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Pobre de direita: uma ameaça masoquista às classes populares

Um episódio terrível ocorreu em um ônibus de Niterói, ontem pela manhã. Um homem, negro, pobre e evangélico, estava reclamando da corrupção política e passou a fazer um discurso de defesa ao deputado Jair Bolsonaro, um dos símbolos da extrema-direita brasileira e considerado um grande ídolo no Grande Rio. Com pontos de vista de valor duvidoso, mas suficientes para criar um clima de catarse coletiva dentro do veículo, os demais passageiros passaram a concordar com o rapaz, que ainda descreveu a fábula de Adão e Eva como se fosse um episódio da História da humanidade. Um verdadeiro espetáculo de burrice, de estupidez, mas que se impõe como se fosse uma verdade indiscutível. Esse é o pobre de direita, que virou um fenômeno esquisito no Brasil. Um pobre que aceita o fim dos direitos trabalhistas, a venda de riquezas brasileiras para corporações estrangeiras e quer o país governado por pessoas autoritárias ou elitistas. O pobre de direita é um masoquista social, achando que, quanto m...

Divaldo Franco fez juízo de valor contra refugiados do Oriente Médio

Imagine a seguinte situação. Você e seus familiares vivem em uma cidade onde os atentados a bomba e tiroteios ocorrem nas proximidades. Sua casa é um potencial alvo de bombardeios. Barulhos de explosões e de tiros são constantes na madrugada, de forma a impedir que as pessoas tenham um sono tranquilo. Você e seus familiares, evidentemente, vão arrumar as malas com tudo o que podem levar e, com muito sacrifício, se juntar a multidões que iniciam sua peregrinação difícil para se mudarem para outro país. Escolhem um país europeu para se exilarem, não pela aparente imponência do Velho Continente, mas porque lá há um nível menor de insegurança, com mais chances de viver num ambiente de paz e tranquilidade. Vocês se instalam num país europeu e decidem trabalhar em empregos modestos, mas que possam garantir renda para manter o aluguel, uma alimentação minimamente digna e algum entretenimento para distrair as mentes cansadas e traumatizadas. Mas, de repente, longe de suas casas, um pa...

Terceirização e reformas trarão prejuízo aos brasileiros

Quando houve, no ano passado, a queda de Dilma Rousseff e a ascensão de seu vice, Michel Temer, que rompeu com a titular e abraçou um projeto político ultraconservador, uma boa parcela dos brasileiros se iludiu com o aparato de status e prestígio social do presidente. A impressão que se tinha é que um presidente de perfil moderado, dotado de uma equipe dotada de competência técnica e prestígio político havia chegado ao poder. Gente tida como responsável, defensora da Família, associada a paradigmas de moralidade velhos, porém ainda tidos como sagrados. O governo Temer tentava passar essa imagem, associada à disciplina e à precisão cirúrgica da capacidade administrativa. Tudo isso se revelou uma ilusão. Uma sucessão de escândalos políticos, até hoje se acumulando nesse histórico, tornaram o governo Temer uma grande vergonha nacional, embora os brasileiros mais convencionais vissem tais escândalos como se fossem um programa de comédia da TV. Só que isso não tem a menor graça. Es...

Os pesos e medidas diferentes na Justiça e na Internet

Estamos em risco, nesses tempos de convulsões sociais. E isso cria uma realidade desigual, mas igualmente perigosa. A repressão a trabalhos investigativos, por um lado, e a tolerância a atos de difamações digitais, por outro, revelam o quanto se compreende muito mal a ideia de liberdade e ética. Do tucano mineiro Eduardo Azeredo, que enquanto senador queria votar leis de restrição à liberdade de informação na Internet, até o hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, ordenar a retirada da entrevista do ex-ministro da Justiça da ex-presidenta Dilma Rousseff, Eugênio Aragão, por conter informações tidas como "inverídicas". Moraes, aliás, antecessor de Aragão na pasta ministerial, é conhecido pela atuação repressiva. Como secretário de Segurança Pública do governador paulista Geraldo Alckmin, ele investiu em violenta repressão policial contra estudantes que se manifestavam pacificamente contra a reforma educacional do governo paulista. A ação se repet...

O Brasil passará por uma fase de corrupção escancarada

Com o caminho aberto para a entrada, praticamente garantida, de Alexandre de Moraes para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, o Brasil consagra sua mais aberrante fase, em que uma coleção de retrocessos gravíssimos que transformam o país numa nação institucional e politicamente insegura e vulnerável. Mas o que mais preocupa a todos é a despreocupação daqueles que, meses antes, despejavam fúria descontrolada quando viam Dilma Rousseff ou Lula discursando na televisão, a ponto de baterem panelas de cozinha ou soprarem vuvuzelas em plenas horas noturnas. São pessoas que vão para as ruas ou praias sorrirem, como se vivessem num paraíso, se reunindo para cantar sobre flores e amores, jogar conversa fora, contar piadas e, nas redes sociais, mostrarem fotos de viagens, selfies com amigos, reencontros com antigos colegas, tudo o mais. Não que isso não deva ser feito, mas da forma como se faz, num momento de catástrofe política em que vivemos, essa alegria mais assusta d...

Cuidado, cyberbully, você está sendo vigiado!

Vivemos uma época em que as elites detentoras de algum privilégio social acham que podem fazer o que querem. Numa retomada ultraconservadora, pessoas cujos privilégios variam do domínio tecnológico ao prestígio religioso se viram, de repente, na plenitude de seus abusos, como se nada pudesse detê-las. São pessoas que até se envolvem em escândalos, muitas vezes cabeludos, veem a encrenca bater à porta de sua casa ou de seu ambiente profissional, mas aparentemente dão a volta por cima, seja com algum jogo de cintura, seja com alguma represália. Estamos vendo exemplos assim no governo Michel Temer, que empurra medidas impopulares e prejudiciais à população, enquanto põe seus integrantes da "equipe de notáveis" em cargos estratégicos ou até em cargos no Judiciário. Nunca um senhor de 77 anos se comportou como se fosse um menino teimoso e mimado (por sinal, pela grande mídia) de sete anos. Recentemente, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wellington Moreira Franco, citado ...

Brasil está em séria crise, e isso não é uma piada

Que as pessoas até sentissem raiva só por ver Lula e Dilma Rousseff na tela da TV ou numa página de jornal, isso é compreensível. Que o pessoal não aguentasse 14 anos de PT no poder, vá lá, talvez não esteja preparado para um projeto político como esse. Mas ficar despreocupado e feliz diante de um governo caótico que se sucedeu ao impeachment  de Dilma é inadmissível. Desde maio de 2016, quando o insosso vice-presidente Michel Temer assumiu o mandato, houve uma série infinita e trágica de confusões, recuos, escândalos de corrupção, arbitrariedades, covardias, retrocessos políticos, crises econômicas e tantas ameaças. Era para o Brasil estar uma situação de calamidade pública. E está mesmo. Mas a Rede Globo não noticia isso. Não vira primeira página de Veja. Não vira postagem com mais curtidas do Facebook. Não impulsiona uma parcela de brasileiros para as passeatas com camisas verde-amarelas. Enquanto o governo Temer se marcava por uma série de incidentes graves como este, ...