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Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?


Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias".

O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde), de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa.

E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente tiveram de supostas psicografias? E a obra xavieriana, que prega a servidão no trabalho, a ponto de pedir para que a pessoa "continue trabalhando" mesmo quando a tarefa é difícil e o horário, exaustivo?

E Jair Bolsonaro acolhendo seus seguidores e cumprimentando vendedores de pastéis, sorrindo, contando piadas, se comportando como o "tio do pavê", interagindo com internautas, sendo muito gentil com quem é solidário com ele? E o "capitão" indo para ver partidas de futebol, rindo com os torcedores? E o "mito" fazendo selfies sorrindo com seus fãs? Alguém acha que Bolsonaro seria eleito se só estivesse mal humorado e dizendo "vou matar todos vocês que não votarem em mim"?

E a naturalização da morte? "Eu não entendo de Economia. Eu só sei é matar", disse, certa vez, Jair Bolsonaro. Chico Xavier diz "valorizar a vida", mas estranhamente seus devotos mais idosos sempre veem seus filhos morrerem jovens, do nada, como que numa maldição macabra. E há quem diz que Chico Xavier sempre teve um olhar maligno, antes que a doença lhe fizesse ficar fraco e melancólico, mas nem por isso aquela "bondade mansa" que muitos atribuem a ele.

O que não são as "cartas mediúnicas" senão a espetacularização da morte? Há a suposição, sem o menor fundamento nem embasamento, de um "mundo espiritual" concebido por paixões terrenas, como um débil consolo dos que renunciam à matéria terrena e tratam a encarnação como se fosse lixo, achando que a "vida maior" será igualzinho aqui, com quiosque de açaí em toda esquina e orgias de sexo apenas "moderadas" pelos "ensinamentos do Cristo". Não seria um complemento à "morte" idealizada por Jair Bolsonaro, através do relato "positivo" de uma "outra vida" idealizada?

E que contraste tem no Jair Bolsonaro que "mata a petralhada" num Chico Xavier que disse que o AI-5 "era necessário para acabar com o caos"? Chico Xavier dizia que os militares estavam fazendo do Brasil um "reino de amor". Se juntarmos as peças, Chico Xavier também defendia o coronel Brilhante Ustra. Chega de os "espíritas" continuarem vivendo presos no mundo encantado da Disney!

Os brasileiros se apegam a uma leitura adocicada de Chico Xavier, tratado como se fosse "fada-madrinha", embora com mil desculpas aqui e ali para desmentir ou afirmar qualquer coisa: "o admirável tipo humano", "o homem que doou a vida pelo próximo", "a pessoa que, imperfeita e errante, levou a Boa Nova aos brasileiros", "sem ser salvador da pátria, ajudou os brasileiros" e tanta palhaçada.

Dois textos revelam a incoerência e uma confusão de ideias que setores "progressistas" do "movimento espírita" brasileiro pregam, caindo em permanente contradição entre si - falar de "coisas boas" não é garantia de coerência de abordagem de ideias - , pois, alegando "fidelidade" e "respeito" a Allan Kardec, também prestam consideração àqueles que deturparam a Codificação.

Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo são pessoas que não se pode recorrer para quem precisa entender melhor a Doutrina Espírita. Eles contradizem em suas ideias, vivendo, sem saber, o permanente conflito que têm em evocar causas progressistas mas endeusar nomes associados a um "espiritismo" bastante conservador, no qual ambos são muito seletivos ao endeusar tais nomes, como Chico Xavier e Emmanuel, cujos reacionarismos são jogados debaixo do tapete.

"ESPÍRITAS DE ESQUERDA"?

Tanto Franklin quanto Ana Cláudia já escreveram textos com uma certa hidrofobia - sim, adeptos de Chico Xavier sentem raiva, reagindo como bolsomínions às acusações de que o "médium" foi um "pré-bolsonarista" - e, tanto em um quanto em outro, nota-se uma aflição paranoica em associar o "espiritismo" brasileiro a Sérgio Moro (Ana Cláudia, em outra ocasião, havia se indignado com a hipótese de relacionar Chico Xavier a Jair Bolsonaro).

FÁCIL FAZER MONTAGENS MISTURANDO KARDEC COM OS DETURPADORES DA CAUSA ESPÍRITA, EMMANUEL E CHICO XAVIER. INCOERÊNCIA PURA.

Autoproclamados "de esquerda", mas com surtos raivosos bem parecidos com os dos bolsomínions quando são contrariados, Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo, arautos de um tal "espiritismo de esquerda" que confunde as coisas, num engodo que tenta colocar o reacionário deturpador Chico Xavier ao lado de Lula, Dilma Rousseff etc, tentam pregar um "espiritismo" que só existe em suas imaginações férteis, não correspondendo à realidade.

Mas, paciência, tem gente que impõe a sua verdade, sem perceber os fatos. Nós, que criticamos a Doutrina Espírita, nos preocupamos com os fatos, não nos importando a posse da verdade nem a presunção da melhor palavra. Nós procuramos observar as coisas, por trás de aparências fáceis e agradáveis, e preferimos ficar com os fatos, por mais desagradáveis que sejam, por mais que causem insônia e depressão. Paciência. Nós seguimos o método kardeciano de analisar as coisas!

Apresentamos provas de que Chico Xavier sempre foi reacionário e fez fraudes literárias. Quanto ao reacionarismo, tem até texto exclusivo a respeito, através das palavras dele, pouco importando se creditadas aos "espíritos do além", atribuição bastante duvidosa e falha, mas, se fizesse sentido, havia a presunção de que o "médium" concordava com quase tudo que fosse dito pelos "amigos do além".

Carlos Baccelli, "médium" de Uberaba, havia dito que Chico Xavier tinha profundo pavor de ver Lula presidindo o Brasil, posição manifesta em 1989 mas mantida até o fim da vida, até porque, pela sua formação tradicional, Chico Xavier não era o tipo de pessoa que iria mudar radicalmente na velhice. Ele já tinha 61 anos quando manifestou apoio à ditadura militar, idade que, naquele contexto (1971), já era considerada fase da velhice.

Tão afeitos em pregar o fim dos conflitos, em reprovar o ódio e as brigas, de tão tristes com a polarização ideológica existente no Brasil, Félix e Laurindo brigam com os fatos e com as ideias permanentemente. Será que eles serão capazes de reprovar Carlos Baccelli - que virou "vidraça" porque tornou-se obsediado e encerrou parceria com Chico Xavier, mas nunca se tornou inimigo do "médium", vale lembrar - , pela "dolorosa revelação", quando os fatos e a própria obra de Chico Xavier indicavam que, se vivesse em 2018, o "médium" apoiaria, realmente, Jair Bolsonaro?

Não adianta usar a imagem adocicada do "médium humanista" para defender Chico Xavier e ficar pulando feito criancinha raivosa ao supor que "Chico Xavier apoiaria Fernando Haddad, que era um professor!", porque isso é uma mentira descarada. O "Chico Xavier" das fantasias de Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo era um "esquerdista corajoso", mas essa imagem é derrubada pela realidade, até porque os dois "espíritas" nem devem ter visto Pinga Fogo da TV Tupi, hoje disponível no YouTube.

Vejam a incoerência que Ana Cláudia Laurindo escreveu em dois trechos do referido texto:

"O codificador deixou sérios alertas quanto as possíveis ações dos espíritos enganadores, chame-os pseudo-sábios, hipócritas ou presunçosos; e toda a investidura destes para enganar, ludibriar, confundir o espírita em atividade.

Tais comunicadores de má fé, utilizariam palavras bonitas, usariam linguagem rebuscada e manejariam o convencimento sob roupagens atraentes, ou seja, armariam verdadeiras ciladas à espera de um instante de fraqueza.

Será que os espíritas conservadores e direitistas brasileiros, caminharam por uma via alternativa de fascinação?"

Esquece Ana Cláudia que Allan Kardec definiu aspectos que se encaixavam na obra mistificadora de Chico Xavier! Espíritos enganadores - que intuíram Chico Xavier a atribuir nomes ilustres ou queridos, de Humberto de Campos a Meimei - , pseudo-sábios, hipócritas (sobretudo no fingido apoio ou respeito ao Comunismo, à causa LGBTQ e à Ciência) e presunçosos (a falsa humildade de Chico Xavier é uma presunção às avessas, similar ao que Jesus descrevia dos antigos fariseus).

E as palavras bonitas, como as mensagens de Chico Xavier que circulam na Internet? E a linguagem rebuscada, sob roupagem atraente? Textos de Chico Xavier com apelos "amorosos", que nas redes sociais são ilustradas por beija-flores, céus azuis, peixinhos no fundo do mar etc. Isso não é uma investidura em promover fascinação no momento de fraqueza de alguém?

E Franklin Félix, também "preocupado" com o conservadorismo "espírita", também se equivoca nesse trecho, usando em causa própria o que disse o professor Kardec:

"Pelo que tudo indica, o bolsonarismo desidrata, mas o estrago já foi feito e levaremos alguns anos, quem sabe, mais de uma encarnação, para nos libertarmos dos seus efeitos.

Em todo esse horror – até para que fique registrado na história – não podemos esquecer do papel protagonista de parte do movimento espírita brasileiro, abandonando os princípios de Kardec e os ensinamentos de Jesus.

Em obras póstumas, Kardec defende: “Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras constituem o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da humanidade, se os princípios que elas exprimem pudessem receber integral aplicação”.

Logo, os espíritas que flertaram com o fascismo, assim como fizeram com o golpe militar e com o apoio a Fernando Collor, repetem seus erros só que desta vez bem pior, por que as informações são muito mais rápidas e diversas do que 20, 50 anos atrás".

Franklin Félix se esqueceu que seu amado Chico Xavier apoiou o golpe civil-militar de 1964 (a parte civil veio principalmente de intelectuais do IPES e movimentos religiosos, inclusive a FEB), e manifestou seu horror a João Goulart diante de uma plateia enorme do Pinga Fogo. Chico Xavier apoiou Fernando Collor e sentia horror a Lula. No fim da vida, o "médium", que havia recebido visitas de Aécio Neves e Luciano Huck, sentia simpatia pelo PSDB.

Por sorte, Chico Xavier morreu em 2002 e ele virou uma espécie de bonequinho de marionete das imaginações fantasiosas dos "espíritas de esquerda", que apenas usam bases frágeis e superficiais para sustentarem suas teses que, só por serem mais agradáveis, nem por isso são realistas, por mais que se coloquem exércitos de palavras que tentem evocar, em caixas altas, verbetes como "paz" e "fraternidade".

Fácil tratar Chico Xavier como uma "fada-madrinha" e cair em contradição, num dia atribuindo ao "médium" habilidades fantásticas, no outro desmentindo a imagem de "salvador da pátria" e "semi-deus" atribuída a Xavier. Fácil moldar o "médium" não como ele realmente foi, mas pela imagem adocicada de pretenso humanista, "símbolo de amor e paz", se esquecendo que isso é uma propaganda enganosa com base no método do "fabricante de santos", Malcolm Muggeridge.

Chico Xavier sempre teve raízes conservadoras, nunca se rebelando contra elas. Apoiando a ditadura militar aos 61 anos, ele não reveria seus valores mais adiante, porque na sua formação social, a velhice é vista como uma fase em que as ideias se tornam consolidadas e inflexíveis, sendo impossível que o "médium" adotasse, depois de 1990, alguma postura esquerdista, por mais moderada que fosse.

E DAÍ?

Devemos sempre considerar os fatos. Nem todas as coisas são agradáveis. Mas também não é para relativizar o desagradável, transformando o passado em lixeira dos erros comprovados de alguém. Fácil jogar para a lixeira do passado os defeitos de Chico Xavier que não podem ser desmentidos, supondo que ele, no fim da vida, "aprendeu a lição", sempre numa carteirada por baixo, tudo em nome de uma idolatria que, exagerada ou dissimulada, precisa ser mantida, para o bem das vendas dos livros e dos lucros financeiros da Federação "Espírita" Brasileira.

Fácil estufar o peito e arrotar "humanismo progressista", como os patéticos "espíritas de esquerda" que exaltam o reacionário Chico Xavier. Fácil citar o exemplo de Adolfo Bezerra de Menezes, o Dr. Bezerra, que apesar do título de "Kardec brasileiro", através de um relato preciosista:

"Não é novidade a atuação de espíritas na política. Bezerra de Menezes fez isso de maneira brilhante. Liberal e de ideias abolicionistas, Bezerra não foi o “bom velhinho”, doce, que alguns espíritas insistem apresentar ou representar. Enérgico, dono de uma fabulosa oratória, foi contemporâneo de Joaquim Nabuco, Dom Pedro II e Rui Barbosa".

O parágrafo, além de não apresentar qualquer fundamento, tenta definir o Dr. Bezerra como um "grande líder parlamentar" que lutou bravamente pela causa abolicionista e, paralelamente ao trabalho de "caridade", falava como um "trovão" que sacudiu o Poder Legislativo nos tempos do Segundo Império.

O problema é que devemos sempre desconfiar de relatos glorificadores, quando eles estão restritos à "bolha espírita". Fora da "bolha", Dr. Bezerra é um nada diante da historiografia política e social do nosso Brasil. Mesmo num contexto mais restrito, entre os literatos, por exemplo, onde Joaquim Nabuco e Rui Barbosa (do qual o grande público ignora ser uma espécie de "tataravô" de Marina Rui Barbosa) são cultuados, Bezerra é praticamente ignorado de qualquer menção.

Fora uma tímida menção de Nelson Werneck Sodré, que recomendou o livro A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a nação, de abordagem correta, mas nada revolucionária e, todavia, bastante tardia - se lembrarmos que, em 1823, José Bonifácio já defendia a causa abolicionista - , nada fez Bezerra de Menezes ser lembrado de forma significativa fora da "bolha" do "movimento espírita" brasileiro.

Isso é fichinha, diante do desprezo que as pessoas fazem sobre aspectos arrepiantes da trajetória de Chico Xavier. Sua defesa à ditadura militar, a ponto de ser condecorado pela Escola Superior de Guerra (que só premiou colaboradores estratégicos do regime ditatorial), é notória de seu reacionarismo convicto, o qual gente como Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo colocam debaixo do tapete.

Porém, até os "isentões espíritas" passam pano para esconder essa sujeira. E aí voltamos à comparação com Jair Bolsonaro, que também teve erros escondidos pela passagem de pano de juristas, autoridades e da sociedade, e, recentemente, ao responder a uma jornalista que lembrou ao presidente que mais de 5.000 pessoas morreram de Covid-19 no Brasil, este respondeu: "E daí? Sou Messias, mas não faço milagres. Lamento, mas fazer o quê?".

É tanto "E daí?" em torno de tantos erros graves de Jair Bolsonaro, que não afetam o sossego solipsista dos brasileiros, sejam eles eleitores, parlamentares ou juízes e procuradores, mesmo no tempo da campanha presidencial, que também não dá para esquecermos quantos "E daí?" foram dados, também, para Chico Xavier.

Recentemente, denúncias arrepiantes de arrancar os cabelos de qualquer careca foram difundidas e que põem em risco a imagem adocicada do "bondoso médium". Uma é que ele foi premiado pela Escola Superior de Guerra pelos favores prestados à ditadura militar, o que indica não só colaboração com o regime ditatorial (prova de que Chico Xavier era ultraconservador) quanto desmentia sua associação aos oprimidos, agindo em favor dos opressores.

Sabemos que Chico Xavier, se estivesse realmente ao lado do povo oprimido, ele teria se arriscado a se opor ao governo militar, em vez de pedir aos brasileiros que "orassem em favor dos militares, porque eles estavam fazendo do Brasil um 'Reino de Amor' (sic)". Entre os militares, se inclui o horrendo e sádico coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ídolo de Jair Bolsonaro e seus filhos. Um humanista preferia arriscar sua vida em prol dos oprimidos, em vez de se aliar aos opressores.

Outra denúncia é quanto às fraudes literárias, que desmentiram a falácia de que "se Chico Xavier era um fraudador, era um fraudador de talento, e, se não era, foi um porta-voz dos maiores espíritos literatos da nossa língua", porque a narrativa, aceita até por "isentões espíritas", foi derrubada por descobertas trazidas, sem querer, por uma historiadora, Ana Lorym Soares, na monografia O livro como missão: A publicação de textos psicografados no Brasil dos anos 1940 a 1960.

A denúncia revela que as "psicografias" teriam sofrido interferências de editores da FEB, num trabalho proposital, organizado, premeditado e aceito pelo próprio Chico Xavier, que se ofereceu a colaborar com as revisões editoriais, que a FEB lançou para dois fins oportunistas: 

1) Primeiro, para mascarar a farsa das "psicografias", cuja alegação de autoria espiritual mostrava irregularidades diversas relativas a aspectos pessoais dos supostos autores mortos, como se revela nos pastiches literários de Parnaso de Além-Túmulo e da "série Humberto de Campos / Irmão X";

2) Segundo, para desqualificar as mensagens dos espíritos, "autênticas ou bastardas", valendo a "superioridade" da Federação "Espírita" Brasileira e de Chico Xavier, que tinham "poder de palavra" e, por isso, poderiam mexer nos escritos "mediúnicos", dando a "palavra final" para as mensagens serem oferecidas ao grande público.

DENÚNCIAS VIERAM DE "FOGOS AMIGOS"

Os chiquistas, ao saberem dessas denúncias, levantam da cadeira e, raivosos como os bolsomínions, tentam atribuir tais denúncias a "opositores odiosos contra um homem simples e puro, aproveitadores vingativos com inveja de alguém que só viveu pelo próximo". Já bradam os chiquistas, com o fel despejado pelas adrenalinas de seus nervos, que as denúncias vieram de "novos Padres Quevedo", de "católicos sanguinários" revoltados contra o "trabalho do amor, da paz e da fraternidade".

Só que o que esses "bolsomínions da fé espírita" se esquecem é que as denúncias vieram de "fogos amigos". "Fogo amigo" é como se chama aquele ataque dado por alguém contra um aliado ou amigo, disparado sem querer. Neste caso, as denúncias, trazidas sem querer, vêm de gente que se define como aliada ou simpatizante da pessoa de Chico Xavier, mas que, por acidente, divulgaram aspectos bastante sombrios de sua trajetória.

A denúncia do apoio à ditadura e da condecoração pela ESG pela colaboração com o regime dos generais foi dada pelo jornalista Marcel Souto Maior, na biografia As Vidas de Chico Xavier. Souto Maior é um jornalista considerado "isento" na abordagem da trajetória do "médium", e sabemos que, neste caso, "isento" é aquele que manifesta uma simpatia "distanciada" por Chico Xavier, sem se assumir como sectário de sua causa.

A denúncia da fraude literária foi acolhida pela historiadora Ana Lorym Soares, de maneira "isenta", como quem recebe uma caixa com uma bomba-relógio, mas não decide abri-la. Ela acolheu as revelações das modificações editoriais da FEB, sob o consentimento de Chico Xavier, sem perceber o escândalo que tinha em mãos. Imagine, mexer nas "mensagens de espíritos benfeitores"! Isso traz um forte indício de fraude!

Para piorar, Ana Lorym se baseou, como uma das principais fontes, no livro Testemunhos de Chico Xavier, que divulgou cartas de Chico Xavier para Antônio Wantuil de Freitas nas quais há, praticamente, a confissão do crime, com a explícita atuação de dirigentes da FEB com a aceitação do "médium", o que derruba a tese de que essas modificações editoriais teriam ocorrido sem o apoio do "psicógrafo", tido como "vítima" do processo.

O livro foi publicado por Suely Caldas Schubert, que se diz "médium" e havia sido amiga de Chico Xavier e, ultimamente, anda muito ligada a Divaldo Franco, hoje uma "vidraça" de setores "progressistas" do "movimento espírita", que tanto diz pregar a união mas briga até mesmo com a realidade dos fatos.

E há ainda um outro "fogo amigo", trazido por Nedyr Mendes da Rocha, no livro O Fotógrafo dos Espíritos, que mostrou os bastidores do caso Otília Diogo, sob a ótica de seus defensores (que renegam denúncias de fraude na materialização). Nele nota-se um Chico Xavier tão entrosado, participativo, animado e extrovertido, dando indícios fortes de estar por dentro da farsa da "materializadora", que dizia ter recebido espíritos como o da Irmã Josefa, e foi desmascarada em 1970 por repórteres de O Cruzeiro.

Os chiquistas, mais uma vez, vendo todas essas denúncias, se eles não reagem com a indignação em apetite bolsonarista (com todo o anti-bolsonarismo que julgariam ter), vão perguntar coisa não muito diferente da de Jair Bolsonaro sobre episódios como o incêndio no Museu Nacional e os mortos por coronavírus: "E daí?".

Vejam só: Chico Xavier defendeu a ditadura militar e foi condecorado por prestar valiosos serviços em prol do regime ditatorial. O "médium dos oprimidos" exaltando os opressores. "E daí?". E o "médium" pioneiro em obras literárias fake contou com a participação, nessas fraudes, de dirigentes da FEB. "E daí?".

Isso é muito grave. E gravíssima é a omissão de "espíritas" como Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo, mas também de outros, aparentemente à esquerda, ao centro e à direita, que exaltam Chico Xavier, uma pessoa que, num país menos ingênuo, não receberia 1% de crédito.

Afinal, pela obra de Chico Xavier, em que até a "caridade" é uma farsa - ele, na verdade, se promoveu às custas de donativos de terceiros - , nota-se que ele nunca passou de um farsante que dominou a população e tornou-se o maior espírito obsessor do Brasil. Mas aí os chiquistas, igualzinho os bolsonaristas, perguntarão: "E daí?". Faz parte.

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