Pular para o conteúdo principal

O moralismo cruel dos "espíritas"

"ESPÍRITAS" COSTUMAM VER NESSES COITADOS ANTIGOS TIRANOS "PAGANDO PELO QUE FIZERAM".

O "movimento espírita" tem uma moral estranha. Ele defende a Teologia do Sofrimento, que defende os infortúnios pesados como forma de "evolução social" dos indivíduos, e no seu juízo de valor, supõe encarnações anteriores das quais consideram as vítimas de hoje "culpadas" de supostas faltas passadas.

É um moralismo que corresponde à maior herança que Jean-Baptiste Roustaing, o advogado que produziu o duvidoso livro Os Quatro Evangelhos - que ele jura ter sido obtido de espíritos dos antigos evangelistas - , deixou no "movimento espírita", que hoje renega qualquer associação ao roustanguismo em prol de uma pretensa e hipócrita "fidelidade a Allan Kardec".

A "moral espírita" consiste em dizer que, se a pessoa sofre demais, ela "responde" por faltas passadas. Só que essa visão, de um descarado juízo de valor, é hipócrita, ante o desconhecimento que os próprios "espíritas" têm da Ciência Espírita, já que eles no fundo nunca se identificaram de verdade com o cientificismo e o rigor metodológico de Allan Kardec.

Que desonestidade doutrinária é esta que tem a autoridade de dizer que fulano sofre as desgraças de hoje porque teria sido um tirano no Império Romano, ou que era um senhor de engenho, um corrupto, um sanguinário, um fútil, um fanfarrão? Que certezas têm os "espíritas" para garantir que fulano foi alguma pessoa cruel no passado?

Quanto à Teologia do Sofrimento, para os "espíritas" o ideal é sofrer em silêncio, passar o tempo todo orando, não se preocupar em resolver o problema etc. Até quando busca um tratamento espiritual, em vez dos problemas serem resolvidos, outros, mais graves, são contraídos.

E pouco importa se a pessoa é castrada e acuada em infortúnios e barreiras intransponíveis. Parecemos minhocas que não podem pular uma roda de fogo, mas que isso é nossa obrigação e cabe fazê-la com perseverança e esforço descomunal, de preferência acima de nossas capacidades.

Tudo isso é feito visando as premiações da vida futura. As "graças" e "bênçãos" que o além-túmulo promete nos oferecer, nessa competição desigual em que as derrotas de uma encarnação seriam compensadas pelos "prêmios de consolação" após a morte, compensações estas que não sabemos o que é, mas os "espíritas" garantem serem "lindos presentes de Deus" para os bons sofredores.

Vamos, assim, obedecendo aos "desígnios do Alto", a sofrer infortúnios vindos do nada, a "vivermos como pudermos", a desperdiçarmos nossos potenciais com atividades à toa ou enfrentando barreiras insuperáveis, a perdermos pessoas valiosas que nos ajudariam muito, a termos que aturar pessoas sem valor cujo convívio traz prejuízos severos, tudo por conta de um prêmio de nada.

É muito fácil os "espíritas" defenderem tudo isso. Não são eles que perdem entes queridos, sofrem infortúnios, enfrentam limitações severas. Quando são duramente criticados, eles ainda vêm com choradeira, atribuindo os erros do "movimento espírita" a alguns "peixes pequenos" de "centros espíritas desorganizados". Eles, os "peixes-grandes", é que estão "sempre certos" até nos erros que cometem.

O moralismo "espírita" descreve o sofredor ou o desafortunado social como um "desgraçado que merece nosso carinho e misericórdia". Esse discurso revela uma crueldade sutil, porque contrapõe os "infelizes" e os "bonzinhos", num maniqueísmo bastante hipócrita e oportunista.

Afinal, os "espíritas" é que são "bons". Eles é que são "piedosos", agem por "compaixão", são de uma "misericórdia infinita". Já os que sofrem alguma desgraça ou limitação na vida e não conseguem controlar seus infortúnios, eles são os "desgraçados", os que "pagam caro pelo que fizeram", os que "sofrem por merecer".

Vejam só. De um lado, o paternalismo "bondoso" dos "espíritas", que apelam para o morde-e-assopra do juízo de valor severo, da presunção de que todo sofredor "responde por faltas de outras vidas" e que por isso "teve razões" para tanto sofrimento sem controle.

De outro, é a "assistência" um tanto tendenciosa, depois do juízo de valor cruel, em que primeiro se acusa para depois socorrer, em que primeiro vem a maledicência e depois a misericórdia, o que mostra que essa "compaixão" não é tão piedosa assim.

Na "moral espírita", a pessoa é como um peixinho de rio que é obrigado a escalar uma montanha. A ele se exigem esforços descomunais, acima de suas capacidades, buscando alternativas surreais e agindo com fé e perseverança. Mas o peixinho não tem condições para escalar a montanha, e, se sair da água, morreria.

Pouco importa isso para os "espíritas". Se o peixinho não tem condições, "falta-lhe a fé". Se ele deixa de tomar iniciativa, é por "falta de perseverança". Adeptos da Teologia do Sofrimento, os "espíritas" simplesmente dizem para quem está acuado pelos infortúnios e barreiras insuperáveis: "saiam já daí, se virem!".

Isso é crueldade. Primeiro se faz um julgamento sem fundamento, mas baseado em falsas noções de vida espiritual, numa doutrina que demonstrou não ter qualquer apreço com o verdadeiro pensamento de Allan Kardec. Segundo, se presta assistência paliativa só para dar a impressão de que os "espíritas" são "bonzinhos", que "ajudam" o "desgraçado" com sua "misericórdia infinita".

Em contradição, a religião "espírita" empurra o sofredor para continuar aguentando suas limitações e barreiras, com dificuldades criadas para sua superação, sempre desafiando as condições e capacidades que o desafortunado tem limitadas, e que mesmo o esforço mais hercúleo não consegue dar em compensações e superações reais.

Diante desse moralismo, como é que o "espiritismo" brasileiro fala em querer que as pessoas vivam felizes? Depois de tudo isso, eles ainda falam, sorridentemente: "viva cada momento". Como se é o momento presente que se encontram sérias barreiras para uma vida melhor? Como sonhar coisas bonitas num momento de intenso pesadelo?

Isso se torna muito fácil quando aqueles que dizem tudo isso vivem em situação confortável de astros da religiosidade, que se beneficiam às custas do sofrimento alheio, protegidos por uma falsa roupagem de superioridade que lhes enche de vaidade e orgulho extremo.

No entanto, aqueles que dizem que o sofrimento "é lindo" e que tenhamos que sofrer as piores coisas visando as "bênçãos da vida futura" são os mesmos que, iludidos com as recompensas terrenas que recebem pelo fato de serem "bonzinhos", como os "prêmios humanitários" recebidos, mal sabem o que esperará por eles.

Pois serão eles que, no além-túmulo, em vez de receberem também as "bênçãos futuras" que tanto rogam aos desafortunados, receberão as desilusões do mundo espiritual que se mostrará diferente do que suas lindas fantasias insistiram tanto em supor.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

Chico Xavier e Divaldo Franco NÃO têm importância alguma para o Espiritismo

O desespero reina nas redes sociais, e o apego aos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco chega aos níveis de doenças psicológicas graves. Tanto que as pessoas acabam investindo na hipocrisia para manter a crença nos dois deturpadores da causa espírita em níveis que consideram ser "em bons termos". Há várias alegações dos seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco que podemos enumerar, pelo menos as principais delas: 1) Que eles são admirados por "não-espíritas", uma tentativa de evitar algum sectarismo; 2) Que os seguidores admitem que os "médiuns" erram, mas que eles "são importantes" para a divulgação do Espiritismo; 3) Que os seguidores consideram que os "médiuns" são "cheios de imperfeições, mas pelo menos viveram para ajudar o próximo". A emotividade tóxica que representa a adoração a esses supostos médiuns, que em suas práticas simplesmente rasgaram O Livro dos Médiuns  sem um pingo de es...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

Chico Xavier cometeu erros graves, entre os quais lançar livros

PIOR É QUE ESSES LIVROS JÁ SÃO COLETÂNEAS QUE CANIBALIZARAM OS TERRÍVEIS 418 LIVROS ATRIBUÍDOS A FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. Chico Xavier causou um sério prejuízo para o Brasil. Sob todos os aspectos. Usurpou a Doutrina Espírita da qual não tinha o menor interesse em estudar e acabou se tornando o "dono" do sistema de ideias lançado por Allan Kardec. Sob o pretexto de ajudar as famílias, se aproveitou das tragédias vividas por elas e, além de criar de sua mente mensagens falsamente atribuídas aos jovens mortos, ainda expôs os familiares à ostentação de seus dramas e tristezas, transformando a dor familiar em sensacionalismo. Tudo o que Chico Xavier fez e que o pessoal acha o suprassumo da caridade plena é, na verdade, um monte de atitudes irresponsáveis que somente um país confuso como o Brasil define como "elevadas" e "puras". Uma das piores atitudes de Chico Xavier foi lançar livros. Foram 418 livros fora outros que, após a morte do anti-médium m...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

Padrão de vida dos brasileiros é muito sem-graça e atrasado para virar referência mundial

Pode parecer uma grande coincidência, a princípio, mas dois fatores podem soar como avisos para a pretensão de uma elite bem nascida no Brasil querer se tornar dominante no mundo, virando referência mundial. Ambos ocorreram no âmbito do ataque terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, em Israel. Um fator é que 260 corpos foram encontrados no local onde uma rave  era realizada em Israel, na referida região atingida pelo ataque que causou, pelo menos, mais de duas mil mortes. O festival era o Universo Paralello (isso mesmo, com dois "l"), organizado por brasileiros, que teria entre as atrações o arroz-de-festa Alok. Outro fator é que um dos dois brasileiros mortos encontrados, Ranani Glazer (a outra vitima foi a jovem Bruna Valeanu), tinha como tatuagem a famosa pintura "A Criação de Adão", de Michelangelo, evocando a religiosidade da ligação de Deus com o homem. A mensagem subliminar - lembrando que a tatuagem religiosa não salvou a vida do rapaz - é de que o pretenso pr...

Propagandista de Chico Xavier, família Marinho está na lista de mais ricos do país

Delícia promover a reputação supostamente inabalável de um deturpador da Doutrina Espírita como Francisco Cândido Xavier. As Organizações Globo (Rede Globo, O Globo, Época, Globo News) é propriedade dos irmãos Marinho, que estão no grupo seleto dos oito brasileiros mais ricos do mundo. Numa lista que inclui nada menos do que três sócios da Ambev, uma das maiores empresas fabricantes de cerveja no Brasil, os irmãos João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu, filhos do "lendário" Roberto Marinho, somam, juntos, cerca de R$ 41,8 bilhões, cerca de um sétimo da fortuna total dos oito maiores bilionários do Brasil: R$ 285,8 bilhões. Sabe-se que a Rede Globo foi a maior propagandista de Chico Xavier e outros deturpadores da Doutrina Espírita no Brasil. As Organizações Globo superaram a antiga animosidade em relação ao anti-médium e resolveram reinventar seu mito religioso, baseado no que o inglês Malcolm Muggeridge fez com Madre Teresa de Calcutá. Para entender esta histór...

URGENTE! Divaldo Franco NÃO psicografou coisa alguma em toda sua vida!

Estamos diante da grande farsa que se tornou o Espiritismo no Brasil, empastelado pelos deturpadores brasileiros que cometeram traições graves ao trabalhoso legado de Allan Kardec, que suou muito para trazer para o mundo novos conhecimentos que, manipulados por espertos usurpadores, se reduziram a uma bagunça, a um engodo que mistura valores místicos, moralismo conservador e muitas e muitas mentiras e safadezas. É doloroso dizer isso, mas os fatos confirmam. Vemos um falso Humberto de Campos, suposto espírito que "voltou" pelos livros de Francisco Cândido Xavier de forma bem diferente do autor original, mais parecendo um sacerdote medieval metido a evangelista do que um membro da Academia Brasileira de Letras. Poucos conseguem admitir que essa usurpação, que custou um processo judicial que a seletividade de nossa Justiça, que sempre absolve os privilegiados da grana, do poder ou da fé, encerrou na impunidade a Chico Xavier e à FEB, se deu porque o "médium" mi...