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"Superioridade espiritual" de Chico Xavier e Divaldo Franco é uma farsa


Muito se fala da suposta superioridade espiritual de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, que seus seguidores definem como "espíritos puros" e dotados da mais extrema elevação moral dentro do "movimento espírita" brasileiro.

São muitos relatos, argumentos, evocações, tudo o mais para tentar afirmar que os dois são as pessoas que mais chegaram ao máximo da evolução espiritual, talvez até mais do que Jesus Cristo, segundo alguns, até pelo fato de terem chegado à velhice (Chico Xavier faleceu há 13 anos).

Só que essa visão nada tem a ver com a realidade. Sabendo que o "movimento espírita" brasileiro se desenvolveu às custas de mitificações, mistificações e fraudes diversas, é também notório que Chico Xavier e Divaldo Franco também participaram, com gosto, em muitas falcatruas cometidas pelo "espiritismo" brasileiro.

Eles erraram, e erraram muitíssimo. Usaram o prestígio que acumularam ao longo dos anos para legitimar e popularizar mistificações, abordagens equivocadas, ideias sem a menor consistência, enfiando na Doutrina Espírita dogmas, ritos e ideias que NADA tinham a ver com o que Allan Kardec havia sistematizado originalmente.

Chico e Divaldo eram ligados mais a uma abordagem religiosista, a uma visão mística e moralista que herdaram do Catolicismo que seguiram fielmente (Divaldo ainda segue e foi visitar animadamente o Papa Francisco, no Vaticano, semanas atrás), frequentemente contrariando muitos pontos de vista trazidos por Allan Kardec e pelas mensagens do Espírito Verdade.

Chico realizou plágios de livros, fazia falsa mediunidade escrevendo cartas com a própria caligrafia e atribuía ao nome de falecidos, constituindo um claro indício de fraude, porque não há um vestígio da caligrafia do morto, assim como mesmo as informações mais complexas eram colhidas em consultas e conversas informais dos colaboradores do anti-médium mineiro com a família do falecido.

Ele também assinou atestados legitimando atos de fraude de materialização, em que pessoas ou objetos eram cobertos de mantos brancos e neles eram colocadas fotos de personalidades falecidas recortadas de revistas, jornais ou álbuns de recordação.

Divaldo também era um plagiador de livros, mas também se aproveita para usar falsetes que atribui como "psicofonias", quase sempre evocando personalidades antigas que não deixaram registros sonoros de suas vozes originais.

Eles usam desses recursos como certos farsantes que se apoiam em movimentos católicos e evangélicos para realizar as suas, como casos notórios de gente que se fingia de paralítica para se levantar em rituais de pseudo-exorcismo, ou de falsos cegos que eram convidados a abrir os olhos.

Aliás, consta-se que Chico Xavier não era exatamente cego, era um ávido leitor de livros, tendo apenas um relativo problema de visão que o obrigava a usar óculos escuros. Mas, estando com os óculos abertos, Chico Xavier geralmente mostrava semblante pesado - influência do "mentor" Emmanuel, o traiçoeiro espírito de um conhecido jesuíta - que chegava a ser assustador quando fotografado de frente.

Os plágios de Xavier eram feitos com livros de panfletarismo religioso pachorrentos, em parceria com editores da FEB ou colaboradores diversos como Waldo Vieira e o então presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nos anos 1980 e 1990, há indícios de livros em que Chico Xavier nem sequer escreveu uma vírgula, feitos inteiramente por seus editores.

Além desses detalhes, há o de obras literárias diversas terem trechos plagiados em vários livros de Chico Xavier. Os plágios eram feitos com trechos de livros copiados, com apenas trocas de frases e de palavras, para dar uma impressão de que não foram literalmente reproduzidos. Há também casos de livros praticamente plagiados por completo, como Nosso Lar, cuja fonte foi A Vida Além do Véu, do reverendo inglês George Vale Owen.

Só essas práticas fraudulentas já desqualificam Chico Xavier e Divaldo Franco como "espíritos superiores" e eles mesmos marcaram suas trajetórias com a falsa modéstia garantida pelos estereótipos de humildade e caridade que criaram para si, o do "humilde caipira bondoso", depois "velho gentil", de Xavier, e o do "bom professor de semblante paternal", de Franco.

O problema é que seus seguidores, na tentativa de relativizar os muitos e gravíssimos erros dos dois anti-médiuns, alegam que existe também as obras filantrópicas e as palavras fraternais associadas aos dois, que tanto "ajudaram" as pessoas "sofredoras".

Isso é pura balela. Se observarmos bem, Chico Xavier nem foi essa maravilha toda em palavras e gestos de bondade. Da mesma forma que Divaldo Franco. E, em atividades filantrópicas, eles fizeram muito pouco para ajudar as pessoas, antes até nem tivessem feito, se era para rechear a caridade com o veneno do proselitismo religioso.

Chico Xavier é sempre conhecido pelas frases que fazem apologia ao sofrimento. A síntese de seu "admirável" pensamento, que comoveu tantos incautos e cria um "exército" de fanáticos que pode ser perigoso para o Brasil, expressa uma mesma ideia: "Se você sofre e tudo dá errado em sua vida, você tem que aceitar tudo isso, sorrir, agradecer a Deus, ficar conformado e apenas orar em silêncio para poder aguentar toda a barra pesada que o angustia".

Divaldo Franco não faz coisa diferente. E ele ainda tem como "mentora" uma tal de Joana de Angelis, que, do contrário do Emmanuel de Chico Xavier, que foi o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ela não teria sido Joana Angélica, enérgica mas não tão temperamental como a "mentora" de Divaldo.

Joana de Angelis, provavelmente espírito de alguma pessoa colaboradora de Emmanuel, com toda a certeza anônima e sem ter tido encarnações ilustres no passado, era também conhecida como a madre que não suportava ver pessoas tristes, admitindo, para elas, apenas quinze minutos de tristeza e depois a pessoa é que se virasse para ficar alegre, mesmo sem motivo.

Portanto, se Chico Xavier e Divaldo Franco são considerados "espíritos superiores", isso só se deve à paixão terrena e materialista - apesar do pretexto "espiritualista" - de seus seguidores, que refletem o espírito submisso às autoridades e aos ídolos religiosos que faz de boa parte do povo brasileiro uma multidão vulnerável aos arbítrios dos detentores do poder.

Chico e Divaldo só são "espíritos superiores" pela avaliação terrena e material de seus seguidores. Mas isso não corresponde à realidade do verdadeiro mundo espiritual. Chico Xavier, morrendo, voltou à erraticidade como espírito bastante inferiorizado, com o agravante de ter usado o pretexto de caridade e as "vestes materiais" do caipira humilde e depois do velhinho bondoso para enganar as pessoas da forma ampliada e, por isso, mais deplorável.

Divaldo Franco também pagará caro, porque espalhou para o mundo inteiro sua verborragia cheia de mistificações, pregações moralistas e todos os desvios da essência de Allan Kardec, com outro agravante: tentar usar o próprio pedagogo francês para legitimar todas as mistificações trazidas por Divaldo em suas palestras.

Com isso, a "superioridade espiritual" dos dois é apenas uma farsa, tomada por "verdade indiscutível" apenas pelas paixões terrenas de seus seguidores, obsediados pelos estereótipos religiosos cuja fé cega os aprisiona no atraso de suas vidas.

Quando regressar ao mundo espiritual, Divaldo Franco sentirá o mesmo choque que Chico Xavier sentiu, ao ver que seus simulacros terrenos de "evolução espiritual máxima" não passaram de uma grande ilusão, construída para atrair e sustentar os instintos e paixões das pessoas na Terra. A ilusão de "superioridade" se extingue no além-túmulo, até porque os espíritos do além não são tolos.

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