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Caso João de Deus é apenas a ponta do iceberg de escândalos ainda piores


A FAMIGLIA "ESPÍRITA" UNIDA.

Hoje o "médium" e latifundiário João Teixeira de Faria, o João de Deus, se entregou à polícia de Goiás, a pedido do Ministério Público local e da Polícia Civil. Ele é acusado de assediar sexualmente mais de 300 mulheres e de ocultar um patrimônio financeiro que o faz um dos homens mais ricos do Estado. João nega as acusações de assédio, mas provas indicam que eles ocorreram desde 1983.

Embora os adeptos do "espiritismo" brasileiro façam o possível para minimizar o caso, ele é, certamente, a ponta do iceberg de escândalos ainda piores que podem acontecer, que farão, entre outras coisas, descobrir as fraudes em torno de atividades supostamente mediúnicas, que, embora com fortes indícios de irregularidades, são oficialmente legitimadas por parecerem "agradáveis" e "edificantes" para o leitor brasileiro médio.

O caso João de Deus é apenas o começo, embora ele não tenha sido o único escândalo. Outros escândalos envolveram, para desespero de muitos brasileiros, o próprio Francisco Cândido Xavier, oficialmente tido como "espírito puro" e com uma imagem associada a supostas virtudes humanas. A memória curta permite ver Chico Xavier como uma figura ligada a meiguice, suavidade e doçura, mas a realidade mostrou que não é bem assim que aconteceu.

CHICO XAVIER: CONFUSÕES, FRAUDES E REACIONARISMO

Por trás da imagem de "fada-madrinha do mundo real" de Chico Xavier, ele criou confusões e se envolveu em incidentes da pesada. Seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, é um acinte literário, um lixo poético de 1932 que soa estranho para todo tipo de contexto lógico da sociedade brasileira e, como psicografia, é uma farsa tão aberrante que a obra recebeu reparações em cinco edições, durante 23 anos.

A obra se deixou passar porque se inventou a falácia que Chico Xavier fez o trabalho sozinho. Isso criou um discurso malandro que deixaria a coisa "em aberto", pois, se a obra não podia, à luz da Ciência, ser considerada autêntica, ela também evitaria de ser reconhecida como farsa.

Desse modo, a FEB, através dessa falácia, criaria duas hipóteses: se Chico tivesse feito uma fraude, ele seria um gênio da literatura e, se não a tivesse feito, sua "psicografia" seria "autêntica", o que permitiria favorecer o arrivista de Pedro Leopoldo e promovê-lo às custas de uma controversa e suposta paranormalidade.

Mas a verdade é que Chico Xavier fez os trabalhos junto com parceiros da FEB e consultores literários. Por acidente, Parnaso de Além-Túmulo confundiu os estilos de Antero de Quental com Augusto dos Anjos. A série "Humberto de Campos / Irmão X" foi feita praticamente por Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB, usando o crédito do autor maranhense como apelo para promover sensacionalismo às custas de um nome ilustre.

Allan Kardec reprovava esse ato. Ele havia prevenido isso em sua obra, alertando sobre os pretensos "médiuns" que se valeriam do uso de nomes famosos para causar impressão a seus leitores, produzindo sensacionalismo e dando vantagens ilícitas ao suposto paranormal, que poderia também usar isso para induzir crenças retrógradas e desprovidas de lógica e bom senso. Foi exatamente o que se viu na obra trazida por Chico Xavier.

O anti-médium mineiro foi envolvido também em escândalos de falsa materialização, inclusive assinando atestados de "legitimação" de tais atividades. Entre 1954 e 1964, várias atividades se tornaram conhecidas, inclusive uma risível "aparição" de Emmanuel numa maquete cuja base lembrava o Cristo Redentor e cuja cabeça, na verdade, era uma colagem com o rosto desenhado do jesuíta que existe hoje aos montes na Internet. Um locutor fazia a voz do padre, em off.

Mas o caso mais aberrante foi o da farsante Otília Diogo, que produziu várias falsas materializações, entre 1963 e 1964. O caso causou polêmica, mas Otília foi desmascarada quando repórteres da revista O Cruzeiro encontraram roupas usadas para as fraudes, sobretudo a roupa da "irmã Josefa", uma das pessoas encenadas pela própria farsante.

O lobby em torno de Chico Xavier conseguiu evitar que ele fosse considerado cúmplice. Houve quem disse que o "médium" foi enganado, como neste texto. Mas a verdade é que o fotógrafo Nedyr Mendes da Rocha registrou Chico Xavier muito falante, comunicativo e entrosado nos bastidores da farsa, comprovando que ele sabia muito bem do que acontecia e nem de longe foi enganado por Otília. Ele tinha consciência exata do "espetáculo" que estava sendo feito.

Este é um dos "fogos amigos" que atingiram Chico Xavier, denúncias feitas sem querer por fontes solidárias a ele. A outra fonte foi a "médium" Suely Caldas Schubert, que, ao lançar em 1981 o livro Testemunhos de Chico Xavier, revelou uma carta de 1947 na qual Chico agradecia Wantuil e o editor Luiz da Costa Porto Carreiro Neto por fazerem as revisões da futura sexta edição de Parnaso de Além-Túmulo porque o "médium" não tinha tempo para fazê-las de forma minuciosa.

Mas não são só fraudes que marcaram negativamente a trajetória de Chico Xavier. Seu reacionarismo de dimensões bolsonaristas (que combinavam com sua esperteza aecista de conquistar blindagens) sempre esteve presente em sua obra, baseada na Teologia do Sofrimento, corrente medieval da Igreja Católica.

O pensamento de Chico Xavier sempre se valeu condenando o questionamento e pedindo aos sofredores aguentarem a desgraça em silêncio, conformados ou executando sacrifícios descomunais, esperando que Deus traga as prometidas "bênçãos", geralmente na velhice ou na próxima encarnação. A ênfase no silêncio também era um meio de Chico Xavier evitar que a sociedade lhe investigue, aceitando os abusos cometidos pelo "médium" contra a lógica e o bom senso.

Mas seu reacionarismo se tornou mais explícito quando deu as famosas declarações no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971, com evidente consciência do que estava falando para um público imenso não só na ocasião, pois inclui também a audiência póstuma da Internet de hoje em dia, que mantém vídeos gravados.

Chico defendia a ditadura militar e rejeitava severamente os movimentos de esquerda, uma posição explícita e que nunca foi superada mesmo no fim da vida. Apesar disso, a mídia hegemônica, sobretudo a Rede Globo, conseguiu manipular a opinião pública produzindo uma imagem idealizada e fantasiosa de Chico Xavier - que prevalece hoje, a de "fada-madrinha da vida real" - que pudesse ser apreciada por todos, incluindo ateus e esquerdistas.

OUTROS CASOS

Divaldo Franco surgiu como plagiador de Chico Xavier (que já era também plagiador), segundo denúncias de Luciano dos Anjos, da cúpula da FEB. A denúncia, dada em 1962, três anos após o começo das atividades "psicográficas" do baiano, causou um escândalo interno no "movimento espírita" e quase pôs a perder as relações entre Chico e Divaldo.

Consta-se que isso fez com que o "movimento espírita" desse início à "fase dúbia", porque a cúpula, oficialmente vinculada ao roustanguismo, que havia perdido a liderança de Antônio Wantuil de Freitas, aposentado em 1970 e falecido em 1974, ficou isolada, enquanto os "médiuns", associados à corrente "mística" e roustanguista, se aliaram maliciosamente aos "científicos" sob o pretexto de "colaborar" com a recuperação das bases espíritas originais.

Divaldo Franco - que mantém a Mansão do Caminho, em Pau da Lima, Salvador - é famoso pelo discurso rebuscado. É associado a um pretenso humanismo, e espalhou a deturpação espírita em suas viagens no exterior. Há desconfianças se essas viagens contavam com algum patrocínio empresarial ou se eram um desvio do dinheiro da caridade. Mais tarde, Divaldo também foi notabilizado por posturas reacionárias, condenando o marxismo e o petismo e manifestando posição homofóbica.

Divaldo também apoiou um estranho alimento lançado pelo pouco confiável governante João Dória Jr., que foi homenageado na edição paulista do Você e a Paz. É uma farinata feita de restos de comida, com valor nutricional duvidoso e perigoso, que teria causado uma série de mortes por intoxicação alimentar ou subnutrição numa entidade religiosa no interior paulista. E Divaldo também acolheu o farsante Sri Prem Baba no evento "ecumênico" organizado pelo "espírita".

José Medrado, baiano como Divaldo, é associado a irregularidades mediúnicas, pois suas pinturas, que ele alega serem de grandes artistas estrangeiros, possuem apenas um só estilo pessoal, o do próprio "médium", que não media escrúpulos de usar somente a caligrafia pessoal para assinar as obras. Confrontada com o São Francisco de Assis original, de Cândido Portinari, sua suposta réplica mediúnica soa vergonhosamente diferente da original, em todos os aspectos.

Sobre Medrado, existem também outras acusações como o uso irregular de terreno para construção da "Cidade da Luz" (situada em Pituaçu, também em Salvador), exploração de menores instalados nessa instituição (que eventualmente viram flanelinhas nas proximidades), e expressão de preconceitos sociais durante suas palestras, como as habituais piadas contra louras e contra gordinhas, configurando posições machistas e gordofóbicas.

Medrado e Divaldo também chamam a atenção pelo fato de cultivarem uma "grande amizade" com juízes, advogados e demais magistrados. Medrado trabalhou no Fórum Rui Barbosa, e Divaldo tem como "escudeiro" o juiz e palestrante "espírita" Haroldo Dutra.

Ambos também causam estranheza por seus privilégios. Medrado possui carro esporte de valor financeiro considerável e Divaldo fazia viagens às cidades do Primeiro Mundo, se hospedando nos melhores hotéis e comendo do bom e do melhor, em eventos nos quais seu nome era encaixado em palestras de pregação lesa-doutrina, misturando conceitos kardecianos autênticos com valores catolicizados da deturpação.

Quanto a João de Deus, pesa sobre ele a posse de uma grande propriedade do tamanho de 18 vezes o Parque do Ibirapuera, um acinte diante das dimensões territoriais do atual Estado de Goiás (que perdeu metade de sua área para o Estado do Tocantins). João de Deus, que a imprensa de direita inventou ser amigo do ex-presidente Lula (ele apenas o atendeu e o recebeu com cordial formalidade), exaltou o juiz Sérgio Moro, algoz do petista, definindo-o como "enviado de Deus".

Esses são apenas alguns aspectos num meio em que risíveis "psicografias" como Um Roqueiro do Além, de Nelson Moraes, atribuído levianamente ao espírito de Raul Seixas, e Getúlio Vargas em Dois Mundos, obra que Wanda A. Canutti, já falecida, atribuiu ao espírito de Eça de Queiroz, sem no entanto estar à altura do autor português, seguem livremente num mercado literário irregular que alimenta os cofres dos dirigentes "espíritas", enganando toda a sociedade.

Muita coisa vai aparecer nos bastidores do "espiritismo" brasileiro e o caso João de Deus é apenas o começo, a ponta do iceberg, porque essa religião, vergonhosamente, se fundamentou na desonestidade, na fraude e no obscurantismo. Achar que supostos médiuns podem ser deuses e que o que soa ilógico e aberrante entre nós soa "magnífico e real" no mundo espiritual é uma leviandade sem tamanho, que deve ser combatida de todo jeito.

Não podemos confundir tolerância religiosa com a tolerância com a fraude e a mentira que se apoiam pela máscara da religiosidade, buscando o aparato dos mais sublimes apelos para enganar e iludir, se possível, até pessoas com algum senso de esclarecimento. Chegar a querer enganar os esclarecidos é a mais terrível aberração que favoreceu uma religião que se valeu pela deturpação de todo tipo e meio. Isso tem que acabar.

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