Recentemente, o youtuber Felipe Neto manifestou sua autocrítica ao admitir que seu desempenho original era voltado à alienação da realidade e a posturas políticas reacionárias e comprometidas com o golpe político que se realizou em 2016. Ele anunciou, também, que deixou de seguir personalidades como Ivete Sangalo e Whindersson Nunes pela falta de posicionamento sobre o momento terrível que vive o Brasil.
Isso foi uma grata surpresa para aqueles que imaginavam que Felipe Neto seria "mais um" naquela fase em que youtubers eram inseridos naquela fase anestesiante do mercado literário brasileiro, na qual os livros mais vendidos envolviam auto-ajuda, mistificação religiosa, contos sobre jovens vampiros e até os constrangedores livros para colorir. 2015 foi o pior ano para o mercado literário no Brasil, onde a transmissão de Conhecimento passou a ser discriminada e não valorizada.
E isso ocorre quando momentos tenebrosos acontecem, como a crise política causada pelo presidente Jair Bolsonaro e a pandemia da Covid-19, transmitida pelo pequeno mas perigoso coronavírus. A falta de posição dos "isentos" de plantão, que antes tinha uma alta reputação na sociedade, está decaindo completamente.
Paralelamente a isso, pessoas que acreditavam num "mundo da fantasia" dos influenciadores tiveram a decepção profunda da farsa de Gabriela Pugliesi, desmascarada por ter furado a quarentena em prol de uma festa que, como em tantas outras, contou com ela se embriagando com muita cerveja.
Ela vendia a imagem de "supersaudável", anos atrás. Foi contaminada pelo coronavírus, assim como seu marido Erasmo Viana, e depois de um tempo de isolamento social, decidiram romper a quarentena, com ela esnobando a Covid-19 - ela disse que "o coronavírus igualou a humanidade" - e fazer uma festa de arromba com participação de outras digital influencers para saudar a vida de Mari Gonzalez, então derrotada em um "paredão" do Big Brother Brasil.
E aí Gabriela repercutiu mal com sua farra, despertando seu público de mais uma ilusão. Ela perdeu seguidores - só no começo da revelação do escândalo, ela perdeu 1 milhão dos 4,5 milhões de seguidores, e teve que cancelar seu perfil nas redes sociais para não mostrar a vexaminosa queda indo adiante - e contraiu um prejuízo de R$ 3 milhões com o rompimento do contrato com nada menos que 20 anunciantes.
Com isso, o senso crítico, que antes era amaldiçoado pelas redes sociais, no reboque de uma assepsia ideológica que garante, ainda, a supremacia dos "isentões" - os chatos que, pretensamente imparciais, têm mania de argumentar para defender ideias decadentes, com um verniz de objetividade e com a obsessão de ficar com a palavra final em tudo - , está começando a recuperar terreno. Mesmo quem sentia preguiça em contestar já começa a duvidar de valores "estabelecidos".
No "espiritismo" brasileiro, onde se passa mais pano em Francisco Cândido Xavier do que flanelinha limpando automóvel, se tornando terreno fértil para a "isenção", que ainda garante a "superioridade intelectual" de "homens de bem" que ficam blindando o "médium", como um tal Jorge Caetano que desejou "autenticidade" em Parnaso de Além-Túmulo, ainda que à margem de contradições graves, esta postura está decaindo.
Posições acovardadas de Alexandre Caroli Rocha sobre os casos Humberto de Campos e Jair Presente e posturas fantasiosas de Ronaldo Terra sobre o apoio à ditadura militar dado por Chico Xavier são amostras de como o verniz de "imparcialidade" e "objetividade" das teses acadêmicas, e toda a rejeição dos cursos de pós-graduação ao senso crítico (tido erroneamente como sinônimo de opinião), tão honrado por muitos setores da sociedade, tendem a se tornar vergonha profunda.
Não ter posição na sociedade, tratar academicamente um problema como se problema não fosse e desproblematizá-lo sob um aparato de "tese científica" serão coisas constrangedoras, vergonhosas e completamente deploráveis, criando uma neutralidade medrosa, que serve mais para defender que tudo fique como está do que promover um mínimo progresso social.
A falta de senso crítico fez com que uma historiadora, Ana Lorym Soares, acolhendo sem questionar as desculpas da Federação "Espírita" Brasileira, de que as modificações das "psicografias" pelos editores terrenos da instituição eram uma "necessidade para deixar tais obras apresentáveis ao público", não percebesse ter uma bomba em suas mãos, um escândalo dos mais graves que ela transmitiu assim, sem querer, presa na sua neutralidade viciada.
Trata-se de um dos piores escândalos nos bastidores do "espiritismo" brasileiro, e mostra o quanto a "obra mediúnica" de Chico Xavier não passa de uma grande farsa. É algo que, num país menos ingênuo que o nosso, iria derrubar completamente um ídolo religioso, não cabendo mais desculpa nem relativização para defender sua pessoa e sua imagem diante do público.
Não faz sentido sequer essa "adoração simples" dos "isentões" que agora predominam entre os adoradores de Chico Xavier, que afirmam ser "uma saudável admiração de um homem imperfeito, mas simples e bom", porque isso é desculpa furada para manter o fanatismo que nunca admitem.
Afinal, quem em sã consciência vai adorar um homem por ser "apenas simples e bom"? Não somos trouxas. Além disso, que idolatria é essa sem "qualidades marcantes"? Isso tudo é papo furado dos "isentões" que, no fundo, estão é para garantir o sucesso das vendas dos livros de Chico Xavier, enchendo os cofres dos chefões da FEB - que, na época das modificações editoriais, não escondia o caráter comercial, chamando os leitores de "consumidores" - às custas de tamanha mistificação.
Almoço grátis não existe e até o "almoço espírita" impõe seu alto custo, sua conta a pagar. Sabemos que ninguém se empolga demais quando os livros vendem muito para a caridade, e os "espíritas", Chico Xavier incluído, festejaram muito tais façanhas comerciais.
Daí a glorificação irresponsável desse "médium" que arruinou o Espiritismo e que agora tem como seu verdadeiro discípulo o presidente Jair Bolsonaro, que quer cumprir seu objetivo de "destruir o Brasil" para que, em terra arrasada, o deturpado "espiritismo" brasileiro, depois do espetáculo falido dos neopentecostais, chegasse montado no cavalo para promover um bom-mocismo dos mais hipócritas, desses que precisam causar destruição para depois forjar uma pretensa caridade.
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