Você que se irritava só de ver Dilma Rousseff na televisão ou nas primeiras páginas dos jornais e na Internet, que apoiou as passeatas "contra tudo que está aí", com gente vestindo camiseta da CBF e masturbando com a bandeira do Brasil, deve parar para pensar.
Agora que temos um governo desastroso, com a PEC do Teto que limita o orçamento para a Educação, Saúde e outros setores públicos, prejudicando a população, e as reformas como a trabalhista, que fará o trabalhador ter mais carga horária e menos salários, e previdenciária, que transformará a aposentadoria numa ilusão, já que nem todo mundo vive até os 65 anos e ainda tem o tempo de contribuição de 49 anos, a coisa é muito grave para ficar sorrindo feito bobo por aí.
Os brasileiros estão pagando muito caro pelo deslumbramento do alto status social e pelo endeusamento daqueles que possuem privilégios de âmbito jurídico, empresarial, acadêmico, lúdico etc. Estão levando gato por lebre, por confiar naqueles que têm diploma, fama, dinheiro, poder político, prestígio religioso etc etc.
Fomos confiar na campanha da mídia - como a Globo, controlada por uma família de empresários sonegadores de impostos e acumuladores de fortunas exorbitantes - contra Dilma e agora temos um governo Temer que legalizou o sucateamento de escolas públicas e hospitais e causará as mortes de muitos brasileiros com trabalho desgastante, mal remunerado, aposentadoria difícil e tardia e hospitais com poucos recursos para atender tanta gente.
As ilusões do status quo deslumbram desde a escola ou no recreio das redes sociais. Surpreende que pessoas de bem participem de atos de bullying, não por terem a mesma covardia dos valentões, mas por acharem eles "divertidos" e o ritual de humilhação "uma gostosa brincadeira". Muitas pessoas assim caem no apoio ao linchamento moral, na boa-fé, e acabam virando cúmplices de um crime, sem querer.
Muitos se iludem com a pretensa superioridade social. É o cara "mais divertido", é o juiz "mais tarimbado", é o arquiteto que "sabe tudo de urbanismo", o jornalista cultural que "entende tudo de música brasileira", o político "com austeridade", o economista que "vai conduzir o nosso dinheiro", o prefeito tido como "bom administrador", o religioso que "representa Deus", o famoso que "todos gostam".
Hoje vemos exemplos aqui e ali de desastres, escândalos gravíssimos, e muitos de nós ainda vão dormir tranquilos diante de incidentes tão preocupantes, reputações sujas que se protegem sob o diploma, a fama, o dinheiro, a visibilidade, o prestígio religioso, o poder político. A podridão do alto da pirâmide exala seu fedor e as pessoas acham isso um "novo e delicioso cheiro de perfume" no ar.
Endeusamos Michel Temer, pelos atributos "elegantes" e "moderados" de "administrador austero" e agora vamos trabalhar mais, ganhar menos e, adoecendo mais, não poderemos ser atendidos em hospitais.
Endeusamos um Luciano Huck e sua fama e altíssima visibilidade, um Jaime Lerner e seus ônibus padronizados, um Sérgio Moro aqui, um Neymar ali, e ainda achamos que um Divaldo Franco ainda vai ser recebido, no mundo espiritual, com solenidades e corais de anjos na sua preparação para o jantar eterno dos "puros".
Esquecemos de muitos escândalos, erros, gafes, corrupções, deturpações, que dariam livros e livros de tão preocupantes relatos, de potenciais "anjos caídos" a cair do alto de seus pedestais para as profundezas dos planos mais sombrios da história humana.
Ver que até um Divaldo Franco começou plagiando o plagiador Chico Xavier e espalha uma bobagem como "crianças-índigo", uma farsa tão ridícula que, depois de fazer sucesso, fez o casal que criou essa palhaçada se divorciar por desentendimentos trazidos pelo enriquecimento e pela fama.
Mas se as pessoas se deslumbram com bullies e participam de linchamentos morais pensando serem "uma brincadeira saudável", o que imaginar do apego que se dão ao prestígio dos diplomas, dinheiro, prestígio religioso, fama, visibilidade etc?
O deslumbramento é tal que as pessoas ficam complacentes com os erros, quando cometidos por pessoas com estas atribuições "elevadas". Erros gravíssimos, escândalos de arrepiar os nervos, mas que, por serem cometidos por gente "importante", podem ser abafados como se fossem pequenos deslizes.
Enquanto isso, vamos perdendo a qualidade de vida, entregando nossas riquezas a gananciosos magnatas estrangeiros, perdemos a soberania entregando satélites e investigações de corrupção para estrangeiros, deixamos os ricos ficarem mais ricos e ainda assinamos embaixo quando ídolos religiosos vivem a doce ilusão de terem um aposento no "céu".
Com isso, o Brasil está vulnerável, caótico, inseguro. Por enquanto, as pessoas vão felizes para as praças e praias comprar doces para a criançada e contar piadas por aí. Até o momento em que nem isso se tornará mais possível. É bom as pessoas acordarem e pararem de cultuar os "deuses" do topo da pirâmide social.
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