A temporada de mentiras do "movimento espírita" se intensifica. Os mistificadores da Doutrina Espírita e deturpadores do pensamento de Allan Kardec tentam alegar fidelidade absoluta ao pedagogo francês, enquanto cometem traições o tempo todo.
Achando que Kardec é como a esposa traída que tudo perdoa, os "espíritas" tentam fazer crer que reprovam o igrejismo, a mistificação, a deturpação e as fraudes. No entanto, são práticas que eles mesmos fazem, mas que no discurso tentam renegar como se quisessem apenas condenar o mau exemplo dos outros.
É assustador que muitos sítios dessa forma deturpada de Espiritismo venham com manifestações de "fidelidade absoluta" e "cumprimento rigoroso" do pensamento de Allan Kardec. Chegam a citar Erasto, enquanto põem uma ilustração em que Chico Xavier parece quase escondidinho, como se entrasse nos debates kardecianos pela porta dos fundos.
Surgem "cavaleiros da esperança" julgando "total e inabalável lealdade" à trajetória de Kardec e seu pensamento, podendo ser um já falecido Rino Curti e seu "espiritismo progressista (?!)", como os recentes Alamar Régis Carvalho, Orson Peter Carrara ou mesmo um Artigos Espíritas lá de Portugal, todos se achando "fiéis defensores" do cientificismo de Allan Kardec.
Um artigo recente do blogue Artigos Espíritas, Espiritismo ou Espiritismos?, apela para a "boa teoria", naquela mesma declaração de suposta fidelidade ao professor francês, em que existe a reprovação do igrejismo, alegando que a Doutrina Espírita não pode "ser mais um joguete dos seres humanos, que a utilizassem a seu belo prazer". Um trecho ilustrativo é este:
"A obra de Kardec permanece segura, bem estruturada, e ainda não é bem entendida pela grande maioria de nós, o que é natural tendo em conta que é algo muito recente, apenas com 158 anos de idade.
Os espíritas (adeptos da ideia espírita) entendem a Doutrina dos Espíritos de acordo com a sua capacidade de entendimento, que varia em grau e em profundidade, o que é perfeitamente normal, saudável, desde que haja bom senso, discernimento, lucidez, equilíbrio e uma normal troca de ideias, dentro da assertiva espírita da fraternidade, da caridade, do Amor entre todos.
Pelo processo da reencarnação, muitos de nós, espíritas, somos ex-padres e ex-freiras, oriundos do catolicismo dominante no Ocidente, desde sempre. Ainda presos aos atavismos do passado, vamos levando para os centros espíritas muitas coisas que nada têm a ver com a essência universal do Espiritismo, como toalhas brancas para a mesa (saudades dos altares?), fotografias de Jesus e de vultos espíritas (saudades dos santos das Igrejas?), rezas em coro e cânticos igrejeiros (reminiscências do catolicismo?), o "Amen" no fim de uma prece, posturas igrejeiras e castradoras por parte de dirigentes espíritas (saudades do clero?) (tudo isto criticado por Kardec, in "Viagem Espírita em 1862", cap. XI e seguinte).
Paralelamente, ao nível da divulgação espírita, em termos locais, regionais, nacionais e internacionais, vamos perdendo a essência do espiritismo, o estatuto de livre-pensador, para começarmos a criar organizações, grupos, por vezes sectários, dentro dos movimentos espíritas, feitos pelos homens, que muitas vezes vão contra a essência da Doutrina dos Espíritos (que não é sectária).
É fundamental que as organizações de divulgação espírita, seja a que nível for, as Federações Espíritas em todos os países, não se tornem uma reedição dos Bispados de outrora, assim como é importante que o Conselho Espírita Internacional (CEI) não seja entendido como um papado espírita".
O grande problema é que o blogue corteja Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, dois dos maiores traidores da Doutrina Espírita e dois dos maiores mistificadores e deturpadores de sua doutrina, dois dos responsáveis diretos pela conversão da Doutrina dos Espíritos num puro igrejismo. E essa condenação ao "papado espírita" já teve exemplo similar através de Alamar Régis.
De que adianta defender a fidelidade a Allan Kardec e, ao mesmo tempo, exaltar dois dos maiores traidores de seu pensamento? Artigos Espíritas já publicou um artigo intitulado "A Essência do Espiritismo", com todo o papo sobre fidelidade a Kardec.
O mesmo texto depois exalta Divaldo Franco, citando que o anti-médium baiano recebeu um premiozinho na Assembleia Legislativa da Bahia. E sabemos por que, sendo ele um suposto médium que é considerado "o maior filantropo do mundo" porque a Mansão do Caminho só ajudou 0,08% de soteropolitanos, algo que, em dimensões mundiais, é sinônimo de nada.
É muita bajulação a Allan Kardec, é tanta falsa defesa à trilogia Ciência, Filosofia e Moral e, por debaixo dos panos, transmite o mesmo igrejismo que diz reprovar e exalta justamente duas figuras que mais traíram e mais deturparam o pensamento de Allan Kardec, dois anti-médiuns brasileiros que no fundo nunca se sentiram identificados com o pensamento do professor francês.
Chico Xavier, católico de carteirinha, foi o que mais estimulou a invasão de espíritos jesuítas no "espiritismo" brasileiro. Divaldo Franco inseriu misticismo barato, como a ideia discriminatória de "crianças-índigo", uma forma de isolar "positivamente", como num "holocausto do bem", pessoas que não conseguem pensar como as "multidões bovinas" da sociedade pós-moderna e tecnocrática.
Esses dois foram justamente os que mais traíram Kardec, os que mais contrariaram sua doutrina, o que mais desrespeitaram, empastelaram e arruinaram com a novidade espírita, destruindo o legado de Kardec com fantasias, alucinações, fraudes, pastiches e tudo o mais que é traiçoeiro e leviano, mas é acobertado pelo pretexto tendencioso do "amor e caridade".
É muita bajulação à pessoa de Allan Kardec e ao seu legado. Parece coisa de Rolando Lero da Escolinha do Professor Raimundo bajulando o seu professor, mas não entendendo bulhufas dos seus ensinamentos. Mas é o "movimento espírita", que puxa o saco do professor lionês fingindo que segue rigorosamente suas lições mas cometendo traições o tempo todo. Dizer é fácil, fazer é que é difícil.
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