Vítima de humilhações na Internet, vindas do público machista, a professora universitária Lola Aronovich agora é levianamente denunciada por "reprodução indevida" de imagens, num artifício movido por machistas que tentam desmoralizá-la de toda forma.
O blog Escreva, Lola, Escreva é especializado em analisar os problemas vividos pela mulher brasileira numa sociedade machista e conservadora como a brasileira, principalmente num período preocupante de surtos ultraconservadores que levam o Brasil a uma situação vulnerável, dentro de um contexto de Estado de exceção e convulsões sociais.
Consta-se que reacionários estão usando o nome de Lola Aronovich para criar falsas contas nas redes sociais inventando comentários intolerantes de toda espécie, criando uma falsa imagem desordeira da professora, para depois acionar os provedores para cancelar a conta da blogueira.
Em 2012, um desafeto havia criado um blog-paródia, Lola, Escreva, Lola, na qual imitava o estilo da blogueira para fazer pretensos textos de intolerância social extrema. O autor do blog ofensivo já tinha outros incidentes de truculência e confusões não só contra ela, e chegou a ser preso. Denunciado, o blog foi tirado do ar.
A conta de Lola foi suspensa e ela recebeu uma série de ameaças de reacionários machistas (que ela chama de "mascus") e até mesmo "independentes" - que cometem reacionarismo sem focalizar apenas na postura machista - , sobretudo de gente dizendo que o trabalho dela não irá para a frente, entre outros comentários grosseiros.
A situação dela mostra o caráter extremo da onda de ódio e ultrarreacionarismo que movimenta as redes sociais e mostra o problema do status quo no Brasil. Esse apreço da sociedade pelo status quo, em exemplos mais rudimentares, revela a adesão a valentões da Internet sob o pretexto deles parecerem "divertidos" e defenderem valores e padrões que "estão na moda".
E isso cria dois lados extremos: a censura na Internet contra páginas que trazem informação, conhecimento e defesa de direitos humanos, e a impunidade dos valentões da Internet. Embora o paródico site Lola, Escreva, Lola tenha sido extinto, nas redes sociais continua a truculência dos valentões digitais, também conhecidos como fascistas mirins, que não tem o que fazer na vida senão promover ofensas às pessoas e se autopromover através da humilhação de outros.
Em várias páginas na Internet, há denúncias de que até na busologia ou no comportamento houve casos de cyberbullying, que vão desde a defesa da pintura padronizada nos ônibus do Rio de Janeiro - medida que favorece a corrupção político-empresarial, além de causar confusão aos passageiros na hora de pegar um ônibus - até ataques raciais a mulheres negras apenas por elas serem bem sucedidas e transmitirem mensagens positivas nas redes sociais.
A situação é preocupante e o que se espera é que haja um freio a pessoas que estão abusando da retomada ultraconservadora. O mais grave é que vemos pessoas de reputação aparentemente alta e inabalável despejando comentários preconceituosos e elitistas, vindos de jornalistas, publicitários, diretores teatrais, músicos e políticos.
É chocante ver que as posturas ultraconservadoras das mais preconceituosas venham de pessoas que, à primeira vista, pareciam merecer os diplomas, o dinheiro e a fama que alcançaram. Pessoas que deixaram de medir escrúpulos para ofender os outros, fazer agressões e divulgar calúnias, expor preconceitos sociais mais absurdos e se achar imune a qualquer tipo de consequência. Vide o KKKKKK que os reaças digitais despejam nas redes sociais.
Até o "espiritismo" teve um exemplo desses, com uma pediatra se recusando a atender uma menina de sete anos vítima de estupro porque achava que ela tinha "problemas espirituais" e a criança era "culpada" por ter sido estuprada, devido aos "resgates espirituais de vidas passadas". Logo a "religião da bondade", que mostra um belo espetáculo de palavras lindas e uma suposta filantropia que mais arranca lágrimas da plateia do que elimina a miséria na sociedade.
Algum freio tem que ser feito e não é pelas pessoas de bem. Hoje quem é progressista, moderno, humanista e altruísta é que sofre limitações pesadas, em doses kafkianas. Quem defende direitos humanos e transmite conhecimentos é desprezado ou hostilizado, não vende livros, tem blogs bloqueados, é barrado nos cursos de pós-graduação das universidades, apenas pelo "crime" de não aceitar um rol de valores injustos pré-estabelecidos pela plutocracia em diversos níveis.
Daí a necessidade de haver um limite para as coisas. Mas esse limite tem que ser feito a quem abusa demais e comete desde concentração de renda - como as elites "responsáveis" que tiraram Dilma Rousseff do poder - até cyberbullying, e principalmente devem ser impostos limites e freios àqueles que querem forçar a volta ao passado e à avalanche de retrocessos. Alguma coisa tem que ser feita para o pesadelo social de 2016 terminar, virando o jogo contra a truculência e a ganância.
Espera-se que Lola resolva todos seus problemas, recupere as fotos em sua conta e que seus algozes sejam punidos à luz do que resta das leis (pois sabemos que Michel Temer não parece ser um bom amigo das leis cidadãs, só defendendo a lei quando favorece gente rica). Espera-se que o blog de Lola Aronovich volte à normalidade brindando o público com inteligência e bom senso, sem a ameaça da brutalidade dos "mascus" e similares.
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