
NA ALEMANHA, A MORTE DE UM PADEIRO LEVOU OITO ANOS PARA SER DESCOBERTA. NO BRASIL, TEM FEMINICIDAS DOS ANOS 1970-1980 QUE JÁ MORRERAM E "CONTINUA VIVO E SAUDÁVEL" ATÉ NO WIKIPEDIA.
Brasil surreal. O grupo britânico Monty Python completa 50 anos - com um dos integrantes, Graham Chapman, tendo completado ontem 30 anos de "retorno à pátria espiritual" - e um dos membros, Terry Gilliam, fez um longa-metragem chamado Brazil, e nós vendo que a vida do "adorado" suposto médium Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier, não é mais do que uma versão real life das comédias surreais do Monty Python, como vimos neste link.
Alguém em sã consciência vai dar alguma credibilidade a um livro tipo Parnaso de Além-Túmulo? Uma carteirada religiosa protege e blinda esse livro deplorável, horrível, de conteúdo medíocre e com "conselhos morais e religiosos" supérfluos, que nada acrescentam ao que qualquer pai e mãe daria para seus filhos em questão de um ou dois minutos.
O livro "mediúnico" começou forçando a barra demais, sendo uma suposta coletânea de vários autores. Um sensacionalismo barato, que ainda por cima deixou provas do seu crime farsante: sofreu estranhos reparos editoriais (ué, a obra não era enviada por "espíritos benfeitores", merecendo estar intocável logo na primeira edição?), aliados de Chico Xavier admitiram que ele teve ajuda de uma equipe editorial da FEB e o conteúdo das obras é medíocre em relação ao que os autores alegados fizeram em vida.
O mito de Chico Xavier, num país menos ingênuo, seria apenas um verbete perdido no Guia dos Curiosos, e teria sido deixado ao esquecimento. Mas ele teve um lobby de fazer inveja a Fernando Henrique Cardoso: dirigentes da Federação "Espírita" Brasileira se aliavam a executivos da mídia empresarial, colunistas sociais, delegados reacionários, juristas conservadores, políticos de centro-direita, militares golpistas, que durante a ditadura militar fizeram de Chico Xavier um "santo" para evitar a ascensão dos opositores da ditadura militar ou de cenários políticos conservadores.
Mas aí, o mito de Chico Xavier cresceu tanto, deixando para trás acusações que variam de fraudes literárias a esquizofrenia (segundo muitas fontes, a doença que estava por trás da suposta mediunidade), que até as esquerdas se iludem com sua figura, só por causa de imagens dele segurando bebê no colo ou acompanhando crianças tomando sopa, coisas não muito diferentes do que políticos corruptos fazem em campanha eleitoral.
Que ao menos Chico Xavier seja tratado como semi-deus ou como "homem humilde e simples" pela mídia reacionária, vá lá. Que ele tenha seu fã-clube restrito a pessoas capazes de adorar Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso etc, vá lá, mas os esquerdistas precisam ter semancol para evitar cultuar pessoas que apoiam pautas adversárias aos progressistas, como o próprio Chico e seu seguidor Divaldo Franco.
Não dá para imaginar negociação pelo pensamento desejoso. Chico Xavier morto há 17 anos e Divaldo Franco no final de sua velhice não podem negociar com os esquerdistas e passarem a ser marxistas na última hora.
Os dois "médiuns" apoiaram o golpe militar de 1964 e suas pautas trabalhistas são retrógradas, e eles ainda detestam as esquerdas porque estas são muito rápidas e mais eficientes na superação das desigualdades sociais (têm medo da concorrência) e os esquerdistas ameaçam os privilégios dos mais ricos, lembrando que as elites do dinheiro adoram muito esses "bondosos médiuns" e sua "missão do bem" que não ameaça os patrocinadores do mal.
É muito surreal. Esquerdistas apoiando "médiuns" de direita. Ficamos perguntando se não é por uma ojeriza aos evangélicos neopentecostais, que traíram as esquerdas depois de uma relativa aliança, e se manifestaram entusiasmados com o golpe político de 2016? Só que o problema é que o "movimento espírita" - e, por associação, simbolicamente Chico Xavier e Divaldo Franco - é a Igreja Universal de amanhã, pois os neopentecostais haviam sido, pela blindagem e deslumbramento, o "movimento espírita" dos anos 1990.
Se o "movimento espírita" que tem em Chico Xavier seu símbolo maior for desembarcar do bolsonarismo, eles não vão vestir a camisa da causa esquerdista do Lula Livre. Devemos admitir e aceitar que Chico Xavier foi um anti-petista ferrenho, por antecipação, e Divaldo Franco, seu discípulo, esculhambou Lula e o PT em uma palestra em Goiânia, em 2018.
O que vemos é que, pelo andar da carruagem, o "movimento espírita" vai se apoiar no Renova BR, com Luciano Huck, embora Divaldo Franco esteja mais próximo do João Dória Jr., a quem homenageou na edição paulista do "Você e a Paz", em 2017, que divulgou a intragável farinata (alimento feito de restos de comida, em boa parte podre e infectada), concessão que Allan Kardec nunca faria sequer ao seu melhor amigo, por ele ter tido um rígido controle de qualidade e transparência das coisas.
Chico Xavier se aproximaria mais de Luciano Huck, até porque ambos foram moldados como pretensos ativistas sociais da mesmíssima maneira, e por uma mesma responsável, a Rede Globo de Televisão. Aquela "caridade" de fachada, que só é "profunda" na propaganda que é feita, porque usa apelos emocionais fortes para mascarar os resultados meramente pontuais e medíocres que esse tipo de ajuda, o Assistencialismo, faz à sociedade.

DANEM-SE AS LEIS DA NATUREZA - SE FEMINICIDAS RICOS PASSARAM A VIDA FUMANDO DEMAIS E ATÉ SE DROGANDO NA JUVENTUDE, ELES NUNCA ADOECEM GRAVEMENTE.
"FEMINISMO DE GLÚTEOS" E FEMINICIDAS "ETERNOS"
O Brasil é surreal em vários aspectos. Tem um cenário universitário cujos cursos de pós-graduação discriminam o senso crítico, confundido com "opinião", e internautas idiotizados que, em boa parte, têm mania de "discurso imparcial" para defender suas ideias sem nexo, usando de maneira neurótica uma roupagem pseudo-intelectual, botando até "referências bibliográficas" em seus confusos artigos, só para dar a impressão de serem os "sabichões".
Temos uma "cultura popular" que imbeciliza o povo pobre e que conta com o apoio de setores das esquerdas que fazem apologia da pobreza, da ignorância e da degradação social do povo pobre. Apoiam a prostituição, o subemprego, a moradia em casas nas favelas prestes a caírem, apoiam o alcoolismo, a maconha, coisas que deixam o povo pobre em situação bastante inferiorizada.
As elites ditas progressistas, sejam agindo em boa-fé ou má-fé, confundem Assistencialismo com Assistência Social e pensam que, apoiando a prostituição e o comércio de produtos piratas e contrabandeados são atitudes "libertárias" do povo pobre. Ideias sem pé nem cabeça. Ver as dondocas do "marxismo padrão Rede Globo" exaltarem a prostituição ignorando que as prostitutas não querem viver a vida nessas condições, é assustador.
Assim como é assustador, nesse Brasil surrealista, haver um falso empoderamento feminino através de mulheres-objetos assumidíssimas, como a Mulher Melão e a Solange Gomes. É assustador como essas mulheres se animam em seguir o receituário machista, se limitando a uma mera ostentação de uma sensualidade forçada, de corpos exagerados, para atender ao apetite desenfreado de bolsomínions "mascus" (nos dizeres de Lola Aronovich) que se excitam sexualmente até com poste de energia elétrica.
Ver que Mulher Melão e Solange Gomes representam o "feminismo popular" é vergonhoso. E isso quando vemos que o Brasil assiste ao constrangedor acordo entre feminismo e machismo, num país ainda radicalmente machista.
Nesse acordo, a mulher que "vai longe demais" no seu empoderamento, moderando sua sensualidade e preferindo expor ideias consistentes e interessantes, que fogem do imaginário sexual, ela é aconselhada a se casar com um homem, de preferência um empresário, diretor de TV, médico da rede particular, advogado ou algum outro cargo de liderança ou empoderamento... masculino.
Enquanto isso, a mulher que aceita ser mulher-objeto, vive só de mostrar o corpo, quando dá entrevistas só fala de sexo e sensualidade, e se acha narcisista achando que o Instagram é o quarto de sua casa para mostrar fotos com pouca roupa, essa mulher que segue direitinho a receita do machismo que trata o corpo feminino como "coisa", nem precisa se preocupar com namorado, e muito menos com marido.
As pessoas no Brasil permitem tudo isso porque elas fazem parte de uma sociedade conservadora. A rigor, mesmo as pessoas mais progressistas, descontando honradas exceções, seguem paradigmas conservadores, que fazem o nosso país ficar preso na Era Geisel, período em que os conservadores consideram, ainda que sem alarde, a "fase de ouro da sociedade brasileira contemporânea".
Durante o governo do general Ernesto Geisel, havia desenvolvimento econômico controlado, com ênfase na iniciativa privada. A censura limitava a livre expressão dos opositores a quase nada. As manifestações de esquerda continuaram sendo amplamente reprimidas, só que de maneira ainda mais oculta do que no governo do antecessor Médici.
E havia massacres de camponeses, feminicídios e extermínio de pobres, na ânsia desesperada das elites e seus "justiceiros" diminuirem a população brasileira, para que assim as elites não precisem arcar com o ônus social, e, com menos habitantes, o custo social reduz, garantindo aos mais ricos a manutenção de seus privilégios.
No caso dos feminicidas, é aí que o surrealismo come solto. Num país em que figurinista de novela, jovem e saudável, e cantor de MPB indo a uma hidroginástica, morrem de infarto fulminante, os feminicidas são os únicos brasileiros que "não podem morrer". O Brasil é um país em que se acredita que a morte escolhe caráter, e as listas do obituário, listadas pelo Wikipedia, têm que parecer fofas como se fosse a lista dos candidatos a qualquer um dos Prêmios Nobel.
O feminicida é o que mais descuida da saúde, tem surtos de ódio intenso, sofrem ciúmes doentios, e muitos deles ainda fumam muito, usam drogas, dirigem carro com nervosismo (e, não raro, depois de um pileque) e estão, potencialmente, entre os brasileiros com risco mais elevado de morrerem em causas como infarto, câncer, acidente de trânsito, mal súbito e até mesmo um outro homicídio.
Segundo dados extra-oficiais, um feminicida não possui mais do que 80% da expectativa de vida de um brasileiro comum, ou seja, se um brasileiro de caráter mediano e sem defeitos graves e razoavelmente sadio tende a viver, em média, 75 anos de idade, um sujeito que assassina uma mulher tende a viver, sob a mesma perspectiva, 60 anos de idade.
Como os brasileiros ficam imersos na caverna digital das redes sociais, machistas e feministas ficam com medo de verem uma notícia na qual feminicidas, mesmo relativamente mais jovens - como na faixa dos 40 e 50 anos - , estão mortos ou perto de morrerem. Por diferentes razões, machistas e feministas manifestam esse pavor, apesar do fato de que todos vamos morrer um dia.
Os machistas se irritam com a informação das tragédias dos feminicidas porque não aceitam vê-los como pessoas fracas, precisam atribuir a eles uma força física descomunal, mesmo para alguém que, pelas informações trazidas sobre seus descuidos à saúde, como Doca Street, pode ser cientificamente considerado um moribundo. Não, feminicida é "forte", uma espécie de Super-Homem que nem a kriptonita consegue derrubar. E Pimenta Neves tem que parecer mais "forte" que Heath Ledger no que se refere à ingestão de remédios por overdose.
As feminicidas pensam quase o mesmo, mas sob outro enfoque. Elas não admitem que feminicidas sejam anunciados como "enfraquecidos", porque têm medo que se explore neles uma imagem de vitimização. Para a narrativa feminicida, soa estranho ver que aquele empresário, promotor etc que matou ou mandou matar sua própria esposa está com um câncer terminal ou havia falecido há duas semanas de câncer.
Para o "bem" da sociedade higienista que tornou-se o Brasil após o golpe de 2016, feminicidas são dispensados de terem suas mortes noticiadas. Seja para evitar comoção - daí que nos EUA têm um movimento, bastante equivocado e ingênuo, chamado "Don't Name Them", que prefere ocultar as idades dos assassinos, achando que vai evitar sua glamourização mas só a agrava, através de um ostracismo consentido - , seja para evitar, de outra forma, que outros homens fossem desencorajados a matar suas mulheres.
Afinal, o feminicídio, infelizmente, é visto como um processo de "limpeza social" pela sociedade moralista. A desculpa não é só reduzir o "excesso de mulheres" que a sociedade patriarcalista alega, mas também evitar que nasçam mais filhos e a população cresça. É oficialmente considerado um crime, mas um "mal necessário", que continua ocorrendo porque os feminicidas acham que terão sempre a sorte grande. Vários feminicidas saíram da cadeia, quando havia a impunidade legal, com a alegria de ganhadores da loteria.
Quando se trata de pessoas de caráter pelo menos razoável, noticiar mortes soa natural. No Brasil se noticia muito os casos de jogadores de futebol de várzea sofrendo mal súbito ou infarto, de jovens militares sofrendo ataque cardíaco em treinamentos, tem até agente funerário morrendo em desastre de carro.
No exterior, recentemente tivemos o caso de um padeiro, Heinz H, que morreu aos 59 anos em 2011 em sua casa numa cidade da Alemanha, e sua morte só foi conhecida hoje, quando houve vistoria no andar do seu apartamento, e com o falecido estava também morto um cão, que teria morrido por causa da fome.
A gente vê que muitos feminicidas que cometeram seus crimes nos anos 1970 e 1980, ou mesmo até uns 15 anos atrás, e que não cometeram suicídio, morreram de doenças ou acidentes de trânsito. Muitos surpreendentemente na casa dos 35, 55 anos. Feminicidas que chegaram a ter julgamentos noticiados no Jornal Hoje ou, na pior das hipóteses, em alguma matéria discreta no canto inferior de uma página de um grande jornal impresso.
No entanto, essas mortes não são noticiadas. Se até o sucessor de Pimenta Neves em O Estado de São Paulo, de sobrenome curioso, Sandro Vaia ("Vaia no lugar de Pimenta Neves", dizemos, meio que imitando o estilo de José Simão, da concorrente Folha de São Paulo), já morreu, porque o assassino de Sandra Gomide, mesmo não escondendo problemas graves como hipertensão, diabetes, câncer na próstata e provável falência múltipla de órgãos (possível efeito da overdose de comprimidos em alguém com mais de 60 anos), "não pode morrer"?
Teremos que esperar que a população brasileira tenha que reduzir de seus 208 milhões de habitantes para um sexto disso, provavelmente quinze vezes o número de "espíritas" declarados, para informarmos que aquele feminicida que parecia "vivo e saudável" nas comunidades reaças do deep fake já faleceu há muito tempo, assim como aquele feminicida que se pensa ter mudado de nome mas que teria sido substituído por um sósia, pago para fazer o papel do feminicida morto.
Também morre quem atira, mas essa frase irrita a sociedade "coxinha" que domina as redes sociais, e que talvez prefira acreditar que feminicídio curasse câncer do pulmão. E imaginar que a frase foi criada por Marcelo Yuka, falecido músico, quando fez a versão para "Hey Joe", de Billy Roberts, popularizada por Jimi Hendrix, e cuja letra original era endereçada a um feminicida.
E, se no lugar de Marcelo Yuka, tivesse morrido, por AVC, o feminicida dos anos 1980, o xará Marcelo Bauer, que faz turismo pelo mundo vivendo na impunidade? A sociedade que desejou o golpe político de 2016 deveria ir ao analista se reagir a essa notícia com indignação. E os almoxarifados dos jornais se entupirão de cadáveres de feminicidas mortos apodrecendo sob o silêncio da mídia. Nada mais surreal, num país já cheio de surrealismos.
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