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Rio de Janeiro e a "religião" dos "carimbos" e dos "roquinhos"


Nova Iguaçu vai implantar mais uma seita. A religião do São Carimbo. Seus sacerdotes, isto é, suas autoridades políticas - que têm uma secretaria com o nome pomposo de "Transportes, Trânsito e Mobilidade Urbana" - , vão cobrir os ônibus sob um mesmo manto (batina? burca?) sob promessas milagrosas de "agilidade", "operatividade", "transparência" e blablablá.

Os caras já saem mentindo. Dizem que a tal "padronização visual" das diferentes empresas de ônibus vai "facilitar a identificação" pelos usuários. Como, cara pálida? Esconder empresas de ônibus com uma mesma pintura (empresas como Brasinha, do grupo Flores, e Vera Cruz, originária de Belford Roxo, terão a mesma pintura) nunca é facilitar e sim confundir. Está na cara, ou melhor, nas cores.

Outra mentira é que os políticos daquela cidade da Baixada Fluminense dizem que a pintura padronizada e exigência do processo de licitação - a Lei 8.666, a chamada Lei de Licitações, nunca determinou isso - e os caras-de-pau da Prefeitura de Nova Iguaçu ainda falam que se trata de um sistema de concessão.

Quer dizer, eles concedem as linhas mas ficam com a imagem. A pintura padronizada, seja que desculpa for - consórcio, zonas de bairros, tipo de ônibus etc - , é na verdade um outdoor político que reflete a imagem da prefeitura ou do governo estadual (no caso de linhas intermunicipais). É a religião do logotipo de governo, que promete o "milagre da mobilidade urbana" para todos.

As empresas de ônibus recebem as linhas, mas não podem mostrar sua identidade visual. A concessão fica com a metade porque quem concede quer ficar com a imagem, e se faz "licitação" não para mostrar as empresas, mas para escondê-las da população. Isso é facilitar identificação? Nem em sonhos!

O que os passageiros se esquecem e o Movimento Passe Livre não quer saber (eles deveriam ampliar suas pautas, que andaram atoladas em algum buraco de rua) é que a pintura padronizada, na medida em que esconde as empresas de ônibus, aumenta a burocracia, facilita a corrupção e traz transtornos sérios para os passageiros que, na correria diária, têm mais risco de pegar ônibus errados.

Mas quem é que vai enfrentar a Santíssima Trindade - o "deus" Jaime Lerner, os "jesus" em forma de "micrão" dos secretários de Transportes e o "espírito santo" dos logotipos políticos (os "carimbos") na pintura padronizada (aqueles nominhos de cidade e do Estado estampados nos ônibus, tipo "Cidade do Rio de Janeiro", "Prefeitura de Nova Iguaçu" ou simplesmente "São Gonçalo")?

Quem acredita em mar se partindo ao meio é claro que vai acreditar que logotipozinho estampado em pintura padronizada vai trazer "milagres" como ônibus possantes, com ar condicionado, comprimentos longos (BRTs) - há quem reze para ter BRT até em Santa Teresa, bairro carioca de ruas estreitas e curtas - e chassis de marca sueca (Volvo e Scania), como se isso fosse o transporte coletivo do Paraíso.

Há ônibus com ar condicionado, BRTs e chassis sueco que podem ficar sucateados, se enguiçar, sofrer acidente etc. E se o ar condicionado pifar e as janelas não tiverem abertura, o povo poderá morrer sufocado. Mas aí a gente até imagina os "espíritas" dizendo: ah, eles morreram porque foram patrícios romanos que queimavam cabanas com famílias dentro.

Esse papo todo dos políticos de Nova Iguaçu - é bom lembrar que a Baixada Fluminense é reduto do coronelismo político fluminense, porque no Estado do Rio de Janeiro existe até coronelismo, latifúndio, pistolagem, escravidão e voto-de-cabresto, não é a Ipanema cercada de Maracanãs por todos os lados que se fica pensando por aí - o próprio Eduardo Paes deu em 2010.

Falava-se tudo, todas as promessas que os "mandões" de Nova Iguaçu prometem para o próximo dia 14, em que os passageiros receberão panfletos tentando explicar porque é "ótimo" esconder empresas de ônibus sob uma mesma pintura, algo comparável a explicar por que jogar pimenta nos olhos melhora a visão. Eduardo Paes apenas não teve o cuidado de explicar, mas falou as mesmas coisas.

E aí o que deu? Todo o trágico quadro de decadência do sistema de ônibus do Rio de Janeiro. Com Bilhete Único, BRT, ônibus com ar condicionado e até chassis suecos, as frotas se sucatearam, a corrupção aumentou, a burocracia aumentou e os acidentes mais ainda, com saldo de mortos de fazer os antigos brutamontes do DOI-CODI (órgão de repressão da ditadura) ficarem de cabelos em pé.

Não bastassem os passageiros pegarem ônibus errado por causa da pintura padronizada, cobradores irem para o olho da rua porque quem cobra passagem agora é o motorista, ônibus circularem sucateados e tudo, ainda tem os trajetos esquartejados que obrigam pessoas a pagarem mais passagem com dois ou três ônibus, porque o Bilhete Único tem tempo limitado e nem sempre funciona.

E como o Estado do Rio de Janeiro é considerado um dos mais religiosos do país, em que o fundamentalismo movimenta até um exército de troleiros ou trolls - espécie de Estado Islâmico da opinião pública, terroristas da palavra, jagunços que fuzilam reputações nas mídias sociais - , qualquer arbitrariedade é considerada divinizada e qualquer sofrimento, um "sacrifício necessário" para o benefício da população. Que benefício?

E O "ROQUINHO" DE CADA DIA

No Rio de Janeiro, se diviniza até time de futebol. O fanatismo pelo futebol dos cariocas - fenômeno igual só existe no Rio Grande do Sul, pois mesmo em São Paulo e Minas Gerais o fanatismo existe e não é pouco, mas também chega ao "fundamentalismo da bola" de fluminenses e gaúchos - é tanto que muitas pessoas, quando querem conhecer alguém, primeiro perguntam o time para depois perguntar o nome.

Mas a divinização também atinge o rock. Num Estado que diviniza logotipos de prefeituras por causa da nefasta pintura padronizada e transforma secretários de Transportes em semi-deuses, faz sentido que emissoras de rádio cretinas sejam divinizadas pela promessa de tocar aquilo que chamam de "rock".

E aí vem a Rádio Cidade enganando o pessoal do Grande Rio com sua bandeira de "Rock de Verdade", espalhada em outdoors, transdoors e banners de Internet, com todo o discurso pelo "autêntico rock'n'roll", quando se constata a dura verdade: a equipe de radialistas da "heroica" emissora carioca não tem um mínimo de envolvimento nem vivência com rock.

Na verdade, eles vieram da Jovem Pan, Mix, tem até um coordenador "sertanejo" da antiga Beat 98 apelidado de "Van Damme". Todos levantando a bandeira do "roquenrooooool!!!!", inclusive aquelas meninas tresloucadas que parecem versões neuróticas da Emília do Sítio do Picapau Amarelo (pintam tanto o cabelo e maquiam demais o rosto que dá nisso), como se a "galera" radialista que aprendeu a trabalhar numa Mix FM e tocar Justin Bieber fosse capaz de encarar até um Cannibal Corpse.

Você sintoniza a rádio e nada de lá lembra uma rádio de rock de verdade. Os locutores são animadinhos, falam como maricas, fazem piadinhas sem graça, e posam com caras e bocas para fotos publicadas no Facebook. Há trocentos programas de piadinha, até sobre futebol (sob uma mal disfarçada influência do Pânico da Pan), mas nenhum de rock'n'roll. Quanto tem programa de rock, faz apenas aquela linha "grandes sucessos", tipo um "Top 40" de ontem, hoje e amanhã.

Mas como o pessoal do Rio é muito religioso, os bovinos ouvintes da Rádio Cidade aceitam qualquer coisa, desde que siga aquela sequência ininterrupta de músicas com algum desses ingredientes: vocal desesperado ou agonizante, guitarras distorcidas, algum solo virtuose ou alguma canção acústica com um vínculo histórico ao rock. Na pior das hipóteses, algum acústico do Nando Reis.

PASMEM, ESSES "ENGRAÇADINHOS" PENSAM QUE SÃO OS "MAIORES ROQUEIRÕES" DO GRANDE RIO.

Pouco importa se o que estiver tocando na rádio é uma banda pós-grunge de quinta categoria ou algum clássico do rock que o hit-parade autoriza a tocar, se é uma sequência de sons "radicais" sem que surja uma voz robotizada ou alguma batida eletrônica - até as vozes femininas têm que soar desesperadas, nada da voz miudinha de Britney Spears nem do vocal robotizado da Nicky Minaj - , tudo bem, ainda que ouça sempre as mesmas músicas e os mesmos hits a cada quatro meses.

Falam da Rádio Cidade como "rádio rock" como se Deus tivesse determinado isso. Os ouvintes tratam o rock como religião e, com isso, jogam no lixo a lógica e até a própria natureza do rock. E, para piorar, nem os roqueiros autênticos parecem muito dispostos a combater a Cidade.

Nos anos 80, a Estácio FM (da Universidade Estácio de Sá), zilhões de vezes melhor que a Cidade, foi golpeada e irremediavelmente extinta. A Rádio Cidade até saiu do ar em 2006, e voltou em 2014 tão ruim quanto era há dez anos, mas de vez em quando surge algum roqueiro autêntico com esse papo de "não vamos combater a rádio, ela tem seu espaço e nós temos os nossos".

Que espaço os roqueiros autênticos têm? Webradios que consomem muita bateria quando sintonizadas no celular? Ou será que o pessoal vai, resignado como carneirinhos - algo bem anti-rock'n'roll - , ligar os 102,9 mhz e fingir que o Deep Purple, com tantos e tantos anos de carreira, só gravou "Smoke on the Water"?

Cadê a rebeldia do rock? Cadê o tal "marketing de guerrilha" para combater os bobos-alegres da Rádio Cidade e jogar a emissora para as mais baixas posições do Ibope? A rádio até cai em audiência, mas os caras depois compram sintonia em academias de ginástica (?!), concessionárias de carros e quiosques de praia e depois inventam que estão com a audiência nas alturas, por mais que a liderança do segmento jovem hoje esteja dividida, no Grande Rio, entre a Mix e a Top Rio FM.

O pessoal prefere guerrear com bonequinhos de Minecraft do que protestar contra uma rádio que nem tradição tem com o rock - a Rádio Cidade nunca teve histórico de rádio de rock, só foi pegar carona na extinção da Fluminense visando uns trocados publicitários e passar a perna de outras rádios pop com um "produto diferente" - e que nunca teve vocação nem competência para o gênero. Ainda mais comandada por um fanático por "sertanejo universitário" como o tal de Van Damme.

Em nome da religião, ou pelo menos da maneira religiosa de se ver as coisas, as pessoas acabam perdendo o discernimento das coisas. Ninguém percebe, no caso dos ônibus padronizados, a ganância política de autoridades que nada fazem pelo cidadão terem que apresentar suas logomarcas nas frotas de ônibus que circulam nas cidades.

Da mesma forma, ninguém é capaz de discernir que uma rádio comercial, que nunca teve tradição, nem competência e muito menos vocação para rádio de rock, passa a assumir "definitivamente" esse perfil, monta seu repertório musical já previamente selecionado pelos executivos de gravadoras.

O pessoal prefere então rezar para que melhorias surjam do nada, que os ônibus padronizados se transformem em comboios de perfeição e eficiência, provavelmente com Jesus dissolvendo os congestionamentos nas ruas, e uma rádio comercial passe a tocar mais rock depois de seus ouvintes lerem alguma passagem da Bíblia ou de um livro de Chico Xavier.

Isso é mau. A religiosização trava o discernimento, corrompe a mente, obscurece a razão, causa deslumbramentos e fanatismos sem a menor necessidade. E é isso que provoca a crise no Estado do Rio de Janeiro, já que esse modo religiosista de encarar as coisas só está degradando a vida, com passageiros sofrendo acidentes de ônibus e roqueiros tendo que suportar breguices fantasiadas de rock como os finados Mamonas Assassinas. A fé cega derrubou o povo do Grande Rio.

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