Pular para o conteúdo principal

Haverá uma "guerra santa" no Rio de Janeiro?

TERÇO DOS HOMENS - CORRENTE MACHISTA DA IGREJA CATÓLICA.

O Estado do Rio de Janeiro, em especial a capital do mesmo nome, virou um palco para todo tipo de decadência e tragédia. O Estado tornou-se diretamente responsável pela queda de Dilma Rousseff quando, em 2014, elegeu o deputado federal Eduardo Cunha, hoje preso por corrupção, mas que, de político inexpressivo, tornou-se presidente da Câmara dos Deputados com uma pauta retrógrada e uma personalidade prepotente.

A decadência ocorre intensa desde os anos 90, mas na Era Eduardo Paes ela se tornou mais intensa. O Rio de Janeiro tornou-se o "paraíso" dos valentões digitais, os cyberbullies, com seus ataques em série nas redes sociais e seus blogues de ofensas e calúnias. Virou arena de contraventores, milicianos e traficantes, e reduto do proselitismo religioso e de movimentos de extrema-direita no país.

Ainda há a chamada "religiosização" das coisas, que é o modo de encarar fatos e fenômenos não-religiosos como se fossem religiosos. Geralmente são medidas ou fenômenos "laicos", geralmente medíocres ou nocivos, que são vistos como "milagres religiosos".

O fanatismo pelos quatro times do futebol carioca, Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco são um exemplo. A vinda de nomes do hit-parade é outro. Vai o ABBA se reunir e realizar turnê no Rio de Janeiro para os fãs cariocas se comportarem como devotos de santos. Eles endeusam até o Double You!

Claro que alguns excessos retrógrados cometidos por cariocas tiveram que ser descartados. Eduardo Cunha, o superdeputado do "resgate da ética e dos bons valores", teve que ser descartado de maneira humilhante. O pastiche de rádio de rock Rádio Cidade, de tão ruim, teve que sair do ar e se esconder em algum canto da Internet. Já se está pensando duas vezes antes de transformar o "funk" numa monocultura carioca. E há quem aposte no fim da pintura padronizada nos ônibus do Rio!

Mesmo assim, o Rio de Janeiro já desceu no fundo do poço dos valores sociais, criando dois extremos da criminalidade extrema e do religiosismo extremo. Valentões que criam páginas de ofensas contra desafetos, acreditando na impunidade, e religiosos fanáticos criam movimentos para conter os avanços sociais da sociedade democrática.

E aí temos três movimentos religiosos em disputa: católicos, evangélicos e espiritólicos, os ditos "espíritas" ou "kardecistas" (rótulo que, apesar do nome, nada diz de fato quanto ao legado de Allan Kardec), que no Rio de Janeiro poderão travar uma disputa que, ao menos, se espera se reduzir a uma "guerra fria" e apenas uma disputa ideológica de públicos.

No catolicismo, vemos um grupo de tendência neo-medieval, o Terço dos Homens, crescer no Rio de Janeiro, sendo um grupo machista de ideais católicos conservadores. Na Zona Norte o movimento cresce, tornando o Rio de Janeiro a cidade onde há maior número de adeptos dessa facção católica.

Depois do Reveillon, entrará em ação a Igreja Universal do Reino de Deus, que terá seu "bispo" Marcelo Crivella como novo prefeito da ex-Cidade Maravilhosa. Com isso, a IURD crescerá como "instituição filantrópica" oficial e a TV Record Rio receberá subsídios públicos e procurará crescer em audiência na cidade que é o berço da Rede Globo.

A Globo, ameaçada de perder a supremacia na sua cidade de origem, terá que reagir, mas de forma moderada. Não poderá fazer ataques ao prefeito Crivella, sob pena de ter os "podres" da emissora denunciados fartamente pela concorrente Record. E não pode reagir explorando o catolicismo porque a Record acusará a "laica" Globo de estar competindo religiosamente com a rival.

Diante disso, lembramos de quando a Rede Globo usou Francisco Cândido Xavier para neutralizar os fenômenos dos "pastores eletrônicos" Edir Macedo e R. R. Soares. Diante do surgimento da Universal, a Globo não podia explorar totalmente o catolicismo, e por isso usou Chico Xavier, um mito aparentemente "ecumênico", para concorrer com os "pastores", se baseando num documentário da BBC para realimentar o mito do "médium" como "ícone máximo de caridade".

Era só ver programas como Jornal Nacional, Fantástico e Globo Repórter, que para frear a ascensão dos "pastores eletrônicos" usavam fenômenos supostamente "científicos" como a "mediunidade" - da forma duvidosa que o "espiritismo" igrejista diz trabalhar - e valores aparentemente "ecumênicos" como a "caridade" (a caridade paliativa que mais fascina do que realmente beneficia), criando uma religiosidade "sem compromissos" que ocultava o caráter religioso propriamente dito.

Isso é uma estratégia da Rede Globo, a maior interessada em transformar Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia em "ícones máximos de caridade" (ou você achou que a mídia não armou essa farsa publicitária?), usando a ideia de uma religiosidade "sem pretensões" que supostamente não seria fruto de uma organização ou seita, mas que estava "dentro dos corações das pessoas de bem". Uma religiosidade "atrelada ao ser humano" e "não a uma seita religiosa".

Vale lembrar que o Rio de Janeiro tem uma rádio homônima, uma emissora AM de orientação "espírita", que achará ótima a parceria da Globo com a doutrina igrejista, da mesma forma que o jornal "Correio Espírita". Só falta as Organizações Globo adquirirem a rádio e o jornal. Será a glória para quem acredita que o "paraíso" de Nosso Lar "flutua" no mundo espiritual sobre a famosa capital fluminense.

Essa manobra garante mais "imparcialidade" e "naturalidade" e por isso a Globo usa o "espiritismo" e não o Catolicismo como maior apelo religioso. Dá para camuflar e disfarçar e evitar acusações de proselitismo. Os "espíritas" não usam o vestuário pomposo dos padres e sacerdotes católicos, nem revestem de ouro suas igrejas, ou melhor, os "centros espíritas" que costumam ter aparência "mais modesta".

Com o Terço dos Homens católico, um "bispo" da Universal na Prefeitura do Rio de Janeiro e a Globo pensando em explorar o "espiritismo", a batalha religiosa na ex-Cidade Maravilhosa se aquecerá num cenário de intenso fanatismo futebolístico e com o governo estadual de Luiz Fernando Pezão querendo fazer um rigoroso corte de gastos públicos.

Diante desse quadro, especialistas afirmam que o Rio de Janeiro sofrerá os piores momentos de crise em 2017. A julgar pelas inúmeras situações degradantes relacionadas à cidade e seu Estado, pode-se dizer que o Rio de Janeiro viverá o pior dos infernos nos próximos anos. Temos pena do povo fluminense por essa triste sina.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente

Chico Xavier, que abençoou João de Deus, fez assédio moral a Humberto de Campos Filho

HUMBERTO DE CAMPOS FILHO SOFREU ASSÉDIO MORAL DE CHICO XAVIER PARA TENTAR ABAFAR NOVOS PROCESSOS JUDICIAIS. Dizem que nunca Uberaba ficou tão próxima de Abadiânia, embora fossem situadas em Estados diferentes. Na verdade, as duas cidades são relativamente próximas, diferindo apenas na distância que requer cerca de seis horas e meia de viagem. Mas, com o escândalo de João Teixeira de Faria, o João de Deus, até parece que as duas cidades se tornaram vizinhas. Isso porque o "médium" Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier, em que pese a sua reputação oficial de "espírito de luz" e pretenso símbolo de amor e bondade humanas, consentiu, ao abençoar João de Deus, com sua trajetória irregular e seus crimes. Se realmente fosse o sábio e o intuitivo que tanto dizem ser, Chico Xavier teria se prevenido e iniciado uma desconfiança em torno de João de Deus, até pressentindo seu caráter leviano. Mas Chico nada o fez e permitiu que se abrisse o c

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh

Se Chico Xavier fosse progressista, não haveria a ascensão de Jair Bolsonaro

É um dever questionarmos, até com certa severidade, o mito de Francisco Cândido Xavier. Questionar sem ódio, mas também sem medo, sem relativismos e sem complacências, com o rigor de quem não mede palavras para identificar erros, quando estes são muito graves. Vale lembrar que esse apelo de questionar rigorosamente Chico Xavier não vem de evangélico alucinado nem de qualquer moleque intolerante da Internet - até porque o dito "espiritismo" brasileiro é uma das religiões não só toleradas no país, mas também blindadas pelas classes dominantes que adoram essa "filantropia de fachada" que traz mais adoração ao "médium" do que resultados sociais concretos - , mas da própria obra espírita original. É só ler Erasto, que recomendava rigor no repúdio e no combate aos deturpadores dos ensinamentos espíritas. E mais: ele lembrava que eventualmente os maus espíritos (ou, no contexto brasileiro, os maus médiuns) trazem "coisas boas" (as ditas "mens

URGENTE! Divaldo Franco NÃO psicografou coisa alguma em toda sua vida!

Estamos diante da grande farsa que se tornou o Espiritismo no Brasil, empastelado pelos deturpadores brasileiros que cometeram traições graves ao trabalhoso legado de Allan Kardec, que suou muito para trazer para o mundo novos conhecimentos que, manipulados por espertos usurpadores, se reduziram a uma bagunça, a um engodo que mistura valores místicos, moralismo conservador e muitas e muitas mentiras e safadezas. É doloroso dizer isso, mas os fatos confirmam. Vemos um falso Humberto de Campos, suposto espírito que "voltou" pelos livros de Francisco Cândido Xavier de forma bem diferente do autor original, mais parecendo um sacerdote medieval metido a evangelista do que um membro da Academia Brasileira de Letras. Poucos conseguem admitir que essa usurpação, que custou um processo judicial que a seletividade de nossa Justiça, que sempre absolve os privilegiados da grana, do poder ou da fé, encerrou na impunidade a Chico Xavier e à FEB, se deu porque o "médium" mi

Caso João de Deus é apenas a ponta do iceberg de escândalos ainda piores

A FAMIGLIA "ESPÍRITA" UNIDA. Hoje o "médium" e latifundiário João Teixeira de Faria, o João de Deus, se entregou à polícia de Goiás, a pedido do Ministério Público local e da Polícia Civil. Ele é acusado de assediar sexualmente mais de 300 mulheres e de ocultar um patrimônio financeiro que o faz um dos homens mais ricos do Estado. João nega as acusações de assédio, mas provas indicam que eles ocorreram desde 1983. Embora os adeptos do "espiritismo" brasileiro façam o possível para minimizar o caso, ele é, certamente, a ponta do iceberg de escândalos ainda piores que podem acontecer, que farão, entre outras coisas, descobrir as fraudes em torno de atividades supostamente mediúnicas, que, embora com fortes indícios de irregularidades, são oficialmente legitimadas por parecerem "agradáveis" e "edificantes" para o leitor brasileiro médio. O caso João de Deus é apenas o começo, embora ele não tenha sido o único escândalo. Outro

Chico Xavier e Divaldo Franco NÃO têm importância alguma para o Espiritismo

O desespero reina nas redes sociais, e o apego aos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco chega aos níveis de doenças psicológicas graves. Tanto que as pessoas acabam investindo na hipocrisia para manter a crença nos dois deturpadores da causa espírita em níveis que consideram ser "em bons termos". Há várias alegações dos seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco que podemos enumerar, pelo menos as principais delas: 1) Que eles são admirados por "não-espíritas", uma tentativa de evitar algum sectarismo; 2) Que os seguidores admitem que os "médiuns" erram, mas que eles "são importantes" para a divulgação do Espiritismo; 3) Que os seguidores consideram que os "médiuns" são "cheios de imperfeições, mas pelo menos viveram para ajudar o próximo". A emotividade tóxica que representa a adoração a esses supostos médiuns, que em suas práticas simplesmente rasgaram O Livro dos Médiuns  sem um pingo de es

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi