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Mais famoso feminicídio do Brasil será adaptado em minissérie


MASCULINIDADE TÓXICA DE DOCA STREET NÃO ERA SEGREDO PARA A IMPRENSA EM 1977, MAS DIFERE DO "HISTÓRICO DE ATLETA" QUE MUITOS TERRAPLANISTAS DA MORAL HUMANA PENSAM A RESPEITO DELE HOJE.

O portal RD1 noticiou que está em pré-produção a minissérie Quem Ama Não Mata, que será exibida pelo serviço Globoplay, baseada no famoso "crime passional" que repercutiu no Brasil no final de 1976 e cuja impunidade, em 1981, fez eclodir milhares de crimes do tipo, hoje considerados feminicídios, com reflexos até hoje, mesmo com o crime considerado hediondo desde 2015.

Quem Ama Não Mata tende a ser um equivalente brasileiro de Era Uma Vez Em Hollywood, de Quentin Tarantino, no sentido de que, apesar do crime cometido, Doca Street foi blindado como "malvado favorito" de uma grande parcela da sociedade, a exemplo de Charles Manson nos EUA, líder de uma seita que, em 1969, matou várias pessoas, entre elas a atriz Sharon Tate.

No caso de Doca Street, ele matou, sob os efeitos da cocaína, a namorada Ângela Diniz, em 30 de dezembro de 1976, numa pousada em Armação de Búzios, então distrito de Cabo Frio. Por ironia, Búzios é vizinha de Barra de São João, distrito de Casimiro de Abreu, cidade que ganhou o nome do poeta ultrarromântico cujo perfil de masculinidade é o extremo oposto de Doca Street. É como se colocássemos, em oposição, o solitário Werther de Johann Wolfgang Goethe com o feminicida Woyzeck de Georg Büchner.

A minissérie estava em projeto desde uns 15 ou 20 anos atrás, mas havia sido barrado porque, durante uma fase, havia um esforço de promover a imagem "positiva" de Doca Street, com seus advogados impedindo a Rede Globo de realizar reportagens ou adaptações dramatúrgicas, sob a pena de uma volumosa multa financeira. A direção havia sido designada para o cineasta Roberto Farias, mas ele já faleceu. Quem dirigirá a minissérie será Bruno Barreto. Era a época em que Doca finalizava o livro Mea Culpa, lançado em 2006 e que encalhou nas livrarias.

O título Quem Ama Não Mata já foi título de outra atração dramatúrgica, casos especiais contra o machismo sanguinário, lançada em 1982 depois que uma onda de feminicídios aconteceu após Doca deixar a prisão, devido a uma atitude equivocada do jurista Evandro Lins e Silva, que era ligado a João Goulart e tinha perfil progressista, mas foi advogar para um machista reacionário.

Doca Street também foi noticiado pela revista Manchete, em janeiro de 1977, poucos dias após o crime, pela sua masculinidade tóxica, levada ao extremo. Segundo a revista, o tabagismo inveterado, associado ao consumo de álcool e cocaína, comuns na alta sociedade, faziam com que amigos se preocupassem com a saúde do assassino de Ângela Diniz, o que sugere que o feminicida tinha uma tragédia iminente e teria poucas chances de vida.

Doca fumou os mesmos cigarros que já mataram um sem-número de ricos e famosos em evidência nos anos 1970, incluindo atores e cantores de grande popularidade, muitos com menos idade do que o feminicida.

Apesar disso, as pessoas acreditam que Doca Street seja "mais saudável" que o ex-craque de futebol Pelé, que, após os 70 anos, passou a apresentar problemas de saúde. Diante da informação equivocada de O Globo de que Doca estaria "bastante ativo nas redes sociais" (quem está é o assessor que o representa), muitos moralistas de crenças equivocadas, equiparadas ao terraplanismo, devem imaginar que Doca tinha até "histórico de atleta", à maneira do ídolo deles, Jair Bolsonaro.

Por muita sorte - e pelo fato dele ser de uma família riquíssima, de sobrenome inglês (Street, "rua" em inglês), o que lhe permitiu investir em tratamentos caríssimos de saúde - , Doca Street não morreu na casa dos 50 anos, nos anos 1980, mas, provavelmente, pode ter sido portador de câncer desde os 50 anos e ter tido feito, sigilosamente, diversos tratamentos de quimioterapia no exterior.

Há também probabilidade de que certas declarações de "leves" problemas de saúde de Doca Street sejam eufemismos. Uma "pneumonia" no pulmão esquerdo, narrada em Mea Culpa, pode ter sido uma quimioterapia. A "dislexia" que ele havia declarado, com estranha ênfase, em suas últimas entrevistas, em 2006, seria, na verdade, o mal de Alzheimer, doença que afeta a memória, principalmente de pessoas idosas e muito doentes.

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