Pular para o conteúdo principal

Feminicidas fazem parte do "grupo de risco" dos que tendem a morrer cedo

CÂNCER NO INTESTINO - Um dos potenciais males a ceifar a vida dos feminicidas.

Jogadores de futebol americano, astros do gangsta rap, concorrentes de reality shows menos cotados, profissionais da mídia esportiva brasileira, craques de futebol de segunda divisão, atores de segundo escalão de seriados de TV dos EUA. Muitos deles falecidos precocemente, como se um ou dois de cada um desses setores morresse por cada mês, e nos últimos dez anos esses óbitos se acumularam de maneira surpreendente que assusta as pessoas.

Pois poucos percebem que os feminicidas brasileiros estão também nesse "grupo de risco". Embora haja o silêncio da imprensa quanto à tragédia dos feminicidas - entre os mais idosos, desconfia-se que o empreiteiro mineiro Roberto Lobato, absolvido (!) por "defesa da honra" (desculpa hoje considerada inconstitucional) já está morto, enquanto Pimenta Neves e Lindomar Castilho estão perto de morrer sem que haja uma preparação para tais notícias - , os feminicidas são os que mais sujeitam a tragédias dramáticas, mais do que se pensa.

Por trás da imprensa omissa, os feminicidas já somam mais de três mil entre os mortos pela Covid-19 e sua expectativa de vida não ultrapassa 80% da média esperada de um brasileiro comum. Ou seja, se um brasileiro médio tende a viver 76 anos, o que cometeu um feminicídio tende a viver 61. Se um brasileiro médio alcançou 107 anos de vida, o feminicida alcançou 86.

Apesar disso, os feminicidas são tratados como se fossem os "tardígrados" humanos, alusão ao nome de um ser microscópico que resiste a todo tipo de adversidade climática. E isso é encarado de forma confusa por uma sociedade atrasada como a brasileira, pois o medo de ver feminicidas morrendo envolve desde superstições - como a lenda das casas abandonadas que "abrigam" espíritos de feminicidas mortos - até uma misericórdia tóxica, aquele tipo de perdão que absolve o culpado e criminaliza a vítima, típico das religiões de orientação medieval, como a "espírita".

Essa visão confusa, própria de um moralismo patriarcalista, resíduo de um sistema de valores machista ainda resistente no nosso Brasil, faz com que, de maneira surreal, um machista bonachão e inofensivo - que até trata a mulher como submissa a ele, mas é incapaz de matá-la - seja visto como mais vulnerável a um ataque cardíaco do que um feminicida frio e calculista. Isso não tem a menor lógica, pois o "bom machista" tende a ter mais equilíbrio emocional do que o feminicida, este altamente vulnerável.

A masculinidade tóxica não mata o "bom machista" nem o homem zen que não é necessariamente machista. Ela não mata o solteirão involuntário (existe o termo da moda, "incel", para definir isso) que vive uma vida pacata em casa e a bebida mais perigosa que toma é café. 

A masculinidade tóxica mata, sim, aquele homem "de bem" que matou a esposa, a namorada ou a amiga por quem sentia uma paixão platônica. É o feminicida que, queiram ou não queiram, vive sérias pressões emocionais, entre a irritação e a depressão, entre a arrogância e a vergonha, e o próprio crime cometido já despejou no organismo doses de adrenalina que irão subtrair uns bons anos de vida no valentão que assassinou a mulher ou a namorada.

Se jogadores de futebol de várzea ou de clubes de divisões inferiores de futebol tendem a morrer de infarto no campo, na flor da idade, por que feminicidas não correm o risco de sofrerem infartos fulminantes? No volante, um feminicida tem forte risco de morrer num acidente de trânsito. As tensões que o levam a cometer feminicídio e a sofrer as consequências de tal ato também podem gerar um câncer que pode matar homens desse tipo até antes dos 60 anos.

Até quando há um crime de mando, quando o marido manda outra pessoa executar o feminicídio, há também o risco do matador de aluguel, no caso do feminicida ser solto e o executor do crime, continuando preso, de repente fizer parte de um plano de fuga, descobrir o paradeiro do mandante e, encontrando-o, poder matá-lo depois de uma discussão. Ou o risco de um feminicida, sendo um policial, de repente, na sua impunidade, ser morto por algum membro de uma organização criminosa.

A tendência é haver uma mortalidade muito grande de feminicidas, por conta das pressões emocionais que os atingirão, pois o sistema de valores de hoje, em que pese alguns atrasos persistentes, não é mais tão receptivo aos feminicidas do que há 50 anos. Isso criará tensões que influirão nas doenças graves que farão vários feminicidas morrerem antes de completar 70 ou mesmo 60 anos de idade.

O único consolo é que, mesmo que um feminicida morra na casa dos 45 anos, ele, na maioria das vezes, viveu mais do que a mulher que foi sua vítima. A mulher é morta geralmente na casa dos 20 a 35 anos, ou, quando na casa dos 40, por um marido ou namorado mais velho. Mas, mesmo vivendo mais tempo, o feminicida já sente o flerte da morte quando está na casa dos 50 anos. Que o diga, no além, Doca Street, que escondeu um câncer contra o qual tentou lutar durante 35 anos e cuja fragilização contribuiu para o infarto que matou o assassino de Ângela Diniz (prestes a ter um filme biográfico em breve).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

Padrão de vida dos brasileiros é muito sem-graça e atrasado para virar referência mundial

Pode parecer uma grande coincidência, a princípio, mas dois fatores podem soar como avisos para a pretensão de uma elite bem nascida no Brasil querer se tornar dominante no mundo, virando referência mundial. Ambos ocorreram no âmbito do ataque terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, em Israel. Um fator é que 260 corpos foram encontrados no local onde uma rave  era realizada em Israel, na referida região atingida pelo ataque que causou, pelo menos, mais de duas mil mortes. O festival era o Universo Paralello (isso mesmo, com dois "l"), organizado por brasileiros, que teria entre as atrações o arroz-de-festa Alok. Outro fator é que um dos dois brasileiros mortos encontrados, Ranani Glazer (a outra vitima foi a jovem Bruna Valeanu), tinha como tatuagem a famosa pintura "A Criação de Adão", de Michelangelo, evocando a religiosidade da ligação de Deus com o homem. A mensagem subliminar - lembrando que a tatuagem religiosa não salvou a vida do rapaz - é de que o pretenso pr...

Dr. Bezerra de Menezes foi um político do PMDB do seu tempo

O "espiritismo" vive de fantasia, de mitificação e mistificação. E isso faz com que seus personagens sejam vistos mais como mitos do que como humanos. Criam-se até contos de fadas, relatos surreais, narrativas fabulosas e tudo. Realidade, que é bom, nada tem. É isso que faz com que figuras como o médico, militar e político Adolfo Bezerra de Menezes seja visto como um mito, como um personagem de contos de fadas. A biografia que o dr. Bezerra tem oficialmente é parcial e cheia de fantasia, da qual é difícil traçar um perfil mais realista e objetivo sobre sua pessoa. Não há informações realistas e suas atividades são romantizadas. Quase tudo em Bezerra de Menezes é fantasia, conto de fadas. Ele não era humano, mas um anjinho que se fez homem e se transformou no Papai Noel que dava presentinhos para os pobres. Um Papai Noel para o ano inteiro, não somente para o Natal. Difícil encontrar na Internet um perfil de Adolfo Bezerra de Menezes que fosse dotado de realismo, most...

Por que o "espiritismo de esquerda" é tão ridículo e superficial?

A página "Espíritas à Esquerda" do Facebook  é, a princípio, muito bem intencionada, aparentemente voltada à defesa dos direitos humanos e o diálogo com a teoria espírita. No entanto, nota-se que seu conteúdo, no conjunto da obra, apresenta problemas. Isso porque é muito difícil "esquerdizar" o "espiritismo" brasileiro. Cria-se uma gororoba ideológica porque se ignora que a raiz do Espiritismo que é feito no Brasil é roustanguista. A história do "espiritismo" brasileiro se fundamentou nas ideias de Os Quatro Evangelhos  de Jean-Baptiste Roustaing, que forneceu subsídios para a "catolicização" da Doutrina Espírita. Ao longo dos tempos, o roustanguismo, antes explícito e entusiasmado, passou a ser mais enrustido. Apesar do nome Roustaing ter virado um palavrão entre os "espíritas", seu legado foi quase todo absorvido, com impressionante boa vontade, diante de dois artifícios que conseguiram mascarar Roustaing e botar o ...