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Covardia: Espiritismo permite que obras "psicográficas" sejam ou não consideradas "autênticas"



É uma grande covardia a permissividade do "movimento espírita" em permitir a livre e impune publicação de pretensas psicografias, a partir do lamentável exemplo de Francisco Cândido Xavier, mesmo quando elas não se confirmam seguramente como autênticas.

Nenhuma viva alma conseguiu provar autenticidade. Os escritores que não apontavam tais obras "psicográficas" como fraudulentas também não as definiam como genuínas. Pessoas como Raimundo de Magalhães Júnior, Monteiro Lobato e Apparicio Torelly, o Barão de Itararé, apenas se abstiveram do assunto. Agrippino Grieco começou iludido, atribuindo "possível autenticidade", mas depois reviu a questão e viu as obras atribuídas a Humberto de Campos com desconfiança.

Se tais obras estão com a hipótese de autenticidade pendente, seria melhor que elas não fossem publicadas, sua publicação fosse proibida até que se comprovasse com segurança a autenticidade. Mas isso se realmente fossem precisos métodos muito complexos de averiguação de tais obras.

Elas, no entanto, são comprovadamente fake. As "psicografias", mesmo as de Chico Xavier e Divaldo Franco, consideradas "as mais confiáveis", são falsas, porque apresentam irregularidades estilísticas muito grandes. As de Divaldo são fáceis de reconhecer fraudes, porque elas têm rigorosamente um estilo só, que é o de Divaldo dando depoimentos em palestras e participações em programas de TV.

Chico Xavier também foi fraudulento, mas as obras possuem uma verossimilhança relativa que consegue enganar muitos. Ele não fez os livros sozinho, contou com muitos colaboradores. E a "diversificação" de estilos era uma estratégia para variar os livros e favorecer o sucesso de vendas com produtos "diferenciados".

Ainda assim, eles podem ser desmascarados por um processo de leitura simples - método reprovado por um acovardado Alexandre Caroli Rocha, acadêmico que se diz estudioso de Chico Xavier - , porque as obras "mediúnicas", como toda farsa, não podem ser consideradas somente pelas semelhanças. A veracidade não se verifica pelas semelhanças, pois o falso tenta parecer com o verdadeiro, mas com a ausência de diferenças comprometedoras que apontem a falsidade.

Pois o que se vê é que, na maioria esmagadora das "psicografias" - a quase totalidade delas, diga-se de passagem - , é que elas mostram diferenças comprometedoras que podem ser identificadas com uma leitura simples e o conhecimento dos estilos dos autores alegados. Mas, em nome das paixões religiosas, o "movimento espírita" comete a cara-de-pau de recusar esse método, deixando "eternamente em aberto" tais questões.

Isso se dá por dois motivos. Se as obras são tidas como "autênticas", haverá duros questionamentos, como estes que estamos dando. Se as obras são tidas como "fraudulentas", elas correm o risco de fracassarem, e aí perde-se o crédito que tanto se dá aos ídolos religiosos.

Daí que os partidários de Chico Xavier exigem métodos e critérios escalafobéticos para apontar fraudes em obras que levam os nomes de autores mortos, famosos ou não. Isso é como exigir uma equação matemática complicadíssima para se chegar a quatro, desconsiderando os métodos de equação matemática simples, como "dois mais dois" ou "dois vezes dois".

Citamos três exemplos, um de Alexandre Caroli Rocha, outro de Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas usando o nome de Humberto de Campos, durante o processo judicial de 1944, e outro da Superinteressante, periódico do Grupo Abril (este sobre um processo de inteligência artificial que usava obras de Chico Xavier atribuídas a Humberto de Campos, Emmanuel e André Luiz).

Note-se que, no caso de Chico e Wantuil usaram uma frase, "Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e os mais nobres serviços humanos", que, embora atribuída a Humberto de Campos, se assemelha perfeitamente às frases de Chico Xavier que são publicadas nos memes nas redes sociais, o que já indica um caráter fraudulento, ainda mais sendo estranho que Humberto de Campos quisesse deixar para lá a questão de patente literária, pois ele teria se comportado como um idiota.

Vamos às frases:

"Vimos que não é pertinente a pressuposição de que, por meio apenas de fatores textuais, seja possível autenticar ou refutar a alegação do médium. Mostramos que os textos colocam à tona a discussão a respeito do post-mortem, tema que, nos ambientes acadêmicos, costuma ser relegado a domínios metafísicos ou religiosos. Concluímos, pois, que os veredictos taxativos para a identificação do autor são possíveis somente com a assunção de uma determinada teoria sobre o postmortem ou sobre o fenômeno mediúnico. Quando, no debate autoral, ignora-se a relação entre teoria e texto, percebemos que a apreensão deste é bastante escorregadia, mesmo entre leitores especialistas".

Alexandre Caroli Rocha - Complicações de uma estranha autoria (O que se comentou sobre textos que Chico Xavier atribuiu a Humberto de Campos) Revista Ipotesi, Universidade Federal de Juiz de Fora, v.16, n.2, p. 25-36, jul./dez. 2012.

"Eis, porém, que comparecem meus filhos diante da justiça, reclamando uma sentença declaratória. Querem saber, por intermédio do Direito Humano, se eu sou eu mesmo, como se as leis terrestres, respeitabilíssimas embora, pudessem substituir os olhos do coração. Abre-se o mecanismo processual, e o escândalo jornalístico acende a fogueira da opinião pública. Exigem meus filhos a minha patente literária e, para isso, recorrem à petição judicial. Não precisavam, todavia, movimentar o exército dos parágrafos e atormentar o cérebro dos juízes. Que é semelhante reclamação para quem já lhes deu a vida da sua vida? Que é um nome, simples ajuntamento de sílabas, sem maior significação? Ninguém conhece, na Terra, os nomes dos elevados cooperadores de Deus, que sustentam as leis universais; entretanto são elas executadas sem esquecimento de um til.

Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e os mais nobres serviços humanos".

Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, mensagem atribuída a Humberto de Campos. In: Miguel Timponi, A Psicografia Ante os Tribunais, FEB, 1944).

"A psicografia segue como uma questão de fé. Mas se o estudo atesta algo, é a genialidade do médium. Escrever o volume de texto que ele escreveu, com personas comprovadamente distintas, mas uniformes entre si, não precisa nem ser sobrenatural para ser absolutamente impressionante. Ou, como colocou Monteiro Lobato, “Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, então ele merece ocupar quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras".

Superinteressante, acessível em https://super.abril.com.br/historia/inteligencia-artificial-pos-a-prova-psicografia-de-chico-xavier/

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