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Por que o medo dos brasileiros de saber da morte de assassinos?


Em tempos de liberação do porte de armas, medida do governo Jair Bolsonaro que irá agravar a onda de homicídios que sempre ocorreu no Brasil nos últimos 50 anos, há uma realidade bastante esquisita: os brasileiros têm um grande medo de saber que assassinos também morrem.

Esse medo envolve, sobretudo, feminicidas, que são, de longe, a pior espécie de assassino, que mata alegando que o faz "por amor", embora "sob a defesa da honra" e "contra a traição da vítima". Leia-se "traição" um simples e educado pedido de divórcio da mulher ao marido insensível e violento, que dá em discussão que, quando a mulher começa a gritar por não poder mais convencer o marido, ele pega uma arma e a elimina.

Há um grande medo de que não só feminicidas, mas certos tipos de sociopatas e também de fazendeiros mandantes de crimes e até alguns pistoleiros. É certo que não devemos odiá-los, nem jurar vingança e nem maltratá-los se tivermos que conviver com eles, mas chega um dia que eles também morrem e é aí que ocorre um grande medo.

Muitos se esquecem que a prática de um assassinato envolve violentas tensões emocionais. Quando se tira a vida de alguém, isso afeta a vida social desta pessoa e prejuízos irreparáveis são causados. O assassino, mesmo impune, tem que conviver, para sempre, com traumas emocionais que, não raro, geram conflitos que o fazem ter desde o transtorno bipolar até o risco de um infarto fulminante.

Para o moralista médio e o reacionário de plantão que goza dos ventos políticos do atual governo de Jair Bolsonaro, a pessoa que pratica um assassinato comete apenas um desabafo e, depois de alguns momentos turbulentos, esse criminoso volta a viver tranquilo. Só que não.

O assassino nunca fica tranquilo, vive atormentado e cheio de conflitos emocionais. Muitos deles alternam orgulhos extremos do crime cometido, motivado pelo ódio à vítima sobretudo em rápidas mas tensas discussões, ou vergonhas traumatizantes. Os homicidas, quando impunes, podem até sair do Brasil, mas não podem ir onde os familiares da vítima se encontram. Podem até integrar um conselho administrativo de uma empresa, mas não podem ir à festa de reencontro de colegas de escola.

O que surpreende é que muitos homicidas não têm suas mortes noticiadas pela imprensa. Criminosos cujos julgamentos viraram notícia em todo o Brasil não têm seus falecimentos noticiados na mídia. E isso numa época em que a lista de obituários do mês, no nosso país, tem que parecer "fofa" como se fosse a lista de indicados para o Prêmio Nobel.

Há uma grande reticência na biografia de homicidas famosos. O "paradeiro" do homicida se perde ou "sempre" resulta no "atual" ostracismo. O tempo passa e se, no meio do caminho, um homicida morre, essa informação "se perde" no silêncio da imprensa, que parece "ocultar" nas redações os cadáveres dos homicidas mortos.

Dos feminicidas, raros são os casos de mortes divulgadas não só na imprensa como no Wikipedia. O advogado Leopoldo Heitor, que em 1961 matou a socialite Dana de Teffé, faleceu aos 79 anos em 2001, por doença. Sendo um crime cometido durante um tempo em que não havia cenários sócio-políticos conservadores, a tragédia de Leopoldo Heitor não causou forte comoção na sociedade machista.

Hoje as redes sociais já começam a falar que dois feminicidas, Doca Street, que matou a socialite Ângela Diniz, no final de 1976, em Búzios, com dois tiros de revólver Beretta, e Pimenta Neves, ex-chefe de redação de O Estado de São Paulo que matou a colega e ex-namorada Sandra Gomide, em agosto de 2000, estão perto da morte, estando em idades elevadas, respectivamente 85 e 82 anos.

Os dois quase morreram antes. Doca Street, pelo seu tabagismo intenso e um passado que incluiu álcool e cocaína, poderia estar morto há 30 anos. Rico, ele talvez tivesse recorrido a muitos medicamentos que lhe seguraram até agora, mas o organismo tem limites. Ele estaria com um câncer, tardiamente descoberto, no pulmão, doou um rim sem sucesso a um sobrinho, em 1994, que morreu pouco depois, e também estaria com mal de Alzheimer (que Doca, numa de suas entrevistas, definiu com estranha ênfase como "uma dislexia") e problemas cardíacos causados pelo fumo.

Doca também fumou os mesmos cigarros que mataram um sem-número de celebridades que estavam em evidência em 1976 e 1977, de atores de Hollywood a astros da disco music. Em 1977, Doca Street admitia "fumar demais" e isso preocupava seus amigos. Daí ser estranho as pessoas hoje se revoltarem quando alguém aponta indícios de que ele estaria doente de câncer.

Pimenta, que ingeriu uma overdose de comprimidos que quase o matou pouco depois do crime, chegando a ficar internado em estado de coma induzido, foi noticiado, anos atrás, pelo portal IG, que estava sofrendo diabetes, num estágio que estaria causando cegueira, e câncer na próstata. Consta-se que a overdose de remédios estaria também provocando uma falência múltipla de órgãos.

Nada disso é oficialmente confirmado. A mídia hegemônica, em seus surtos de produzir notícias falsas ou equivocadas, chegou a dizer que Doca Street "estava muito ativo nas redes sociais", aos 80 anos de idade. Grande engano. Idoso, ele não teria força física nem psicológica para encarar os haters da Internet, e isso é tão certo que semelhante incômodo o fez mover advogados para barrar a realização do filme Quem Ama Não Mata, do cineasta Roberto Faria, já falecido. O filme estava em processo de pré-produção.

Quem está "muito ativo nas redes sociais" são familiares e o assessor de imprensa de Doca, algo que ocorre muito entre os ricos e famosos. Ainda mais sendo um idoso octogenário, não vamos esperar que um machista das antigas, ainda mais frágil pelos descuidos à saúde, tenha um vigor e um pique para encarar Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp com a energia de um Whindersson. No final da vida, o que Doca, sem dúvida alguma, quisesse fazer é descansar.

REVÓLVER "PROVOCA" INFARTO

A liberação do porte de armas não garante segurança nem tranquilidade para seus donos. Da mesma forma, a impunidade que muitos homicidas receberam ou ainda recebem - e isso depois que o feminicídio, se diferindo de outros tipos de homicídio (que são crimes dolosos), tornou-se, por lei, crime hediondo sujeito a 30 anos de prisão em regime fechado - nem de longe garante o sossego da liberdade reconquistada.

Além disso, homicidas são os que mais sofrem riscos de morrerem por doenças graves ou acidentes de trânsito. Não há um dado oficial, mas reconhece-se que os assassinos tendem a ter de 40% a 80% da expectativa de vida de um brasileiro comum. Hoje essa expectativa é de 75 anos de idade.

Câncer, infarto e acidentes de trânsito estão entre as causas potenciais de mortes de pessoas que cometem assassinatos. Embora não tenha havido uma notícia registrada na imprensa, grupos de pistoleiros potencialmente têm alto risco de morrerem em desastres de carro, devido ao fato deles usarem carros velhos para lhes transportarem aos locais dos crimes e pelo fato de que eles fogem em alta velocidade.

A tragédia de um assassino é um grande tabu para a sociedade brasileira. Assassino "não" pode morrer porque "oferece" a morte para outras pessoas. Além disso, muitos assassinos cometem seus crimes motivados por bandeiras moralistas, como a propriedade de terra, a honra machista e clichês valorativos relacionados à Família e ao Casamento.

Em muitos casos, exagera-se na salutar atitude de perdoar e não odiar os assassinos, criando-se uma "síndrome de Estocolmo" que faz com que a parricida Susane Von Richtofen e o feminicida não-conjugal Guilherme de Pádua (que matou a esposa de outro ator) se transformem em subcelebridades.

Daí que o homicida acaba virando um "malvado favorito" dos tempos reacionários atuais e isso não é bom. Afinal, cria-se uma grande contradição entre os brasileiros médios, que estão preparados para encarar tragédias com entes queridos ou famosos admiráveis, mas tremem de muito medo quando sabem que algum homicida morreu.

Não há relatórios sobre que desfecho sofreram vários envolvidos em assassinatos célebres. Algum dos assassinos de Leon Eliachar já morreu? E os assassinos do índio Galdino? O empresário mineiro Roberto Lobato, que matou a mulher em 1970 sob a desculpa da "legítima defesa da honra", já está falecido?

É claro que esse espírito de apego também existe nos EUA e os estadunidenses tremeram quando receberam a notícia de que o psicopata Charles Manson foi internado em estado grave, no começo de 2017, morrendo meses depois, após completar 83 anos de idade. Mas nada disso se compara a homicidas que se tornam os "titios da pescaria" ou os "primos da praia" para aqueles que, de repente, são tomados pela "síndrome de Estocolmo".

A omissão dos obituários de homicidas, desconfia-se, seria uma manobra para evitar que a divulgação de tragédias desencorajasse futuros matadores. Infelizmente, na sociedade ainda marcada pela barbárie como a brasileira, os assassinatos são vistos como "reguladores" da população brasileira e muitos feminicidas, como Herodes modernos, são blindados porque, ao matarem suas mulheres, também estariam "evitando futuras mães", de acordo com essa visão cruelmente reacionária.

Outro motivo seria o fato de que os homicidas teriam suas mortes comemoradas pelos haters. Mesmo que isso seja fato, é imprescindível informar a respeito, assim como temos que admitir que os assassinos das elites possuem menos haters - ou ao menos, haters menos agressivos - do que os petistas. Evitar noticiar alguma coisa porque os detratores irão festejar não se justifica, até porque os assassinos já causaram problemas ainda mais graves ao tirarem as vidas das vítimas.

Um trecho da música de O Rappa, a sua versão para "Hey Joe", o sintomático verso "Também morre quem atira", é um recado para quem acha que, com Bolsonaro no poder, vai ser moleza bancar o "justiceiro". Aos feminicidas, o recado é ainda mais sombrio, na medida em que a letra original da canção é, justamente, uma hipotética carta que Billy Roberts, o autor da música, imaginou escrever para um feminicida que fugiu para o México.

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