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PEC 241: uma proposta "espírita"?


Os deputados federais aprovaram, por 366 votos contra 111 negativos e 2 abstenções, a proposta de emenda constitucional que estabelece limites para os gastos públicos do Governo Federal, a chamada PEC do Teto, a PEC 241, uma das bandeiras do retrógrado governo do presidente Michel Temer, que conquistou o poder de maneira ilegítima e sem representação popular.

Pouco importam os argumentos de que Temer chegou ao poder sob "legitimidade jurídica", "normalidade constitucional" e teve o "respaldo democrático" das urnas há poucos dias. Todo esse simulacro de legalidade e democracia se deu pela campanha, não obstante caluniosa, que a mídia e setores da Justiça fizeram contra a então presidenta Dilma Rousseff e seu antecessor Lula.

Agora, do contrário que antes tivemos, políticas progressistas que pareciam se ampliar, hoje a catástrofe dos limites de gastos irá sucatear ainda mais a Educação e a Saúde, e fará com que os aposentados passem a viver de empréstimos.

De maneira errônea mas proposital, os defensores da proposta de corte de gastos públicos tentam argumentar que o governo "antes gastava demais", que havia "muita gordura" e que as verbas públicas "favoreciam a corrupção". Tentam convencer que os cortes de gastos irão "racionalizar" e "otimizar" as contas públicas para permitir o que eles chamam de "crescimento econômico".

Mas, diante de uma população pobre gigantesca, diante da complexidade dos setores Educação, Saúde e Assistência Social, deveriam ser exigidos maiores gastos, e não o contrário, como será de hoje a duas décadas. O colapso que isso trará nos setores públicos irá prejudicar seriamente a população, sendo praticamente um holocausto.

Isso não é exagero. Com os cortes de verbas, a Saúde será a mais grave, porque, com o fim do SUS, único meio de atendimento médico para a população carente, as pessoas pobres, que já se desgastam fisicamente com mais rapidez do que os mais ricos, irão agravar sua situação, pois, com remédios caros e sem atendimento médico, com hospitais causando mal-estar de superlotados, sujos, escuros e apertados, muita gente doente vai morrer só vendo esse ambiente de horror e fragilidade.

Enquanto isso, Michel Temer nunca estabelece uma política de cortes de investimentos para os ricos. Até a grande mídia, como a propagandista-mor da PEC 241, a Rede Globo de Televisão, vai receber muito mais dinheiro do que o valor a ser retido com os cortes de gastos. Sem falar que as privatizações previstas por Temer irão fazer com que o dinheiro arrecadado pelas vendas possa repousar em algum paraíso fiscal nas contas pessoais dos políticos e seus familiares.

A INTERPRETAÇÃO "ESPÍRITA"

E o que isso tem a ver com o "movimento espírita"? Muito. O "espiritismo" está dando seu apoio subliminar a Michel Temer, seja pelos apelos chorosos dos Simonetti, Carrara, Alamar e Divaldo da vida para que os sofredores aguentem o sofrimento visando o socorro futuro dos céus até um "revoltado" Robson Pinheiro criando romances "mediúnicos" sob o nome de Ângelo Inácio.

No caso de Robson Pinheiro, isso é grave, porque os romances O Partido: Projeto Criminoso de Poder e A Quadrilha, que não fariam feio se escritos por um colunista de Veja ou um blogueiro do portal O Antagonista (o que dá no mesmo), mostram uma visão deturpada e caricata do que a direita mais furiosa entende como "corrupção do PT".

É muito comum ver os "bondosos espíritas" falarem coisas do tipo "aguente o sofrimento com fé, alegria e esperança", "não reclame da dor que sente", "perdoe, agradeça e abençoe quem lhe faz sofrer", "abra mão de suas próprias necessidades, só o fato de estar vivo já é uma graça" ou "que importa perder uma encarnação na eternidade da vida espiritual?".

São argumentos sádicos, mas temperados com palavras de amor, que a gente até pergunta, nesse contexto em que os reacionários retomaram o poder de maneira inesperada, se o grande mal dos tiranos fascistas não era jogar pessoas para morrerem em campos de concentração, mas pela incapacidade de usar pretextos amorosos para tamanha atrocidade.

A gente fica imaginando isso porque se revelou que a Madre Teresa de Calcutá só fez suas "casas de caridade" meros depósitos de desgraçados. Doentes expostos ao contágio uns aos outros, falta de higiene que deixava os locais fétidos e asquerosos, má alimentação, remediação restrita aos inócuos paracetamol e aspirina, seringas infectadas reutilizadas e lavadas com água suja da bica.

Milhares de doentes faleceram sob os cuidados de Madre Teresa e ela disse que eram "mais anjos que foram para o Céu". E ela virou "santa" por isso, "símbolo máximo de caridade plena" e que faz com que até papelarias e outros estabelecimentos ostentem com orgulho retratos da megera, que ainda por cima viajava com magnatas e tiranos para arrancar fortunas que eram depositadas não em nome dos pobres, mas para os já ricos sacerdotes do Vaticano.

E aqui no Brasil tivemos o exemplo sádico de Francisco Cândido Xavier. Dizia Chico Xavier para os sofredores nunca mostrarem sofrimento e fingirem alegria até para si mesmos. Uma atrocidade, que muita gente pensa ser "iluminada" pela forma que é dita, com palavras dóceis, em tom maternal ou paternal, que assusta pelo apoio imenso que recebe, mesmo dos mais humildes.

No Brasil marcado de injustiças sociais e uma violência que faz o país ter índices de assassinatos comparáveis ao de países do Oriente Médio, ainda temos latifundiários que matam agricultores e sindicalistas e machistas ricos que matam suas esposas ou namoradas ostentando coitadismo cínico e tentando parecer caras legais aos olhos da grande imprensa.

É chocante o cenário em que vivemos e ainda temos autoridades que ficam felizes porque vão cortar gastos públicos e deixar a população na mão, por cerca de 20 anos, sob a desculpa de que irá fazer o Brasil crescer.

Mas que crescimento se esperará quando os setores públicos mais essenciais terão limites de gastos? Ou será que Temer vai aceitar qualquer pedido de hospital falido precisando de novos equipamentos e com uma demanda crescente de pacientes?

Infelizmente, a visão de Michel Temer se volta para o mercado, para as finanças, e o que pode vir será a atuação da iniciativa privada, E Temer vai privatizar o que ele julgar "o máximo possível". Com isso, as pessoas vão pagar mais para obter qualquer coisa. E vão pagar o excedente, como as festas granfinas de reitores universitários e médicos.

Diante disso, os "espíritas", sempre se achando donos da palavra final, ficam felizes. "Que é um sofrimento de décadas diante das graças da eternidade?" dizem eles, sádicos, pedindo para as pessoas sentirem o sabor, a nutrição e o frescor da pimenta que arde em seus olhos.

Para os "espíritas", tanto faz o holocausto, os navios negreiros, os naufrágios, os flagelos, as torturas. Cada vez mais demonstrando seu vínculo com a medieval Teologia do Sofrimento, o "movimento espírita" defende a ideia do "quanto pior, melhor" sob a desculpa de que, quanto maior o sofrimento, mais rápido é o caminho para as "bênçãos da vida futura".

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