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A ingenuidade do chamado "espiritismo à esquerda" no Brasil


FRANKLIN FÉLIX (E), AO LADO DE CONVIDADOS NO I ENCONTRO ESPÍRITAS À ESQUERDA, REALIZADO EM SALVADOR.

Correntes do "movimento espírita" tidos como "de esquerda" realizaram, recentemente, em Salvador, o I Encontro Espíritas à Esquerda, na tentativa de iniciar um movimento tentando criar uma vertente "progressista" do mesmo "espiritismo" brasileiro de viés conservador e distanciado da essência original do Espiritismo francês.

Infelizmente, o Espiritismo se transformou num engodo, numa grande lavagem de porco brasileira, uma "confraternização" do joio com o trigo, da raposa com as galinhas, dos lobos com os cordeiros. Uma confusão doutrinária, sem pé nem cabeça, onde valores moralistas conservadores se misturam a ideais de liberdade humana, mesclando filosofia oriental com obscurantismo medieval, misturando Paulo Freire com Escola Sem Partido.

As pessoas ignoram que o Espiritismo, ao ser introduzido no Brasil, iniciou seu processo de fuga dos postulados originais de Allan Kardec. E esse processo de fuga continuou até atingir as últimas consequências com ninguém menos que Francisco Cândido Xavier, o "adorável" Chico Xavier que fez a terrível façanha de reduzir o Espiritismo a uma forma repaginada do Catolicismo medieval.

O Brasil é completamente ignorante e esquece que a deturpação do Espiritismo, a chamada "catolicização", não é um processo inocente inspirado nas "tradições religiosas populares". Vamos terminar com essa fantasia. A "catolicização" do Espiritismo, descontando a fase pré-Chico Xavier de ter sido uma opção de sobrevivência das instituições espíritas, foi um processo criminoso de traição grave aos postulados originais.

Lembremos que a "catolicização" só fazia sentido quando os "centros espíritas" eram reprimidos pela polícia, numa sociedade que se escandalizava quando uma jovem moça mostrava o pezinho sendo banhado pela água do mar. É lamentável que hoje "espíritas" e funkeiros usem a sociedade de 100 anos atrás para promover seu vitimismo, ignorando que os contextos eram bastante outros (os funkeiros costumam se comparar com os sambistas do passado para promover coitadismo).

Depois que passou a fase repressiva, a "catolicização" do Espiritismo avançou e se radicalizou sem o menor pingo de escrúpulos. Sob a desculpa da "liberdade do pensamento", permitiu-se tanto a produção de literatura fake - sim, as obras "literárias" de Chico Xavier são pioneiras nas obras fake, porque os "autores espirituais" apareciam muito diferentes do que eles haviam sido em vida - quanto a veiculação de velhos valores católicos reciclados pelos "espíritas".

ROUSTANGUISMO E CATOLICISMO MEDIEVAL

Sim, esquecemos que o "espiritismo" aproveitou o "espólio antigo" que havia sido descartado pela Igreja Católica. A moral punitivista dos "reajustes morais", presente na obra de Chico Xavier, é gritantemente roustanguista, embora os brasileiros, tão tolamente, façam o sinal da cruz quando alguém diz que o "médium" mineiro era adepto de Jean-Baptiste Roustaing. Chico Xavier tinha medo de assumir o roustanguismo, mas ele o adaptou quase totalmente em seus livros.

É só ver Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. É quase uma tradução de Os Quatro Evangelhos de Roustaing, só que evocando a suposta sina missionária do Brasil. É um relato de um projeto de fusão de Religião e Estado muito perigoso, e mais perigoso ainda porque é narrado como se fosse algo maravilhoso, criando um aparente consenso com essa ideia.

É perigoso pensar, iludido, que o Brasil, se tornando o tal "coração do mundo" e "pátria do Evangelho", se tornaria uma nação fraterna, pacifista, que acolheria pessoas com crenças diferentes apoiando a mão no ombro de outrem e dando conselhos fraternais e palavras amigas.

O imperador Constantino, do Império Romano do Oriente (mais tarde, Império Bizantino), também veio com esse discurso naquela época, embora com as devidas diferenças de contexto. Mas depois a Igreja Católica Apostólica Romana revelou seu caráter sanguinário, com punições severas que iam da forca às fogueiras, passando pela "oferta" de hereges aos leões famintos, nas arenas romanas, e que também incluíram cruzadas, que eram forças militares e belicistas que exterminavam para aumentar ou proteger o poder da "Santa Igreja".

Quem não garante que a "pátria do Evangelho" também não vai dizimar, com o tempo, as nações africanas e árabes que se recusarem a compartilhar da "fé espírita"? Com seu moralismo punitivista, os "espíritas" também mostram um lado oculto e sanguinário, ao qual atribuem como "resgates coletivos" as tragédias em massa, ignorando que pessoas que nada têm a ver umas com as outras não necessariamente enfrentam um mesmo destino trágico, só porque estavam numa mesma hora e lugar.

Daí para o moralismo punitivista do "espiritismo à brasileira" alegar que as pessoas morreram porque "pagaram pelo que fizeram" é um pulo. Pode ser que, nas primeiras décadas da "pátria do Evangelho", o discurso fraterno prevaleça, assim como seu aparato pacífico. O Catolicismo medieval também não promoveu a carnificina de uma hora para outra, pelo menos da forma como se tornou conhecida na posteridade.

Quantos Torquemadas não podem haver por trás de "espíritas fraternos"? Alguém garante que, só por ser o nosso país e por ser a religião, em tese, o Espiritismo, não haverá risco da fusão de Religião e Estado apresentarem um projeto de supremacia, trazendo uma tirania a escravizar e matar povos de crenças divergentes?

EMBALAGEM X CONTEÚDO

Falar é fácil e ninguém vai afirmar nem considerar que a "pátria do Evangelho" se tornará uma nova tirania. Há quem dirá que "os tempos são outros". Mas há dúvidas quanto a isso, num contexto em que o Brasil acabou de eleger, há um ano, uma figura como Jair Bolsonaro, também considerado inimaginável por uma considerável parcela de brasileiros ditos "humanistas".

O grande problema do "espiritismo" brasileiro é o conflito entre embalagem e conteúdo. O "espiritismo" brasileiro tem um conteúdo deturpado, desfigurado, mas a embalagem continua sendo a do Espiritismo francês. E tem pessoa defendendo o conteúdo por causa da embalagem, o que traz uma grande confusão.

O Espiritismo só é progressista na versão francesa. Allan Kardec se influenciou na sua época, quando a França foi impulsionada, desde o Iluminismo, a viver um cenário de debates e ideias aprofundados, com muitos estudos filosóficos e científicos, além da propagação das primeiras ideias humanistas depois da Idade Média.

Diferente do Espiritismo francês, sua suposta versão brasileira, que historicamente deu preferência à forma deturpada e conservadora de Jean-Baptiste Roustaing, acolheu a "massa falida" dos jesuítas medievais católicos, que aos poucos eram deixados de lado, quando a Igreja Católica brasileira passou por transformações e guinadas progressistas que praticamente expulsaram as correntes mais conservadoras do Catolicismo.

E aí os católicos medievais expulsos do Catolicismo vieram no rótulo "espiritismo" um gancho para reciclarem o velho sob a máscara do novo. E isso se consagrou quando Chico Xavier, um sujeito que era conservador até a medula, se consolidou como o "mestre-guia" do "movimento espírita".

"ESPÍRITAS À ESQUERDA"

E aí vemos uma grande confusão mental trazida por correntes "espíritas" tidas como "de esquerda", a partir de figuras como Franklin Félix. No último dia 26 de outubro, foi realizado, num sindicato localizado em Barris, bairro de Salvador, o I Encontro Espíritas à Esquerda, primeiro grande ato de um movimento de dissidentes em busca de protagonismo.

Os "espíritas à esquerda", como eles se definem, são um tanto contraditórios, à exceção de duas figuras que realmente possuem uma visão mais prudente, Sérgio Aleixo e Dora Incontri. Mas o que estes dois defendem é o Espiritismo francês, enquanto os demais tentam criar uma complexa sopa de letrinhas para tentar definir como "progressistas" as ideias conservadoras do "espiritismo à brasileira".

Diante do impacto do fenômeno dos "espíritas de direita", depois que Divaldo Franco despejou comentários reacionários e apareceu ao lado do governador de São Paulo, João Dória Jr., cria-se agora uma tese de que o reacionarismo dos "médiuns de direita" é apenas fruto de opiniões pessoais, sem efeito doutrinário.

Um outro artifício é a tímida, porém persistente, tentativa de tirar Chico Xavier da galeria dos "médiuns de direita", uma manobra muito fácil porque o "médium" já não está mais vivo e suas declarações reacionárias, embora facilmente disponíveis hoje em dia, foram dadas no começo dos anos 1970, o que favorece o Clube do Pensamento Desejoso tentar inventar que Chico "aprendeu e mudou", o que não é verdade.

Chico Xavier tinha o mesmo pavor de Lula do que Regina Duarte. O que Chico Xavier falou sobre os movimentos esquerdistas é de uma hidrofobia que faz os comentários bolsonaristas de hoje parecerem brincadeira de criança. Chico Xavier é tido como "pacifista", mas ele defendeu o AI-5 alegando que o ato "combatia o caos e o radicalismo das esquerdas" e afirmava que os militares (neles incluído o truculento coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra) estavam construindo um "reino de amor" para o Brasil futuro.

Querem mais? Chico Xavier, em seus livros, defendia pautas retrógradas e reacionárias que, do contrário que se diz, têm, sim, efeito doutrinário. Devoto da Teologia do Sofrimento (a exemplo de outra reacionária na qual as esquerdas passam pano, Madre Teresa de Calcutá), Chico Xavier defendia que as pessoas desgraçadas aceitassem os infortúnios em silêncio, sem queixumes. Não se podia sequer gemer de dor, nem orar em voz alta, mas em agradecer a Deus pela desgraça obtida.

Além disso, Chico Xavier defendia o trabalho exaustivo. Dizia aos oprimidos terem paciência e respeito aos opressores. Dizia para as pessoas que exercem trabalhos difíceis, em horário extenuante, que continuassem trabalhando e orando (difícil é dividir a mente entre o trabalho e a prece). E Chico Xavier era um entusiasta na "prevalência do negociado sobre o legislado" nos acordos trabalhistas, preferindo que Deus fosse o "árbitro" desses acordos, mesmo quando eles beneficiem mais o patronato.

E a "cura gay". Antes dos chiquistas saltarem das cadeiras e gritarem, feito bolsomínions, que "Chico Xavier nunca defendeu a cura gay! Deixe de invenção!", devemos prestar atenção ao que Chico Xavier escreveu sobre o homossexualismo (hoje causa LGBTQ).

Ele havia dito que o homossexualismo era fruto de perturbações mentais da pessoa que reencarna no gênero sexual diferente da encarnação anterior. Sim, se um homem reencarna como mulher, ele sofre "perturbações mentais", de acordo com a visão punitivista do moralismo de Chico Xavier.

E o que ele recomenda? Embora use um discurso dúbio, falando em "livre-arbítrio", é só prestar muita atenção nas mensagens e verá que Chico Xavier defendeu que a pessoa deva se conformar com a imposição sexual determinada no nascimento, porque o "médium" sempre defendeu a submissão do homem a Deus e seus desígnios. Daí a "cura gay": o homem que renasceu mulher ou a mulher que renasceu homem têm que se conformar com a nova condição biológica determinada por Deus.

E o aborto? As esquerdas que defendem o aborto mas também acolhem Chico Xavier dão um tiro no pé, porque Chico Xavier era radicalmente contra o aborto, a ponto de preferir que a mulher vítima de estupro negocie a guarda do filho com o estuprador, e isso quando ela não é aconselhada a se casar com este algoz (claro, há o "reajuste moral", a vítima é a culpada por "faltas passadas", temos que promover a fraternidade em situações adversas e blablablá).

A pauta de Chico Xavier é tão conservadora que a sorte é que quase ninguém lê seus mais de 400 livros. Ninguém percebe a farsa de um suposto Humberto de Campos diferente do original, do caráter caricatural dos poemas de Parnaso de Além-Túmulo, da ficção gritante de Nosso Lar, do fedor masculino dos velhos paletós de Chico Xavier presente nas obras atribuídas a autorias femininas como Auta de Souza, Meimei e Irmã Scheila.

É isso que faz as esquerdas criarem malabarismos, movidos pelo pensamento desejoso, que tentam relativizar ou mesmo renegar o reacionarismo de Chico Xavier. É porque quem faz isso desconhece suas verdadeiras ideias, se limitando a ler apenas alguns memes que circulam nas redes sociais e na Internet.

Daí que é muito fácil "esquerdizar" Chico Xavier. Ele aparece em foto acariciando criança pobre? Pronto, ele virou "esquerdista", "alma-gêmea de Lula" etc. Ele tinha uma fala mole, quase efeminada? Pronto, ele virou "militante LGBTQ" e os retratos dele são editados com a cor do arco-íris (símbolo desta causa identitária)colorindo suas imagens. E o fato de Chico Xavier ter sido um celibatário também sinaliza para essa manobra tendenciosa.

Grande ingenuidade. E isso mostra o quanto há muita burrice e preconceito, mesmo nas esquerdas esclarecidas e supostamente não-preconceituosas. Achar que um celibatário só pode ser duas coisas, gay ou terrorista, é também um preconceito que as "esquerdas de botequim" possuem, elas que também possuem indivíduos privilegiados na vida econômica, profissional e amorosa.

Temos que compreender a reação das direitas, que recuperaram o protagonismo de graça. As esquerdas, tomadas de surtos emotivos que desnorteiam sua percepção de mundo - em muitos momentos, brilhante - e as fazem cair em fantasias tentadoras, acolheram a degradação da cultura popular sob a desculpa do "fim do preconceito", e, agora, estão acolhendo uma religião medieval cujo maior expoente é o reacionário de carteirinha Chico Xavier.

Não é por acaso que, depois do I Encontro Espíritas à Esquerda, uma maré de azar ocorre nas esquerdas. Para piorar, o ex-diretor da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, esteve no evento. O Brasil está cancelando muitos direitos trabalhistas e o mega-leilão do petróleo até teve maior compradora a Petrobras, mas é hoje uma Petrobras desfigurada, prestes a se tornar subsidiária de alguma empresa estrangeira, que é o plano de Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro.

O leilão ainda não terminou e a tendência é que as riquezas sejam mesmo entregues a empresas estrangeiras, ou a uma Petrobras "laranja" dos estrangeiros, como reza a obsessão entreguista de Paulo Guedes, que quer empregados trabalhando mais, ganhando menos, perdendo estabilidade e não podendo mais se aposentarem. Enquanto isso, as esquerdas rezam para o reacionário Chico Xavier salvar o Brasil...

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