Diante do falecimento recente, em um acidente aéreo na sexta-feira chuvosa em Parati, litoral Sul fluminense, do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, criou-se uma situação delicada para a Operação Lava Jato, que teve seus trabalhos interrompidos com a morte repentina de seu relator.
É um incidente que cria um consenso entre esquerdistas e direitistas na constatação de que seus trabalhos foram comprometidos e tarefas como a homologação das delações premiadas da Odebrecht e a investigação das irregularidades da campanha eleitoral de 2014 da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer terão que ser adiadas.
Já se discute quem vai ser o sucessor de Teori Zavascki, seja como ministro do STF ou como relator da Lava Jato. As duas funções podem não ser desempenhadas pela mesma pessoa. Tomados de paixonite midiática crônica, os midiotas que veem Rede Globo e Globo News e leem Veja, Época e Isto É torciam para colocar o juiz Sérgio Moro em uma das duas funções vagas, a de ministro e relator.
Um dos nomes cotados, todavia, revela uma grande ameaça. Fala-se em escolher não um homem ligado ao ministro da Justiça do governo Michel Temer, Alexandre de Moraes, mas ele próprio. Isso é algo que nenhum cidadão, independente de ideologias, deveria aceitar. Promover Alexandre de Moraes ministro do STF é uma CATÁSTROFE que nem sequer poderia ser cogitada, pelo histórico sombrio de uma figura dessas.
Alexandre de Moraes já deveria até ter saído do Ministério da Justiça, substituído por José Mariano Beltrame, um nome mais ponderado dentro do contexto político do governo Temer. Moraes tem fama de falastrão e truculento, e não tem um mérito sequer para assumir o STF, em cargo que será vitalício e dotado de grandes privilégios.
Moraes é acusado de advogar para uma cooperativa de vans de São Paulo cujos membros têm relações com o PCC (Primeiro Comando da Capital), grupo criminoso envolvido em várias rebeliões com chacinas, em presídios de quatro Estados brasileiros (Maranhão, Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte). Dizem que isso pesou na recusa de Moraes de mandar tropas federais para conter as rebeliões.
Outro aspecto sombrio é que Moraes tem atuação repressiva e autoritária. O semblante já mostra um homem extremamente duro, um brutamontes, como se vê na foto que ilustra esta postagem. Como Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, na gestão de seu padrinho político Geraldo Alckmin, Alexandre de Moraes mandou a polícia reprimir manifestações estudantis com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
Os estudantes haviam protestado contra a reforma educacional de Alckmin, que queria fechar várias escolas públicas. Era o que o governador paulista definiu como "reestruturação da educação pública", sutilmente favorecendo empresários como João Carlos di Gênio, dono do colégio Objetivo e da Universidade Paulista. Os alunos faziam ocupações em escolas e passeatas.
A situação se repetiu com o governo Temer e os estudantes também fizeram ocupações desde quando o Ministério da Cultura teve sua extinção anunciada, e depois revertida. E o que se viu foi o mesmo método truculento que Alexandre de Moraes adotou em São Paulo, reprimindo violentamente os protestos.
Em Brasília, na época da votação da PEC dos Gastos Públicos, também houve intenso protesto de movimentos estudantis e sindicais em frente à Câmara dos Deputados e a polícia de Moraes agiu com muita truculência, despejando bombas de efeito moral sobre os manifestantes, vários deles detidos pela ação policial.
Um sujeito como o ministro Alexandre de Moraes era para ser tirado do Ministério da Justiça, depois que foi revelado que ele se recusou a mandar tropas para controlar as rebeliões num presídio em Roraima. Poderia ter prevenido a onda de chacinas, mas se omitiu e ainda falou mentira ao alegar que "não recebeu" pedido da governadora de Roraima para envio de tropas em caráter de urgência.
Um sujeito como Alexandre de Moraes era para viver no ostracismo político, fora da equipe do governo Temer. A sua entrada no Supremo Tribunal Federal será um desastre para o país, com uma figura truculenta na alta elite do Poder Judiciário. O Brasil não merece mais um suplício destes.
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