Pular para o conteúdo principal

No "espiritismo", os mortos são proibidos de falar


Uma das piores distorções observadas no "espiritismo" brasileiro se diz a uma mediunidade que não é praticada, é tão somente fingida, com seus supostos médiuns se promovendo às custas da comoção alheia, de muitas famílias entristecidas e saudosas.

A mediunidade é uma prática desmoralizada no Brasil, mesmo quando ela está associada ao estrelismo astral de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco. Até eles se serviram de práticas fraudulentas, embora seja um aparente "consenso" de que é "exagerado" e "ofensivo" acusá-los de charlatanismo.

Pois eles cometeram charlatanismo, sim. Chico Xavier assinou atestados para fraudes de materialização. Divaldo Franco, espécie de dublador de TV frustrado, usa seus falsetes para atribuir a espíritos de personalidades que nunca deixaram registros de sua voz para a posteridade.

E as "cartas" de Chico Xavier? Elas mostram apenas a caligrafia dele ou de um colaborador que assina "a posteriori", mas que não têm a menor relação com as caligrafias originais dos falecidos, por mais que as imitações tentem parecer verossímeis.

As práticas mediúnicas são quase sempre fraudulentas, só se salvando exceções como as do espírito Emmanuel, cujos "ensinamentos" trazidos por Chico Xavier condizem com o religiosismo medieval do espírito do jesuíta Manuel da Nóbrega.

Mesmo assim, a "materialização" de Emmanuel em 1954, feita num "centro espírita" em Belo Horizonte, com Chico Xavier na plateia, era fraudulenta, com uma estátua com roupa copiada do Cristo Redentor e uma cabeça sem rosto para nela colar o recorte da famosa imagem do jesuíta que se dispõe facilmente na Internet, com ele olhando para o lado, em olhar sério.

A fraude ocorreu à noite, com a presença de um gentil mas ingênuo Arnaldo Rocha, esportista viúvo da jovem Irma de Castro, a Meimei, cuja saudade da falecida esposa, por quem era apaixonado e da qual era fiel e dedicado marido, acabou sendo explorada pelo esperto Chico Xavier.

Nela, a estátua era envolta por uma luz de várias cores, em tecnologia de luzes neon, enquanto a voz de um locutor em off, consciente de que a fraude de materialização poderia ser descoberta mais cedo ou mais tarde, narrava o seguinte texto, atribuído a um conselho de Emmanuel:

"Eu não quero! Eu não quero que o Chico sirva de médium de materialização. A sua missão é a missão do Livro! Não é médium com tarefas de efeitos físicos… Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento".

Chico ainda haveria de sofrer com sua "molecagem" com o episódio de Otília Diogo, que merece menção detalhada em outros textos. Mas o que se sabe é que, com o exemplo do "todo-iluminado" Chico Xavier, a mediunidade brasileira virou uma grande bagunça, em que ninguém é capaz de se comunicar com os espíritos e vive no mundo do faz-de-conta.

Por isso é que as mensagens soam muito parecidas, pouco importando se elas trazem informações pessoais, sobretudo as tidas como "complexas". Mas é tudo o mesmo manifesto religioso, de pessoas que "sofreram, foram assistidas pelos amigos espirituais, depois passaram a se sentir bem e pedem aos entes da Terra a união pela 'fraternidade em Cristo'".

Pode ser um caixeiro viajante, um surfista, um empresário, uma bióloga, um poeta, todos se manifestam da mesma forma. Alguns supostos médiuns, mais malandros, colocam alguns ingredientes "próprios", colhem informações mais sutis e depois eles ficam choramingando dizendo que nunca fizeram consulta alguma às famílias, que nunca souberam desses dados "tão complexos".

Mas tudo isso é malandragem, que só se torna "polêmica" porque as pessoas da Terra vivem com suas paixões materialistas, que atribuem superioridade a Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia porque se apegam aos estereótipos materialistas de "humildade", "bondade" e "maturidade" que se desfazem como pó quando todos chegarem ao mundo espiritual.

Lá o pessoal verá o quanto os espíritos falecidos não deram um pio para divulgar as mensagens "mediúnicas" na Terra. Muitos dos espíritos do além-túmulo já foram embora para longe ou até mesmo reencarnaram. Os supostos médiuns apenas usam seus nomes para criar qualquer bobagem religiosista, usando o nome de Jesus em vão e lançando textos piegas e enjoados.

Essa é a verdade. E isso é que transforma a mediunidade, no Brasil, numa prática corrompida, fraudulenta, irregular. E que faz os supostos médiuns construírem seu estrelismo usurpando nomes famosos ou explorando a comoção de famílias entristecidas, se passando pelos entes falecidos.

É muita fraude, muita mentira, muito charlatanismo. E ainda há gente que chora quando esses supostos médiuns são classificados como charlatães. Deveriam, pelo menos, todos se reunirem para choramingar sobre a represa do Sistema Cantareira, em São Paulo, porque pelo menos suas lágrimas serviriam para aumentar o nível do reservatório de água, beneficiando a população.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh...

Padrão de vida dos brasileiros é muito sem-graça e atrasado para virar referência mundial

Pode parecer uma grande coincidência, a princípio, mas dois fatores podem soar como avisos para a pretensão de uma elite bem nascida no Brasil querer se tornar dominante no mundo, virando referência mundial. Ambos ocorreram no âmbito do ataque terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, em Israel. Um fator é que 260 corpos foram encontrados no local onde uma rave  era realizada em Israel, na referida região atingida pelo ataque que causou, pelo menos, mais de duas mil mortes. O festival era o Universo Paralello (isso mesmo, com dois "l"), organizado por brasileiros, que teria entre as atrações o arroz-de-festa Alok. Outro fator é que um dos dois brasileiros mortos encontrados, Ranani Glazer (a outra vitima foi a jovem Bruna Valeanu), tinha como tatuagem a famosa pintura "A Criação de Adão", de Michelangelo, evocando a religiosidade da ligação de Deus com o homem. A mensagem subliminar - lembrando que a tatuagem religiosa não salvou a vida do rapaz - é de que o pretenso pr...

Dr. Bezerra de Menezes foi um político do PMDB do seu tempo

O "espiritismo" vive de fantasia, de mitificação e mistificação. E isso faz com que seus personagens sejam vistos mais como mitos do que como humanos. Criam-se até contos de fadas, relatos surreais, narrativas fabulosas e tudo. Realidade, que é bom, nada tem. É isso que faz com que figuras como o médico, militar e político Adolfo Bezerra de Menezes seja visto como um mito, como um personagem de contos de fadas. A biografia que o dr. Bezerra tem oficialmente é parcial e cheia de fantasia, da qual é difícil traçar um perfil mais realista e objetivo sobre sua pessoa. Não há informações realistas e suas atividades são romantizadas. Quase tudo em Bezerra de Menezes é fantasia, conto de fadas. Ele não era humano, mas um anjinho que se fez homem e se transformou no Papai Noel que dava presentinhos para os pobres. Um Papai Noel para o ano inteiro, não somente para o Natal. Difícil encontrar na Internet um perfil de Adolfo Bezerra de Menezes que fosse dotado de realismo, most...

Propagandista de Chico Xavier, família Marinho está na lista de mais ricos do país

Delícia promover a reputação supostamente inabalável de um deturpador da Doutrina Espírita como Francisco Cândido Xavier. As Organizações Globo (Rede Globo, O Globo, Época, Globo News) é propriedade dos irmãos Marinho, que estão no grupo seleto dos oito brasileiros mais ricos do mundo. Numa lista que inclui nada menos do que três sócios da Ambev, uma das maiores empresas fabricantes de cerveja no Brasil, os irmãos João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu, filhos do "lendário" Roberto Marinho, somam, juntos, cerca de R$ 41,8 bilhões, cerca de um sétimo da fortuna total dos oito maiores bilionários do Brasil: R$ 285,8 bilhões. Sabe-se que a Rede Globo foi a maior propagandista de Chico Xavier e outros deturpadores da Doutrina Espírita no Brasil. As Organizações Globo superaram a antiga animosidade em relação ao anti-médium e resolveram reinventar seu mito religioso, baseado no que o inglês Malcolm Muggeridge fez com Madre Teresa de Calcutá. Para entender esta histór...