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Paulo Gustavo e as perigosas psy-ops de Chico Xavier

 FOI PAULO GUSTAVO ACREDITAR QUE CHICO XAVIER ESTÁ NO CÉU E A TRAGÉDIA ACABOU CAINDO PARA O HUMORISTA.

Há quase um mês, o humorista Paulo Gustavo morreu depois de resistir por mais de um mês aos sintomas da Covid-19. Tinha 42 anos, iria fazer 43 ainda este ano. Ninguém imaginava que a doença iria matá-lo, quando outras pessoas, como Jair Bolsonaro e até Guilherme de Pádua, se expõem com muito mais risco à doença e, no caso do presidente, ele já teve a doença.

Vivemos num Brasil extremamente viciado e um motivo que deve ter contribuído para a morte precoce de Paulo Gustavo foram as energias maléficas do "espiritismo" brasileiro, pois foi reprisada uma esquete do antigo humorístico 220 Volts, intitulada "Morte", do ano de 2012, no qual Paulo interpreta um personagem que morre e vai para o céu. Ele cita três personagens que ele alega habitarem o "céu": Chico Xavier, Irmã Dulce e Gandhi.

Foi bastante infeliz a inclusão de Francisco Cândido Xavier, o grande deturpador da Doutrina Espírita - já surgem trocadilhos jocosos dizendo que ele fez o Espiritismo virar um "chiqueiro" - , entre os "habitantes do céu", e, para piorar, ele foi o primeiro nome mencionado. Só podia dar azar, porque Chico Xavier é o maior pé-frio de toda a História do Brasil. De Juscelino Kubitschek a Guilherme Fontes, muita gente sofreu azar por causa do "médium".

E se não só as esquerdas "namastê" como as esquerdas "nem tão namastê assim" conseguem questionar Chico Xavier, preferindo a zona de conforto da "passagem de pano" - é errado falar ou escrever "passação de pano", assim como é errado dizer "forçação de barra", sendo o certo falar "forçamento" ou "força de barra" - , então o nosso país virou refém de um charlatão, invertendo o aviso kardeciano de que "é melhor cair um homem do que todos aqueles que se sentirem enganados por ele". Preferimos que o Brasil caia, como foi em 2018.

Chico Xavier é um paiol de bombas semióticas aqui e ali. É a personificação da guerra híbrida criptografada. Sua suposta caridade vira uma "carteirada" fácil, e seu sentido semiológico é inverso ao de dizer que o ex-presidente Lula "é corrupto". Fala-se "Chico Xavier fez caridade" pelo piloto automático, sem saber mesmo se realmente fez essa tal caridade e sem perguntar como foi, como é.

É aquela coisa: a favor de Chico Xavier, vale qualquer boataria. Só quando se é contra ele, se exigem provas das mais cabeludas, e, quando elas são apresentadas (e as provas desse lado negativo são bastante fartas), as pessoas ainda não aceitam. Depois ficam falando mal de obsessão espiritual, pois em relação a Chico Xavier, seus seguidores e simpatizantes, mesmo os "distanciados", "isentos" e até os ditos "ateus" (?!), sofrem as piores obsessões, como a fascinação e a subjugação.

SILÊNCIO DIANTE DAS REVELAÇÕES NEGATIVAS

Conta-se nos bastidores que, em breve, virão revelações relacionadas ao caso Amauri Xavier Pena, sobrinho do "médium" que morreu misteriosamente, embora a Federação "Espírita" Brasileira tenha declarado oficialmente que ele "morreu de hepatite" por ter "bebido muito na vida".

No entanto, Amauri foi vítima de uma grande campanha negativa. A gente deveria parar para pensar e imaginar: Amauri realmente era um alcoólatra? Ou ele apenas eventualmente se embriagava como todo jovem, sem fazer "carreira de bebum" na vida? Há vários indícios de campanha caluniosa dentro do "meio espírita" e muita mentira se fez contra o jovem, depois que ele decidiu denunciar as fraudes do tio, em 1958.

Isso não é invenção, é suspeita, e a revista Manchete fez um alerta, em sua edição de 09 de agosto de 1958, de que Amauri estava sofrendo ameaças de morte, e o motivo já havia sido anunciado pela revista, o envenenamento. 

Há fortes suspeitas de que Amauri teria sofrido maus tratos num sanatório onde foi internado, e ele teria saído expulso de lá, supostamente por ter encerrado a internação, mas por ter tido um comportamento desagradável aos funcionários e diretores dessa instituição. Tudo isso ocorreu entre 1958, o ano da denúncia de Amauri, e a morte suspeita dele, em 1961, mas o caso, mesmo prescrito pela lei - suas investigações não valem mais para efeitos jurídicos - , tem que ser investigado.

Da mesma forma, merece investigação a hipótese de que Chico Xavier colaborou (sim, essa é a palavra) com a ditadura militar, pois a Escola Superior de Guerra não perderia tempo, pela lógica da instituição mentora do golpe e do governo ditatorial, para homenagear quem não tivesse relação direta com seus propósitos. 

E merece investigação também as verbas que a Federação "Espírita" Brasileira, junto à Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus receberam da ditadura militar para crescerem, como movimentos religiosos, visando enfraquecer a Igreja Católica, que, através da Teologia da Libertação, estava crescendo como força maior de oposição ao poderio militar, com forte prjoeção internacional na denúncia de crimes contra os direitos humanos.

Infelizmente, só os chamados "neopentecostais" é que são investigados, questionados e até combatidos, como é o caso da crise da Igreja Universal em Angola. Mas quando se falam de denúncias contra Chico Xavier, mesmo com provas consistentes de seu reacionarismo, suas fraudes e sua desonestidade, até os simpatizantes mais "distanciados" reagem em silêncio. Quando as pessoas falam, é para defender o suposto médium, mas se não for este o caso, há um silêncio que soa como uma criminosa omissão.

A historiadora Ana Lorym Soares, quando trabalhou a tese que deu origem à monografia O livro como missão: A publicação de textos psicografados no Brasil dos anos 1940 a 1960, lançada em 2018, teve a oportunidade de ter em mãos o que Amauri Xavier Pena não viveu para revelar: a existência de um esquema criminoso de modificações editoriais dos livros "mediúnicos", que revelam fraudes literárias que vão além da falsidade ideológica de enfeitar livros com os nomes de mortos famosos.

Ana Lorym preferiu passar pano em tudo isso e, como gafe imperdoável para uma acadêmica que se queira ser objetiva, ela acreditou na lorota, sem pé nem cabeça, de que as modificações editoriais seriam uma forma de tornar a "mensagem dos espíritos viável para o público de leitores". 

E isso foi um tiro no pé, porque essa argumentação ridícula e desprovida de lógica, lançada pelos dirigentes da FEB, era uma forma de "carteirada" da instituição que, não bastasse o uso de nomes de mortos para enfeitar os livros mistificadores, era também um artifício para desqualificar os próprios mortos, dos quais se alegava que "não sabiam transmitir o recado para os vivos na Terra".

O pior é que as modificações editoriais chegavam a futilidades como as que Chico Xavier mencionou em carta de 03 de maio de 1947 ao presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, de que um poema tinha como verso final "Sorrindo...Sorrindo..." e o "médium" queria que mudasse para "Sorrindo... Cantando...". Nem isso para Ana Lorym desconfiar das coisas, contaminada ela está no meio acadêmico brasileiro, que confunde "imparcialidade" e "análise objetiva" como passar pano em problemática.

OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

Cabe avisar aos semiólogos esforçados que Chico Xavier não foi o Isaac Asimov brasileiro para ter poderes excepcionais de prever o futuro e nem sua pretensa profetização deva ser levada a sério, até por haver aspectos risíveis de que o Chile seria poupado de explosões vulcânicas e terremotos que devastariam a Costa Oeste dos EUA (inclusive Califórnia, indo abaixo até Hollywood), o Japão, a Itália e a Nova Zelândia. 

A lógica é que o Chile sairia do mapa junto com os outros territórios vulcânicos do Hemisfério Norte, por uma razão muito simples: faz parte do Círculo de Fogo do Pacífico, parte de um intenso terreno vulcânico que também inclui a Itália, situada no Mediterrâneo, a República Democrática do Congo, recentemente atingida por uma erupção de um vulcão, e a Islândia.

Os livros de Chico Xavier são tão ruins, como se não fosse suficiente personificar o alerta kardeciano de que os espíritos levianos são "escrevinhadores" (são mais de 400 livros que não servem sequer para papel higiênico), que há profundos erros de História, Sociologia, Antropologia e de outras áreas do Conhecimento, que só por si invalidariam a obra.

Só o livro que Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas escreveram a quatro mãos, Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - título com significado idêntico ao lema bolsonarista "Brasil, Acima de Tudo, Deus Acima de Todos", lembrando que Chico Xavier seria, hoje, um bolsonarista irredutível, para desespero de parte de seus seguidores - , é, como livro de História do Brasil, pior do que até mesmo os piores livros didáticos que ficam chamando bandeirantes e militares genocidas de "heróis".

E aí os chiquistas mais radicais nos perguntam: "Vocês só falam dos erros de Chico Xavier. E os acertos dele, vocês falam?". A gente dá uma invertida: "Os acertos, ou melhor, os supostos acertos de Chico Xavier, são a coisa que somente se fala dele. Nós falamos o que vocês não têm a menor coragem de falar e, quando não podem negar os defeitos, se calam ou passam pano diante deles".

Chico Xavier é glorificado pelas psy-ops (termo que vem de psychological operations, "operações psicológicas") que desenvolveu a partir de 1970, quando seu mito, que estava quase para ser desmascarado, começou a ser desenvolvido através da pretensa imagem de "caridade e bondade" nos moldes que o inglês Malcolm Muggeridge fez em prol de outra farsante, Madre Teresa de Calcutá.

Desde então, ele foi denunciado como cúmplice de Otília Diogo, como reacionário (as próprias entrevistas do "médium" no Pinga Fogo da TV Tupi, 1971) e como farsante "mediúnico" (revista Realidade, novembro de 1971). Em 1969, ele quase foi denunciado, também, como mercenário que transferiu o dinheiro da venda dos seus livros "psicográficos" para os dirigentes da FEB, nos bastidores do "movimento espírita" brasileiro.

Realidade ainda fez um exame que mostrava que a "mediunidade" de Chico Xavier era fruto de distúrbios mentais que davam a ele falsa impressão de que estava "falando com os mortos". Era um tipo de delírio mental que havia sido atestado pela lógica da ciência médica, que não estava ali para desqualificar o "médium" e realizou os exames de maneira realmente isenta, ainda que as conclusões obtidas fossem de profundo desagrado dos seguidores e partidários do "médium".

Com tantos incidentes assim, a ditadura militar, por sorte, viu em Chico Xavier um "salvador da Pátria" e, feliz com o apoio entusiasmado do "médium" ao regime, o teria feito um colaborador certeiro. Aliada do poder midiático, a Rede Globo, veículo que sustentava o apoio social ao regime militar, fez de Chico Xavier um "filantropo de novela das oito/nove", promovendo a imagem que hoje garante a reputação entre seus seguidores de diversos níveis.

Chico Xavier tornou-se um instrumento do diversionismo "espiritualista" no momento em que a ditadura militar via fracassarem tanto a falácia do "milagre brasileiro" quanto a ferramenta repressiva do AI-5. E Chico Xavier serviu como instrumento para desviar as atenções do povo quanto a outras ameaças de derrubada do poder ditatorial, a ascensão de Lula, então um líder sindical e hoje favorito para a campanha presidencial de 2022, e o crescimento das facções de esquerda da Igreja Católica.

Com isso, Chico Xavier veio com uma farsa chamada "cartas mediúnicas". A ideia é deixar a ênfase nos livros "mediúnicos" enfeitados de nomes famosos (que iam de Humberto de Campos a Cornélio Pires, tio de José Herculano Pires, espírita até certo ponto sério, mas amigo do "médium") e passar a enfatizar as "cartas de pessoas comuns falecidas", criando um fenômeno sensacionalista que, se causou algum benefício, foi para a chamada "imprensa marrom", a maior favorecida por essa armação lançada por Chico Xavier e alimentada por "leituras frias" e pesquisas bibliográficas.

As "cartas mediúnicas" são um arsenal de verdadeiros explosivos semiológicos, que ninguém percebe, nem mesmo os semiólogos mais esforçados, que, como corajosos Ulisses, ainda se deixam se render a cantos de sereias (que, no Brasil, não vêm de belas mulheres com rabo de peixe, mas de um velho feioso de aparência repugnante que usou peruca e boné), conseguem perceber. Talvez os semiólogos tenham velhas mães "espíritas" e sejam tomados pela Espiral do Silêncio, daí tanta passagem de pano em Chico Xavier.

A bomba semiótica evoca a cidade fictícia de Nosso Lar - cujo livro homônimo os semiólogos esforçados, na sua boa-fé, consideram "realista e científico" - , um "paraíso" fabricado pela mente fértil de Chico Xavier a partir de obra do inglês George Vale Owen e com sugestões de ficção científica do jovem Valdo Vieira (o mesmo que rompeu com o "médium" no caso Otília Diogo, o que deveria chamar a atenção dos investigadores). Esse "paraíso" servia de desculpa para que a vida na Terra fosse um festival de tantos sofrimentos e desgraças.

Se Nosso Lar é a bomba semiótica que o "humilde blogueiro" da Semiótica não percebeu, as "cartas mediúnicas" eram mais bombas semióticas na psy-op que promoveu o "médium" de um pitoresco charlatão paranormal a um "símbolo indiscutível de amor e caridade" a ponto de ninguém ter a mínima coragem de contrariar o confortável mito, que hoje serve para memes da multidão idiotizada que predomina nas redes sociais.

Essas "bombas semióticas" fazem com que um simples apelo tipo "Querida Mamãe" e o mershandising religioso - as mensagens sempre terminam pedindo preces ou a "união das pessoas" em torno do Cristo - consigam enganar milhares de famílias e transformem quem deveria investigar, questionar e rejeitar tudo isso, como jornalistas, juristas e acadêmicos, em verdadeiros flanelinhas de tanto passar pano em Chico Xavier.

As bombas semióticas envolvem simulações de afetividade, e os semiólogos esforçados não sabem que foi Chico Xavier que mais manejou a arma perigosa do "bombardeio de amor", o love bombing, que não é patrimônio exclusivo de pastores estelionatários nem de machistas obsessivos em agradar suas namoradas de forma tóxica. 

É na figura do "médium" que o "bombardeio de amor" teve os efeitos mais perigosos, criando uma emotividade tóxica e uma simbologia de pretensa humildade - condizente ao "complexo de vira-lata" que domina tanto o nosso país - que vicia tantos brasileiros, que preferem ver suas casas pegando fogo do que ver seu adorado Chico Xavier confirmado como um vigarista da fé.

Daí a suposta consolação emocional, aliada a uma perigosa conformação com a desgraça humana. E cria uma devoção tóxica, uma emotividade tóxica, uma positividade tóxica. Recentemente, a cantora Cláudia Leitte, em entrevista ao programa Altas Horas, declarou, em suma, que "se deixarmos de nos preocupar com a pandemia (da Covid-19), a pandemia desaparece". Essa falácia de que "é só esquecer o problema que ele se afasta da gente" é uma das caraterísticas maiores do "pensamento" de Chico Xavier.

Outra bomba semiótica é que o significado simbólico da gourmetização das mortes prematuras - que faz a festa do jornalismo "mundo cão" que acha o "médium" um "santo homem" - não só serve para alegar, sem fundamentação científica alguma, que "no outro lado a vida é melhor", como também serve para forçar a aceitação das mortes nos porões da repressão militar, porque, se "as pessoas comuns, quando morrem cedo, vão para um lugar melhor", imagine "os presos políticos", que, na ótica de Chico Xavier, estavam "pagando pelo que fizeram em outras vidas".

O "FILANTROPO DE NOVELA"

Paulo Gustavo agiu por boa-fé ao mencionar Chico Xavier. Evidentemente, o "médium" não foi para o céu e nem, segundo os "isentões" de plantão (inclusive os "isentões espíritas" que adoram ler o volume da Superinteressante sobre o "médium"), no "purgatório" para preparar se reencarnar como "missionário na África", devaneio demagógico dos "espíritas" para justificar sua carteirada "filantrópica".

O "médium" foi para planos inferiores do mundo espiritual, como um mentiroso que havia lutado para se tornar uma pretensa unanimidade na Terra e que até hoje, postumamente, é alvo de uma emotividade tóxica e obsessiva em prol de sua figura. Consta-se que Chico Xavier levou um choque, ao voltar para o mundo espiritual, muito pior do que Adolf Hitler, o abominável tirano nazista, porque este, no fim da vida, já desenvolveu sua consciência do mal que fez e, por piores que fossem as dores do desenlace, houve um preparo psicológico para isso.

E Chico Xavier, pelo contrário, esperava que sua malandragem e sua esperteza sem limites, favorecida pelas circunstâncias e pela passagem de pano de milhares de pessoas, ele pudesse frequentar o banquete dos puros, ao lado de Jesus Cristo, lá no céu. Pensava que, se passando por humilde na Terra, Chico Xavier seria uma relíquia humana no céu, quando ele percebeu que não passava de um verme moral, em cuja trajetória incluiu a suspeita morte de um sobrinho como barreira derrubada para o avanço do seu arrivismo religioso.

Por sorte, um lobby televisivo favoreceu o "médium" desde os anos 1950. Foi assim que Humberto de Campos Filho, herdeiro do homônimo escritor usurpado pelo "médium", aceitou fazer o papel de idiota, depois de tão exemplar ceticismo, num evento religioso promovido por Chico Xavier. Humberto Filho foi assediado de forma a fazer papel de trouxa mexendo em sopinhas na panela, chorando feito criança arrependida nos ombros do "médium" e sendo iludido com amostras de Assistencialismo barato no qual o prestígio do filantropo está acima até dos resultados medíocres obtidos.

E aí Chico Xavier foi promovido a "filantropo de novela", com uma abordagem que chega ao ponto da mais enjoativa e nojenta pieguice. E se Chico Xavier, no cinema, recebeu interpretações de Lúcio Mauro, Alamo Facó e, principalmente, de Nelson Xavier, o imaginário popular inverte as coisas, em mais um efeito da psy-op chiquista, que é de ver em Chico Xavier o Nélson Xavier gentil, bonachão e consolador das novelas das nove da Globo.

A psy-op de Chico Xavier mostra uma sociedade brasileira desinformada, que não consegue ver que pode haver o uso leviano dos pretextos de "caridade" e "fraternidade", sendo capaz de endeusar oportunistas que se valem pelo Assistencialismo barato, pela ação paternalista, visando a promoção pessoal e o retorno social através do prestígio e do poder religioso, por mais que fique dizendo o tempo todo que "a caridade deve ser feita sem querer algo em troca". 

Como diz o ditado: "Quem muito diz ser, é porque não é, porque quem realmente é não precisa ficar dizendo". E o que Chico Xavier mais fazia muito era alardear demais sobre uma humildade que ele nunca teve e sobre uma suposta caridade que ele jurava não exigir recompensa alguma, mas que no fundo estava ciente das recompensas sociais que ele, farsante da pretensa mediunidade e reacionário dos mais radicais (é considerado o "Jair Bolsonaro do Cristianismo"), obteve ao sabor das conveniências.

As operações psicológicas do "bondoso médium" também usaram as "cartas mediúnicas" como meio de anestesiar os brasileiros, diante da crise da ditadura militar e da ação "subversiva" da Teologia da Libertação e seu "catolicismo comunista". Mas a anestesia de Chico Xavier se deu de tal forma que ele foi vendido pela mídia associada à ditadura como um "líder ecumênico", de tal forma que tentou cooptar, para o apoio ao "médium", até mesmo forças antagônicas a ele e seus ideais, como esquerdistas e ateus. Nunca a esperteza de alguém foi tão longe, cooptando para si até seus potenciais opositores!

E é essa imagem de suposto caridoso, que recentemente foi reproduzida por Luciano Huck - seguidor confesso do "médium" - , que criou um imaginário, nos bastidores da televisão, que contaminou gerações de atores, produtores, diretores e outros técnicos de televisão. E o que Paulo Gustavo fez foi seguir esse imaginário, por mais que ele desse preferência à Irmã Dulce.

E como em toda maldição de Chico Xavier, cuja pessoa tornou-se um perigoso pé-frio para milhares de brasileiros - apesar de praticamente ninguém perceber isso ou simplesmente negar - , Paulo Gustavo, que agia para fazer uma caridade menos ostensiva e menos oportunista que o "médium", acabou sofrendo o azar de morrer por uma doença da qual, aparentemente, ele poderia ter contraído e curado com facilidade. 

Mas como a maldição de Chico Xavier atinge pessoas com perfil mais diferenciado, Paulo, que agiu por ingenuidade, acabou sendo vítima fatal dessas energias vibratórias que parecem boas e agradáveis mas são extremamente maléficas. Daí o trocadilho de Chico Xavier com cicuta, um tipo de veneno de sabor doce que lembra framboesa, conhecido por matar o filósofo grego Sócrates.

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