Pular para o conteúdo principal

Morte de Marisa Letícia: fruto do azar?


Sem querer aqui dar conclusões sobre qualquer coisa, mas é estranho que tantas tragédias ocorram depois do contato com o "espiritismo" brasileiro, de uma forma ou de outra. A morte de Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do ex-presidente Lula, é um episódio que sugere também esse mau agouro "espírita".

Marisa Letícia parecia estar estável e com o acidente vascular cerebral aparentemente sob controle. De repente, o "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi ao Hospital Sírio-Libanês (onde ele foi operado para extrair um câncer), em São Paulo, para "fazer orações" pela ex-primeira-dama. Dias depois, o estado dela piorou e hoje foi anunciada morte cerebral.

Embora muita gente reclame das acusações de que o "espiritismo" traz azar, o que, à primeira vista, pode soar "injusto" e "cruel demais", é indispensável lembrar da natureza contraditória e falha da doutrina brasileira, que por suas escolhas tornou-se a religião mais desonesta da História do Brasil.

Temos que, neste caso, abrir mão de qualquer paixão religiosa, esquecer toda aquela propaganda enganosa de "caridade", até porque ela fascina, encanta e comove, mas pouco realizou em termos de ajuda, ajudando muito mais o ídolo religioso que festeja demais com filantropia de menos.

O "espiritismo" brasileiro surgiu deturpando o legado de Allan Kardec. Optou pela visão igrejeira e medieval de Jean-Baptiste Roustaing, por estar de acordo com as paixões religiosas que até hoje conduzem o que os incautos chamam de "kardecismo" (termo que, na prática, mais parece pejorativo em relação ao professor lionês).

A "opção" pelas bases doutrinárias de Allan Kardec foi só um artifício marcado pelo jogo de interesses que se evidenciou em meados da década de 1970, com o falecimento de Antônio Wantuil de Freitas, ex-presidente da FEB que colocava o roustanguismo em "bons termos" e coordenava seu abrasileiramento pela obra de Francisco Cândido Xavier.

Sem Wantuil, o elo que ligava o alto clero da FEB - de atuação centralizada e postura assumidamente roustanguista - e as federações regionais (das quais se destacavam o mineiro Chico Xavier e o baiano Divaldo Franco) se rompeu e os "regionalistas" resolveram, apenas por uma mera formalidade, adotarem o nome de Allan Kardec para se contrapor à opção dos dirigentes da FEB por Roustaing.

E foi aí que a deturpação "espírita", juntamente com a "mediunidade" de faz-de-conta - a Justiça ignorou que o caso Humberto de Campos revelava que o que foi feito por Chico Xavier foi uma fraude, pelas contradições graves entre a obra de Humberto publicada em vida e sua suposta obra espiritual - , passou a assumir uma desonestidade doutrinária muitíssimo grave.

Isso porque, nos últimos 40 anos, os "espíritas" se encanaram em fingir que "respeitam rigorosamente" e que são "absolutamente fiéis" à obra de Kardec, enquanto continuavam mantendo práticas e valores que contrariavam frontalmente e de forma bastante chocante o legado do professor lionês.

Daí que a partir dos anos 70, o "espiritismo" ficou mais "popular", porém ficou mais desonesto. Antes ficasse com seu roustanguismo e se assumisse medieval. Em vez disso, os "espíritas" preferiram adotar uma postura "dúbia", defendendo o legado kardeciano no discurso e exaltando o igrejismo roustanguista na prática.

Enquanto bajulam Erasto, que havia dito que era melhor rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira, aceitam a mentira chamada Chico Xavier, que de pastichador de livros virou um quase deus de "mil e uma qualidades" (quase todas inexistentes, diga-se de passagem).

Enquanto evocam, de maneira pedante, fatos e personalidades científicos em publicações e eventos ligados ao "movimento espírita", se exaltam os romances "espíritas" e toda a propaganda de "superação pessoal" que o "espiritismo" traz baseado na Teologia do Sofrimento.

Daí o mau agouro que se faz. Seguindo o caminho inverso de Allan Kardec, que partiu das brincadeiras "espirituais" da tábua Ouija e das mesas girantes para estudar o Espiritismo, os "espíritas" usaram as ideias de Kardec para rebaixá-las em práticas duvidosas e invigilantes - até de parte de "médiuns tarimbados", que já se corrompem movidos pelo "culto à personalidade" - , nivelando a "mediunidade" ao vale-tudo do ocultismo Ouija ou do faz-de-conta igrejista.

Há casos que indicam azar no contato com o "espiritismo". Foi Juscelino Kubitschek conceder à FEB o título de "organização de utilidade pública" e dar toda a consideração a Chico Xavier para o político contrair uma "maré de azar" que o impediu de tudo: ser novamente presidente da República, entrar na Academia Brasileira de Letras etc. E ainda foi exposto para sofrer uma tragédia que foi um estranho acidente automobilístico.

O ator José Wilker, ateu, que não parecia morrer relativamente cedo, foi procurar um "centro espírita" para fazer consulta sobre uma possível cirurgia espiritual. Pouco depois, sofreu um infarto fulminante numa noite, em abril de 2014.

Pessoas comuns também reclamam muito de terem contraído azar após obter tratamentos espirituais. Teve rapaz até que reclamou de que o "espiritismo", que tanto condena o "sensualismo", lhe deu azar porque, depois de um tratamento espiritual, só conquistava "periguetes", sem qualquer motivação plausível e sem um pingo de afinidade ou identificação espiritual, uma "atração" que ele exercia de mulheres que ele repudiava por não ter o menor interesse em tê-las.

Os "espíritas" vão dizer que, no caso de Marisa Letícia e José Wilker, eles fumaram demais. Tudo bem, eles fumaram. Mas, por outro lado, Doca Street também fumou demais, e, no passado, ainda consumiu cocaína, e "chegou inteiro" aos 72 anos em 2006, mesmo provavelmente "carregando" um câncer que lhe custou uma fracassada doação de um rim a um sobrinho que não resistiu ao implante. Dona Marisa e Wilker morreram sem chegar aos 70 anos de idade.

É certo, também, que a campanha midiática caluniosa, que violentava Lula e seus entes o tempo todo e permitia uma impune publicação de mentiras no YouTube, com o ex-presidente acusado de atrocidades que ele nunca cometeria, atingiu Marisa, que ficou angustiada, atormentada, deprimida e, em certas vezes, irritada com tal campanha.

Mas não há como desconfiar da mudança brusca que ocorreu, quando Marisa, que parecia ter um quadro de saúde estável com chances de recuperação (ela chegou a ter sedativos suspensos), ter se agravado da noite para o dia depois que recebeu orações do "médium" João de Deus. Mesmo que ele tenha feito aparentemente na melhor das intenções, ele serve uma doutrina dominada por energias maléficas, pelos motivos acima apresentados.

Essas energias podem vir sem querer, mas partem de espíritos maléficos que praticamente "governam" o "espiritismo", atraídos pela deturpação e por toda desonestidade doutrinária. Por isso é que o "espiritismo" dá azar, porque ele finge tudo: apreciar Allan Kardec, valorizar a Ciência e a Filosofia, praticar mediunidade. Nada disso é feito pelos "espíritas", que, ainda assim, mentem e afirmam fazer o que nunca fazem. É isso que sempre trouxe azar pelas energias "espíritas".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente

Chico Xavier, que abençoou João de Deus, fez assédio moral a Humberto de Campos Filho

HUMBERTO DE CAMPOS FILHO SOFREU ASSÉDIO MORAL DE CHICO XAVIER PARA TENTAR ABAFAR NOVOS PROCESSOS JUDICIAIS. Dizem que nunca Uberaba ficou tão próxima de Abadiânia, embora fossem situadas em Estados diferentes. Na verdade, as duas cidades são relativamente próximas, diferindo apenas na distância que requer cerca de seis horas e meia de viagem. Mas, com o escândalo de João Teixeira de Faria, o João de Deus, até parece que as duas cidades se tornaram vizinhas. Isso porque o "médium" Francisco Cândido Xavier, popularmente conhecido como Chico Xavier, em que pese a sua reputação oficial de "espírito de luz" e pretenso símbolo de amor e bondade humanas, consentiu, ao abençoar João de Deus, com sua trajetória irregular e seus crimes. Se realmente fosse o sábio e o intuitivo que tanto dizem ser, Chico Xavier teria se prevenido e iniciado uma desconfiança em torno de João de Deus, até pressentindo seu caráter leviano. Mas Chico nada o fez e permitiu que se abrisse o c

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh

Se Chico Xavier fosse progressista, não haveria a ascensão de Jair Bolsonaro

É um dever questionarmos, até com certa severidade, o mito de Francisco Cândido Xavier. Questionar sem ódio, mas também sem medo, sem relativismos e sem complacências, com o rigor de quem não mede palavras para identificar erros, quando estes são muito graves. Vale lembrar que esse apelo de questionar rigorosamente Chico Xavier não vem de evangélico alucinado nem de qualquer moleque intolerante da Internet - até porque o dito "espiritismo" brasileiro é uma das religiões não só toleradas no país, mas também blindadas pelas classes dominantes que adoram essa "filantropia de fachada" que traz mais adoração ao "médium" do que resultados sociais concretos - , mas da própria obra espírita original. É só ler Erasto, que recomendava rigor no repúdio e no combate aos deturpadores dos ensinamentos espíritas. E mais: ele lembrava que eventualmente os maus espíritos (ou, no contexto brasileiro, os maus médiuns) trazem "coisas boas" (as ditas "mens

URGENTE! Divaldo Franco NÃO psicografou coisa alguma em toda sua vida!

Estamos diante da grande farsa que se tornou o Espiritismo no Brasil, empastelado pelos deturpadores brasileiros que cometeram traições graves ao trabalhoso legado de Allan Kardec, que suou muito para trazer para o mundo novos conhecimentos que, manipulados por espertos usurpadores, se reduziram a uma bagunça, a um engodo que mistura valores místicos, moralismo conservador e muitas e muitas mentiras e safadezas. É doloroso dizer isso, mas os fatos confirmam. Vemos um falso Humberto de Campos, suposto espírito que "voltou" pelos livros de Francisco Cândido Xavier de forma bem diferente do autor original, mais parecendo um sacerdote medieval metido a evangelista do que um membro da Academia Brasileira de Letras. Poucos conseguem admitir que essa usurpação, que custou um processo judicial que a seletividade de nossa Justiça, que sempre absolve os privilegiados da grana, do poder ou da fé, encerrou na impunidade a Chico Xavier e à FEB, se deu porque o "médium" mi

Caso João de Deus é apenas a ponta do iceberg de escândalos ainda piores

A FAMIGLIA "ESPÍRITA" UNIDA. Hoje o "médium" e latifundiário João Teixeira de Faria, o João de Deus, se entregou à polícia de Goiás, a pedido do Ministério Público local e da Polícia Civil. Ele é acusado de assediar sexualmente mais de 300 mulheres e de ocultar um patrimônio financeiro que o faz um dos homens mais ricos do Estado. João nega as acusações de assédio, mas provas indicam que eles ocorreram desde 1983. Embora os adeptos do "espiritismo" brasileiro façam o possível para minimizar o caso, ele é, certamente, a ponta do iceberg de escândalos ainda piores que podem acontecer, que farão, entre outras coisas, descobrir as fraudes em torno de atividades supostamente mediúnicas, que, embora com fortes indícios de irregularidades, são oficialmente legitimadas por parecerem "agradáveis" e "edificantes" para o leitor brasileiro médio. O caso João de Deus é apenas o começo, embora ele não tenha sido o único escândalo. Outro

Chico Xavier e Divaldo Franco NÃO têm importância alguma para o Espiritismo

O desespero reina nas redes sociais, e o apego aos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco chega aos níveis de doenças psicológicas graves. Tanto que as pessoas acabam investindo na hipocrisia para manter a crença nos dois deturpadores da causa espírita em níveis que consideram ser "em bons termos". Há várias alegações dos seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco que podemos enumerar, pelo menos as principais delas: 1) Que eles são admirados por "não-espíritas", uma tentativa de evitar algum sectarismo; 2) Que os seguidores admitem que os "médiuns" erram, mas que eles "são importantes" para a divulgação do Espiritismo; 3) Que os seguidores consideram que os "médiuns" são "cheios de imperfeições, mas pelo menos viveram para ajudar o próximo". A emotividade tóxica que representa a adoração a esses supostos médiuns, que em suas práticas simplesmente rasgaram O Livro dos Médiuns  sem um pingo de es

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi