A EX-BBB PRISCILA PIRES PERSONIFICA ESTEREÓTIPOS QUE A GRANDE MÍDIA ATRIBUI À MULHER SOLTEIRA: APEGO À CURTIÇÃO E AO SENSUALISMO.
O Brasil tem uma das piores mídias do mundo. Isso influi em muitos aspectos, até no "espiritismo" que temos, igrejista, mistificador e hipócrita, e em muitos hábitos e crenças que seguem mais a cartilha de sociedades conservadoras e obscurantistas do que da modernidade de hoje.
Muito se fala das manobras que a grande mídia reacionária e corporativista faz. Defende os interesses de grandes grupos empresariais em detrimento do interesse público, e confunde o direito de fazer oposição ao Partido dos Trabalhadores com a depreciação gratuita do partido e de seus políticos, da "livre" difamação que se faz contra Lula, Dilma Rousseff, José Dirceu, José Genoíno etc.
Mas esses são apenas alguns aspectos principais. Há preconceitos sociais cruéis expressos, às vezes sem muita sutileza, nos programas humorísticos e nos comerciais de publicidade. Alusões a machismo e racismo aparecem em mensagens aparentemente bem humoradas. E há o noticiário policialesco, acusado de moralista e de glamourizar a violência.
O que poucas pessoas conseguem notar é que até a imagem da mulher solteira é depreciada, até com certa perversidade, pela grande mídia. Mas como certas manobras de depreciação social acontecem sob o véu do "popular", a opinião pública evita dar comentários maiores.
Sob o manto do "popular", tende-se a aceitar tudo, como se fosse um universo tomado pela "inocência" e pela "despretensão". Se fosse assim, como explicar os fratricídios, parricídios e homicídios diversos que ocorrem nas roças e subúrbios? O cara esfaqueou alguém porque queria testar o funcionamento da faca? E o assaltante comete esse crime porque quer se divertir?
E por que o problema da mulher solteira não é levado em conta? Por que muitos dos analistas da mídia são pessoas casadas e não conseguem ver o problema. E as mulheres solteiras que realmente trabalham também não conseguem acompanhar a mídia popularesca, até pelo "bom preconceito" de que o entretenimento "popular" está às mil maravilhas e, para qualquer problema, a Lei Rouanet resolve para transformar qualquer siliconada numa "nova Audrey Hepburn".
ESTEREÓTIPO DE SOLTEIRA INCLUI PÉSSIMOS REFERENCIAIS CULTURAIS
Mas a verdade é que a mulher solteira é um tipo massacrado pela grande mídia. Ela é depreciada através dos estereótipos que a exploração midiática, principalmente em páginas de celebridades (ou subcelebridades, em quantidade maior que as celebridades, o que revela que "esquecíveis" querem sempre ser lembrados), trabalha constantemente.
Através de "exemplos" que surgem aos montes - destaca-se Solange Gomes, Priscila Pires, Geisy Arruda, Mulher Melão etc - , esses estereótipos sempre apelam para péssimos referenciais culturais e para um estigma de que a mulher só quer solteira para "curtir" e "sensualizar", como se ela fosse uma "vagabunda" ou "irresponsável", segundo a ótica machista.
Geralmente a mulher solteira tem um péssimo gosto musical, se apega demais às noitadas e fica mostrando o corpo sem necessidade. É capaz de ir a um velório usando um vestido colante, apertado e curto, Ou, quando muito, um vestido "comportado" que, no entanto, deixa um "decote generoso" para os seios siliconados da moça.
A solteira sempre tem que ter os ouvidos sujos. Ela curte preferencialmente ritmos de gosto duvidoso como "sertanejo", axé-music, "pagode romântico" e "funk". E, quando tenta curtir MPB ou Rock Brasil, sempre pauta no que a Rede Globo de Televisão impõe como o que deve ser ouvido.
Não fossem as trilhas sonoras de novelas da Rede Globo, mesmo a solteira "um pouco mais intelectualizada" nunca iria apreciar Elis Regina ou Cássia Eller, não cantaria uma música de Tom Jobim e nunca ouviria Gonzaguinha para ficar berrando "É a vida, é bonita e é bonita! No gogó!".
O "grosso" das solteiras são aquelas que usam o corpo como mercadorias. Aí o machismo traz seu aspecto cruel. A mulher que não quer se casar nem ter um namorado é vista como "coisa", sua "missão" e seu "trabalho" são exibir seus corpos, porque o que importa é o corpo, aliás, nem o corpo, mas os peitos e glúteos reforçados por silicones.
Aí é que a coisa se agrava. A mulher solteira não tem valor, o valor dela não está nela, mas em quatro bolsas de silicones, que forjam um erotismo forçado, um sensualismo obsessivo, ininterrupto, repetitivo, grotesco, um sensualismo "na marra" que derruba qualquer possibilidade de sedução, porque a verdadeira sensualidade é sutil, eventual e discreta.
Uma inserção de quatro bolsas de silicones, as maiores para os glúteos, e sua combinação, em resultado grotesco e forçadamente sensual, nos corpos femininos, é o único sentido dominante da mulher solteira, reduzida a um mero objeto sexual.
Fora dessa órbita popularesca, mesmo as solteiras mais "discretas" ou "cultas" não escapam de estereótipos cruéis. Na classe média baixa, há a "coitadinha" que gosta de "pagode romântico" e "forró eletrônico" e que tem um comportamento submisso e ultraconvencional, que até ouve MPB, mas só as canções incluídas nas trilhas de novelas das 21 horas que ela tanto gosta de ver.
Há, por outro lado, as moças "descoladas", como as muitas musas de blocos de ruas do Rio de Janeiro ou uma parcela de ativistas, acadêmicas, atrizes ou musicistas "mais bacanas". Se as "coitadinhas" enfatizam o "mau gosto" das músicas que ouvem e só escutam a "MPB de trilha de novela", as "descoladas" enfatizam a MPB, mas são também "receptivas" às breguices culturais, que veem como "provocativas".
Há também a tendência das mulheres solteiras preferirem tatuar seus corpos do que ampliar seus conhecimentos. Se, com muita trabalheira, só conseguem conhecer o finado David Bowie através de uma versão do grupo gaúcho Nenhum de Nós que tocou até em rádios popularescas, elas compensam a dificuldade de ampliar suas mentes com a "modernidade transgressora" das tatuagens que há muito tempo deixaram de ser modernas ou transgressoras.
SE A MULHER SAIR DO ESQUEMÃO, TEM QUE TER MARIDO
Numa sociedade machista, a mulher solteira tem que se apegar à curtição, ao sensualismo e a baixos referenciais culturais. Segundo essa ideologia, quanto mais a solteira se comportar como uma idiota nas redes sociais, melhor. Isso é muito constrangedor e humilhante, mas infelizmente acontece com muita frequência.
Isso é muito diferente do que acontece na França, Bélgica e Alemanha, onde a mulher solteira é aquela que lê bons livros, lê bons filmes e ouve boas músicas. Mesmo a mais modesta mulher solteira é culta, se preocupa em desenvolver conhecimento, ampliar o saber, até se sensualiza mas não faz isso o tempo todo, mas de acordo com a natureza da situação.
O que acontece no Brasil é uma aberração. A solteira não quer ampliar conhecimentos, acha que exibir o corpo é "trabalho", acha "corajoso" ouvir músicas ruins que aparecem no topo das rádios de maior audiência e se comporta como uma idiota infantilizada nas mídias sociais.
Se a mulher sai desse esquema e quer adotar o perfil francês de mulher solteira, ela terá que deixar de ser solteira. Terá que ter um marido, geralmente um empresário insosso e desanimado para tudo, a não ser para as festas de gala, o que traz uma grande ironia.
Pois se as solteiras que "mostram demais" são meros objetos de culto erótico, combinações brutais de bolsas de silicone e corpos insossos, os maridos das mulheres realmente de perfil mais interessante é que não passam de paletós e sapatos de verniz abrigando corpos de homens insossos, que não têm o que dizer e só conseguem se afirmar pelo controle de uma empresa ou, se não for o caso, de um cargo de liderença dentro de uma profissão liberal.
Isso também é grave. A mulher que quer sair das pressões machistas, de "curtição e sensualidade a qualquer preço" e busca referenciais culturais de qualidade, precisa viver a sombra de um marido "importante", "bem-sucedido" e "poderoso", como se a independência feminina fosse um mal que precisa ser domado pela figura de um marido "prestigiado".
Daí a desigualdade que se observa. As mulheres casadas, em sua maioria, têm o perfil que poderia ser de mulheres independentes e sem vínculo com estereótipos machistas, mas que têm seu feminismo neutralizado pela figura machista de um marido "importante".
Já as mulheres solteiras têm que ser aquelas que "só se preocupam" em "curtir a vida" e "mostrar demais", seguindo "por conta própria" o receituário machista. Elas já cumprem "sozinhas" o que os homens querem que elas cumpram, podem ficar "encalhadas" à vontade.
Com isso, fica a impressão de que a mulher que luta por independência e aprimoramento cultural é desobediente com a supremacia machista e por isso precisa ser "amestrada" por um marido "poderoso". A mulher só pode "viver sozinha" se aceita ser objeto de curtição e erotismo, por obedecer ao machismo de forma que não precisa mais de um macho para controlá-la.
Essas aberrações deveriam ser denunciadas com mais frequência e mostram a perversidade da cultura midiática em criar e promover estereótipos sociais.
O Brasil tem uma das piores mídias do mundo. Isso influi em muitos aspectos, até no "espiritismo" que temos, igrejista, mistificador e hipócrita, e em muitos hábitos e crenças que seguem mais a cartilha de sociedades conservadoras e obscurantistas do que da modernidade de hoje.
Muito se fala das manobras que a grande mídia reacionária e corporativista faz. Defende os interesses de grandes grupos empresariais em detrimento do interesse público, e confunde o direito de fazer oposição ao Partido dos Trabalhadores com a depreciação gratuita do partido e de seus políticos, da "livre" difamação que se faz contra Lula, Dilma Rousseff, José Dirceu, José Genoíno etc.
Mas esses são apenas alguns aspectos principais. Há preconceitos sociais cruéis expressos, às vezes sem muita sutileza, nos programas humorísticos e nos comerciais de publicidade. Alusões a machismo e racismo aparecem em mensagens aparentemente bem humoradas. E há o noticiário policialesco, acusado de moralista e de glamourizar a violência.
O que poucas pessoas conseguem notar é que até a imagem da mulher solteira é depreciada, até com certa perversidade, pela grande mídia. Mas como certas manobras de depreciação social acontecem sob o véu do "popular", a opinião pública evita dar comentários maiores.
Sob o manto do "popular", tende-se a aceitar tudo, como se fosse um universo tomado pela "inocência" e pela "despretensão". Se fosse assim, como explicar os fratricídios, parricídios e homicídios diversos que ocorrem nas roças e subúrbios? O cara esfaqueou alguém porque queria testar o funcionamento da faca? E o assaltante comete esse crime porque quer se divertir?
E por que o problema da mulher solteira não é levado em conta? Por que muitos dos analistas da mídia são pessoas casadas e não conseguem ver o problema. E as mulheres solteiras que realmente trabalham também não conseguem acompanhar a mídia popularesca, até pelo "bom preconceito" de que o entretenimento "popular" está às mil maravilhas e, para qualquer problema, a Lei Rouanet resolve para transformar qualquer siliconada numa "nova Audrey Hepburn".
ESTEREÓTIPO DE SOLTEIRA INCLUI PÉSSIMOS REFERENCIAIS CULTURAIS
Mas a verdade é que a mulher solteira é um tipo massacrado pela grande mídia. Ela é depreciada através dos estereótipos que a exploração midiática, principalmente em páginas de celebridades (ou subcelebridades, em quantidade maior que as celebridades, o que revela que "esquecíveis" querem sempre ser lembrados), trabalha constantemente.
Através de "exemplos" que surgem aos montes - destaca-se Solange Gomes, Priscila Pires, Geisy Arruda, Mulher Melão etc - , esses estereótipos sempre apelam para péssimos referenciais culturais e para um estigma de que a mulher só quer solteira para "curtir" e "sensualizar", como se ela fosse uma "vagabunda" ou "irresponsável", segundo a ótica machista.
Geralmente a mulher solteira tem um péssimo gosto musical, se apega demais às noitadas e fica mostrando o corpo sem necessidade. É capaz de ir a um velório usando um vestido colante, apertado e curto, Ou, quando muito, um vestido "comportado" que, no entanto, deixa um "decote generoso" para os seios siliconados da moça.
A solteira sempre tem que ter os ouvidos sujos. Ela curte preferencialmente ritmos de gosto duvidoso como "sertanejo", axé-music, "pagode romântico" e "funk". E, quando tenta curtir MPB ou Rock Brasil, sempre pauta no que a Rede Globo de Televisão impõe como o que deve ser ouvido.
Não fossem as trilhas sonoras de novelas da Rede Globo, mesmo a solteira "um pouco mais intelectualizada" nunca iria apreciar Elis Regina ou Cássia Eller, não cantaria uma música de Tom Jobim e nunca ouviria Gonzaguinha para ficar berrando "É a vida, é bonita e é bonita! No gogó!".
O "grosso" das solteiras são aquelas que usam o corpo como mercadorias. Aí o machismo traz seu aspecto cruel. A mulher que não quer se casar nem ter um namorado é vista como "coisa", sua "missão" e seu "trabalho" são exibir seus corpos, porque o que importa é o corpo, aliás, nem o corpo, mas os peitos e glúteos reforçados por silicones.
Aí é que a coisa se agrava. A mulher solteira não tem valor, o valor dela não está nela, mas em quatro bolsas de silicones, que forjam um erotismo forçado, um sensualismo obsessivo, ininterrupto, repetitivo, grotesco, um sensualismo "na marra" que derruba qualquer possibilidade de sedução, porque a verdadeira sensualidade é sutil, eventual e discreta.
Uma inserção de quatro bolsas de silicones, as maiores para os glúteos, e sua combinação, em resultado grotesco e forçadamente sensual, nos corpos femininos, é o único sentido dominante da mulher solteira, reduzida a um mero objeto sexual.
Fora dessa órbita popularesca, mesmo as solteiras mais "discretas" ou "cultas" não escapam de estereótipos cruéis. Na classe média baixa, há a "coitadinha" que gosta de "pagode romântico" e "forró eletrônico" e que tem um comportamento submisso e ultraconvencional, que até ouve MPB, mas só as canções incluídas nas trilhas de novelas das 21 horas que ela tanto gosta de ver.
Há, por outro lado, as moças "descoladas", como as muitas musas de blocos de ruas do Rio de Janeiro ou uma parcela de ativistas, acadêmicas, atrizes ou musicistas "mais bacanas". Se as "coitadinhas" enfatizam o "mau gosto" das músicas que ouvem e só escutam a "MPB de trilha de novela", as "descoladas" enfatizam a MPB, mas são também "receptivas" às breguices culturais, que veem como "provocativas".
Há também a tendência das mulheres solteiras preferirem tatuar seus corpos do que ampliar seus conhecimentos. Se, com muita trabalheira, só conseguem conhecer o finado David Bowie através de uma versão do grupo gaúcho Nenhum de Nós que tocou até em rádios popularescas, elas compensam a dificuldade de ampliar suas mentes com a "modernidade transgressora" das tatuagens que há muito tempo deixaram de ser modernas ou transgressoras.
SE A MULHER SAIR DO ESQUEMÃO, TEM QUE TER MARIDO
Numa sociedade machista, a mulher solteira tem que se apegar à curtição, ao sensualismo e a baixos referenciais culturais. Segundo essa ideologia, quanto mais a solteira se comportar como uma idiota nas redes sociais, melhor. Isso é muito constrangedor e humilhante, mas infelizmente acontece com muita frequência.
Isso é muito diferente do que acontece na França, Bélgica e Alemanha, onde a mulher solteira é aquela que lê bons livros, lê bons filmes e ouve boas músicas. Mesmo a mais modesta mulher solteira é culta, se preocupa em desenvolver conhecimento, ampliar o saber, até se sensualiza mas não faz isso o tempo todo, mas de acordo com a natureza da situação.
O que acontece no Brasil é uma aberração. A solteira não quer ampliar conhecimentos, acha que exibir o corpo é "trabalho", acha "corajoso" ouvir músicas ruins que aparecem no topo das rádios de maior audiência e se comporta como uma idiota infantilizada nas mídias sociais.
Se a mulher sai desse esquema e quer adotar o perfil francês de mulher solteira, ela terá que deixar de ser solteira. Terá que ter um marido, geralmente um empresário insosso e desanimado para tudo, a não ser para as festas de gala, o que traz uma grande ironia.
Pois se as solteiras que "mostram demais" são meros objetos de culto erótico, combinações brutais de bolsas de silicone e corpos insossos, os maridos das mulheres realmente de perfil mais interessante é que não passam de paletós e sapatos de verniz abrigando corpos de homens insossos, que não têm o que dizer e só conseguem se afirmar pelo controle de uma empresa ou, se não for o caso, de um cargo de liderença dentro de uma profissão liberal.
Isso também é grave. A mulher que quer sair das pressões machistas, de "curtição e sensualidade a qualquer preço" e busca referenciais culturais de qualidade, precisa viver a sombra de um marido "importante", "bem-sucedido" e "poderoso", como se a independência feminina fosse um mal que precisa ser domado pela figura de um marido "prestigiado".
Daí a desigualdade que se observa. As mulheres casadas, em sua maioria, têm o perfil que poderia ser de mulheres independentes e sem vínculo com estereótipos machistas, mas que têm seu feminismo neutralizado pela figura machista de um marido "importante".
Já as mulheres solteiras têm que ser aquelas que "só se preocupam" em "curtir a vida" e "mostrar demais", seguindo "por conta própria" o receituário machista. Elas já cumprem "sozinhas" o que os homens querem que elas cumpram, podem ficar "encalhadas" à vontade.
Com isso, fica a impressão de que a mulher que luta por independência e aprimoramento cultural é desobediente com a supremacia machista e por isso precisa ser "amestrada" por um marido "poderoso". A mulher só pode "viver sozinha" se aceita ser objeto de curtição e erotismo, por obedecer ao machismo de forma que não precisa mais de um macho para controlá-la.
Essas aberrações deveriam ser denunciadas com mais frequência e mostram a perversidade da cultura midiática em criar e promover estereótipos sociais.
Comentários
Postar um comentário