MENSAGEIROS DO OBSCURANTISMO - EMMANUEL E CARLUXO.
Vamos parar com esse contraste entre "amor" e "ódio" que contrapõe bolsonarismo e chiquismo, porque os "espíritas" acabam tendo o mesmo modus operandi dos bolsomínions quando tentam desmentir que Chico Xavier e Jair Bolsonaro são considerados almas afins.
Os "espíritas" pulam da cadeira e saltitam feito crianças malcriadas, achando que o "espiritismo seria incapaz de propagar o ódio". Se eles estão se referindo ao Espiritismo original, estão corretíssimos, mas, infelizmente, a Doutrina Espírita, tal como feita por Allan Kardec, foi totalmente ignorada e é inútil que os deturpadores brasileiros bajulem o professor lionês, porque eles lhe são os traidores de primeira hora, e assim se procedem.
É fácil os deturpadores cobrarem dos outros "maior respeito a Allan Kardec". Ou fazer pregação seletiva, alternando textos em que exaltam Chico Xavier e outros que exaltam Allan Kardec, separando as ideias opostas direitinho, de forma a evitar estranhezas, afinal, num país de desinformados e ignorantes, fica fácil expor ideias opostas separadamente, porque ninguém estranha e há até mesmo a seletividade de leitores.
Sim, isso mesmo: se os leitores preferem textos mais para o Espiritismo científico, selecionam um punhado de textos. Mas se são igrejistas, selecionam outro punhado. O problema é que, se reunirem todos os textos numa só compilação, se verá que as ideias brigam entre si e demonstram não haver unidade alguma no pensamento do "pregador espírita".
E isso ocorre não somente com os Orson Peter Carrara e Artigos Espíritas da vida, ou com os demais "kardecistas autênticos". Até mesmo os autoproclamados "espíritas de esquerda", do nível de Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo, seguem essa malandragem. Fácil falar, num texto, que "Espiritismo, em qualquer lugar, é um só, não pode ser outro senão o de Allan Kardec". Mas, em outro, já se fala da "missão admirável" de Chico Xavier.
Aí tem um problema, que é beneficiado pelo silêncio sepulcral das esquerdas, que não percebem o "AI-5 do bem" de Chico Xavier, que sempre defendeu que os sofredores suportassem suas desgraças em silêncio e sem queixumes. Se seguirem as máximas do "bondoso médium", as esquerdas encerrariam 99,99% de suas atividades, porque elas sempre atuam no conflito e na reclamação.
As esquerdas teriam que extinguir seus blogs e portais porque teriam que deixar de falar mal da mídia corporativa, do governo Jair Bolsonaro, dos abusos do mercado financeiro, do poder empresarial e até mesmo a escravidão que ocorre livremente no interior do Brasil não poderia ser combatida, porque tudo seria uma questão de ficar orando em silêncio e esperar que Deus e o "governador da Terra", Jesus Cristo, achassem o "momento certo" para socorrer os oprimidos.
Ninguém percebe isso e falar "Chico Xavier me enganou", para as esquerdas, é mais difícil de pronunciar e escrever do que falar russo. Pelo menos as esquerdas deveriam evitar a fascinação ou mesmo a subjugação em torno de Chico Xavier, que, pelo jeito, é o maior espírito obsessor dos brasileiros.
Afinal, o "médium", confirmadamente, apoiou a ditadura militar e a condecoração que ele recebeu da Escola Superior de Guerra só fez piorar as coisas, porque, contrariando a teoria conspiratória de Ronaldo Terra de que a instituição militar premiou Chico Xavier por sua "santidade", a entidade que monitorava a ditadura militar não iria condecorar quem não colaborasse com o regime ditatorial. Paciência, gente, religiões e religiosos podem muito bem se aliar com a tirania política.
E se Jair Bolsonaro tem em seu filho Carlos Bolsonaro, o Carluxo, seu "grande mensageiro", este não difere, em reacionarismo, ao do "espírito Emmanuel", identidade do antigo padre Manuel da Nóbrega, que consentiu em assassinar um herege apenas por não compartilhar a crença católica medieval. O que não é o moralismo punitivista do "espiritismo" brasileiro, que culpabiliza as vítimas, diante do "gabinete do ódio" que cultiva vilões não só entre os progressistas, mas entre os liberais moderados?
O que não procede é definir Chico Xavier como "progressista", porque ele defendia até mesmo o trabalho servil e valores análogos à Escola Sem Partido e à "cura gay". São coisas que, repetindo, estão manifestas em suas ideias, não se tratando de "calúnia" dos "quevedos imaginários" das mentes dos hidrófobos chiquistas. Neste caso, vale a ideia de que "foi Chico Xavier quem disse".
A ideia de que "tudo passa" e "uma vida melhor virá, com certeza", é um discurso que até o mais raivoso bolsonarista possui pronto na manga de sua camisa. Além disso, outra facilidade da retórica "amigo da onça" de Chico Xavier é que ninguém percebe a crueldade desse discurso, pois é muito confortável dizer para as pessoas que tiveram grandes prejuízos que "algo melhor está vindo". Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
Na boa, se Chico Xavier fosse mesmo progressista, ele não apelaria para tantas crueldades conceituais. Aguentar o sofrimento em silêncio, sem reclamar? Com as desgraças aumentando sem controle? Com a alma sufocada pela aflição constante, pelos medos provocados pelos infortúnios sem fim, com a raiva e a depressão permanecendo na consciência humana?
Embora racional, o ser humano também sofre os mesmos instintos dos animais acuados. Gatinhos e cãezinhos fofinhos podem se tornar terrivelmente agressivos quando acuados. Ratos acuados reagem mordendo a pessoa ou o animal que estiver à sua frente. Se for um rato contaminado, isso pode ser mortal, devido às doenças graves que uma mordida pode causar.
Só mesmo no moralismo medieval de Chico Xavier é que animais acuados devem ser felizes e se comportarem com mansuetude e abnegação. É um conceito medieval, sim, essa arte impossível de, acumulando desgraças que surgem, crescem e se multiplicam sem controle, a pessoa ter que ficar feliz e acreditar em Deus, como se isso trouxesse energias positivas para afastar as adversidades.
Isso é uma ilusão. Sorrisos não afastam tragédias. Se fosse assim, se um cofre caísse do alto de um prédio para atingir uma pessoa, é só ela sorrir para que o objeto em queda se desviasse gentilmente do seu caminho e evitasse atingir a vítima. Ou então se um furacão estiver a caminho de uma cidade, a pessoa, também sorridente e crente em Deus, dissesse: "Minha cidade é abençoada, aqui furacão está proibido de entrar" e supor que o referido cataclismo desviasse, educadamente, seu caminho e se afastasse da cidade "iluminada".
Chico Xavier é um dos mais adorados do Brasil e, mesmo sendo um arrivista com irregularidades graves em sua trajetória, ele é mais blindado pela Justiça do que todo o PSDB junto. Se um jurista tem em mãos uma denúncia de textos fake e vê o nome de Chico Xavier entre os envolvidos na fraude, ele não investiga. Até parece que está baixando nele o espírito do deputado Rodrigo Maia, embora este estivesse vivo e saudável.
Isso em nada resolve a crise política que tivemos. Chico Xavier é adorado ao extremo, embora os seguidores "isentões", que agora exercem a supremacia narrativa em favor do "médium", tentem renegar o fanatismo, reduzindo a idolatria a uma suposta "admiração simples e saudável", como se isso representasse algum "equilíbrio" e "imparcialidade".
Todavia, o que temos é a continuidade do projeto fascista de Jair Bolsonaro, que, aos poucos, está se tornando mais violento politicamente. A recente passeata dos bolsonaristas, em Brasília, foi marcada por um clima de autoconfiança dos seus manifestantes, apesar de poucos. Até Guilherme de Pádua, assassino de Daniella Perez que agora atua como pastor neopentecostal, estava presente.
Se o blindado e adorado Chico Xavier fosse mesmo progressista, vibraria para que o bolsonarismo caísse. Mas o bolsonarismo fica em pé, e Jair Bolsonaro é o primeiro a estar imune de pesados infortúnios, continuando seu desgoverno tranquilamente, destruindo o nosso país. Poucos percebem que Jair Bolsonaro é o "Chico Xavier em modo Mr. Hyde", enquanto Chico Xavier é o "Jair Bolsonaro em modo Dr. Jekyll".
Espiritismo só não é bolsonarista lá na Lyon do Século XIX. No Brasil de Chico Xavier, o "espiritismo" é bolsonarista até a medula, com sofredores aguentando adversidades em silêncio, suportando como se tivessem sangue de barata, apesar das dores, humilhações e traumas intensos. Devemos prestar atenção nas ideias de Chico Xavier, que respiravam direitismo o tempo todo.
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