Infelizmente, ninguém conhece o que é mediunidade no Brasil. Para piorar, as pessoas aceitam esse desconhecimento, achando que tudo é verídico porque é misterioso, uma coisa inversa e radicalmente oposta ao que se ocorre na vida cotidiana.
Isso é grave, porque, no "espiritismo" feito no Brasil, aceita-se tudo sem verificar. E quando se pede para verificar, há quem finja cumprir os mais rígidos procedimentos para garantir veracidade das supostas mensagens espirituais.
Não se exige Inmetro, nem qualquer outro recurso de controle e verificação, e um caso típico da credulidade das pessoas corresponde às chamadas cartas "psicografadas", verdadeiros embustes que só fazem explorar e expor ao público as tristezas que as famílias poderiam viver na privacidade e sob assistência de pessoas com menor interesse oportunista possível.
O que se observa é que são pessoas escrevendo, com velocidade "industrial", mensagens apócrifas que têm a mesma caligrafia. São mensagens padronizadas, conforme a mente de cada suposto médium, e apresentam o mesmo apelo religioso.
Esses pretensos médiuns tentam se autopromover se aproveitando da emotividade das pessoas, das lágrimas sofridas, de tanta dor, e criam mensagens que atribuem aos parentes falecidos, sempre com aquele mesmo apelo religioso enjoado de tão repetitivo e tendencioso.
E se essas mensagens apresentam informações pessoais dos falecidos, é porque houve alguma consulta prévia. Os "doutores" da Universidade Federal de Juiz de Fora, embora admitam isso ser possível, tentam fazer crer que isso é raro no "movimento espírita" e praticamente inexistente nas atividades de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco.
Sentimos muito desagradar chiquistas e divaldistas. mas nem eles são exceção. Tomados da mistificação que os protege na "impunidade astral", Chico e Divaldo não podem ser questionados em uma vírgula sequer, já que eles estão envoltos num estereótipo que envolve aspectos dóceis como velhice, humildade, obediência, polidez e outras coisas.
Pretensos sábios, eles não podem sequer ser desafiados. Há um faz-de-conta em torno de Chico Xavier, feito pelos referidos acadêmicos de Juiz de Fora, que finge questionar seus procedimentos e termina sempre com o parecer favorável a ele.
Os acadêmicos usam métodos duvidosos, geralmente genéricos, vagos e limitados, para verificar as tais "cartas psicográficas" que a gente até desconfia se o único propósito da pesquisa é proteger a reputação de Chico Xavier como líder religioso criando uma blindagem moldada em verniz científico.
As falsas psicografias são constatadas não porque odiamos o "espiritismo" e achamos as atividades em si ridículas e estúpidas. Podemos gostar e sentir simpatia de tudo isso, mas se tivéssemos a humildade da lógica e percebermos as falhas existentes, temos que seguir uma constatação que pode ser negativa, mas a realidade e a lógica têm que vir em primeiro lugar.
Muitas famílias são enganadas constantemente só porque alguém disse que a mensagem supostamente espiritual é verdadeira porque começa com "querida mamãe", ou por mensagens por demais emotivas e de profundo conteúdo religioso.
Claro, com o julgamento moralista de muitas famílias, geralmente conservadoras, todo mundo é induzido a acreditar que, lá no mundo espiritual, todo mundo ficou religioso, passou a acreditar mais em Deus e Jesus e fica só pedindo fraternidade para as pessoas, com um discuso panfletário e igrejista.
Podendo ser um punk ou uma noviça, é quase sempre o mesmo discurso, descontando as informações colhidas aqui e ali, não somente nas entrevistas formais - único meio aceito pelos acadêmicos da UFJF - , mas também em conversas informais, nas esperas por doutrinárias, ou após o fim das mesmas, em que até dados mais sutis são colhidos por diversos familiares.
Se Chico Xavier não entrevistou eles diretamente, seus colaboradores o fizeram. E muitas informações sutis são trazidas de maneira quase instintiva, há quem não se lembre de as ter colhido, mas assim o fez, naquelas conversas que se tem após as doutrinárias, em que todos estão à vontade para detalhar as coisas, meio "sem querer querendo".
Mas o moralismo religioso permite tudo isso, permite a falsidade ideológica desde que transmita "palavras de amor" e "mensagens fraternais". Tudo isso em cartas produzidas em "velocidade industrial", que só expressam a imaginação do suposto médium. E, se as famílias passam a acreditar que essas cartas são verídicas, isso se torna muito grave.
Isso porque, por trás de tudo isso, existe a promoção da seita "espírita", às custas do sofrimento das famílias, exposto ao público de maneira leviana, oportunista e sensacionalista, prolongando essa tristeza de maneira indefinida, uma vez que tais famílias acabam ficando para sempre expostas a essa humilhação marqueteira feita para lotar "centros espíritas" a pretexto da caridade.
Daí considerarmos todo esse ritual, principalmente diante do desconhecimento total que o "movimento espírita" tem da Ciência Espírita, uma tristeza tão grande quanto perder entes queridos. Nada mais triste do que explorar a tragédia e o sofrimento dos outros, mesmo que use o pretexto da caridade.
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