Pular para o conteúdo principal

Chico Xavier e sua má vontade com a Justiça humana



A retórica açucarada de Francisco Cândido Xavier é um artifício para iludir e enganar as pessoas, com ideias retrógradas e ultraconservadoras servidas pelo balé das palavras bonitinhas. É como a cicuta, um perigoso veneno que tem um sabor doce de bebida cítrica, daí que até se faz um trocadilho falando em "chicuta" ao se referir às palavras venenosas de Chico Xavier.

São mensagens que apelam para as pessoas aceitarem desgraças em silêncio, para que ninguém reclame da vida quando tudo dá errado, para que as pessoas continuem trabalhando quando o horário avança e a tarefa se torna exaustiva. Tomados de paixões religiosas, aqueles que leem essas mensagens acreditam que elas são de "profunda sabedoria" e "indiscutível positividade", sem perceber as armadilhas que essas "lindas mensagens" apresentam.

O que se observa nas ideias de Chico Xavier é que ele, em vários momentos, parece maldizer as leis humanas. Em resumo, ele tenta dizer que "as leis humanas, embora respeitáveis, são fontes de tentações traiçoeiras". Aparentemente, não há problema em tal declaração, mas, vejamos, Chico Xavier sempre quis puxar a brasa para sua sardinha ao falar das leis humanas, como em duas passagens:

"Quando o homem praticar a fraternidade, não como obrigação imposta pelas justas conveniências, mas como lei espontânea e divina do seu coração, reconhecendo-se apenas como usufrutuário do mundo em que vive, convertendo as bênçãos da natureza, que são as bênçãos de Deus, em pão para a boca e luz para o espírito, as forças políticas que dirigem os povos nortear-se-ão sem guerras e sem ambições, obedecendo aos códigos de solidariedade comum.

Semelhante estado de coisas, porém, nunca será imposto por armas ou decretos humanos. Representará o amadurecimento da consciência coletiva na compreensão dos legítimos deveres da fraternidade e somente surgirá, no mundo, por efeito do conhecimento e da educação de cada indivíduo".

(COLETÂNEA DO ALÉM, 1945)

"Eis, porém, que comparecem meus filhos diante da justiça, reclamando uma sentença declaratória. Querem saber, por intermédio do Direito Humano, se eu sou eu mesmo, como se as leis terrestres, respeitabilíssimas embora, pudessem substituir os olhos do coração. Abre-se o mecanismo processual, e o escândalo jornalístico acende a fogueira da opinião pública. Exigem meus filhos a minha patente literária e, para isso, recorrem à petição judicial. Não precisavam, todavia, movimentar o exército dos parágrafos e atormentar o cérebro dos juízes. Que é semelhante reclamação para quem já lhes deu a vida da sua vida? Que é um nome, simples ajuntamento de sílabas, sem maior significação? Ninguém conhece, na Terra, os nomes dos elevados cooperadores de Deus, que sustentam as leis universais; entretanto são elas executadas sem esquecimento de um til".

(CHICO XAVIER E ANTÔNIO WANTUIL DE FREITAS SE PASSANDO POR HUMBERTO DE CAMPOS, EM MENSAGEM PUBLICADA EM 1944)

Ah, quem dera que o Direito Humano não substituísse os olhos do coração, porque estes podem cegar, diante do mecanismo traiçoeiro das paixões religiosas. Embora o discurso de Chico Xavier possa manifestar "respeitabilidade" às leis humanas, devemos levar em conta que ele se tornou réu do caso Humberto de Campos em 1944 - do qual faz parte esse trecho da "psicografia fake" atribuída ao autor maranhense - e foi beneficiado pela seletividade de nossa Justiça.

O prestígio religioso protege farsantes, e a aberrante "psicografia" de Humberto de Campos é comprovadamente fake, porque o estilo do "autor espiritual" não equivale ao que ele representou em vida. As semelhanças, se existem, são raras e em tom de paródia. Mas as pessoas se esquecem que as semelhanças nunca são determinantes de autenticidade, mas a ausência de aspectos comprometedores, porque estes, por menores que sejam, podem apontar uma fraude.

O que devemos considerar é que a Justiça dos homens é, com certeza, falha. Mas desconfiemos da forma com que Chico Xavier fala isso, porque ele, querendo defender a sua causa pessoal, preferia que as leis fossem descumpridas, se elas estão a serviço dos caprichos da religião. Ou seja, se for para blindar Chico Xavier, rasga-se a Constituição Federal.

A religião é um véu de muitos crimes e delitos. O prestígio religioso, um manto para garantir a impunidade. As paixões religiosas, um meio de apoiar a impunidade, quando ela está a serviço da idolatria religiosa, o que faz a Fé ir contra a Razão e a Justiça, usando como pretexto a suposta "justiça de Deus" que no passado blindou os abusos de sacerdotes e pastores, e hoje ainda blinda fortemente os "médiuns".

Chico Xavier foi uma das figuras mais traiçoeiras e espertas do Brasil. Quem viu as fotos antigas, identificava seu semblante agressivo ou malicioso, trazendo más energias espirituais. Na velhice, era um idoso ranzinza que apenas "eventualmente" sorria quando tudo lhe estava bem.

Chico Xavier pedia para ninguém fazer juízos de valor contra quem quer que seja. Mas ele mesmo fez, incriminando, sem o menor fundamento, as humildes vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, em 1961, supondo a elas encarnações antigas sem ter prova alguma a respeito. Além disso, diante da desconfiança dos amigos de Jair Presente a supostas psicografias, Chico, que dizia ser contra a maledicência, foi malecidente: chamou a desconfiança dos que mais conheciam o falecido engenheiro de ser "bobagem da grossa".

O "espiritismo" brasileiro manifestou entusiasmado apoio à Operação Lava Jato e à pessoa do juiz Sérgio Moro. De repente, os "espíritas" se entusiasmaram com a "justiça dos homens", mesmo quando eles usavam práticas irregulares e injustas, condenando o ex-presidente Lula por rumores muito mal explicados sobre o triplex do Guarujá.

A Operação Lava Jato e o "herói" Sérgio Moro, que chegou a ser definido como "enviado dos benfeitores espirituais" por Divaldo Franco - discípulo de Chico Xavier - , antes mesmo de ser designado ministro de Jair Bolsonaro, foram exaltados pelo "espiritismo" brasileiro como colaboradores da "regeneração" que abririam caminho para a "pátria do Evangelho".

Isso mostra o quanto o moralismo "espírita", a partir do próprio Chico Xavier, é seletivo quanto à posição adotada em relação à Justiça dos homens. Para os "espíritas", as leis não precisam ser necessariamente justas, mas estarem de acordo com interesses religiosos, aos quais se atribui a uma figura misteriosa como "Deus" como um "legislador maior", conduzido por um "ideal de fraternidade" muito estranho.

Esse "ideal de fraternidade", defendido pelo "espiritismo" que pede para oprimidos aguentarem a barra por até não se sabe quando e lhes apela ainda o perdão aos opressores que podem cometer seus abusos também por tempo indeterminado até "Deus vir com a conta", faz mais injustiças do que justiças, pois se atribui a "justiça divina" a longo prazo.

Portanto, que "fraternidade" é esse que o "espiritismo" brasileiro defende? Só pode ser a "fraternidade-gado", condenando individualidades, restringindo o rigor da lógica e subordinando-o à supremacia da fé, e criando a "paz sem voz" dos oprimidos que, "em paz", aguentam suas desgraças em silêncio, e os opressores que, também "em paz", cometem seus abusos aos risos. A "justiça divina" pode até vir, mas só na próxima encarnação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

Chico Xavier e Divaldo Franco NÃO têm importância alguma para o Espiritismo

O desespero reina nas redes sociais, e o apego aos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco chega aos níveis de doenças psicológicas graves. Tanto que as pessoas acabam investindo na hipocrisia para manter a crença nos dois deturpadores da causa espírita em níveis que consideram ser "em bons termos". Há várias alegações dos seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco que podemos enumerar, pelo menos as principais delas: 1) Que eles são admirados por "não-espíritas", uma tentativa de evitar algum sectarismo; 2) Que os seguidores admitem que os "médiuns" erram, mas que eles "são importantes" para a divulgação do Espiritismo; 3) Que os seguidores consideram que os "médiuns" são "cheios de imperfeições, mas pelo menos viveram para ajudar o próximo". A emotividade tóxica que representa a adoração a esses supostos médiuns, que em suas práticas simplesmente rasgaram O Livro dos Médiuns  sem um pingo de es...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Chico Xavier cometeu erros graves, entre os quais lançar livros

PIOR É QUE ESSES LIVROS JÁ SÃO COLETÂNEAS QUE CANIBALIZARAM OS TERRÍVEIS 418 LIVROS ATRIBUÍDOS A FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. Chico Xavier causou um sério prejuízo para o Brasil. Sob todos os aspectos. Usurpou a Doutrina Espírita da qual não tinha o menor interesse em estudar e acabou se tornando o "dono" do sistema de ideias lançado por Allan Kardec. Sob o pretexto de ajudar as famílias, se aproveitou das tragédias vividas por elas e, além de criar de sua mente mensagens falsamente atribuídas aos jovens mortos, ainda expôs os familiares à ostentação de seus dramas e tristezas, transformando a dor familiar em sensacionalismo. Tudo o que Chico Xavier fez e que o pessoal acha o suprassumo da caridade plena é, na verdade, um monte de atitudes irresponsáveis que somente um país confuso como o Brasil define como "elevadas" e "puras". Uma das piores atitudes de Chico Xavier foi lançar livros. Foram 418 livros fora outros que, após a morte do anti-médium m...

URGENTE! Divaldo Franco NÃO psicografou coisa alguma em toda sua vida!

Estamos diante da grande farsa que se tornou o Espiritismo no Brasil, empastelado pelos deturpadores brasileiros que cometeram traições graves ao trabalhoso legado de Allan Kardec, que suou muito para trazer para o mundo novos conhecimentos que, manipulados por espertos usurpadores, se reduziram a uma bagunça, a um engodo que mistura valores místicos, moralismo conservador e muitas e muitas mentiras e safadezas. É doloroso dizer isso, mas os fatos confirmam. Vemos um falso Humberto de Campos, suposto espírito que "voltou" pelos livros de Francisco Cândido Xavier de forma bem diferente do autor original, mais parecendo um sacerdote medieval metido a evangelista do que um membro da Academia Brasileira de Letras. Poucos conseguem admitir que essa usurpação, que custou um processo judicial que a seletividade de nossa Justiça, que sempre absolve os privilegiados da grana, do poder ou da fé, encerrou na impunidade a Chico Xavier e à FEB, se deu porque o "médium" mi...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

Dr. Bezerra de Menezes foi um político do PMDB do seu tempo

O "espiritismo" vive de fantasia, de mitificação e mistificação. E isso faz com que seus personagens sejam vistos mais como mitos do que como humanos. Criam-se até contos de fadas, relatos surreais, narrativas fabulosas e tudo. Realidade, que é bom, nada tem. É isso que faz com que figuras como o médico, militar e político Adolfo Bezerra de Menezes seja visto como um mito, como um personagem de contos de fadas. A biografia que o dr. Bezerra tem oficialmente é parcial e cheia de fantasia, da qual é difícil traçar um perfil mais realista e objetivo sobre sua pessoa. Não há informações realistas e suas atividades são romantizadas. Quase tudo em Bezerra de Menezes é fantasia, conto de fadas. Ele não era humano, mas um anjinho que se fez homem e se transformou no Papai Noel que dava presentinhos para os pobres. Um Papai Noel para o ano inteiro, não somente para o Natal. Difícil encontrar na Internet um perfil de Adolfo Bezerra de Menezes que fosse dotado de realismo, most...

Chico Xavier foi o João de Deus de seu tempo

Muitos estão acostumados com a imagem de Francisco Cândido Xavier associado a jardim floridos, céu azul e uma série de apelos piegas que o fizeram um pretenso filantropo e um suposto símbolo de pacifismo, fraternidade e progresso humano. Essa imagem, porém, não é verdadeira e Chico Xavier, por trás de apelos tão agradáveis e confortáveis que fazem qualquer idoso dormir tranquilo, teve aspectos bastante negativos em sua trajetória e se envolveu em confusões criadas por ele mesmo e seus afins. É bastante desagradável citar esses episódios, mas eles são verídicos, embora a memória curta tente ocultar ou, se não for o caso, minimizar tais episódios. Chico Xavier é quase um "padroeiro" ou "patrono" dos arrivistas. Sua primeira obra, Parnaso de Além-Túmulo , é reconhecidamente, ainda que de maneira não-oficial, uma grande fraude editorial, feita pelo "médium", mas não sozinho. Ele contou com a ajuda de editores da FEB, do presidente da instituição e dublê ...