
De maneira bastante constrangedora, a atriz Fernanda Souza, no seu perfil do Instagram, cedeu espaço para uma live que "debatia" as relações da suposta profecia da "data-limite" de Francisco Cândido Xavier com a pandemia do coronavírus. O ideólogo da causa, o mistificador e pseudo-intelectual Juliano Pozati, foi comentar com uma "análise" que favorece suas teses bastante duvidosas.
A ideia é sempre esta, comum nos "espíritas", de que o coronavírus veio para "forçar" a "confraternização" do povo da Terra. Sempre aquele sentido igrejeiro de "fraternidade", na qual se passa pano nos problemas humanos, e se pede a "conciliação" do oprimido com o opressor, desde que o oprimido se conforme com sua desgraça e suas perdas e tenha misericórdia dos abusos do opressor.
Volta e meia vemos pessoas perdendo tempo debatendo sobre a tal "profecia da data-limite". Isso é fruto do terrível provincianismo dos brasileiros que, insatisfeitos em ter Chico Xavier como um pretenso "Cristo", como se fosse um "Jesus brasileiro", quer agora acumular suas atribuições sob o título de "Nostradamus brasileiro". Tudo fanfarronice da pior categoria!
São apenas artifícios para garantir e tentar justificar a idolatria cega a um homem. Só que, no caso da "data-limite", o que quase todo mundo esquece é sobre a primeira pessoa a reprovar, com muita severidade, essa prática que mais parece vir de criancinhas teimosas e mal-criadas.
E quem é que rejeitaria essa "data-limite"? Padre Quevedo, o primeiro indivíduo a virar "vidraça" para os "tolerantes" e "misericordiosos" seguidores de Chico Xavier, apesar do estudioso católico apresentar ideias consistentes sobre as fraudes "mediúnicas"?
Ou seriam gente "evangélica" como Silas Malafaia, R. R. Soares, Waldomiro Santiago e seu chapéu de caubói? Ou Marco Feliciano com suas histerias? Quem acha que são eles que mais rejeitam a "profecia da data-limite", está completa e vergonhosamente enganado.

Quem mais rejeita isso é ninguém menos que Allan Kardec. Isso mesmo. E uma boa amostra se dá sobretudo no livro que Juliano Pozati diz ser seu "favorito", O Livro dos Médiuns, que, no Capítulo 24 - Identidade dos Espíritos, item 267, subitem 8º, aproveitando mensagem do espírito São Luís:
"8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação".
No Capítulo 26 - Perguntas Que Se Podem Fazer, temos mais subsídios para invalidar a "profecia" de Chico Xavier, sobretudo no que se refere ao personalismo das "profecias" e ao caráter espiritualmente INFERIOR dessas predições:
"9. De que espécie de predições devemos mais desconfiar?
— De todas as que não forem de utilidade geral. As predições pessoais podem, quase sempre, ser consideradas falsas".
E mais:
"1.Por que os Espíritos sérios, quando fazem pressentir um acontecimento, geralmente não marcam a data? Por que não podem ou não querem?
— Por uma e outra razão. Eles podem, em certos casos, fazer pressentir um acontecimento: é então um aviso que vos dão. Quanto a precisar a época, muitas vezes não o devem fazer; muitas vezes também não o podem, porque eles mesmos não sabem. O Espírito pode prever um fato, mas o momento preciso pode depender de acontecimentos que ainda não se deram e só Deus o conhece. Os Espíritos levianos, que não têm escrúpulos de vos enganar, indicam os dias e as horas sem se importarem com a verdade. É por isso que toda predição circunstanciada deve ser considerada suspeita.
Ainda uma vez nossa missão é a de vos fazer progredir e vos ajudamos quanto podemos. Os que pedem aos Espíritos superiores a sabedoria jamais serão enganados. Mas não penseis que perdemos o nosso tempo com as vossas futilidades e a vos ler a sorte. Deixamos isso a cargo dos Espíritos levianos, que se divertem com isso como moleques travessos.
A Providência pôs limites às revelações que podem ser feitas aos homens. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo o que lhes é proibido revelar. Quem insiste para obter uma resposta se expõe às mistificações dos Espíritos inferiores, sempre prontos a aproveitar as oportunidades de explorar a vossa credulidade".
Não tem como desconversar, até porque a "profecia" divide opiniões, mostrando seu caráter leviano. A divisão de opiniões, a polêmica fabricada das "profecias" de Chico Xavier, são um artifício para deixar as pessoas se divertindo perguntando se o "médium" previu ou não tal acontecimento, e se até mesmo o final do seriado Breaking Bad foi previsto pela "profecia da data-limite" etc.
São coisas totalmente fúteis, que só servem para colocar dinheiro no bolso de oportunistas como Juliano Pozati, que faturam em cima de Chico Xavier, que já foi um oportunista e mercenário, que fingiu continuar pobre enquanto era sustentado do bom e do melhor - apesar de se evitar qualquer aparato luxuoso - e obtinha "superioridade" através do culto à personalidade a si mesmo.
A "data-limite" foi uma piada que teve a sua verdadeira data-limite: 2019. Como aquele ano havia chegado e já se tornou o ano passado, então não há como debater mais o tema, porque com o seu desfecho no ano anterior, ele já se comprovou ser uma grande bobagem, que, por sinal, é rigorosamente reprovada pela Codificação. Depois os brasileiros, incluindo Pozati, vão fingindo fidelidade absoluta a Allan Kardec. "O cordão dos puxa-sacos...".
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