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Divaldo Franco fez juízo de valor contra refugiados do Oriente Médio


Imagine a seguinte situação. Você e seus familiares vivem em uma cidade onde os atentados a bomba e tiroteios ocorrem nas proximidades. Sua casa é um potencial alvo de bombardeios. Barulhos de explosões e de tiros são constantes na madrugada, de forma a impedir que as pessoas tenham um sono tranquilo.

Você e seus familiares, evidentemente, vão arrumar as malas com tudo o que podem levar e, com muito sacrifício, se juntar a multidões que iniciam sua peregrinação difícil para se mudarem para outro país. Escolhem um país europeu para se exilarem, não pela aparente imponência do Velho Continente, mas porque lá há um nível menor de insegurança, com mais chances de viver num ambiente de paz e tranquilidade.

Vocês se instalam num país europeu e decidem trabalhar em empregos modestos, mas que possam garantir renda para manter o aluguel, uma alimentação minimamente digna e algum entretenimento para distrair as mentes cansadas e traumatizadas.

Mas, de repente, longe de suas casas, um palestrante religioso, dotado do mais alto prestígio entre os seus, tido como "sábio" e supostamente em contato com as mais altas esferas da espiritualidade, acusa você e seus familiares de terem sido sanguinários colonizadores europeus, que dizimaram povos na América Latina e que, por isso, vão pagar as consequências dos delitos de vidas passadas.

Você e seus familiares, enfrentando com a mais possível calma e um mínimo de habilidade, as dificuldades para viver num outro país, porque o país de origem virou um cenário de guerra. Todos tentam arrumar suas vidas, com calma e perseverança, se alegrando com as pequenas conquistas alcançadas, e vem um ídolo religioso, à distância, acusar vocês de terem sido colonizadores com sede de sangue, que retornaram à Europa em busca de antigos privilégios.

Pois é justamente isso que foi o julgamento de valor de ninguém menos que o anti-médium baiano Divaldo Pereira Franco, um habilidoso manipulador de palavras e dono de um discurso rebuscado. Tido como "sábio" e considerado "unanimidade" religiosa, veio com a seguinte "pérola" ao ser entrevistado para um periódico português durante um congresso "espírita" na Espanha:

"No campo das deduções e de acordo com o meu pensamento, penso que aqueles que estão hoje, de volta à Europa, são os antigos colonizadores que deixaram, até hoje, a América Latina na miséria.
Como foi negado todo o direito aos seus residentes, como aculturaram os silvícolas, destruindo culturas veneráveis, pela Lei de Causa e Efeito aqueles estão retornando hoje à pátria, no estado de miséria, e que ameaçam os próprios países de onde saíram, para, um dia, buscarem a fortuna para o conforto europeu. 

Mas, também me recordo dos grandes problemas que estão a acontecer no antigo Levante, graças às tropas muçulmanas. “O Homem é o lobo do Homem” e, verificamos que estamos a transformar este lobo em cordeiro. Como sou otimista, acredito que em breve, o lobo e o cordeiro beberão no mesmo regato, em fraternidade. Já vemos muitas dessas uniões, através da educação que é proporcionada, e nós vemos isso na Internet, diariamente. Porque não, na realidade, amanhã?".

Terrível julgamento de valor seguido ainda de ideias truncadas sobre o "lobo" e o "cordeiro". Um típico deturpador da Doutrina Espírita, que comete a hipocrisia de se autoproclamar "rigorosamente fiel" a Allan Kardec, mesmo contrariando seus ensinamentos - Divaldo acredita, por exemplo, em fantasias como "crianças-índigo" - , usa seu prestígio religioso para acusar os refugiados dos países asiáticos e africanos do Oriente Médio de terem sido "antigos colonizadores em busca de fortuna".

Depois, no morde-e-assopra de sua retórica espetacular, com seu exército de palavras de pretensa erudição, Divaldo não parece claro diante de sua exposição prolixa sobre a ideia de que o "homem é o lobo do homem". Até que ponto Divaldo fala na intenção de transformar o lobo em cordeiro, se para o bem e para o mal, não dá para entender.

Além disso, ele tenta um conceito igrejista de "fraternidade" - mais próxima de um "gado" ou "rebanho", como reza o Catolicismo medieval, do que do convívio harmônico da sociodiversidade humana - , embora também não deixe claro que "uniões" ele fala de "lobos" e "cordeiros" na "educação proporcionada na Internet".

A julgar da tendência comum, nós, que fundimos a cuca diante desse relato prolixo de Divaldo Franco, indagamos se a tal "união entre lobos e cordeiros" não seria os ataques de cyberbullying que os valentões fazem contra as pessoas pouco convencionais, apoiados por demais internautas que pareciam simpáticos e admiráveis. Seriam os "lobos" que chamam os "cordeiros" para humilhar as "ovelhas negras" nas redes sociais?

Muitas pessoas que recorreram a tratamentos espirituais nas "casas espíritas" - algumas delas tidas como de "alto conceito" - reclamam que, em vez de conseguir superar as dificuldades que as inspiraram a tão arriscado socorro, conseguiram mais azar, e não raro pessoas vão fazer tratamento para depois serem vítimas de bullying na Internet e alvo de páginas ofensivas das quais eles têm alguma dificuldade de denunciar sem sofrer alguma represália.

O que Divaldo Franco fez não merece aprovação alguma e põe em xeque seu aparente prestígio, conseguido em milionárias palestras feitas para elites embevecidas. É algo que nem a pose de humildade nem uma suposta filantropia que não ajuda mais do que 0,01% do povo brasileiro, consegue atenuar, pois o julgamento de valor, mesmo em tenras palavras, é de uma gravidade sem tamanho.

Será que Divaldo Franco gostaria de ser acusado de ter sido, em antiga encarnação, um antigo sacerdote medieval europeu que, designado para colaborar com Anchieta e companhia na dizimação cultural das crenças indígenas no Brasil, regressou séculos depois à Europa para usufruir de confortáveis palestras cheias de pompa e receber prêmios dos ricos e poderosos?

Deve-se levar em conta que seu "espiritismo" deturpado não tem moral para atribuir encarnação passada aqui e ali, e, além disso, Kardec recomenda o esquecimento de vidas passadas para evitar situações e sentimentos desagradáveis ou exagerados. Além disso, os refugiados, pelas dificuldades que sofrem, merecem respeito, e não é o prestígio religioso que permitirá juízos de valor severos contra pessoas que não têm como recorrer para processar alguém por danos morais.

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