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Mídia esquece que feminicidas podem contrair coronavírus



Machismo (também) mata (machista). Até desconfio de que a grande mídia é cúmplice dos feminicidas, porque não noticia a tragédia mais do que óbvia que eles contraem para si. Vale lembrar que os feminicídios não são feitos por pessoas zen nem por adeptos da boa saúde, mas por homens temperamentais, desequilibrados e em maioria (esmagadora) autodestrutivos.

Desconfia-se disso porque faz sentido que, numa sociedade tresloucada e terraplanista, o feminicídio, embora repudiado moralmente, é socialmente tolerado dentro de uma logica de necropolítica, na qual está proibido noticiar a morte de um feminicida, exceto quando ela ocorre no momento do crime, até que o Brasil reduza uma meta específica de número de mulheres em sua população.

Não existem duas masculinidades tóxicas, divididas para machistas que matam e os que não fazem mal a uma mosca. A masculinidade tóxica é uma só. Se um machista que é fumante inveterado mata a mulher e passa o resto da vida fumando muito - lembrando que o cigarro comum já causa efeitos devastadores no organismo - ele não vai chegar a velhice virando youtuber e fazendo tutorial de "defesa da honra" masculina. Ele contrai câncer e morre, depois de tentar a quimioterapia.

Num país onde até o craque Pelé, que poderia ser um símbolo de saúde plena e físico atlético, está muito doente ultimamente, por que não admitimos que Doca Street pode estar com câncer, a essas alturas em estado terminal, e que só por muita sorte ele não morreu na faixa dos 50 anos. A mídia vende ele sob a falsa imagem do "velho saudável", mas quantos infartos ele não deve ter sofrido e quantas quimioterapias pesadas não enfrentou, além de tomar remédios caríssimos de tarja preta?

Também morre quem atira e isso a mídia não mostra. A Globo não mostra, o SBT não mostra, a Folha de São Paulo não mostra. E é preocupante que o portal considerado "descolado" do Universo On Line (UOL), o Universa, apesar de sua linha editorial moderninha, só ver a tragédia feminicida do lado unilateral das mulheres?

Os feminicidas são os mais trágicos da nossa sociedade. A morte paquera um feminicida 24 horas por dia, sete dias por semana. Eles são praticantes da chamada masculinidade tóxica, que envolve consumir álcool e até dirigir embriagado. Se todo feminicida, por exemplo, após matar suas companheiras ou amigas (no caso de paixões não correspondidas), decidisse fugir pilotando um jatinho, as chances de morrer em acidente aéreo são de praticamente 99,99%.

Não é ofensivo dizer que um promotor Igor Ferreira, acusado de mandar matar a esposa grávida, Patrícia Aggio Longo, possa morrer, a qualquer momento, de um infarto três vezes pior do que matou Moraes Moreira. Igor apresentou indícios de fraqueza física, quando era um foragido do crime (ele depois foi preso e entregue à impunidade). Até o pai dele, ao falar que o filho "está bem", mais parece um eufemismo no qual queria dizer, subliminarmente, que "meu filho está muito doente e precisa de privacidade".

A masculinidade tóxica é uma realidade, até para quem cometeu feminicídio com a mulher dos outros, no caso o ex-ator e hoje pastor Guilherme de Pádua, que tem fama de temperamental. Com um passado usando drogas e promiscuidade (que, segundo as leis da Natureza, cobram seu preço no organismo), o assassino de Daniella Perez é conhecido por demonstrações de arrogância e semblante agressivo.

Diante disso, não é ofensivo dizer que o risco dele morrer do mesmo AVC que matou o ator Luke Perry, do seriado Barrados No Baile (Beverly Hills 90210). Paciência, masculinidade tóxica é isso aí, não adianta se achar protegido por ser pastor evangélico. Por muito menos, o ator Norton Nascimento, gente boa, não-machista (valorizava a própria esposa) e bastante calmo e generoso, faleceu de câncer aos 45 anos. Ele também era pastor evangélico.

Com a onda da Covid-19 e do seu transmissor coronavírus, já se fala que a violência doméstica aumentou com a quarentena e, com ela, os feminicídios. Mais uma vez, a grande mídia (e o Universa) só noticiam um lado, que é a morte das vítimas, ocorrência extremamente lamentável. Só que o outro lado não é noticiado, o de que, na fuga, os feminicidas têm grandes chances de contrair o coronavírus e morrer, por intransigência, vítimas da Covid-19.

Feminicidas que estavam presos e cometeram seus assassinatos de 2015 para cá, provavelmente já começam a morrer por coronavírus. Eles aparecem ocultos nos dados estatísticos que revelam mortes em massa nos Estados brasileiros. Possivelmente, também morreram alguns feminicidas que mataram suas mulheres entre 1977 e 2010, atingidos pela Covid-19. Estima-se que esses números ainda sejam poucos. Mas a imprensa fica em silêncio.

O desprezo à tragédia dos feminicidas e o moralismo torto das pessoas que acham que um feminicida pode viver 150 anos para "limpar seu nome na praça" - quando, cientificamente, eles mal conseguem atingir 1/3 desse prazo ou ultrapassá-lo sem ficarem doentes - revela, na verdade, o sadismo de uma sociedade que até se preocupa em perdoar os feminicidas, mas acaba sentindo um desprezo total à vida das vítimas assassinadas e ao sofrimento extremo de seus familiares, traumatizados.

Esquecem que, talvez, fosse melhor um feminicida viver, no máximo, 65 anos de idade e, na próxima encarnação, recomeçar a vida do zero, sem a roupagem física e simbólica que, mesmo em momentos de aparente remorso, não conseguem eliminar o orgulho e a presunção.

Além disso, querer que um feminicida tenha vida longa demais é um apego material oculto dessa sociedade moralista, que acaba transferindo os antigos apegos doentios a entes queridos à forma mais intensificada de apego aos assassinos "perdoados". Um apego que chega a ser mais doentio e bem menos motivado.

Afinal, os apegos aos entes queridos tinham lá sua razão de ser, uma afetividade espontaneamente desenvolvida pelo convívio e pelas ajudas recíprocas. O apego a um feminicida só se sustenta pela utopia do "perdão religioso", sem uma afetividade natural e sem um convívio amistoso, causando uma neurose ainda maior, simbolizada pelo caso da sociedade moralista em relação a Doca Street, apegada neuroticamente por sua figura que, na prática, já pertence ao passado.

Daí que, se uma pessoa se revolta quando informada que um feminicida está gravemente doente, achando que isso não passa de desaforo, é bom procurar um psiquiatra, porque a coisa é grave: é sinal de início de demência.

Quando os feminicidas enfrentam os efeitos trágicos de sua masculinidade tóxica, é por causa do que eles mesmos fizeram contra si e a Natureza sempre cobra um preço. O calote biológico não existe e o destino dos feminicidas que descuidam da saúde não é ser youtuber, mas um cadáver enterrado num cemitério ou cremado e jogado em qualquer lugar.

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