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"Irmãozinhos sofredores" atrapalharam a produção de 'Chatô'?


O "espiritismo" parece dar azar para muita gente. As pessoas se envolvem de uma maneira ou de outra com a causa "espírita" e, de repente, sofrem algum infortúnio pesado na vida ou então perde aqueles entes não só queridos mas muitíssimo especiais. Em todo caso, se envolver com um evento "espírita" é pior do que passar debaixo de uma escada ou quebrar um espelho em casa.

Temos o caso de Juscelino Kubitschek. Ele foi um dos melhores presidentes da República do Brasil. Mas foi só ele fazer amizade com Chico Xavier e dar à Federação "Espírita" Brasileira o título de "entidade filantrópica com fins de utilidade pública" para o azar bater à porta do político e médico nascido em Diamantina.

Kubitschek não conseguiu eleger seu sucessor, o mesmo marechal Henrique Lott que garantiu a posse do mineiro para 1956 (Lott fez um contragolpe em 1955 contra lacerdistas contrários à vitória eleitoral de JK e do vice João Goulart - votava-se para vice-presidente em separado), para governar o país.

Além disso, JK não conseguiu seguir carreira política. O Brasil mergulhou numa confusão política que deu no golpe de 1964 e Juscelino foi um dos primeiros cassados, perdendo para sempre a chance de ser presidente de novo e começar mandato em Brasília.

Não bastasse isso, Juscelino não se elegeu para a Academia Brasileira de Letras (que hoje bota um Merval Pereira qualquer para ser "imortal", sem lançar um livro que preste, mas umas coletâneas chinfrins de artigos mal-escritos), e ainda morreu num estranho acidente de carro que tinha tudo para ser um atentado, mas legistas recentemente tentaram provar que não.

A maré de azar contagiou até mesmo a filha, Márcia Kubitschek, que morreu em 2000 aos 56 anos, ainda bela e charmosa. E sobrou até para José Wilker, que interpretou JK em minissérie da Globo, um ateu que foi só recorrer a um "centro espírita" para fazer consulta para, pouco depois, falecer de repente por infarto, abortando tanto projeto de vida e trabalho pela frente.

Mas há também outras vítimas. Os próprios anônimos que, de repente, perdem seus entes queridos, ou, quando não há tragédia, é traição da namorada, desejo que nunca se realiza, projetos que nunca dão certo etc.

Há pessoas que fazem "tratamento espiritual" em busca de sorte para arrumar emprego e pioram sua situação. Tentam estudar feito condenados e não passam em concursos. Seguem todas as recomendações para entrevista de emprego e são passados para trás por um zé-mané bonitão que mal fala o português mas convenceu com seu inglês de cursinho. E por aí vai.

Aí nos lembramos de Guilherme Fontes, ator que, na sua trabalhosa estreia como cineasta, virou vidraça pela demora surreal para lançar um filme, num mercado dominado por cineastas que fazem bobagens mas são casados com belíssimas atrizes.

Guilherme havia feito um papel de um espírito obsessor numa novela "espírita", A Viagem, transmitida pela Rede Globo em 1994. Ator em ascensão e considerado talentoso, ele quis ampliar suas habilidades com um ambicioso projeto de filmar a vida de Assis Chateaubriand.

O projeto consumiu dinheiro e, aparentemente, Guilherme "administrou mal" a direção e produção, levando vinte anos para finalizar o longa-metragem, baseado no livro Chatô - O Rei do Brasil, do jornalista Fernando Morais.

Guilherme chegou a ser processado por improbidade administrativa, perdendo o sono para explicar os gastos com o filme e a demora na montagem, enquanto os cineastas "conspiradores" e diretores "globais" dormiam suas noites tranquilas depois de transarem com suas deliciosas mulheres-atrizes.

Só recentemente, o filme foi finalizado. E quem pensa que isso não passou de conversa para boi dormir, o próprio Fernando Morais divulgou o trailer do filme. Logo ele, que hipoteticamente teria sido o primeiro a repudiar o filme e querer dar um puxão de orelha no cineasta "inexperiente".

Mas isso não se deu: Fernando afirmou que viu o filme, achou maravilhoso, e deu os parabéns a Guilherme Fontes. Um comentário vindo de um jornalista que teve a obra adaptada para o referido filme e que é considerado um dos biógrafos mais respeitáveis do país.

Independente do que havia ocorrido, pergunta-se se a doutrina de "amor e luz" que no entanto é comandada por "irmãozinhos sofredores" - eufemismo para espíritos negativos, que ajudam a transformar o "espiritismo" na bagunça que é hoje, com "mediunidade" de faz-de-conta e pregações moralistas - é que influenciou os obstáculos ou tentações que tentaram impedir Guilherme Fontes de realizar o seu trabalho.

E o pior é que o "espiritismo" sempre implica com pessoas diferenciadas, dando-lhes tragédia ou azar, por mais que estas sigam a doutrina com o amor e a dedicação exemplares e façam todos os sacrifícios para ter alguma realização na vida.

A gente fica até perguntando se Divaldo Franco, na sua turnê europeia-estadunidense de 2006, não viajou no mesmo voo da coitadinha da Brittany Murphy, a atriz de As Patricinhas de Beverly Hills. Isso porque, ela, uma estrela em ascensão, acabou contraindo um casamento infeliz, uma carreira oscilante e uma tragédia prematura que abortou todo o brilhante talento de atriz e cantora.

Os "irmãozinhos sofredores" que animam os espetáculos "espíritas" são mesmo "da pesada".

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