Já informamos que Lula e Chico Xavier são personalidades antagônicas. Enquanto o primeiro era um operário que se tornou líder sindical e voltado a projetos de desenvolvimento social, o segundo foi um serviçal de burocratas e fazendeiros conservadores que, atuando como escritor, forjou obras usando nomes de mortos e, depois, promoveu Assistencialismo para anabolizar sua reputação pessoal como um pretenso líder religioso.
Lula era voltado as causas progressistas, à defesa do Estado como protetor do interesse público do povo brasileiro, do bem-estar social para o progresso da sociedade e o combate à desigualdade social. Teve dois bons mandatos, nos quais o segundo tornou-se ainda mais fluente, com discreta mas admirável capacidade de contornar a crise econômica mundial de 2008.
No entanto, Lula passou a ter uma performance estranha depois que saiu da prisão, injustamente decretada pela corrupta e tendenciosa Operação Lava Jato. Se aliou a políticos direitistas, pôs um tucano para ser vice na chapa presidencial, abriu mão de rupturas estruturais até mesmo com o legado macabro de Michel Temer, governante em certo sentido pior do que Jair Bolsonaro, não que este fosse "melhorzinho", mas porque Temer é que criou as estruturas dos retrocessos dos quais Bolsonaro foi apenas um executor.
Que Lula, às vezes, demonstra não estar disposto a ouvir conselhos de seus amigos do PT, das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais, agindo conforme seus impulsos e suas convicções pessoais, isso é vrdade. Mas nunca na História do nosso país Lula deixou de dar ouvidos a qualquer advertência, preferindo agir conforme os seus desejos e vontades pessoais.
Eu votei em Lula com um entusiasmo de querer ver o Brasil respirar de novo, e encerrei 2022 crendo que o Brasil passará a ter um novo e belo amanhecer. Entrei 2023 com a expectativa de que fossem lançadas, de primeira, medidas para o combate ao desemprego e à miséria e também para fortalecer a nossa Economia, além de projetos em prol da Educação e Saúde púbicas.
Eu me decepcionei quando o Lula que me fez fazer o L com tanta alegria não lançou medidas nesse sentido. Tudo o que se viu no começo do mandato foi apenas um festival de música de valor duvidoso e importância supérflua, o Festival de Futuro, que fez atrasar as posses dos ministros, que ocorreram em separado, em vez de um processo rápido e unificado que era antes e deveria ser mais urgente no momento em que o Brasil estava em reconstrução.
Enquanto os trabalhadores esperavam ganhar melhores salários, falou-se mais das joias que a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro recebeu do governo da Arábia Saudita. E ai houve os atos truculentos de Oito de Janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e o pessoal destruiu muita coisa, praticou muita desordem e despejou sua fúria contra a vitória eleitoral de Lula, que eles consideram "corrupto".
Mas quando o governo parecia decolar, eis que Lula decolou, no mau sentido, com desnecessárias viagens para o exterior, quando a urgência é a do presidente ficar no Brasil para cuidar das medidas para recuperar o país dos estragos de Temer e Bolsonaro. Lula subestima os estragos do governo Temer, pois o atual presidente só fala desses estragos mais pela assinatura de Jair Bolsonaro do que pelos prejuízos em si.
Lula cometeu erros diversos e ultimamente esta se aproximando do Centrão e prometendo reduzir a influência do PT no governo. E, enquanto modera muito na concessão de salários e outros benefícios para o povo pobre, não mede dinheiro para pagar parlamentares para votar a favor do presidente nas chamadas emendas constitucionais. E financia até artistas popularescos para realizar turnês e DVDs, entre outras atividades.
Mas o desnecessário destaque mundial também é outro incômodo, pois Lula na precisava se intrometer no caso da guerra entre Rússia e Ucrânia nem em querer montar uma "ONU paralela" com países emergentes e pobres, que também "inchariam" o grupo dos BRICS, que, para quem não sabe, é o bloco dos emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Lula querendo ser orador, querendo ser noticia, cobrando o combate à fome dos outros governantes, enquanto ele, que apenas manda subtrair um real do preço da carne e faz um estardalhaço com isso, deixa e combater a fome por achar que o Brasil está bem.
Já basta a visão de quem domina as esquerdas no Brasil, gente de classe média, bem de vida, que tem até filho morando no exterior. Gente que defende a pobreza como "etnia" dentro da atual moda do identitarismo cultural, uma falácia na qual se fala que "é lindo ser pobre para forçar os pobres da gostar da favela em que vivem para que, assim, a nossa sociedade não pudesse arcar com mais de 500 anos de opressão contra os miseráveis, que gerou um custo de dimensões estratosféricas de nosso país.
Ou seja, se pobreza virou "identidade" e "padrão social", então o nosso esquerdismo, complacente com uma parcela de valores de direita, peca por apreciar figuras retrógradas como o ultraconservador Chico Xavier, adorado pelos chamados "espíritas de esquerda", um bando de pessoas perdidas que parecem imitar, feito papagaios, o ativismo de esquerda que assimilam do PT.
Claro, é só ver Chico Xavier segurando um bebê pobre no colo e, num refeitório, passando a mão na cabeça de uma criança, que as esquerdas vão imaginar que o "médium" estava no lado deles. Houve até fake news extremamente grotesca inventando que Chico Xavier "votou em Lula" em 1994 e 1998, quando a verdade é que, nessa época, o "médium", com 84 e 88 anos respectivamente, estava muito doente e era beneficiado pela lei eleitoral em não precisar mais sair de casa para votar.
Chico Xavier era um antilulista ferrenho. Ultraconservador, ele, no final da vida, se aproximava do PSDB, só não gostando de ver José Serra como candidato à Presidência da República, pois o "médium" preferia Aécio Neves, por quem Chico Xavier tinha uma admiração que era um amor correspondido: Aécio Neves era, ao mesmo tempo, fã e herói de Chico Xavier, e vice-versa.
Mesmo assim, as esquerdas de classe média capazes de achar que a rede McDonald's e a Coca-Cola são comunistas porque têm vermelho na embalagem, insistem em "esquerdizar" a pessoa de Chico Xavier, mesmo quando evidências mostram o contrário. E foi esse o tom do livro "ecumênico" que foi lançado por uma parceria entre a Kotter Editorial e o portal Brasil 247.
Intitulado Lula e a Espiritualidade e organizado por Mauro Lopes, o livro reuniu vários textos de diversos movimentos religiosos, entre eles os tais "espíritas de esquerda" liderados por Franklin Félix, que compararam a missão social de Lula à suposta caridade de Chico Xavier.
E como o "espiritismo" brasileiro, por suas más escolhas, virou um esgoto de energias vibratórias bastante negativas, o Lula que antes demonstrava profunda sabedoria quando estava preso, de repente, surtou e deixou de saber se o Brasil estava em ou precisava ser reconstuído. Em dados momentos, Lula dizia que o Brasil estava "pior do que 20 anos atras", em outros ele celebrava com feta como se nosso país já estivesse bem.
Lula foi "abduzido" pelo azarento "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba? Que desserviço faz nossas elites de classe média de esquerda, mais conservadoras que se pode imaginar, em cultuar um "médium" de direita só porque ele prometeu a paz mundial e está associado a uma suposta caridade, tão fajuta quanto a de Luciano Huck, mas que as pessoas acreditam como "verdade indiscutível" mesmo sem ver prova alguma. "Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem", pensam essas esquerdas.
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