Pular para o conteúdo principal

Chico Xavier e sua defesa aos valores contidos na reforma trabalhista


ISSO É ESCRAVIDÃO, NÃO O COMEÇO DAS BÊNÇÃOS.

Muitos progressistas se deixam iludir pela embalagem atraente do que conhecemos aqui como Espiritismo. Iludidos, pensam que, por ter uma embalagem atraente, supostamente associado à racionalidade, ao futurismo, ao progressismo e ao altruísmo, sem saber que podem se decepcionar quando se adentrarem nesta "fantástica doutrina" onde, dizem, o maior sábio seria um caipira de uma cidade rural de Minas Gerais.

Essa fascinação obsessiva por Francisco Cândido Xavier, um mito que, sob a alcunha de Chico Xavier, é o único brasileiro pelo qual se permitem até mentiras para manter, nele, ideias sempre agradáveis, é uma grande armadilha não só para leigos, como também para céticos de coração amolecido.

É um alerta que Allan Kardec havia dado, porque os deturpadores da Doutrina Espírita são capazes de seduzir e dominar até mesmo pessoas com algum grau de esclarecimento, mas cujos pontos frágeis os fazem vulneráveis às armadilhas mais traiçoeiras.

Daí que vemos que o mito de Chico Xavier tornou-se o mais traiçoeiro, o mais perigoso, fazendo com que se rompesse até mesmo com o paradigma do "canto de sereia" que conhecemos, pois o pior "canto de sereia" não foi dado por um trio de três lindas mulheres cantantes com rabo de peixe cada uma e vivendo no mar, mas por um velhinho feioso de voz molenga que viveu suas últimas décadas numa cidade do Triângulo Mineiro.

O poder de domínio feito por Chico Xavier foi tão grave que atingiu até mesmo ateus e esquerdistas, mesmo quando o "médium" se demonstrava explicitamente conservador, com um apetite praticamente bolsonarista, defendendo a tortura como meio de "combater o caos" numa declaração dada para uma grande audiência num programa de televisão, que, somando às exibições a posteriori transmitidas na Internet e até na versão em livro da entrevista, alcançou milhões e milhões de pessoas.

Alguém em sã consciência acharia que Chico Xavier defenderia a ditadura militar a contragosto diante do risco de suas declarações serem conhecidas por milhões e milhões de pessoas? Infelizmente muitos de seus seguidores, ou mesmo os simpatizantes mais leigos e até céticos, se deixam levar pelo pensamento desejoso e criam teses fantasiosas e absurdas só para relativizar o ultraconservadorismo do "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.

Enquanto alguns progressistas mais tolos, ou então os inocentemente crédulos, acham que Chico Xavier era "marxista" (?!) e alma-gêmea do ex-presidente Lula (o que é um absurdo, até porque o "médium" foi um ídolo forjado pela ditadura militar justamente para criar um "ativista" para desviar a atenção pública dada ao ex-líder sindical), a realidade mostra que o "bondoso médium" defendia pautas ideológicas surpreendentemente conservadoras.

TRABALHO LONGO E DIFÍCIL? CONTINUE TRABALHANDO E CONFIE EM DEUS

Uma delas é a reforma trabalhista. Chico Xavier, em muitas ocasiões, deixava claro que defendia o trabalho exaustivo, a restrição salarial e o "livre acordo" entre patrões e empregados. Ele consentiria até com o fim do Ministério do Trabalho pois, baseado em suas ideias e no estilo de mensagens e depoimentos dele, podemos assegurar que, a respeito do fim da pasta ministerial, ele diria o seguinte:

"Para que se preocupar com o fim do Ministério do Trabalho se todo o ministério é do Trabalho, se cada pasta se refere a um tipo de tarefa, um tipo de trabalho exercido pelos homens?".

A "livre negociação", que hoje conhecemos como "a prevalência do negociado sobre o legislado", seria comemorada pelo "médium" que muitos consideram "progressista" e até "esquerdista". Para desespero de muitos, Chico Xavier comemoraria a "livre negociação" da seguinte forma, como ele muito provavelmente diria:

"Muitos reclamam dessa mudança nas leis trabalhistas, mas agora os acordos entre patrões e empregados são regidos por uma única lei, a Lei de Deus, e as negociações reguladas pelo princípio da fraternidade".

Isso é um ponto de vista conservador. Não tem como mudar isso, ainda mais sendo Chico Xavier uma pessoa que faleceu há 17 anos. Não há como mudar o pensamento do "médium". Se o espírito dele "mudou", isso é outra encarnação, outra identidade pessoal, já não tem mais a ver com Chico Xavier nos seus 92 anos de vida.

Chico Xavier sempre defendia que as pessoas que desempenhassem tarefas difíceis, demoradas e exaustivas que continuassem trabalhando sem reclamar e que apenas orassem para Deus em silêncio. Chico defendia o descanso e as refeições dentro do padrão permitido pela sociedade conservadora e o "médium" também defendia a servidão e a submissão hierárquica rigorosa. Isso está evidente em seus livros e depoimentos.

Dizemos tudo isso porque foi aprovada uma medida provisória que agora "permite" que os empregados trabalhem durante os domingos, sem vantagens trabalhistas, dentro das regras vigentes desde o governo Michel Temer (apoiado pelos "espíritas"). E isso é um retrocesso até mesmo para os padrões do Catolicismo medieval, que ao menos determinava o descanso aos domingos, o que mostra o quanto o "espiritismo", apesar da embalagem "progressista", adota um discurso medieval até além da conta.

Os "espíritas" acolheram a Teologia do Sofrimento, que é o que havia de mais medieval na Igreja Católica. Chico Xavier evocou Manuel da Nóbrega, mais desumano que José de Anchieta, que ao menos tinha seus "surtos" de humanismo, com todo o perfil medieval que tinha. E os "espíritas" acolheram um documento fake, a Epístola Lentuli, que nem os católicos medievais achavam autêntico, para justificar um falso "Públio Lentulus" no livro Há Dois Mil Anos.

É assustador que esquerdistas ainda se comportem como crianças teimosas e entrem no clima do "pensem como querem", cultuando Chico Xavier em silêncio. Se eles deixaram de emporcalhar blogs de esquerda com mensagens reacionárias do "médium" - sobretudo aquelas que pedem para os desafortunados aceitarem adversidades "sem queixumes" (o que não é lá uma pauta esquerdista, pois as esquerdas reclamam dos abusos da direita política, econômica e midiática), isso é insuficiente.

Afinal, de que adianta os esquerdistas guardarem nos seus armários mentais a adoração cega a Chico Xavier, que eles concebem numa imagem irreal, como se tivessem a vã esperança de mudar o seu pensamento? E ainda mais com o "médium" morto há muito tempo.

Mesmo quando, com base na tese da reencarnação, Chico Xavier pudesse mudar posturas e pensamentos, ela se dará fora do seu contexto, sob uma nova identidade e sob uma nova realidade. Mas nunca será o "Chico Xavier progressista" que o pensamento desejoso de parte de seus seguidores insiste desesperadamente em forjar, manter e até fazer prevalecer.

A realidade é desagradável, mas é a realidade. E Chico Xavier foi uma das pessoas mais conservadoras que viveram no Brasil e essa constatação não é opinativa. Fatos confirmam isso, principalmente em relação às raízes e à formação social do "médium", que foi ultraconservador e direitista até o fim. Queremos ou não queremos, temos que aceitar essa realidade, sob pena de sofrermos decepções dolorosas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Dr. Bezerra de Menezes foi um político do PMDB do seu tempo

O "espiritismo" vive de fantasia, de mitificação e mistificação. E isso faz com que seus personagens sejam vistos mais como mitos do que como humanos. Criam-se até contos de fadas, relatos surreais, narrativas fabulosas e tudo. Realidade, que é bom, nada tem. É isso que faz com que figuras como o médico, militar e político Adolfo Bezerra de Menezes seja visto como um mito, como um personagem de contos de fadas. A biografia que o dr. Bezerra tem oficialmente é parcial e cheia de fantasia, da qual é difícil traçar um perfil mais realista e objetivo sobre sua pessoa. Não há informações realistas e suas atividades são romantizadas. Quase tudo em Bezerra de Menezes é fantasia, conto de fadas. Ele não era humano, mas um anjinho que se fez homem e se transformou no Papai Noel que dava presentinhos para os pobres. Um Papai Noel para o ano inteiro, não somente para o Natal. Difícil encontrar na Internet um perfil de Adolfo Bezerra de Menezes que fosse dotado de realismo, most...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

As falsas psicografias

Infelizmente, ninguém conhece o que é mediunidade no Brasil. Para piorar, as pessoas aceitam esse desconhecimento, achando que tudo é verídico porque é misterioso, uma coisa inversa e radicalmente oposta ao que se ocorre na vida cotidiana. Isso é grave, porque, no "espiritismo" feito no Brasil, aceita-se tudo sem verificar. E quando se pede para verificar, há quem finja cumprir os mais rígidos procedimentos para garantir veracidade das supostas mensagens espirituais. Não se exige Inmetro, nem qualquer outro recurso de controle e verificação, e um caso típico da credulidade das pessoas corresponde às chamadas cartas "psicografadas", verdadeiros embustes que só fazem explorar e expor ao público as tristezas que as famílias poderiam viver na privacidade e sob assistência de pessoas com menor interesse oportunista possível. O que se observa é que são pessoas escrevendo, com velocidade "industrial", mensagens apócrifas que têm a mesma caligrafia. São m...

Padrão de vida dos brasileiros é muito sem-graça e atrasado para virar referência mundial

Pode parecer uma grande coincidência, a princípio, mas dois fatores podem soar como avisos para a pretensão de uma elite bem nascida no Brasil querer se tornar dominante no mundo, virando referência mundial. Ambos ocorreram no âmbito do ataque terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, em Israel. Um fator é que 260 corpos foram encontrados no local onde uma rave  era realizada em Israel, na referida região atingida pelo ataque que causou, pelo menos, mais de duas mil mortes. O festival era o Universo Paralello (isso mesmo, com dois "l"), organizado por brasileiros, que teria entre as atrações o arroz-de-festa Alok. Outro fator é que um dos dois brasileiros mortos encontrados, Ranani Glazer (a outra vitima foi a jovem Bruna Valeanu), tinha como tatuagem a famosa pintura "A Criação de Adão", de Michelangelo, evocando a religiosidade da ligação de Deus com o homem. A mensagem subliminar - lembrando que a tatuagem religiosa não salvou a vida do rapaz - é de que o pretenso pr...

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh...