místicos", dos quais se incluíram Chico Xavier e Divaldo Franco, buscaram uma aproximação tendenciosa e oportunista aos "científicos", até para se vingarem de Luciano dos Anjos, que denunciou um esquema de fraudes "espíritas" que quase jogou os dois "médiuns" uns contra os outros. Com isso, os dois, famosos pelo conteúdo igrejeiro-medieval de seus livros, pegaram carona nos "científicos" para evitar serem "engolidos" pela crise do roustanguismo.
Os dois prometeram "recuperar as bases espíritas originais". Nunca cumpriram tais promessas e só fizeram, quando muito, ações de fachada: Chico Xavier com alguns depoimentos "corretamente espíritas", Divaldo Franco com seus simulacros de pretensa intelectualidade, sua retórica rebuscada, seus trejeitos professorais. Mas, fora isso, os dois até intensificaram a deturpação do Espiritismo e levaram às últimas consequências.
Por causa disso, a promessa de "não só entender e conhecer Kardec, mas vivê-lo no dia a dia" foi só uma desculpa demagógica para abafar os conflitos. E, o que é pior, a tentação do igrejismo contamina até quem quer mesmo combater a deturpação. No meio do caminho, se fala demais em "fraternidade", "amor a Jesus" e "paz entre os irmãos" que mesmo alguns anti-igrejistas mais esforçados, que garimpam nos ensinamentos científicos kardecianos, caem na tentação.
Tanto que até entre os anti-deturpadores se fala de desculpas viciadas, de que "Chico Xavier pelo menos era um homem bom e fez caridade", algo que não se faz sequer a profissionais simpáticos, porém desastrosos, que são designados a arrumar as casas das pessoas comuns. Mas o Chico Xavier desastrado na conduta do Espiritismo é poupado por causa de uma "caridade" que nunca teve resultados profundos, até porque, se tivesse, o Brasil seria um país bem melhor que hoje.
Usar o bom-mocismo de Chico Xavier como desculpa para abafar ou relativizar críticas severas tornou-se comum. E isso faz com que ele sobreviva ileso até ao mais esforçado combate à deturpação, mesmo quando uma parcela da bibliografia xavieriana é sacrificada, como as que se atribui a Emmanuel.
Até mesmo a fantasiosa narrativa de Nosso Lar, de um fictício André Luiz, ou a obra fake creditada a Humberto de Campos, o ufanista (proto-bolsonarista?) Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, sobrevivem diante do esforço do combate à deturpação, mesmo com seus conteúdos constrangedores. Brasil, Coração do Mundo, por exemplo, aborda a História do Brasil de caráter ao mesmo tempo místico e irreal dos livros didáticos menos qualificados.
Ultimamente bastante comparado a Jair Bolsonaro pela ascensão arrivista e pelo conteúdo reacionário surpreendentemente idênticos, os chiquistas aparentemente progressistas são levados à tentação de jogar o "médium" para a esquerda, mesmo quando sabemos que Chico é um pé-frio perigoso para os esquerdistas. Tentam, em vão, colher textos tardios da literatura xavieriana para plantar neles uma interpretação tendenciosamente "progressista", manipulada pelo pensamento desejoso e não raro à mercê de muitas inverdades.
A confusão que se tem entre perdão e permissividade fez com que o combate à deturpação do Espiritismo fosse comandado por seus maiores deturpadores. E existe sempre o risco de haver mais um escândalo referente à "vaticanização do Espiritismo" e a "quadrilha" de deturpadores - como, por exemplo, foi o caso de Alamar Régis Carvalho, já falecido - criar um falso discurso anti-deturpação, se aproveitando dos pretextos de "fraternidade" e "conciliação".
Dessa forma, concilia-se as raposas e as galinhas, usando como desculpas palavras aparentemente bonitas e confortáveis como "tolerância e compreensão". Confundindo perdão com permissividade, também se confunde banimento com intolerância.
Demitimos encanadores e obreiros de casa quando eles provocam algum desastre. Botamos filhos nas ruas por uma traição. Alguns maridos chegam a ser sanguinários com as mulheres que apenas lhe demonstram uma pequena infidelidade. Amigos de infância viram inimigos por conta de uma pequenina traição ou desavença.
Mas quando se trata de um "médium" trair os ensinamentos espíritas, desqualificar o trabalho árduo de Allan Kardec, a complacência é geral e até mesmo masoquista. Diante de tantos incidentes negativos, os defensores de Chico Xavier e asseclas sempre arrumam um jeito para livrá-los das responsabilidades, seja atribuindo culpa a terceiros, seja minimizando os erros, quando não podem ser escondidos.
Isso tem que parar. O prejuízo causado ao Espiritismo pelos deturpadores, sobretudo os "médiuns" alvo de adoração cega e extrema (ainda que sob o disfarce da "admiração saudável a pessoas simples"), impede os verdadeiros estudos da espiritualidade, da vida após a morte, pois as supostas pesquisas que prevalecem vão no âmbito do esoterismo, do misticismo e até da legitimação de práticas fraudulentas. Tudo isso só tem como resultado a adoração agradável, porém viciada, aos "médiuns", transformados em sacerdotes de um "espiritismo" catolicizado e medieval.
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