
ERASTO DE PANEAS REJEITARIA, SEM A MENOR HESITAÇÃO, FIGURAS COMO CHICO XAVIER.
O "espiritismo" brasileiro faliu. Sua confusão doutrinária, suas contradições, os desentendimentos diversos e a desonestidade doutrinária - com traições das mais vergonhosas aos postulados espíritas originais - fizeram a religião introduzida em 1884 uma vergonha que a coloca junto das mais baixas seitas religiosas, como a Igreja Mundial do Poder de Deus (de Valdomiro Santiago) e Igreja Batista da Lagoinha (a seita bolsomínion de André Valadão e Guilherme de Pádua).
São tantos clamores pelo "respeito a Allan Kardec", mas ditas de peito estufado mas da boca para fora. Frases de efeito do tipo "não vamos só entender Kardec, mas vivê-lo no dia a dia" são disparadas por dirigentes envaidecidos que são os traidores de primeira hora, os primeiros a pular a cerca dos postulados espíritas com o igrejismo ensinado (de maneira traiçoeira) por Francisco Cândido Xavier.
A trajetória de Chico Xavier já é um rol de confusões que deveria causar vergonha, revolta e repúdio, se o Brasil não fosse um país menos ingênuo e muito menos burro. A obsessão e o apego a Chico Xavier, que atinge tanto graus doentios quanto enrustidos, no primeiro caso com os "fanáticos" espumando rancor quando são contrariados, no segundo caso criando "isentões" paranoicos em ficar com a "palavra final" nos debates, mostra o quanto a religião "espírita" já nasceu decadente.
Sob acusações de esquizofrenia e problemas mentais, Chico Xavier foi associado a uma suposta mediunidade, cheia de irregularidades - denunciadas, por acidente, até por seus aliados, como no caso das "revisões" de Parnaso de Além-Túmulo, reveladas em cartas de Chico a Wantuil de Freitas - , cujas fraudes são mais reconhecidas por católicos que revelam os bastidores dessas ações desonestas do que dos "isentões (não)espíritas" que preferem mascará-las.
Querem blindar Chico Xavier com o "mistério da fé" das falsas psicografias, em que tudo se revela falso: assinaturas "espirituais" que não combinam com as deixadas em vida, aspectos estilísticos que se contradizem, informações que apenas "coincidem" com as verídicas pela reprodução de dados trazidos pela "leitura fria" e por fontes escritas.
Todavia, em vez das pessoas admitirem o óbvio, preferem deixar "em aberto", mais pelo medo de ver cair em desgraça um ídolo religioso produzido pelo andar das conveniências - Chico Xavier é um ídolo religioso "fabricado" tal como a igualmente megera Madre Teresa de Calcutá pelas mãos de Malcolm Muggeridge - do que para buscar a coerência e a transparência dos fatos.
ATÉ A "CARIDADE" DE CHICO XAVIER FOI UM BLEFE
Chico Xavier não fez caridade. Nunca fez. Se fez algumas generosidades, isso não é digno de nota e nem de admiração, mesmo a mais discreta, porque, se fosse assim, qualquer chefão da Máfia viraria "símbolo da caridade" porque carrega bebê no colo e dá beijinho em sua cabeça. Lembremos que até o sanguinário Jim Jones, de uma macabra seita estadunidense, também posou ao lado de crianças pobres e nem por isso ele é considerado "apenas um sujeito humilde que falhou".
Chico Xavier não mexeu um dedo para combater a pobreza real dos excluídos. Ele apenas negou o cachê da venda dos livros, mas era sustentado de maneira confortável pelos dirigentes da FEB. Ele pode ter tido origem pobre, mas, uma vez virado um suposto médium, a pobreza foi deixada de lado, virando uma celebridade religiosa das mais fúteis e privilegiadas do Brasil.
Quem fazia a "caridade" - e, mesmo assim, nos limites fajutos do mero Assistencialismo, glorificado quando este é feito sob o rótulo da "fé cristã" - eram os seguidores, que como formigas fizeram sua parte, embora essa "caridade" tenha sido gancho para as elites despejarem seu lixo (como roupas fora de moda, por exemplo) e cometerem até "lavagem de dinheiro". Por outro lado, essa "caridade" também resultou em superfaturamento das instituições "espíritas", enriquecendo dirigentes e garantindo a vida confortável dos "médiuns" (os "sacerdotes" da religião "espírita").
Devemos lembrar que Chico Xavier usou a "caridade" como escudo, porque ele fez atos desonestos, se passando por autores mortos para divulgar obscurantismo religioso, ou seja, valores moralistas e religiosos dos mais retrógrados, alguns resgatados da Idade Média, mas que precisavam de um "verniz" moderno para voltarem à tona, principalmente no Brasil bolsonarista de hoje.
Aliás, se há alguém que, por afinidade de sintonias, recebe boas vibrações de Chico Xavier, este sujeito se chama Jair Messias Bolsonaro, porque ele, mesmo fazendo um governo desastroso, se mantém incólume na sua trajetória política, mesmo pesando sobre ele acusações graves como o suposto envolvimento com milicianos que mataram a vereadora Marielle Franco.
Pois Jair Bolsonaro - espécie de "modo pesadelo" de Chico Xavier - teve uma origem arrivista semelhante à do "médium", e os dois compartilham praticamente todas as ideias ultraconservadoras, com exceção da violência explícita, refutada pelo "médium". Mas reforma trabalhista, reforma previdenciária, Operação Lava Jato, Escola Sem Partido e "cura gay" agradariam em cheio Chico Xavier, queiram ou não queiram seus seguidores, sejam fanáticos ou "isentos".
Bolsonaro armou um plano terrorista gravíssimo, mas recebeu leve punição, depois foi eleito parlamentar - com uma carreira de deputado federal abaixo da medíocre - , e, mesmo assim, teve o caminho aberto para conquistar a Presidência da República. Lembra muito Chico Xavier que, com seus fakes literários, recebeu a impunidade de um juiz suplente (João Frederico Mourão Russell) - isso lembra muito Lava Jato - e teve o caminho aberto para ser o "santo de pau oco" do imaginário conservador brasileiro.
Chico Xavier cometeu ainda a maior traição: desfigurar a Doutrina Espírita. Substituindo o cientificismo de Kardec com o igrejismo de origem medieval, Chico Xavier cometeu um grave, preocupante e nocivo desserviço que fez os brasileiros terem uma péssima e errada compreensão do que é a Doutrina dos Espíritos, o que fez com que o legado kardeciano se reduzisse a um engodo mistificador, igrejeiro, pseudo-científico e até com delírios esotéricos dos mais patéticos.
A confusão doutrinária, as contradições, as irregularidades "mediúnicas" - com o caso gravíssimo de um suposto "espírito Humberto de Campos" diferente do original - , a espetacularização da morte com as "cartas mediúnicas", a defesa da ditadura militar e a suspeita premiação da Escola Superior de Guerra a Chico Xavier - se houve essa premiação, é porque o "médium" foi um dos maiores colaboradores do regime dos generais - , tudo isso representou a ruína do "espiritismo" brasileiro.
A religião "espírita" tornou-se tão somente a realização final do que até mesmo a Bíblia nos alertou com mais de dois mil anos de antecedência: a "Torre de Babel" na qual pessoas supostamente abençoadas queriam construir escadarias para o Céu, sob a intenção de "alcançar Deus", e em dado momento se desentendem através da divergência de interesses.
Tantas divergências, relacionadas a detalhes como se a "profecia" de Chico Xavier fez ou não sentido, ou quanto aos níveis da deturpação, se deveria dar ou não crédito a Jean-Baptiste Roustaing, se Emmanuel tem ou não valor, se o igrejismo "espírita" poderia ou não apoiar Bolsonaro, mostram essa "Torre de Babel" onde se metem até os "isentões" que não se dizem "espíritas", mas que se empenham em blindar o famoso "médium".
O caráter brocha dos jornalistas investigativos, depois da iniciativa corajosa de Attila Paes Barreto - autor do seminal livro O Enigma Chico Xavier Posto à Clara Luz do Dia, de 1944 - , tornou-se preocupante no país do "jeitinho brasileiro". O jornalista investigativo, de atuação correta mas sem grandes façanhas, Saulo Gomes, falecido há pouco tempo, abandonou este dom quando, ao conhecer Chico Xavier, atuou mais como um propagandista a promover um ídolo religioso.
Mas o pior é a blindagem midiática. Depois das atuações dos Diários Associados - a primeira corporação midiática a blindar Chico Xavier, através da TV Tupi e de um lobby de atores e diretores que acabaram seduzindo Humberto de Campos Filho - e da Rede Globo de Televisão (que moldou um Chico Xavier "caridoso" usando o roteiro de Muggeridge), agora a Folha de São Paulo tornou-se o último reduto de um chiquismo desesperado.
IGNORAMOS ERASTO
Os brasileiros ignoraram os alertas de Erasto de Paneas, discípulo de Paulo de Tarso que, em mensagem espiritual encomendada por Allan Kardec, alertou sobre os deturpadores do Espiritismo, os "inimigos internos" que seduzirão até mesmo pessoas com algum esclarecimento mas que são emocionalmente vulneráveis.
Segundo Erasto, era mais aceitável rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira. Mas a mentira que simbolizou Chico Xavier foi aceita de maneira submissa e tornou-se uma bola de neve na qual as pessoas agora se sentem inseguras e medrosas em abandonar o ídolo religioso, ao qual se manifesta um apego muito mais perigoso e danoso do que todo tipo de apego material que os "espíritas" dizem combater.
Chico Xavier virou até mesmo "cortina de fumaça" para evitar discutir a crise da ditadura militar. Era um sujeito ultraconservador mas cuja suposta associação à humildade fez enganar as esquerdas. Mas até entre elas - e não se fala apenas nas "esquerdas namastê", mas mesmo em esquerdas críticas das esquerdas - há um grande medo em questionar Chico Xavier, sobretudo quando se usa o surrado bordão "ele fez caridade", que de tão surrado soa muito duvidoso, pelas razões acima descritas.
As advertências do espírito Erasto recomendavam rejeição rigorosa à deturpação espírita. Onde houver um menor erro, rejeitava-se sem piedade. O próprio Kardec corroborava com isso, e o rigor da Lógica e do Bom Senso é que eram os critérios seguros para a compreensão do Espiritismo, o que significa que estes dois critérios nunca foram o forte da obra xavieriana, que renegava a Lógica e o Bom Senso e preferia a supremacia da Fé sobre a Razão, postura rejeitada pela literatura espírita original.
O "espiritismo" brasileiro irá persistir por um tempo. Segundo muitos dizem, ao passar o bolsonarismo o "movimento espírita" sinalizará apoio a Luciano Huck e ao seu Renova BR. Seguindo os "identitaristas de esquerda" (como funkeiros e mulheres siliconadas), se aproximando pelo universo "progressista" da Folha de São Paulo, todos se aliarão a Luciano Huck, Tábata Amaral e Jorge Paulo Lemann na execução do "bom mocismo" e das práticas assistencialistas. O "espiritismo" brasileiro buscará protagonismo no neoliberalismo social de Huck.
Com isso, o verdadeiro Espiritismo vai assistir ao circo pegando fogo, porque os traidores de Allan Kardec, que o beijam de forma hipócrita após cada traição, vão expor suas demagogias e suas falsidades, com Chico Xavier como seu expoente maior, através dos "fakes do bem" que, mortos, "deixam de falar por si mesmos" para "falarem igualzinho" ao "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.
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