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Escritor de esquerda comete erros ao evocar Chico Xavier


A vida é complexa e não dá para ser uma coisa e ser outra ao mesmo tempo. Ser de esquerda e ser adepto do "espiritismo" brasileiro, uma doutrina que se revela cada vez mais conservadora, embora, sinceramente, ela nem de longe foi progressista e mandou para longe os ventos iluministas de Allan Kardec em prol das tradições religiosas jesuítas do Brasil colonial, é muito, muito complicado.

Paciência. Mesmo a mais descolada mulher intelectual, simpatizante da causa LGBT, não escapa das raízes conservadoras da sociedade brasileira. Se tem feminista que acha o máximo a mulher bancar o objeto sexual e brincar com o imaginário dos homens (uma bandeira do machismo) , claro que teremos pessoas com algum esquerdismo que, no entanto, possuem uma postura religiosa bastante conservadora, acenando para o igrejismo do "espiritismo".

Ribamar Fonseca, escritor do livro O Amor Além da Vida - Uma História Real, é um deles. Colunista do Brasil 247, talvez pela sua boa-fé ele não tenha acompanhado os ventos fortes do questionamento de tudo. Seu nível de questionamento para no âmbito político, dentro de abordagens corretas que mostram, por exemplo, reprovação ao governo Michel Temer e ao império de oligarquias midiáticas. É como no caso daqueles que também param nesse âmbito para elogiarem o hipermidiático "funk".

Em páginas como Brasil 247, Blog da Cidadania, Diário do Centro do Mundo, O Cafezinho e outras, algumas veiculadas pelo YouTube, se questionam as mais intrincadas entranhas da sociedade conservadora que propiciou o golpe político. Apesar do silêncio da imprensa quanto ao envolvimento de Divaldo Franco na indigesta "farinata" (hoje descartada) do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., internautas tentam chamar atenção para isso nos fóruns da mídia alternativa.

Ribamar escreveu até um texto bem intencionado, "Em Busca da Paz", que no entanto comete a falha de apelar para um conceito igrejista e piegas de "paz" e "fraternidade". Se fosse um articulista dos EUA falando sobre o mesmo assunto - a onda de ódio na sociedade brasileira - , ele não faria tais apelos de evocar o pacifismo como uma bandeira religiosa, apenas pregando o entendimento, o respeito e a solidariedade dentro das situações laicas e normais.

O maior erro dele foi apelar para uma obra fake, o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, que tão falsamente se atribui ao espírito de Humberto de Campos, pois NADA do estilo original do autor maranhense se encontra em supostas psicografias como estas, que lembram mais o estilo pessoal de Francisco Cândido Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, então presidente da FEB.

Isso não é invenção. Basta ler com atenção o livro, que conta até com um plágio, um tanto grosseiro, de um livro cômico de Humberto de Campos, O Brasil Anedótico, só para forçar o vínculo com o autor maranhense. Ver que o livro supostamente espiritualista plagiou o capítulo de um livro satírico é dose.

Em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, é fácil identificar os estilos pessoais de Chico Xavier (tome por base os depoimentos que ele mesmo deixou para a posteridade) e Wantuil, neste caso valendo como fonte o livro Síntese de O Novo Testamento, que o chefão da FEB havia escrito sob o pseudônimo de Minimus.

Ribamar Fonseca, apesar de estar informado de que Humberto de Campos havia sido o mais jovem membro a ingressar na Academia Brasileira de Letras (a mesma que abriga o canastrão literário Merval Pereira), parece muito ingênuo nesse trecho a ser aqui reproduzido, que tem o agravante de evocar, também, o velho jesuíta Manuel da Nóbrega, que os "espíritas" conhecem pelo apelido Emmanuel:

"'Peçamos a Deus que inspire os homens públicos, atualmente no leme da Pátria do Cruzeiro, e que, nesta hora amarga em que se verifica a inversão de quase todos os valores morais, no seio das oficinas humanas, saibam eles colocar muito alto a magnitude dos seus precípuos deveres. E a vós, meus filhos, que Deus vos fortaleça e abençoe, sustentando-vos nas lutas depuradoras da vida material'. Esse texto, muito atual, do espírito Emmanuel, consta do prefácio do livro "Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho", ditado há 78 anos, mais precisamente em 1938, pelo espírito do escritor Humberto de Campos, o mais jovem intelectual a ingressar na Academia Brasileira de Letras, e psicografado pelo médium Chico Xavier. Esse livro fortalece as esperanças de que o Brasil conseguirá mais uma vez superar suas dificuldades, sem maiores traumas, porque lá do alto a espiritualidade superior está atenta aos acontecimentos e também trabalhando em favor da paz em nosso país.

Ainda no mencionado livro, de 1938, Humberto de Campos faz uma exortação aos brasileiros, exortação essa válida para os dias atuais, nos seguintes termos: "Brasileiros, ensarilhemos para sempre as armas homicidas das revoluções! Consideremos o valor espiritual do nosso grande destino! Engrandeçamos a Pátria no cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos, acima de tudo, que todas as suas realizações hão de merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem nos bastidores do poder transitório e precário dos homens! Nos dias de provações, como nas horas de venturas, estejamos irmanados numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro da qual deveremos esperar as claridades do futuro. Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância, e sim marchar sempre, com a educação e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!"

Vale a pena refletir sobre as palavras de Emmanuel e Humberto de Campos, psicografadas por Chico Xavier, porque elas traduzem o sentimento de todos os brasileiros que amam o seu país e querem vê-lo num clima de paz. Afinal, somos todos irmãos!

MUITOS EQUÍVOCOS

Este livro mostra muitos e muitos equívocos, não bastasse a farsa da atribuição ao espírito Humberto de Campos, pois não dá para ver o estilo de sua obra original - ágil, com narrativa quase cinematográfica, culta mas acessível, coloquial mas bem escrita - na suposta psicografia. Em lugar desse estilo original, o que se vê é uma linguagem cansada e deprimente de um padre católico falando em "esperanças igrejeiras de paz e fraternidade".

A apropriação do nome de Humberto de Campos por Chico Xavier, que traz indícios de revanchismo - Chico não teria gostado das resenhas que ele fez de Parnaso de Além-Túmulo e, assim que o cronista morreu, resolveu se "vingar" transformando ele em "padre" - , causou revolta, com muita razão, de conceituados nomes da literatura brasileira, embora alguns outros tenham abstido em relação ao assunto.

Nomes como Monteiro Lobato, de O Sítio do Picapau Amarelo, e Apparicio Torelly, o Barão de Itararé - patrono da mídia alternativa para a qual Ribamar Fonseca colabora - , apenas estiveram neutros quanto ao assunto, não tendo condições em dizer se a "psicografia" de Xavier era autêntica ou não. Mas o cinismo de Wantuil fez com que abstenção fosse vista como confirmação, investindo na falácia de que, só porque fulano não disse "não", ele tivesse necessariamente dito "sim".

Outro equívoco é que Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, na verdade, é uma patriotada literária de valor duvidoso. Patriotada significa um arremedo de patriotismo, tão exagerado quanto patético, semelhante ao que os "coxinhas" fizeram nas manifestações contra Dilma Rousseff, Lula e o PT em geral, e ao que os adeptos de Jair Bolsonaro continuam fazendo.

Outro dado a considerar é que Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho é um livro fortemente inspirado em Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing, o deturpador pioneiro do Espiritismo. É como se Chico Xavier tivesse investido numa resposta brasileira a este livro, e uma leitura atenta - a tradução brasileira da obra roustanguista foi feita por Guillón Ribeiro, o mesmo que "podou" Kardec nas edições da FEB - verá que isso é a mais pura verdade.

Mas o mais grave equívoco que Ribamar Fonseca não sabe é que o livro de Chico e Wantuil atribuído, levianamente (para produzir sensacionalismo e fanatismo religioso), apela para um lado sombrio do Brasil: a ideia de "coração do mundo" e "pátria do Evangelho" seria, na verdade, um projeto de recuperação, em solo brasileiro, do antigo Império Bizantino, combinando a herança da tirania do Império Romano com a teocracia do Catolicismo medieval.

Outro dado que Ribamar esquece é que seu ídolo Chico Xavier defendeu abertamente a ditadura militar. O espírito Emmanuel é associado a ideias retrógradas ligadas ao machismo, moralismo, servidão humana, racismo e não aprovaria iniciativas como o Brasil 247, que apostam no que o "mentor" de Chico define como "tóxico do intelectualismo", uma forma pejorativa de definir um debate, quando este se torna aprofundado e ameaça certos dogmas "sagrados".

Outro aspecto esquecido por Ribamar é que o "espiritismo" brasileiro, assim como defendeu o golpe de 1964 - Ribamar levará um choque se ver que Chico Xavier esculhambou proletários e camponeses na entrevista do Pinga Fogo, na TV Tupi, em 1971 - , defendeu, também, o golpe político de 2016, ou seja, se Ribamar anda reclamando do governo Michel Temer e seus retrocessos, é bom ele saber que o presidente e essas medidas amargas (como a "reforma" trabalhista) são apoiadas pelos "espíritas".

O "Correio Espírita" já disse, claramente, que as manifestações do "Fora Dilma", de março de 2016, eram um "despertar político da juventude", numa sutil alusão a grupos reacionários como Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua, Revoltados On Line (prestem atenção neste nome) e Acorda Brasil (comandado por um descendente de Dom Pedro II, imperador que financiou a fundação da FEB).

Além disso, muitas pessoas falavam que o líder político sonhado por Chico Xavier, como se observa numa mensagem publicada em 1952, se encaixa em caraterísticas que, décadas depois, foram associadas ao político tucano Aécio Neves, outro mineiro maroto como o "médium", já que ambos faziam suas "traquinagens" (um desviando dinheiro público, outro usurpando a memória dos mortos por sensacionalismo religioso) e saíam ilesos de qualquer enrascada.

"PAZ SEM VOZ"

E o relato aparentemente pacifista de que tanto fala Ribamar Fonseca? Uma "paz" que depende de uma grife religiosa, uma "fraternidade" que apela para o lema piegas "todos somos irmãos" que, além de não resolver os conflitos humanos, mais parece condenar a diversidade social do que promover a união das pessoas?

É muito duvidoso fazer apelos nesse sentido, porque, além desses relatos sobre "paz e fraternidade" não resolverem os mais complexos conflitos humanos, podendo haver uma falsa paz com a manutenção das desigualdades humanas, muitos abusadores podem se aproveitar disso e pedir a misericórdia da vítima aos benefícios desmedidos de um algoz.

Além disso, a ideia de "somos todos irmãos", herança do Catolicismo, soa mais como um eufemismo para o "gado humano" das crenças medievais, uma visão romantizada da padronização humana, que nas obras de ficção científica se traduzem numa multidão escravizada, submissa e sem individualidade. "Somos todos irmãos" seria uma forma apenas mais simpática de dizer "somos todos submissos" e de rejeitar a individualidade humana.

Se observarmos os apelos que os "espíritas" fazem, eles revelam um direitismo sutil, subliminar, quase imperceptível porque os "espíritas" não costumam abrir o jogo ideologicamente, embora em muitos momentos atuem em defesa do golpe militar de 1964, da repressão ditatorial, do bullying jurídico da Operação Lava Jato, do golpe político que derrubou Dilma Rousseff.

O "espiritismo" defende as "reformas" trabalhista e previdenciária e seus palestrantes até defendem retrocessos como a queda de salários (para eles, uma oportunidade de "reeducação financeira" e "desapego material"), a flexibilização de acordos entre patrões e empregados (que "estimulará" o "acordo entre irmãos") e o aumento da carga horária de trabalho (oportunidade de "exercer com fé" a vida "no trabalho e na dedicação ao próximo").

Ultimamente, "médiuns espíritas" apareceram ao lado de políticos retrógrados, em clima de evidente sintonia espiritual. Divaldo Franco homenageou o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., e permitiu que ele lançasse um engodo alimentar. João Teixeira de Faria, o João de Deus, apareceu em clima de grande cumplicidade com o presidente Michel Temer.

Os "espíritas" vão dizer que isso é "coincidência", que até João Pedro Stédile, do MST, teria o mesmo tratamento. Não teria. Existe uma grande diferença entre "consideração" e "cumplicidade", e o latifundiário João de Deus foi tão "amigo" do petista Lula quanto Paulo Maluf e José Sarney haviam sido com o ex-presidente.Fernando Henrique Cardoso também se diz "amigo de Lula" e ninguém vê essa cumplicidade. Por que vê-la no "coronel" João de Deus?

Há muito o que aprender nessas coisas. A submissão ao "espiritismo" que desfigurou o legado kardeciano original não pode ser mantida sem o menor questionamento. Enquanto esquerdistas ficam louvando os "espíritas", como cordeiros se simpatizando com um filhote de lobo, estes apoiam políticos conservadores e vão apoiando a construção de um Brasil menos justo, pois os "espíritas" vivem dessa "indústria do sofrimento" para se promoverem com sua pretensa caridade.

É aquela coisa: forjar sofrimento e desgraça para os outros e depois promover bom mocismo para socorrer as pessoas depois do desastre ocorrido. E isso às custas de valores moralistas trazidos do velho Catolicismo jesuíta e medieval. Depois ficam dizendo que o "espiritismo" é um movimento progressista. Vão entender certos esquerdistas...

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