Pular para o conteúdo principal

Mídia brasileira continua depreciando a mulher solteira


A mídia do entretenimento brasileira é famosa por glamourizar preconceitos sociais. Pobres, negros, mulheres, crianças, quem não representar o paradigma do macho, mais velho, branco, rico e poderoso acaba sendo manipulado pela mídia de forma que, em certos casos, abordagens pejorativas sejam promovidas como se fossem "qualidades positivas".

A mulher solteira é também vítima dessa manipulação midiática, comandada pela Rede Globo mas exercida também por suas concorrentes. E mais uma vez a apelação atinge as solteiras através da música "Tô Solteira de Novo", "continuação" do antigo sucesso da funkeira Valesca Popozuda, intitulado "Agora Eu Tô Solteira".

Alguém em sã consciência vai parar para pensar e constatar que uma solteira de verdade não se preocuparia em fazer "músicas de solteira". Isso não existe. No Primeiro Mundo, a mulher que se considera "solteira e feliz" não fica alardeando isso, ela fica falando de outros assuntos, sem ficar a todo momento falando em sensualidade ou sexo.

Valesca é das últimas "musas populares" que, após o fim do portal Ego - reduto do sensualismo obsessivo das "musas populares", que não raro beirava ao mau gosto gratuito - , vende uma imagem caricatural e forçada da "mulher solteira", se valendo sempre dos mesmos bordões que causam muita suspeita por serem sempre o mesmo texto.

São esses bordões: "Estou solteiríssima", "os homens fogem de medo de mim", "estou à procura de um príncipe encantado" e outras frases parecidas. Desde o sucesso do É O Tchan, ouvimos ou lemos diferentes mulheres dizendo a mesmíssima coisa, como se fosse um texto decorado.

Essas "musas" sempre estão a serviço de uma visão caricatural da mulher solteira no Brasil, voltada a uma sensualidade obsessiva, uma curtição compulsiva, um hedonismo extremamente forçado. É como se, sutilmente, a mídia trabalhasse a mulher solteira como uma desocupada que só fica preocupada em frequentar noitadas, ir à praia ou exibir suas "generosas formas corporais", geralmente com glúteos e bustos siliconados, piercing no umbigo e alguma tatuagem.

Valesca tenta, agora, promover uma imagem de "líder feminista" e está fazendo tratamento de redução de glúteos. Isso não adianta muito, porque ela sempre trabalhou uma "sensualidade" que está de acordo com os padrões machistas de mulher-objeto.

HIGIENISMO

Essa imagem extremamente caricata da mulher solteira tem dois propósitos, de caráter higienista e até mesmo eugenista. Um é desestimular, nas mulheres pobres, a busca de uma vida amorosa estável, evitando a união de homens e mulheres afins nas classes populares, impedindo a solidariedade conjugal e familiar que possa refletir na união comunitária e na ampliação dos movimentos populares.

Desta forma, crianças nascem sem a ideia da união conjugal do pai e da mãe. A figura paterna, associada a ações de enfrentamento e coragem - não que a figura da mãe não se associe também a ações deste nível, mas os contextos são outros - , é praticamente ausente ou, na melhor das hipóteses, distante e eventual, o que faz com que os meninos tenham dificuldade de aprender o que um homem adulto faz para vencer na vida.

Em comunidades ainda dominadas por valores retrógrados, como são as favelas e os subúrbios, herança da opressão coronelista de muitas pessoas vindas das zonas rurais para as cidades, novidades como a causa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) são indigestas, ainda mais quando as religiões evangélicas, hostis a essa novidade, dominam o imaginário religioso do povo pobre.

A imagem "descontraída" e "livre" da "solteira que não tem medo de se divertir" e, a pretexto de expressar a "liberdade do corpo", exibe seu físico exagerado por uma demanda de machos, que lotam plateias, compram revistas e dão mais audiência à TV e à Internet por conta da "boazuda do momento", é feita para impedir que moças jovens pobres, que veem nas "musas" um ideal de ascensão social, se preocupem em se casarem e formarem famílias.

Isso faz com que a higienização social ocorra nos dois lados. Um, evitando que nasçam mais filhos nas classes populares, sobretudo negros, índios e mestiços. Outro é que, se caso as solteiras tiverem uma vida sexual descontrolada, a alta natividade de crianças é "compensada" pelos abusos da violência policial ou marginal, que dizimam tantos pobres inocentes, sem poupar crianças.

A ideia é estabelecer, a médio ou longo prazo, um "enxugamento" da população pobre, negra, índia ou mestiça, diminuindo a natividade. Através de uma "cultura" popularesca, difundida pelas redes de televisão, mostra mulheres de origem mestiça adotando uma postura caricatural da mulher hipersexualizada, e ídolos musicais com canções que falam de conflitos amorosos que soam como hipnoses para um público que também ouve tais músicas nas rádios FM regionais.

Por outro lado, nas classes mais abastadas, o processo é o inverso. Estimula-se o casamento à mulher de considerável instrução e que, embora dotada de beleza atrativa e formosura corporal, não se preocupa em vender a imagem de sexy o tempo inteiro. Ela pode até posar em fotos sensuais de vez em quando ou usar roupas sensuais, ainda que sem exageros, mas de vez em quando ela pode abrir mão da sensualidade e se ocupar em outras atividades.

Ainda que essa mulher, ao se casar, geralmente com um homem mais velho e que ocupa uma posição de comando ou liderança, leve uma vida de "solteira" - pelo menos comparecendo à maior parte dos eventos sem que o marido apareça ou tenha, ao menos, sua presença registrada em fotos - , o vínculo dela com seu cônjuge é um fator que o sistema de valores dominante no Brasil se empenha em manter estável e permanente.

Esta mulher se sente desencorajada a ficar solteira, ao ver que o paradigma da solteira vigente no Brasil é o da ociosa "sensual", a desocupada que só frequenta noitadas, usa tatuagem, exibe demais o corpo e não demonstra grandes qualidades intelectuais. No gosto musical, a "solteira" está associada às piores músicas que ouve através de rádios "populares" controladas por oligarquias empresariais locais.

Isso desestimula a mulher de perfil mais diferenciado de viver uma vida de solteira. A imagem de vulgaridade a constrange, fazendo com que a mulher diferenciada tenha que se apressar na vida amorosa, acolhendo o primeiro homem "mais influente" que aparece em seu caminho.

Essa tendência revela o quanto o feminismo, no Brasil, ainda tem que negociar com o machismo para ter algum espaço. Contraditoriamente, o machismo "aconselha" as mulheres emancipadas a se casarem, se vinculando à imagem masculina do "provedor", enquanto libera as mulheres que fazem o papel de "objetos sexuais" para ficarem sozinhas até não se sabe quando.

É como se o machismo tivesse que controlar os impulsos da mulher de se livrar do jugo machista. O machismo age para controlar a emancipação feminina, impondo a figura do marido poderoso, como se a mulher emancipada tivesse que ser domada pela figura machista do "provedor".

Por outro lado, as mulheres que fazem o papel de "brinquedos sexuais", mesmo quando se autoproclamam, tendenciosamente, "feministas" - algo feito, sobretudo, para agradar acadêmicos e ativistas culturais - , obedecem "por contra própria" as diretrizes machistas, sendo dispensadas da figura "reguladora" do marido.

No sentido da geração de filhos, nas classes abastadas se estimula a figura da família conjugal estável, do casamento que dura anos, mesmo que seja sem amor nem afinidades pessoais. A figura da mulher atraente por sua inteligência, charmosa e discreta, é associada ao marido poderoso (geralmente um empresário ou profissional liberal, tipo médico, economista e advogado), às vezes bem mais velho e mais sisudo, é feita também para permitir a formação social estável dos filhos.

Claro que também há problemas. Nas classes pobres, os filhos sentem uma forte tristeza ao verem outros casais de pais e mães com seus filhos, e, comparando com estes, se sentem "órfãos de pais vivos", a só ter o convívio paternal "de vez em quando" e, geralmente, com a companhia de outra mulher, não havendo o prazer das crianças pobres em ver seus pais biológicos unidos.

Já nas classes mais abastadas, os problemas são outros. Casais sem afinidade, mas forçadamente estáveis, transtornam os filhos de outra maneira. Embora eles estejam em situação confortável de viverem sob o casamento estável de seus genitores, eles percebem a falta de cumplicidade, não raro vendo a "solidão a dois" do casal, sobretudo quando a mãe se reúne com as amigas para falar mal do marido e este, com seus amigos, reclamar também da esposa.

Ser mãe solteira é mais complicado nas classes pobres do que nas classes abastadas, por razões óbvias. Mas há um elemento extra: a surreal situação de que casais afins, nas classes pobres, se dissolvem com muito mais facilidade que os casais abastados sem afinidade, que, quando se separam, enfrentam divórcios caríssimos e deixem perplexos amigos, sócios e colegas de trabalho.

Numa época em que os retrocessos sociais são retomados com toda a força, uma "saudável" abordagem da mulher solteira pela mídia do entretenimento esconde um processo muito perverso de higienização social, pois há a sutil preocupação de evitar que populações negras, índias e mestiças gerem mais descendentes, enquanto a população branca é estimulada a gerar filhos em relações estáveis e com formação social menos problemática.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh...

Carlos Baccelli era obsediado? Faz parte do vale-tudo do "espiritismo" brasileiro

Um episódio que fez o "médium" Carlos Bacelli (ou Carlos Baccelli) se tornar quase uma persona non grata  de setores do "movimento espírita" foi uma fase em que ele, parceiro de Francisco Cândido Xavier na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, estava sendo tomado de um processo obsessivo no qual o obrigou a cancelar a referida parceria com o beato medieval de Pedro Leopoldo. Vamos reproduzir aqui um trecho sobre esse rompimento, do blog Questão Espírita , de autoria de Jorge Rizzini, que conta com pontos bastante incoerentes - como acusar Baccelli de trazer ideias contrárias a Allan Kardec, como se Chico Xavier não tivesse feito isso - , mas que, de certa forma, explicam um pouco do porquê desse rompimento: Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessi...

Falsas psicografias de roqueiros: Raul Seixas

Vivo, Raul Seixas era discriminado pelo mercado e pela sociedade moralista. Morto, é glorificado pelos mesmos que o discriminaram. Tantos oportunistas se cercaram diante da imagem do roqueiro morto e fingiram que sempre gostaram dele, usando-o em causa própria. Em relação ao legado que Raul Seixas deixou, vemos "sertanejos" e axézeiros, além de "pop-roqueiros" de quinta categoria, voltando-se para o cadáver do cantor baiano como urubus voando em cima de carniças. Todo mundo tirando uma casquinha, usurpando, em causa própria, o prestígio e a credibilidade de Raulzito. No "espiritismo" não seria diferente. Um suposto médium, Nelson Moraes, foi construir uma "psicografia" de Raul Seixas usando o pseudônimo de Zílio, no caso de haver algum problema na Justiça, através de uma imagem estereotipada do roqueiro. Assim, Nelson Moraes, juntando sua formação religiosista, um "espiritismo" que sabemos é mais católico do que espírita, baseo...

Padrão de vida dos brasileiros é muito sem-graça e atrasado para virar referência mundial

Pode parecer uma grande coincidência, a princípio, mas dois fatores podem soar como avisos para a pretensão de uma elite bem nascida no Brasil querer se tornar dominante no mundo, virando referência mundial. Ambos ocorreram no âmbito do ataque terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, em Israel. Um fator é que 260 corpos foram encontrados no local onde uma rave  era realizada em Israel, na referida região atingida pelo ataque que causou, pelo menos, mais de duas mil mortes. O festival era o Universo Paralello (isso mesmo, com dois "l"), organizado por brasileiros, que teria entre as atrações o arroz-de-festa Alok. Outro fator é que um dos dois brasileiros mortos encontrados, Ranani Glazer (a outra vitima foi a jovem Bruna Valeanu), tinha como tatuagem a famosa pintura "A Criação de Adão", de Michelangelo, evocando a religiosidade da ligação de Deus com o homem. A mensagem subliminar - lembrando que a tatuagem religiosa não salvou a vida do rapaz - é de que o pretenso pr...

Dr. Bezerra de Menezes foi um político do PMDB do seu tempo

O "espiritismo" vive de fantasia, de mitificação e mistificação. E isso faz com que seus personagens sejam vistos mais como mitos do que como humanos. Criam-se até contos de fadas, relatos surreais, narrativas fabulosas e tudo. Realidade, que é bom, nada tem. É isso que faz com que figuras como o médico, militar e político Adolfo Bezerra de Menezes seja visto como um mito, como um personagem de contos de fadas. A biografia que o dr. Bezerra tem oficialmente é parcial e cheia de fantasia, da qual é difícil traçar um perfil mais realista e objetivo sobre sua pessoa. Não há informações realistas e suas atividades são romantizadas. Quase tudo em Bezerra de Menezes é fantasia, conto de fadas. Ele não era humano, mas um anjinho que se fez homem e se transformou no Papai Noel que dava presentinhos para os pobres. Um Papai Noel para o ano inteiro, não somente para o Natal. Difícil encontrar na Internet um perfil de Adolfo Bezerra de Menezes que fosse dotado de realismo, most...

Por que o "espiritismo de esquerda" é tão ridículo e superficial?

A página "Espíritas à Esquerda" do Facebook  é, a princípio, muito bem intencionada, aparentemente voltada à defesa dos direitos humanos e o diálogo com a teoria espírita. No entanto, nota-se que seu conteúdo, no conjunto da obra, apresenta problemas. Isso porque é muito difícil "esquerdizar" o "espiritismo" brasileiro. Cria-se uma gororoba ideológica porque se ignora que a raiz do Espiritismo que é feito no Brasil é roustanguista. A história do "espiritismo" brasileiro se fundamentou nas ideias de Os Quatro Evangelhos  de Jean-Baptiste Roustaing, que forneceu subsídios para a "catolicização" da Doutrina Espírita. Ao longo dos tempos, o roustanguismo, antes explícito e entusiasmado, passou a ser mais enrustido. Apesar do nome Roustaing ter virado um palavrão entre os "espíritas", seu legado foi quase todo absorvido, com impressionante boa vontade, diante de dois artifícios que conseguiram mascarar Roustaing e botar o ...