Uma semana após Francisco Cândido Xavier, o tão festejado Chico Xavier do imaginário dos brasileiros, ser considerado "herói da Pátria" por iniciativa de um deputado do tipo "bolsonarista de armário", ou seja, do Centrão bolsonarista que se recusa a admitir o apoio ao presidente Jair Bolsonaro, eis que este governante - ou desgovernante - foi considerado "herói do Brasil" nas redes sociais.
Enquanto ocorrem brigas e xingações no Congresso Nacional, como o ministro da Corregedoria-Geral da União, Wagner Rosário, ter discutido com Simone Tebet e partido para xingações, e outros dois senadores trocando insultos entre si - consequência das "vibrações elevadas" que Chico Xavier trouxe na condição de "herói da Pátria" - , eis que a alma-gêmea do "médium", Jair Bolsonaro, se destacou nas redes sociais com a hashtag #JairBolsonaroHeroidoBrasil.
O "movimento espírita", com essa armação de colocar Chico Xavier no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (conhecido como "Livro de Aço"), tenta realizar uma operação dificílima para separar dois irmãos siameses, o "médium" e o atual presidente da República (que "pagou mico" na sua estadia em Nova York), de igual trajetória arrivista e com lemas idênticos, "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" e "Brasil, Acima de Tudo, Deus, Acima de Todos".
Isso porque os dirigentes "espíritas" tentam jogar Chico Xavier na posteridade, se preparando para a celebração dos 20 anos de morte do "médium", e, ainda que o "movimento espírita" esteja se aproximando do bolsonarismo - a ponto dos "kardecistas" despejarem ataques contra o pedagogo Paulo Freire, recentemente lembrado nos 100 anos de nascimento - , há uma preocupação de também tentar sobreviver diante do desgaste que Bolsonaro está sofrendo ultimamente.
É claro que tem o Clube do Pensamento Desejoso, que tenta moldar Chico Xavier como alguém que "nunca foi direitista". Se esquecem do radical, convicto, consciente e inabalável apoio que o "médium" deu à ditadura militar, a ponto de defender o AI-5, contrariando a imagem "bondosa" de Chico Xavier, que entre 1971 e 1972 manifestou o mais entusiasmado apoio a quem praticava a opressão, matando inocentes e promovendo a fome, a miséria e a desolação em todo o país.
A deputada do PT do Distrito Federal, Erika Kokay, foi mais uma a engrossar as fileiras dos esquerdistas trouxas que dão consideração a Chico Xavier, por conta de uma "caridade" que pessoa nenhuma viu e da qual não há prova que faça algum sentido, mas todos acreditam como se essa lorota toda fosse uma "verdade absoluta".
Ela passou o pano quando o deputado federal do PP de Uberaba, Franco Cartafina, que disse SIM à proposta de lei da grilagem de terras e também à proposta de privatização da Eletrobras, e que, representante dos latifundiários e do agronegócio no Triângulo Mineiro, propôs o duvidoso título de "herói da Pátria" para Chico Xavier, dentro de um contexto em que o título está mais para glorificar policiais e militares do que a personalidades com alguma contribuição mais humanista.
Aliás, sobre a privatização da Eletrobras, é curioso que Franco Cartafina, bolsonarista de armário, tenha defendido essa proposta que deixará as zonas rurais sob as trevas, pois com o controle privado a energia elétrica ficará mais cara e só será distribuída para lugares onde se presumem atividades mais lucrativas. Só os "coronéis" e "agrobarões" terão energia elétrica para dar e vender, mas os camponeses ficarão sem luz, tendo que apelar para acender lampião pelo menos para cozinhar comida para o jantar. Faz sentido para um parlamentar que aposta na falsa luz de Chico Xavier.
As "energias de luz", aliás, foram tantas que o partido de Franco Cartafina, o Progressistas, é o mais provável abrigo partidário de Jair Bolsonaro, tamanhas as sintonias afins, principalmente se considerarmos que Uberaba é parte do Triângulo Mineiro, um dos maiores redutos do bolsonarismo em Minas Gerais.
E aí vemos o quanto a concessão desse título, a exemplo da concessão de "santidade" para Madre Teresa de Calcutá, não passa de uma grande "vitória de Pirro", porque essas duas personalidades religiosas não merecem homenagem alguma e, pelo contrário, deveria-se retirar seus nomes de qualquer privilégio desse tipo. Ainda vai haver um bom samaritano a retirar o nome de Chico Xavier do Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, antes que o "Livro de Aço" apodreça.
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