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O fenômeno Chico Xavier no contexto da Guerra Híbrida



Temos que entender o fenômeno do "médium" Francisco Cândido Xavier não como um aspirante a cientista, como uma espécie de "Stephen Hawking" tupiniquim, nem como um suposto profeta nem como um pretenso ativista.

Devemos questioná-lo, contestá-lo e até repudiá-lo, pois questionar seu mito não é "pô-lo à prova", como querem seus partidários, mas sim buscar entender como um deturpador do Espiritismo começou sua ascensão indo da literatura fake à divinização no final da vida.

O Brasil é ainda muito vulnerável às paixões religiosas, campos perigosos de tentações emocionais, que são muito mais graves e traiçoeiras do que se imagina, com o agravante de que não apresentam formas materialmente visíveis como o corpo humano, as notas financeiras ou cartões de crédito e as substâncias químicas contidas em porções de pó ou em comprimidos, cigarros ou bebidas.

As paixões religiosas possuem um apelo tentador invisível, daí ser muito mais traiçoeiro, porque está desprovido de um motivo, de um estímulo, tornando-se um mecanismo de perdição e escravidão emocional dos mais perversos, pois apesar da falta de apelos materiais, se sustenta por apelos simbólicos que envolvem cenários floridos, paisagens celestiais ensolaradas, crianças pobres, passarinhos graciosos e até peixinhos de espécies fofas passeando sob o mar.

Chico Xavier deveria ser desconstruído pela semiótica, em vez de "estudado" sem questionamentos. Não se pode apenas expor fantasias como Nosso Lar como "mundos espirituais" - cujo caráter fantástico deveria trazer desconfiança, até por ser feito à revelia da Ciência Espírita - nem ver em absurdos como a "vinda de extraterrestres na data-limite" como "previsões admiráveis", porque aí o semiólogo de plantão se comporta como um idiota que fica vendo tolices no History Channel.

No presente texto, temos que analisar como Chico Xavier pode ser encaixado no contexto da Guerra Híbrida, fenômeno geopolítico, econômico e militar que consiste em usar os mais diversos métodos de domínio e manipulação em massa, para que as nações imperialistas recuperem seu domínio ou o ampliam, no caso de áreas há muito dominadas dentro da orbe terrestre.

PRIVATIZAÇÃO DAS VIRTUDES HUMANAS

Um primeiro ponto semiótico a ser considerado é que Chico Xavier simboliza a "privatização da bondade humana". É a atribuição, privativa a uma pessoa, do privilégio simbólico de representar virtudes humanas. Só Chico Xavier "pode ser bom", os outros "só podem ser bons" através dele. É como uma franquia, acessível a qualquer um, mas submetida ao detentor de uma marca.

Isso é muito grave, ainda mais se percebermos que Chico Xavier não tinha necessariamente tais virtudes. Quem observar bem sua biografia verá que ele era traiçoeiro, ranzinza, desonesto, reacionário e, em que pese pedir aos outros que nunca reclamassem, era um sujeito dos mais resmungões.

Apesar desses defeitos causarem tristeza e pavor em muita gente, que prefere manter a imagem fantasiosa de Chico Xavier como "fada madrinha", eles são comprovados em diversas ocasiões. Por exemplo, Chico Xavier usou o nome de Irmão X para dissimular sua responsabilidade pessoal ao acusar, sem fundamento e misericórdia, pessoas humildes que foram vítimas (mortas, feridas ou sobreviventes traumatizadas) do incêndio em um circo de Niterói de terem sido, no passado, "romanos sanguinários" da Gália do Século II.

Para entender melhor a gravidade dessa acusação, Woyne Figner Sacchetin, médico e "médium" de São José do Rio Preto, fez semelhante acusação contra as vítimas de um voo da TAM em 2007, usando o nome do mestre da aviação Alberto Santos Dumont. Woyne foi processado por danos morais, porque as famílias das vítimas tinham dinheiro para pagar advogados. Já as pobres famílias ofendidas por Chico Xavier não tinham condições para processá-lo em semelhante incidente.

Outros aspectos negativos foram a rispidez com que Chico Xavier reagiu à desconfiança dos amigos de Jair Presente às supostas psicografias - o "médium" foi grotesco e classificou tal desconfiança de "bobagem da grossa" - e o reacionarismo pró-ditadura e anti-esquerda que o religioso expressou abertamente no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971.

E como esses aspectos conseguem ser jogados debaixo do tapete? Como, apesar do reacionarismo mais enérgico, Chico Xavier é apoiado por setores ingênuos das esquerdas, ou, da mesma forma, seu igrejismo medieval recebe adoração de setores ateístas? Como o discurso em torno de Chico Xavier pode obter êxitos tão grandes de enganação e manipulação da mente humana, atraindo pessoas que seriam de um plano ideológico oposto ao do "médium"?

Não temos respostas definitivas de como isso teve resultado. Seríamos ingênuos se acreditássemos que Chico Xavier estava "acima das ideologias". Seria muito simplório e superficial considerar isso. Digamos que, semiologicamente, o "espiritismo" brasileiro tem em mãos algumas estratégias de manipulação que não necessariamente desmintam a verdade dos fatos, mas antes os abafem em nome da promoção fácil de Chico Xavier.

BOMBAS SEMIÓTICAS

As chamadas "bombas semióticas" são fenômenos simbólicos que são divulgados de forma tão intensa que parecem dominar o imaginário de um número maior de pessoas. São, como sugere o nome, fenômenos de linguagem que repercutem amplamente, forjando algo próximo a um consenso público, criando efeitos de resposta e até respaldo de uma grande multidão.

A "bondade" de Chico Xavier é um mito, tal como sua suposta caridade - que, na verdade, nunca existiu, mas como todo dogma religioso é vendido como "verdade indiscutível" - , trabalhado como uma "bomba semiótica" por publicações diversas e por eventos midiáticos, de forma a produzir consenso mesmo sendo essa ideia passível de muitas dúvidas e contestações.

Diante da facilidade de dominação pelas paixões religiosas - associadas a ideias supostamente positivas e edificantes - , essa bomba semiótica chega a pegar muita gente boa desprevenida, e num processo de banalização do ódio, Chico Xavier se torna um pretenso pacifista.

Um parêntese linguístico é que, em inglês, há uma palavra, pacifier, que significa tanto "pacificador" quanto "chupeta". No Brasil, isso mostra o quanto a idolatria religiosa consiste num conto de fadas para adultos e idosos, e a cegueira emocional que blinda Chico Xavier ocorre com uma teimosia assustadora, mais apropriada para crianças malcriadas.

O "AMOR" É PRIVATIZADO, O "ÓDIO" SE TORNA PÚBLICO

Além disso, um aspecto preocupante se desenhou. A figura de Chico Xavier virou "proprietária" das virtudes humanas. Virou uma franquia na qual qualquer um pode usar, desde que submetida à marca, ao seu detentor e aos seus padrões. E isso envolve uma série de valores ultraconservadores que estão por trás da fachada "humanista" de Chico Xavier.

Nesse contexto de Guerra Híbrida, o bolsonarismo adota medidas como liberação do porte de armas pelos cidadãos comuns e punições brandas para policiais e militares que cometerem homicídios, além de permitir a alegação de "legítima defesa" para justificar certos assassinatos, conforme o plano anunciado pelo ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, ele mesmo um ex-juiz que havia sido glorificado pelos próprios "espíritas" da linha igrejeira de Chico Xavier.

Com isso, num contexto de banalização da violência e do ódio, essas qualidades negativas se tornam "patrimônio público". O holocausto que muitos esperavam se formar em reservas de nióbio não irá ocorrer, mas em doses "homeopáticas" através da guerra civil que o livre porte de armas irá causar, além dos abusos da violência policial que matam negros e pobres em grande quantidade no país e nos feminicídios que exterminam mulheres e potenciais mães.

Enquanto isso, só uma pessoa simboliza as "virtudes humanas", sem que as tivesse exercido da forma esperada, já que sabemos que Chico Xavier cometeu até escândalos demais para que ele deixe de ser responsabilizado pelos mesmos. Há provas, por exemplo, de que ele assinou atestados na tentativa de tomar como "verdadeiras" fraudes de materialização.

Mesmo assim, a ideia de "amor" é privatizada à sua pessoa. Ele se torna o "dono" das virtudes humanas, como "amor", "verdade", "paz", mesmo apresentando aspectos duvidosos a tais qualidades. O fato dele realizar literatura fake, a ponto de ofender a memória do escritor maranhense Humberto de Campos, mostrando um estilo comprovadamente diferente do original, é notório.

Isso é muito ruim, e faz com que as pessoas não vejam a bondade nem outras virtudes humanas como coisas acima de qualquer pessoa, por mais divinizada que ela seja. Elas se tornam "propriedade de Chico Xavier" e isso é tão leviano e perigoso que é preciso exercer adoração (com níveis de cegueira emocional que levam ao fanatismo mais agressivo) para "ter em mãos" essas qualidades.

COOPTAR ESQUERDAS E ATEUS, PARA ENFRAQUECÊ-LOS

A "bomba semiótica" de Chico Xavier como um pretenso bondoso é despejada, com a intensidade dos bombardeios de fake news que elegeram Jair Bolsonaro, servem, no âmbito das esquerdas, para criar uma ilusão de que o "médium" teria sido uma figura "progressista e de esquerda".

Ideias soltas como "paz" e "fraternidade" são disparadas, de maneira vaga e superficial, pois, neste caso, sendo um terreno de paixões religiosas, a razão dá lugar ao deslumbramento emocional. E aí ninguém discute, por exemplo, se "fraternidade" não é um eufemismo para "gado humano" e seu apelo "humanitário" esconderia um mecanismo cruel de dominação.

Combinando essas ideias soltas com outras, de apelo meramente emocional, trazidas por esquerdistas de primeira viagem, que vem ideais como "progressismo" e "qualidade de vida" sem muita objetividade, monta-se no mito de Chico Xavier um "esquerdismo" que nunca existiu.

Sem a análise semiótica, sem a verificação do discurso diante de outros contextos, imagina-se que o texto atribuído a Emmanuel sobre o comunismo, publicado em Coletânea do Além, de 1945, seria um texto pró-esquerdista. Mas ele não é, devido aos seguintes aspectos:

1) Palavras como "fraternidade" aparecem soltas e vagas, sem uma explicação objetiva, o que põe em dúvida a atribuição, como pró-esquerdista, do texto de Emmanuel;

2) Em outras ocasiões, Emmanuel condenava o senso crítico, apelava para pessoas aceitarem sofrer desgraças em silêncio e defendia o trabalho exaustivo, pautas OPOSTAS à agenda esquerdista;

3) O texto faz mais cobranças aos comunistas, num âmbito rigorosamente moralista. Isso significa que o texto soa mais como "o comunismo que a direita gostaria que fosse" do que um texto realmente esquerdista. A reacionária revista Veja já publicou textos nesse sentido.

O falso esquerdismo de Chico Xavier seria, portanto, uma embalagem, que esconde um conteúdo preocupantemente direitista. Ideias de Chico Xavier são comprovadamente identificadas com pautas político-conservadoras vigentes desde 2016, como a "reforma trabalhista" e a Escola Sem Partido.

Essa embalagem consegue enganar aqueles que são esquerdistas mais frágeis. No âmbito do igrejismo, o mesmo ocorre com os ateus. Há até a frase conhecida de Chico Xavier, sobre os ateus: "Você não acredita em Deus? Não faz mal. Deus acredita em você".

Só que a relação de ateístas que ainda põem fé em Chico Xavier, iludidos pelo seu caráter "ecumênico", não é de amor correspondido. Um dos seguidores de Chico, o falecido escritor Richard Simonetti, acusou os ateístas de serem propagandistas do suicídio, devido à negação de Deus, que, na ótica religiosa desse autor, seria "símbolo de esperança e salvação na vida".

O pretenso "progressismo" de Chico Xavier, fruto de uma embalagem que envolve o pretenso racionalismo "espírita" (o racionalismo só é autêntico no Espiritismo original francês) e um suposto ecumenismo religioso, é um mecanismo feito para dominar e enfraquecer esquerdistas e ateus, que se deixam cair como presas pelo discurso religioso falsamente favorável a eles.

Vendo depois o conteúdo, esquerdistas e ateus acabam sendo induzidos a apreciar valores ultraconservadores, que toleram as desigualdades humanas e só recorrem à redução das injustiças sociais de modo que não comprometa o sistema de privilégios sociais existente. Pautas direitistas e medievais acabam sendo acolhidas, sem querer, pelos esquerdistas e ateus que se rendem a Chico Xavier.

E isso é certeiro para o enfraquecimento de forças progressistas que representam séria concorrência ao "movimento espírita", cuja caridade paliativa (Assistencialismo, embora levianamente creditado como Assistência Social) só é possível num cenário de grande pobreza (como na "indústria da seca", onde se defende a permanência do problema para favorecer falsos "salvadores da pátria").

Daí que o "movimento espírita" reage, no fundo, com repúdio ao esquerdismo, que lhe rouba o trabalho da "filantropia espetacularizada", quando trabalha, realmente, para oferecer qualidade de vida à população, com o comprometimento dos privilégios das elites. Com uma sociedade mais igualitária, o "espiritismo" brasileiro fica sem condições de promover seu bom-mocismo tendencioso e oportunista, ficando sem razão de ser diante de suas pregações igrejeiras e reacionárias.

Tudo isso mostra o quanto Chico Xavier representa problemas semiológicos sérios. Ele deve ser questionado e não aceito, porque a idolatria religiosa não pode ser um campo de aceitação a níveis de passividade bovina, ainda mais porque o "médium" teve, por trás das fantasias que cercam sua pessoa, aspectos muito negativos de sua trajetória.

É hora de nossos semiólogos também evitarem as tentações das paixões religiosas e partir para analisar o contexto do "espiritismo" brasileiro na Guerra Híbrida, através de um falso progressismo feito para enfraquecer as causas progressistas e liberar o caminho para a "caridade espírita" que evita dar muito aos pobres e tirar os privilégios abusivos dos mais ricos. O "espiritismo" brasileiro é uma grande coleção de falácias traiçoeiras que devem ser contestadas à luz da lógica.

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