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Marisa Letícia, "espíritas" e SUS


Existe um grande debate sobre internações em hospitais públicos, autocirurgias etc. Uma série de polêmicas pode complicar as coisas se não fizermos as devidas observações, sobretudo por causa de um episódio ocorrido há poucos dias.

Na última terça-feira, a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, esposa do ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), Atualmente está internada em coma induzido no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o que causou violentos protestos na Internet.

Marisa já estava estressada por causa das pressões que o marido recebe na Internet. Se no "espiritismo" um deturpador da pior espécie como Francisco Cândido Xavier é "santificado" e transformado em "profeta", "filósofo", "cientista" etc por um lobby combinado de contas no YouTube e no Facebook, Lula é, sob as mesmas condições, tratado como "bandido" e levianamente acusado até de ser "mandante de assassinatos".

Lula é a pessoa mais odiada do país, por fazer um bem às pessoas. Seu governo valorizou o emprego, a educação e a qualidade de vida, com suas imperfeições, é verdade, mas com intenção de acertar. Muito diferente de um ultraconservador Chico Xavier, que defendeu a ditadura militar e a "doce censura" do silêncio no sofrimento, e ganhou, de graça e sem motivo lógico, a pecha de "progressista".

Com isso, Marisa também foi bombardeada de ataques, de gente querendo que ela morresse na fila do SUS, como se seu marido e sua sucessora Dilma Rousseff tivessem sucateado o sistema. Bem oportuna a observação trazida pelo jornalista Eduardo Guimarães:

"De alguns anos para cá, o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff tiveram cânceres e, agora, a esposa do ex-presidente, dona Marisa Letícia, foi vitimada pelo AVC. Nem Lula nem Dilma fundaram o SUS nem tampouco são responsáveis pelos problemas de atendimento que possa haver na rede pública de saúde brasileira, mas ao adoecerem com tanta gravidade receberam ataques que nenhum outro presidente recebeu ao adoecer e ter que se tratar em hospitais.

Por exemplo: ano passado, em julho, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso descobriu que tinha um problema cardíaco e teria que usar um marca-passo. Foi internado no Hospital do Coração, em São Paulo, para realizar o procedimento. Nenhum dos subumanos que atacaram Lula, Dilma e dona Marisa exigiram que ele se tratasse no SUS. Por quê?".

Na verdade, quando autoridades progressistas tentam fortalecer os serviços públicos de Educação e Saúde, eles sofrem pressões contrárias diversas. É navegar na maré contrária do mercado, pois existem empresários que exploram os dois setores que não aguentam ver a concorrência forte do setor público. Daí que eles pressionam para sabotar o SUS e impedir que ele atinja padrões de Primeiro Mundo. Sob Lula, o SUS deu seus avanços, mas essas pressões ainda assim criaram dificuldades.


O mais irônico disso, e que não é de conhecimento dos reaças digitais, é que o Hospital Sírio-Libanês, sob o governo Lula, estabeleceu parcerias com o Sistema Único de Saúde no atendimento de pacientes com câncer, o que aproxima o hospital onde Marisa está internada, em estado estável até o momento, do contexto do referido sistema.

É fácil cobrar de políticos como Lula e Marisa ou Dilma ou outro similar que se internem em hospitais públicos para ver a dificuldade. Mas difícil é cobrar quando o contexto não justifica que certas pessoas recorram a atendimentos hospitalares para tratar de doenças graves.

O "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus, que recentemente ganhou de presente da Rede Globo uma tendenciosa visita "de agradecimento" da atriz Camila Pitanga - que é ateia, ótimo recurso para propaganda da conversão dos ateus, "cobiçados" pelo "movimento espírita" - , é um desses exemplos.

Ele é festejado pela sua suposta habilidade em realizar operações "mediúnicas", muitas vezes diante de um público na sua "casa espírita" em Abadiânia, Goiás, aparentemente tratando de doenças complicadas como o câncer. É curioso que "médiuns" assim não estejam associados a curas de supostas paralisias corporais. Até agora não se viu um "médium" desses fazer um tetraplégico ou paraplégico "voltarem a andar". "Episódios" assim, se "há", parecem raros.

João de Deus havia tido um câncer e, em vez de recorrer à auto-cirurgia - ele nem deve ter conhecido o caso corajoso do dr. Leonid Rogozov, médico russo que se auto-operou numa base na Antártida, em processo arriscado de cirurgia de apendicite, em 1961 - , foi para um hospital de renome, vejam só, o mesmo Sírio-Libanês que acabamos de citar, em São Paulo.

"Barbeiro corta o próprio cabelo?" tentou se desculpar o "médium", quando decidiu recorrer a outro hospital para fazer cirurgia "ao modo da Terra". Isso em si já cria uma desconfiança do trabalho de João de Deus, que ao menos deveria ter evocado o espírito do dr. Rogozov, morto pelas doenças da velhice em 2000, para lhe ajudar na auto-cirurgia.

Isso revela uma grande irregularidade. Os "médiuns" do "movimento espírita", tão festejados pela grande mídia e tidos tendenciosamente como  "símbolos de caridade e amor ao próximo" - como se fosse preciso ser religioso para praticar bondade, o que é um absurdo - ,sempre apresentam um problema sério em seus trabalhos.

Daí que há motivo para Marisa Letícia recorrer não ao SUS, mas a um hospital de renome, para se tratar do AVC que sofreu (e do qual a Rede Globo tem parte de responsabilidade, pois dona Marisa se estressava com a campanha difamatória contra seu marido, comandada pela rede televisiva). O SUS não consegue atingir o padrão ideal porque os mercadores da Saúde privada - com seus médicos colecionando trajes de gala pagos por seus pacientes - não deixam.

Mas muitos aceitam quando João de Deus, por sinal apoiado por essa mesma mídia reacionária - recebeu cobertura da Rede Globo e virou capa de Veja - , recusa-se a fazer auto-cirurgia (com as condições bem menos dramáticas que as que o dr. Rogozov enfrentou). Ser "espírita" garante todo tipo de blindagem. Deturpar o legado de Allan Kardec no Brasil foi moleza.

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