CAPA DO LIVRO NÃO SERÁ EM 2012 E CONTRACAPA DO DOCUMENTÁRIO DATA-LIMITE SEGUNDO CHICO XAVIER.
O que é o status quo. Ser famoso e ter prestígio garante que qualquer frivolidade que fosse dita tivesse repercussão de algo mais importante. O Brasil em que uma parcela de anônimos tenta buscar a fama por nada, vide os inúmeros reality-shows que se multiplicam na televisão, sem falar dos fait divers que brotam feito fungos nas mídias sociais, são sintomas típicos disso.
É o que se vê em Francisco Cândido Xavier. Em 1969, com 25 anos de relativo sucesso, em que um empate judicial - na prática, os juízes não entenderam o que quiseram os herdeiros de Humberto de Campos para pedir que se verifiquem as obras "espirituais" que usam seu nome - trouxe vantagem ao anti-médium mineiro, um sonho veio promover ainda mais seu já preocupante estrelato.
Era uma vez uma missão de astronautas norte-americanos que, em 20 de julho de 1969, conseguiram chegar à Lua, o conhecido satélite natural da Terra. Pouco depois, Chico Xavier dorme e tem um sonho como qualquer pessoa tem quando dorme. Com uma mistura de aspectos reais e surreais, verídicos e fantasiosos.
Mas como Chico Xavier é Chico Xavier, o popstar do "espiritismo" da FEB, o sonho virou "profecia", depois que foi comunicado a Geraldo Lemos Neto, que divulgou o caso junto a Marlene Nobre nos artigos da Folha Espírita de 1986, que deram no livro dos dois, Não Será em 2012, que por sua vez virou documentário, Data-Limite Segundo Chico Xavier, nas mãos de Fábio Medeiros.
E o que diz o tal sonho de Chico Xavier? Ele, com seu temor de caipira, via na notícia da chegada de astronautas à Lua uma neurose baseada nas conversas sobre ficção científica que teria tido com o amigo Waldo Vieira, que rompeu a parceria pouco antes do "sonho" para fundar uma seita para lá de alucinada (era a época do hippismo, da onda esotérica), a Conscienciologia.
Segundo Chico Xavier, a chegada de astronautas da Terra ao solo lunar seria um fato "preocupante", que provocaria uma guerra nuclear tal como ele havia ouvido falar em 1962 (um ano depois do astronauta russo Yuri Gagarin realizar a órbita pela Terra), pelo rádio e pela imprensa. Cremos que Chico nem de longe era um cientista político (só faltava lhe atribuírem a tal), mas ao menos ele, conservador, tinha uma noção vaga do que foi a Guerra Fria.
Para os leitores de primeira viagem, que só conheceram a História do Mundo em apressadas aulas na faculdade - porque os ensinos fundamental e básico quase não lhes instigavam a aprender a História que seus professores mal-remunerados tentavam vagamente ensinar - , a Guerra Fria era um conflito ideológico entre o antigo mundo capitalista (EUA, Ocidente e outras áreas) e comunista (URSS e Leste Europeu, mais China e Cuba, mais metade da Coreia e do Vietnã).
Chico sabia o que era Guerra Fria, por isso que ele despejava seu anti-comunismo com um rancor que lhe é atípico, vide declaração no programa Pinga-Fogo, na TV Tupi, em 28 de julho de 1971, portanto, uns dois anos após o "sonho". Ele espinafrava João Goulart da forma que nem parte da direita espinafrava mais, arrependida com o monstro que haviam criado no Primeiro de Abril de 1964.
Mesmo o católico Alceu Amoroso Lima - que em outros tempos, acusava Parnaso de Além-Túmulo de ser uma armação comandada por editores da FEB - , que animadamente engrossava o coro dos que queriam o "Fora Jango", se arrependeu e havia se tornado opositor da ditadura que o "bondoso" e "progressista" (?!) Chico Xavier foi incapaz de se tornar.
Mas aí Chico Xavier via o conflito da Guerra Fria com os temores de quem ouvia relatos de Waldo sobre conflitos espaciais de ficção científica. E aí sonhou que uma equipe de "líderes do universo" ou, ao menos, do Sistema Solar, comandados por Jesus Cristo (?!) e tendo a presença de Emmanuel e Chico Xavier, que fizeram uma reunião urgente.
Eles discutiram os riscos de um "conflito planetário", e Jesus - pelo menos o Jesus ingênuo e abobalhado do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - decidiu que o mundo teria 50 anos para se evoluir moralmente.
Contrariando interpretações das profecias de Michel de Notre Dame, o Nostradamus, na distante Idade Média, de que o mundo "acabaria" em 2012, a "moratória cristã" do sonho dormido de Chico Xavier teria seu limite em 2019. Estamos a quatro anos de lá e o mundo só piorou em sua crise.
Mas aí o "sonho" tem outras "revelações". Ele "previa" que o "velho mundo" (leia-se EUA, Europa, Oriente Médio, Ásia e Oceania, além de algumas "raspas" do Leste da América Latina) seria destruído e só sobrariam o Brasil, uma parcela da América Central e do norte da América do Sul e a maior parte da África.
O Brasil seria "potência mundial" e se tornaria uma nação "próspera, justa e fraterna". As melhores personalidades dos países a serem destruídos migrarão para o país sul-americano e inspirarão espíritos afins de grande valor artístico, moral e intelectual que se ascenderiam no país e comandarão a missão de evolução da humanidade.
Tudo isso parece maravilhoso, confortante e atraente. E houve até "analista" dizendo que Chico Xavier previu o crescimento da Petrobras. Só não previu o esquema de corrupção que atinge parte da instituição desde 1997, não bastasse a participação acionária do traiçoeiro George Soros, especulador financeiro e manipulador de mercados e movimentos sociais, o magnata que gosta de transformar o mundo em seu "brinquedo".
E que condições se ascenderão os melhores cientistas, artistas, ativistas e intelectuais que florescerão no Brasil se eles são escorraçados pelas mídias sociais, desprezados pelo poder público, boicotados pelo mercado e apenas vagamente bajulados por pseudo-intelectuais festivos que lhes apunhalam pelas costas?
Ou, numa outra interpretação: que "melhores personalidades" se refere em verdade a "profecia"? Estrelas de reality shows? Canastrões musicais? Criminosos foragidos ou em liberdade condicional? Especuladores financeiros e estelionatários? Mafiosos? Acadêmicos porraloucas? Atletas e musas de UFC? "Musas" siliconadas em geral?
Observando bem, o sonho de Chico Xavier só virou "profecia" por causa do status que ele acumulou, não necessariamente com vitórias em certas polêmicas, mas pela sorte de ninguém o ter encarado nos episódios de fraudes e irregularidades diversas.
O sonho que ele teve qualquer um podia ter, dando sua visão pessoal sobre "as transformações do mundo". Se atribuirmos "profecia" a todos eles, seria um caos. E a "profecia" de Chico Xavier nem tem lá essa importância assim. Mas papéis e rolos de filmes foram gastos para atribuir uma condição de "previsões sérias" a esse sonho que poderia ser sonhado também por qualquer um.
Só que o status quo, mais uma vez, salvou Chico Xavier e o "milho aos pombos" jogado pela armação da "data-limite" atraiu até outro espertalhão, o Divaldo Franco das palavras arrumadinhas, que até deu sua aposta para a "segunda etapa" das "transformações mundanas": 2052, com mais uma chance para 2057.
Isso parece com aquelas reportagens do RJ Móvel do RJ TV da TV Globo carioca, com aquelas promessas de cumprimento de datas. Mas é o sonho dormido de Chico Xavier, que gerou a imensa conversa para boi e "espírita" dormir que é a sua interpretação falsamente profética.
O que é o status quo. Ser famoso e ter prestígio garante que qualquer frivolidade que fosse dita tivesse repercussão de algo mais importante. O Brasil em que uma parcela de anônimos tenta buscar a fama por nada, vide os inúmeros reality-shows que se multiplicam na televisão, sem falar dos fait divers que brotam feito fungos nas mídias sociais, são sintomas típicos disso.
É o que se vê em Francisco Cândido Xavier. Em 1969, com 25 anos de relativo sucesso, em que um empate judicial - na prática, os juízes não entenderam o que quiseram os herdeiros de Humberto de Campos para pedir que se verifiquem as obras "espirituais" que usam seu nome - trouxe vantagem ao anti-médium mineiro, um sonho veio promover ainda mais seu já preocupante estrelato.
Era uma vez uma missão de astronautas norte-americanos que, em 20 de julho de 1969, conseguiram chegar à Lua, o conhecido satélite natural da Terra. Pouco depois, Chico Xavier dorme e tem um sonho como qualquer pessoa tem quando dorme. Com uma mistura de aspectos reais e surreais, verídicos e fantasiosos.
Mas como Chico Xavier é Chico Xavier, o popstar do "espiritismo" da FEB, o sonho virou "profecia", depois que foi comunicado a Geraldo Lemos Neto, que divulgou o caso junto a Marlene Nobre nos artigos da Folha Espírita de 1986, que deram no livro dos dois, Não Será em 2012, que por sua vez virou documentário, Data-Limite Segundo Chico Xavier, nas mãos de Fábio Medeiros.
E o que diz o tal sonho de Chico Xavier? Ele, com seu temor de caipira, via na notícia da chegada de astronautas à Lua uma neurose baseada nas conversas sobre ficção científica que teria tido com o amigo Waldo Vieira, que rompeu a parceria pouco antes do "sonho" para fundar uma seita para lá de alucinada (era a época do hippismo, da onda esotérica), a Conscienciologia.
Segundo Chico Xavier, a chegada de astronautas da Terra ao solo lunar seria um fato "preocupante", que provocaria uma guerra nuclear tal como ele havia ouvido falar em 1962 (um ano depois do astronauta russo Yuri Gagarin realizar a órbita pela Terra), pelo rádio e pela imprensa. Cremos que Chico nem de longe era um cientista político (só faltava lhe atribuírem a tal), mas ao menos ele, conservador, tinha uma noção vaga do que foi a Guerra Fria.
Para os leitores de primeira viagem, que só conheceram a História do Mundo em apressadas aulas na faculdade - porque os ensinos fundamental e básico quase não lhes instigavam a aprender a História que seus professores mal-remunerados tentavam vagamente ensinar - , a Guerra Fria era um conflito ideológico entre o antigo mundo capitalista (EUA, Ocidente e outras áreas) e comunista (URSS e Leste Europeu, mais China e Cuba, mais metade da Coreia e do Vietnã).
Chico sabia o que era Guerra Fria, por isso que ele despejava seu anti-comunismo com um rancor que lhe é atípico, vide declaração no programa Pinga-Fogo, na TV Tupi, em 28 de julho de 1971, portanto, uns dois anos após o "sonho". Ele espinafrava João Goulart da forma que nem parte da direita espinafrava mais, arrependida com o monstro que haviam criado no Primeiro de Abril de 1964.
Mesmo o católico Alceu Amoroso Lima - que em outros tempos, acusava Parnaso de Além-Túmulo de ser uma armação comandada por editores da FEB - , que animadamente engrossava o coro dos que queriam o "Fora Jango", se arrependeu e havia se tornado opositor da ditadura que o "bondoso" e "progressista" (?!) Chico Xavier foi incapaz de se tornar.
Mas aí Chico Xavier via o conflito da Guerra Fria com os temores de quem ouvia relatos de Waldo sobre conflitos espaciais de ficção científica. E aí sonhou que uma equipe de "líderes do universo" ou, ao menos, do Sistema Solar, comandados por Jesus Cristo (?!) e tendo a presença de Emmanuel e Chico Xavier, que fizeram uma reunião urgente.
Eles discutiram os riscos de um "conflito planetário", e Jesus - pelo menos o Jesus ingênuo e abobalhado do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - decidiu que o mundo teria 50 anos para se evoluir moralmente.
Contrariando interpretações das profecias de Michel de Notre Dame, o Nostradamus, na distante Idade Média, de que o mundo "acabaria" em 2012, a "moratória cristã" do sonho dormido de Chico Xavier teria seu limite em 2019. Estamos a quatro anos de lá e o mundo só piorou em sua crise.
Mas aí o "sonho" tem outras "revelações". Ele "previa" que o "velho mundo" (leia-se EUA, Europa, Oriente Médio, Ásia e Oceania, além de algumas "raspas" do Leste da América Latina) seria destruído e só sobrariam o Brasil, uma parcela da América Central e do norte da América do Sul e a maior parte da África.
O Brasil seria "potência mundial" e se tornaria uma nação "próspera, justa e fraterna". As melhores personalidades dos países a serem destruídos migrarão para o país sul-americano e inspirarão espíritos afins de grande valor artístico, moral e intelectual que se ascenderiam no país e comandarão a missão de evolução da humanidade.
Tudo isso parece maravilhoso, confortante e atraente. E houve até "analista" dizendo que Chico Xavier previu o crescimento da Petrobras. Só não previu o esquema de corrupção que atinge parte da instituição desde 1997, não bastasse a participação acionária do traiçoeiro George Soros, especulador financeiro e manipulador de mercados e movimentos sociais, o magnata que gosta de transformar o mundo em seu "brinquedo".
E que condições se ascenderão os melhores cientistas, artistas, ativistas e intelectuais que florescerão no Brasil se eles são escorraçados pelas mídias sociais, desprezados pelo poder público, boicotados pelo mercado e apenas vagamente bajulados por pseudo-intelectuais festivos que lhes apunhalam pelas costas?
Ou, numa outra interpretação: que "melhores personalidades" se refere em verdade a "profecia"? Estrelas de reality shows? Canastrões musicais? Criminosos foragidos ou em liberdade condicional? Especuladores financeiros e estelionatários? Mafiosos? Acadêmicos porraloucas? Atletas e musas de UFC? "Musas" siliconadas em geral?
Observando bem, o sonho de Chico Xavier só virou "profecia" por causa do status que ele acumulou, não necessariamente com vitórias em certas polêmicas, mas pela sorte de ninguém o ter encarado nos episódios de fraudes e irregularidades diversas.
O sonho que ele teve qualquer um podia ter, dando sua visão pessoal sobre "as transformações do mundo". Se atribuirmos "profecia" a todos eles, seria um caos. E a "profecia" de Chico Xavier nem tem lá essa importância assim. Mas papéis e rolos de filmes foram gastos para atribuir uma condição de "previsões sérias" a esse sonho que poderia ser sonhado também por qualquer um.
Só que o status quo, mais uma vez, salvou Chico Xavier e o "milho aos pombos" jogado pela armação da "data-limite" atraiu até outro espertalhão, o Divaldo Franco das palavras arrumadinhas, que até deu sua aposta para a "segunda etapa" das "transformações mundanas": 2052, com mais uma chance para 2057.
Isso parece com aquelas reportagens do RJ Móvel do RJ TV da TV Globo carioca, com aquelas promessas de cumprimento de datas. Mas é o sonho dormido de Chico Xavier, que gerou a imensa conversa para boi e "espírita" dormir que é a sua interpretação falsamente profética.
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