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Chico Xavier não previu coisa alguma. Na verdade, ele chegou atrasado!


Consta-se que Chico Xavier e seus dois amiguinhos imaginários - André Luiz, nome inspirado no seu irmão, e Humberto de Campos, paródia vaticanizada do escritor e acadêmico maranhense - previram em seis décadas avanços científicos de grande envergadura, algo defendido com entusiasmo eufórico pelos chamados "espíritas" brasileiros.

A primeira brincadeira foi no livro Novas Mensagens, de 1939, em que Chico, usando o nome de Humberto de Campos, foi falar na presença de água em Marte e, por conseguinte, na existência de vida inteligente. Reproduzimos alguns trechos do livro só para ilustrar o caso:

"Todos os grandes centros deste planeta (Marte), esclareceu o nosso amigo e mentor espiritual, sentem-se incomodados pelas influências nocivas da Terra, o único orbe de aura infeliz, nas suas vizinhanças mais próximas, e, desde muitos anos enviam mensagens ao globo terráqueo, através das ondas luminosas, as quais se confundem com os raios cósmicos cuja presença, no mundo, é registrada pela generalidade dos aparelhos radiofônicos.


Ainda há pouco tempo, o Instituto de Tecnologia da Califórnia inaugurou um vasto período de experiências, para averiguar a procedência dessas mensagens misteriosas para o homem da Terra, anotadas com mais violência pelos balões estratosféricos, conforme as demonstrações obtidas pelo Dr. Robert Millikan, nas suas experiências científicas".

"Tive, então, o ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos as nossas experiências terrestres. Notei, igualmente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas da inquietação em que se mergulham os nossos irmãos das grandes metrópoles terrenas. Uma aura de profunda tranquilidade os envolve. É que, esclareceu o mentor que nos acompanhava, os marcianos já solucionaram os problemas do meio e já passaram pelas experimentações da vida animal, em suas fases mais grosseiras. Não conhecem os fenômenos da guerra e qualquer flagelo social seria, entre eles, um acontecimento inacreditável".

"Marte tem cidades fantásticas pela sua beleza inaudita: avenidas extensas e amplas, sendo as construções análogas às da Terra; a vegetação, de tonalidade vermelha, é muito mais exuberante do que a terrena. Marte é ‘um irmão mais velho e mais experimentado na vida; seus habitantes sempre oram ao Senhor do Universo, em benefício da humanidade terrena’; habitantes têm arcabouço físico algo diferente do terrestre; alimentação: através das forças atmosféricas".

Na ocasião, o caricato Humberto de Campos, que "fala" como se fosse um pároco católico do Triângulo Mineiro, e não como o escritor que fez parte da Academia Brasileira de Letras, teria viajado, em espírito, para Marte, para, vejam só, fazer uma "reportagem".

Vejam que barato. A mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus, que havia falecido quando o filho era ainda criança, foi também fazer uma viagem à Marte e a dar seu relato no livro Cartas de uma Morta, de 1935:

"Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada de edificações profundamente análogas às da Terra. (...) Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços, tinham ao longo das espáduas ligeiras protuberâncias à guisa de asas, que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas. (...) O ar é muitíssimo mais leve: conhecem os enigmas profundos da eletricidade, que usam com maestria; as edificações são análogas às da Terra; a vida em Marte é mais aérea – poderosas máquinas; embora existam oceanos, há pouca água; sistemas de canalização; poucas montanhas.

Assegurou-me, ainda, o desvelado mentor espiritual, que a humanidade de Marte evoluiu mais rapidamente que a Terra e que desde os pródromos da formação dos seus núcleos sociais nunca precisou destruir para viver, longe das concepções dos homens terrenos cuja vida não prossegue sem a morte e cujos estômagos estão sempre cheios de vísceras e de virtualhas de outros seres da criação".

Nossa, e pensar que só a criançada costumava brincar de invasões marcianas e coisa parecida. Que imaginação fértil tinha Chico Xavier em supor que Marte tinha cidades avançadas, pessoas inteligentíssimas e tudo o mais, chegando antes das sondas espaciais, como Phoenix e Curiosity, ao chamado "planeta vermelho de habitantes verdes".

Consta-se que as previsões, segundo os "espíritas", tão conhecedores de ciência que se esquecem que levaram "pau" em Química e Física na escola, "só" foram diagnosticadas 75 ou quase 80 anos mais tarde, através de provas divulgadas pela NASA de vestígios de água em Marte, apresentadas em 2004, 2007 e 2008.

Para completar o carnaval, há também outro livro, Missionários da Luz, de 1945, em que o amiguinho da vez não é o "padre Humberto de Campos" da paróquia do faz-de-conta em Uberaba, mas o "médico André Luiz" que parecia um sósia pândego de Carlos Chagas mas não passa de um personagem ruim de ficção científica de quinta categoria.

Vamos observar um bom trecho de um capítulo do livro, intitulado "A Epífise" (cuja variação neural é chamada "glândula pineal"), em que há um diálogo entre o "André Luiz" e um tal de Alexandre, seu instrutor de Medicina na colônia de Nosso Lar.

"Enquanto o nosso companheiro se aproveitava da organização mediúnica, vali-me das forças magnéticas que o instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium. Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber. A glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e, em derredor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes.
        Examinei atentamente os demais encarnados. Em todos eles, a glândula apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no intermediário em serviço.
        Sobre o núcleo, semelhante agora a flor resplandecente, caía luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo de vibrações delicadíssimas, imperceptíveis para mim.
        Estudara a função da epífise nos meus apagados serviços de médico terrestre. 
Segundo os orientadores clássicos, circunscreviam-se suas atribuições ao controle sexual no período infantil. 
Não passava de velador dos instintos, até que as rodas da experiência sexual pudessem deslizar com regularidade, pelos caminhos da vida humana. 
Depois, decrescia em força, relaxava-se, quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no campo da energia plena.  
        Minhas observações, ali, entretanto, contrastavam com as definições dos círculos oficiais.
        Como o recurso de quem ignora é esperar pelo conhecimento alheio, aguardei Alexandre (o instrutor) para elucidar-me, findo o serviço ativo.
        — Conheço-lhe a perplexidade — falou o instrutor. — Também passei pela mesma surpresa, noutro tempo. A epífise é agora uma revelação para você.
        — Não se trata de órgão morto, segundo velhas suposições — prosseguiu ele. — É a glândula da vida mental. 
Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. 
O neurologista comum não a conhece bem. 
O psiquiatra devassar-lhe-á, mais tarde, os segredos.
Os psicólogos vulgares ignoram-na. 
Freud interpretou-lhe o desvio, quando exagerou a influenciação da “libido”, no estudo da indisciplina congênita da Humanidade. 
Enquanto no período do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto, há que retificar observações.
        Aos quatorze anos, aproximadamente, de posição estacionária, quanto às suas atribuições essenciais, recomeça a funcionar no homem reencarnado. 
O que representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. 
A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. 
Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos. 
        A epífise preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento da alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.
        — Deus meu! — exclamei — e as glândulas genitais, onde ficam?
        O instrutor sorriu e esclareceu:
        — São demasiadamente mecânicas, para guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente controladas pelo potencial magnético de que a epífise é a fonte fundamental. As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega "hormônios psíquicos” ou “unidades-força” que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. Os cromossomos da bolsa seminal não lhe escapam à influenciação absoluta e determinada.
        Alexandre fez um gesto significativo e considerou:
        — No entanto, não estamos examinando problemas de embriologia. Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epífise, como glândula da vida espiritual do homem.
Segregando delicadas energias psíquicas, a glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endócrino.
Ligada à mente, através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade. 
As redes nervosas constituem-lhe os fios telegráficos para ordens imediatas a todos os departamentos celulares, e sob sua direção efetuam-se os suprimentos de energias psíquicas a todos os armazéns autônomos dos órgãos. 
Manancial criador dos mais importantes, suas atribuições são extensas e fundamentais. 
Na qualidade de controladora do mundo emotivo, sua posição na experiência sexual é básica e absoluta.
        De modo geral, todos nós, agora ou no pretérito, viciamos esse foco sagrado de forças criadoras, transformando-o num ímã relaxado, entre as sensações inferiores de natureza animal".

E aí veio um trabalho acadêmico interinstitucional (inclui a USP e a Universidade Federal de Juiz de Fora) dos autores Giancarlo Lucchetti, Jorge Cecílio Daher Jr., Decio Iandoli Jr., Juliane P. B. Gonçalves, e Alessandra L. G. Lucchetti, em inglês e intitulado Historical and cultural aspects of the pineal gland: comparison between the theories provided by Spiritism in the 1940s and the current scientific evidence.

O trabalho foi publicado num periódico de pouca expressão no meio científico, um tal de Neuroendocrinology Letters, em 2013, e havia suposto que "André Luiz" teria antecipado em 13 e até 63 anos as descobertas científicas sobre a glândula pineal.

São 13, por conta do isolamento da melatonina, substância produzida por uma das células da glândula, pelo cientista estadunidense Aaron Lerner, em 1958, e 63, porque foram descobertos efeitos psicológicos da substância a partir de experiências de com ratos, por meio de pesquisas em vários países, sobretudo o Brasil, em 2008.

PERCIVAL LOWELL, DOS EUA, E WOLFGANG BARGMANN, DA ALEMANHA, ANALISARAM TEMAS CIENTÍFICOS SUPOSTAMENTE PREVISTOS POR CHICO XAVIER E SEUS "AMIGOS DO ALÉM".

ACABANDO COM A BRINCADEIRA

Falhas terríveis de abordagem mostram que Chico Xavier e seus "amigos do além" não conseguiram, do contrário que dizem os "espíritas" - certa vez, a falecida Marlene Nobre festejou a "entrada" de Chico Xavier numa Academia de ciências - , serem reconhecidos como cientistas, já que basta analisar os dois casos para vermos que a tese do "pioneirismo científico" não passou de um blefe.

Sobre a existência de água e vida em Marte, o assunto já era discutido no século XIX, sobretudo quando Allan Kardec ainda estava vivo, a partir do filósofo e historiador da ciência, o inglês William Whewell, em 1854 (época em que Kardec mal começava a conhecer o assunto da espiritualidade e ainda não estava preparado para escrever coisas a respeito).

Mas foi entre 1895 e 1908 que o cientista estadunidense Percival Lowell escreveu a respeito da possibilidade de haver água e vida humana em Marte, de maneira mais sistematizada, nos livros Mars (1895), Mars and its Canals (1906) e Mars as the Abode of Life (1908).

Pouco antes de Chico Xavier lançar seu Novas Mensagens e botar na conta do coitado do Humberto de Campos (que, em 1939, não estava mais aqui para reclamar), o ator e cineasta Orson Welles, também estadunidense e que visitaria o Brasil em 1941 e fazer um documentário nunca acabado, tinha narrado, em um programa de rádio, uma famosa obra sobre invasão de marcianos na Terra.

A obra é A Guerra dos Mundos (The War of the Worlds), obra publicada primeiramente em folhetim num jornal britânico, em 1897, e transformado em livro no ano seguinte, do escritor Herbert George Wells, H. G. Wells, que estava vivo ainda em 1939, morrendo sete anos depois.

Em 1938, Orson Welles participou da adaptação radiofônica do livro e sua narrativa teve uma carga dramática impressionante que muitos ouvintes ficaram apavorados, reagindo em pânico acreditando na ameaça de suas cidades serem realmente invadidas por marcianos.

É ridículo Chico Xavier e seus "amigos do além" serem creditados como pioneiros científicos quando meio mundo já acreditava na possibilidade de haver água e vida humana em Marte. Até Orson Welles veio antes e a gente até imagina se Novas Mensagens não usou o episódio da radionovela dos EUA para forjar uma "previsão" que não faz o menor sentido. Isso para não dizer as séries de ficção científica da época...

Quanto à glândula pineal, o assunto era discutido de forma sistematizada como conhecemos a partir do cientista francês René Descartes (1596-1650), e estudos correspondentes à glândula e sua principal substância, a melatonina, já estavam sendo discutidos em 1917.

Os cientistas que analisaram o livro de Chico Xavier e "André Luiz" alegaram que quase não havia obras na década de 1940 que analisaram o tema da glândula pineal. Supõem os acadêmicos que os trabalhos eram "raros", menos de uma centena, a abordagem precária e as teses "conflituantes", usando esse adjetivo de forma lamentosa, como se não pudesse haver conflito no debate científico.

O que desmascara os tão sérios acadêmicos é que, no seu trabalho, eles se limitaram a pesquisar livros publicados de 1977 em diante, e somente o livro de "André Luiz" é o único da década de 1940 pesquisado. É pouco científico saber, em segunda ou terceira mão, se a bibliografia dos anos 1940 era "escassa e altamente conflituosa" se nenhum contato com estas fontes foi feito.

Enquanto isso, uma pesquisa mais atenta mostra que a glândula pineal era bem discutida, sim, na década de 1940. Se os autores eram "poucos", cabe uma verificação melhor dos cientistas e pesquisadores, não é nossa especialidade. Mas autores como Wolfgang Bargmann, cientista alemão, já faziam estudos profundos sobre o tema, já em 1943, dois anos antes de Missionários da Luz.

Portanto, Chico Xavier não foi pioneiro em coisa alguma. Nada preveu a respeito dessas "façanhas". Na verdade, ele chegou bem tarde, porque, na época de Novas Mensagens, o tema da vida em Marte não foi um adiantamento de 65 anos, mas um atraso de 39 anos.

Da mesma forma, o "pioneirismo" de Missionários da Luz em 13 ou 63 anos não foi mais do que um atraso de, pelo menos, dois ou 30 anos, porque a glândula pineal e a melatonina eram amplamente debatidos nos círculos científicos em toda a primeira metade do século XX.

Chico Xavier chegou atrasado como penetra na festa científica, e os "espíritas", tão tolamente, acharam que ele era o anfitrião que chegou antes da hora. Isso é que dá as pessoas não pesquisarem direito os assuntos científicos, ainda que de forma leiga. Kardec ficaria envergonhado.

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