Cadê Amarildo, o pedreiro que sumiu misteriosamente e que vivia na Rocinha, acusado de ser criminoso quando muitos afirmam que ele era apenas um trabalhador que foi torturado por policiais?
Pois cadê o Amarildo dos "espíritas", o "Amaurildo", Amauri Xavier Pena, sobrinho de Francisco Cândido Xavier, que faleceu misteriosamente há 54 anos, lá pelo distante ano de 1961, com apenas 27 anos de idade, na verdade 28 incompletos?
Amauri é um enigma que revela o lado sombrio do "espiritismo" feito no Brasil. O "Amaurildo espírita" e sua tragédia repentina simbolizam o que o "movimento espírita" brasileiro, que costuma criminalizar as vítimas e indultar os culpados, é capaz de fazer.
Consta-se que Amauri Xavier Pena não tem uma foto divulgada na Internet. Seus dados são muito confusos e até o sobrenome foi trocado: Amauri Pena Xavier. Uns escreviam Amaury, mas pode ser Amauri por alguma questão de atualização ortográfica. Mas ele, sendo filho de uma irmã de Chico Xavier, não poderia ser "Pena Xavier", mas "Xavier Pena". Pena era o sobrenome do pai.
Amauri era tido como detentor de dons mediúnicos, conforme oficialmente se atribui ao famoso tio. Seu pai, que frequentava um centro "espírita" em Pedro Leopoldo, apresentou o menino a seus líderes A intenção era transformá-lo em "médium" para obter visibilidade e - sim, isso mesmo - dinheiro.
As práticas seriam as mesmas de Chico Xavier. Havia até mesmo o projeto, nunca lançado, de um livro chamado "Os Cruzíladas", pastiche de Os Luzíadas, do português Luís de Camões, mas com narrativa fabulosa e ufanista da linha de Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, que Chico Xavier botou na conta de Humberto de Campos.
Mas como os líderes "espíritas" pressionavam muito o jovem Amauri, e ele estranhava tudo aquilo que ele via nos bastidores, ele resolveu denunciar, recorrendo a repórteres de um periódico mineiro, o Diário de Minas, de Belo Horizonte, em 1958.
Ele então falou que o que Chico Xavier fazia era fraude, que ele e o tio fingiam mediunidade e que o jovem era pressionado a participar das falsas psicografias que não passavam de pastiches. Amauri chegou a participar da preparação da última edição de Parnaso de Além-Túmulo, a "obra acabada da espiritualidade superior" que foi remendada cinco vezes em 23 anos (!).
Quando as denúncias foram divulgadas, não só no Diário de Minas como no carioca O Globo - a família Marinho ainda não havia feito as pazes com Chico Xavier - , os líderes "espíritas" resolveram promover uma campanha difamatória das mais pérfidas, das mais cruéis e das mais humilhantes contra o jovem.
Essa campanha desmascara o "movimento espírita" bem mais do que as denúncias que seus líderes tentaram abafar e que colocariam Chico Xavier novamente nos tribunais (ele havia sido réu do caso Humberto de Campos, tão confuso que os juízes não entenderam). A campanha impiedosa contra Amauri contradiz toda a reputação de compaixão e misericórdia atribuída aos "espíritas".
Amauri passou a ser visto como um bebedor irrecuperável, batedor de carteira, aprontador de confusão, entre tantas coisas que, em parte, foram inventadas, porque falaram que ele era até falsificador de dinheiro, arrombador de casas, ladrão de banco, só faltou dizer que ele havia jogado, com apenas 12 anos de idade, a bomba atômica que atingiu Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Aí ele foi "acolhido" por um sanatório "espírita" tido como "muito conceituado" - o sanatório existe até hoje - e ele não conseguiu se recuperar. Daí que não dá para entender esse "alto conceito". Mas dizem rumores que o rebelde teria sido espancado pelo pessoal do sanatório por ter se voltado contra o ídolo Chico Xavier, fonte de muitas riquezas para a propaganda sensacionalista da FEB, a Federação "Espírita" Brasileira, não a Força Expedicionária Brasileira.
De repente, ele, que havia sido "liberado" pelo sanatório, se sentiu mal, foi internado, e morreu. Atribuiu-se a ele uma hepatite grave em consequência do consumo de álcool. No entanto, é difícil que uma pessoa que apenas beba muito morra antes dos 30 anos, já que um alcoolista inveterado costuma morrer entre os 35 e os 50 anos. Se fosse usuário de cocaína, morrer aos 27 faria mais sentido.
Consta-se que ele teria sido envenenado. Ele foi alvo de muito ódio e rancor porque denunciou Chico Xavier e o "movimento espírita", temeroso de ver o anti-médium mineiro voltar aos tribunais, resolveu desmoralizar Amauri das piores formas possíveis, com um apetite vingativo descomunal até mesmo para os mais ordinários dos "espíritas".
É muito provável que Amauri tivesse sido abatido por essa campanha difamatória, sofrido violências num sanatório e tendo sido envenenado com algum remédio ou mesmo um veneno de rato, por exemplo. Ele morreu cedo demais para tanto drama.
O que se pode inferir é que Amauri pode ter sido assassinado por queima de arquivo, porque ele revelaria os "podres" que haviam por trás do "movimento espírita". Ainda que o caso tenha sido prescrito, cabe uma nova investigação para o caso, porque a morte do sobrinho de Chico Xavier foi estranha demais para ser considerada como um fato natural ou acidental.
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