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Com uma frase, Chico Xavier derruba sua própria imagem de "símbolo da caridade"



Revendo a história, revelações amargas desafiam qualquer pensamento desejoso e a realidade dos fatos mostra aquilo que muitos lutam para não aceitarem. Dizemos isso quando vemos que, com uma única frase, se derruba um ídolo religioso e sua imagem que o consagrou, numa só vez.

Pois bem, uma única frase de Chico Xavier derruba sua imagem de "caridoso". Poucas palavras. É o que vemos na reportagem da revista Realidade, edição de novembro de 1971, quando  o "médium" acolhia pessoas, feito um popstar, em Uberaba, havia dito certa vez:

"O sofrimento, filha, é uma dádiva de Deus. É com a dor que nós nos elevamos".

Isso é uma perversidade. Não se faz propaganda do sofrimento. E não é o sofrimento que eleva a pessoa, mas uma reação psicológica contrária às condições e motivos deste sofrimento. Mas como Chico Xavier era devoto da Teologia do Sofrimento, corrente radical do Catolicismo da Idade Média, essa frase é despejada como um "AI-5 do bem", como um "holocausto com açúcar".

Isso derruba de vez a imagem de Chico Xavier associada à caridade. Derruba, sem volta, de uma única vez. Mas seus seguidores ainda teimam em se esforçar em desconversar, apelando para uma bomba semiótica bastante engenhosa, que é o "truque da falsa metáfora".

O truque da falsa metáfora consiste em desconstruir uma ideia óbvia, duvidando de sua evidência que nos salta aos olhos. Ela é tratada como se fosse uma metáfora, enquanto a frase que deveria expressar diretamente uma ideia é interpretada de forma relativista, com o objetivo de, através dessa manobra, a frase estar associada a uma ideia oposta à original.

Neste caso, tentam desconstruir a ideia da apologia da desgraça humana, dessa relação sado-masoquista que a Teologia do Sofrimento exerce entre pregador e oprimido, em que o primeiro expressa seu prazer religioso pela desgraça alheia, atribuindo a ela "ingresso à bênção divina", enquanto o sofredor é convidado a sentir o masoquismo sacramental de seu infortúnio, achando que, dentro da ideia do "quanto pior, melhor", irá diminuir seu caminho para os braços de Deus.

Os chiquistas, então, tentam desconstruir o discurso. "Não, não é o sofrimento que ele realmente está falando", argumentam. "É o desafio da vida, que nos faz levantar e agir para buscarmos melhorias na nossa vida". Com esse discurso dócil, mas não menos impiedoso, tentam convencer o infeliz da ocasião de que ele não reconhece a "felicidade" de enfrentar uma desgraça, confundida com uma simples dificuldade natural do cotidiano.

Isso porque a Teologia do Sofrimento, seja a católica, seja a "espírita" - embora sabemos que o "espiritismo" brasileiro nunca assumiu formalmente essa corrente, apesar de mergulhar fundo em suas ideias, que há muito substituíram os dogmas espíritas originais - , não mede o nível da desgraça. Para essa corrente, um simples ato de levantar sob um sono ainda pesado tem o mesmo peso do que ver a casa destruída por um incêndio.



As pessoas, em sua situação confortável, não percebem isso. Para elas, o sofrimento do outro é lindo. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. No breve período de apologia à cultura popularesca, sob a desculpa do "fim do preconceito" contra formas bregas de suposta expressão popular, mesmo pessoas que se autoproclamavam "de esquerda" exaltavam o "orgulho de ser pobre" como um pretenso ideal de vida para as classes populares, expressando um elitismo paternalista que horrorizou até a direita.

Tudo era lindo para essas "generosas" elites "progressistas": morar em casas precárias nas favelas, com famílias numerosas vivendo no aperto. Mulheres trabalhando na prostituição e levando surra de fregueses violentos. Jovens vivendo no subemprego, vendendo produtos piratas e contrabandeados "escondidos" entre artigos usados, e levando dura dos "rapas" (fiscais da prefeitura). Idosos se embriagando de álcool sob a desculpa de "afogar a tristeza".

Durante anos, isso era "ruptura do preconceito". Era a "valorização" da "vida feliz" do povo pobre, trazido por essas "generosas" elites, que escondiam sua misantropia, seu horror a pobre, através de um fingido, mas aparentemente "espontâneo", "fiel" e "apaixonado" apoio ao esquerdismo, um disfarce para elitistas histéricos, quase bolsonaristas, poderem promover uma boa imagem na sociedade em geral.

A "máxima" de Chico Xavier desmente sua "indiscutível caridade". Em primeiro lugar, porque é uma forma "educada" de dizer que não quer ajudar todo mundo. A "caridade" é seletiva, nos moldes do Assistencialismo (ou seja, ações meramente paliativas, que "aliviam a dor" sem "trazer a cura" da pobreza), servindo mais para promover o "benfeitor", porque os pobres são apenas "um detalhe", rebaixados a meras "vacas" do presépio filantrópico do "médium".

A simbologia de Chico Xavier não é muito diferente daquela de Madre Teresa de Calcutá, cujo mito foi "fabricado" pelo jornalista inglês Malcolm Muggeridge a partir de um fenômeno de práticas assistencialistas na Índia.

Assim como Chico Xavier, Madre Teresa era reacionária, moralista e pautava sua "filosofia" na Teologia do Sofrimento, que é acolhida, confortavelmente, por "espíritas" ou por "espiritualistas laicos" que não sabem a diferença entre crenças orientais típicas do Budismo, por exemplo, e as crenças do Catolicismo medieval, misturando conceitos como o Yin e o Yang com dogmas moralistas dignos de um Tomás de Torquemada.



Daí que as pessoas não percebem o quanto o holocausto que faz com que tiranias políticas ou mesmo religiosas, como o nazi-fascismo e a seita de Jim Jones, ganhou uma teoria dócil através da Teologia do Sofrimento. Iludidas com o açúcar das palavras, as pessoas acreditam em Chico Xavier e Madre Teresa de Calcutá sem perceber a perversidade oculta em palavras bonitas, como uma espécie de "cicuta" (não seria "chicuta"?) em forma de mensagens.

As pessoas se confundem, e ignoram que a Teologia do Sofrimento é capaz de atribuir "felicidade" até mesmo em multidões caminhando para um campo de extermínio. Ou atribuir à sanguinária perna do hoje ex-policial Derek Chauvin, que estrangulou com brutal impiedade o pescoço do negro George Floyd, a "mão de Deus", por entendermos que, como o sofrimento é "presente de Deus", então Deus se manifestaria, muitas vezes, através da crueldade de um algoz.

Evidentemente, os "humanistas de sofá", "Prêmios Nobel de Memes", vão protestar. "Não é esse o sofrimento de que falamos!", irão exclamar. Não é assim. Em muitos casos, as palavras ferem e mesmo a aparente ou mesmo presumida beleza de certas frases não a isenta de eventual crueldade em seus recados impiedosos e desumanos.

É o caso da ideia do "inimigo de si mesmo". Os "espíritas" dizem condenar o suicídio, mas quando, na sua propaganda de apologia à desgraça humana, pregam que "é necessário combater o inimigo dentro de si mesmo", acabam provocando, justamente no mais desesperado dos sofredores, o suicídio que dizem reprovar.


"QUANTO RISO, OH, QUANTA ALEGRIA..."

O "espiritismo" brasileiro é muito cruel no seu holocausto, e isso partiu de Chico Xavier, que criou, sob paixões materialistas e sem fundamento científico algum, nenhuma gota de Ciência sequer, um "paraíso" para justificar os sofrimentos pesados na Terra.

É o que faltou a Adolf Hitler no seu holocausto, criar um discurso dócil de "aceitação da morte e do sofrimento extremo", e reservar um "paraíso" para os judeus como justificativa para seu extermínio. Não por acaso, Nosso Lar surgiu em 1943, quando o nazismo estava no apogeu e tudo o que, na "pátria espiritual", o personagem André Luiz e seus parceiros fizeram, quando estourou a Segunda Guerra Mundial em 1939, foi "socorrer" os espíritos dos mortos pelo conflito.

E a tragédia de Bophal, na Índia, com o vazamento de gás numa filial da fábrica de pesticidas britânica Union Carbide, causando explosões, incêndios e intoxicações em milhares de pessoas, em 1984, matando mais de 13 mil pessoas e contaminando um total de 500 mil? Diante do incidente, Madre Teresa, de maneira desumana, tentou abafar a indignação da opinião pública, minimizando o crime causado pela ganância dos donos da fábrica: "Perdoe, perdoe", limitou-se ela a dizer.

Madre Teresa, que também disse coisa semelhante a Chico Xavier, comemorou quando foi informada de que 29 mil enfermos, deixados em condições sub-humanas nas casas de sua organização Missionárias da Caridade, morreram em tais circunstâncias, dizendo que são "novos anjos" que "foram ao Céu". Sádica, ela disse que "é muito bonito ver as pessoas morrerem com tanta alegria".

Além disso, Madre Teresa de Calcutá - pela qual até mesmo setores das esquerdas brasileiras sentem simpatia e até devoção - veio com uma "pérola" que revela sua felicidade com o masoquismo alheio, dentro de um discurso hipócrita e tipicamente elitista: "A beleza não está na pobreza mas na coragem de ainda sorrir e ter esperanças apesar de tudo. Não admiro a fome nem o relento, nem o frio — mas a disposição de enfrentá-los, a coragem de sorrir e de viver mesmo assim".

Chico Xavier não pensava diferente. Ele, moldado como "símbolo do amor humano" pelos mesmos moldes de Malcolm Muggeridge, treinado a fazer as mesmas "peregrinações" por Uberaba dentro do show da "caridade paliativa" em que o "benfeitor" busca protagonismo com ações fracas e de baixo impacto na sociedade, dizia para os sofredores nunca reclamarem, para "não atrapalhar a felicidade dos outros", os mais remediados.

A dor tem que ser sufocada. A desgraça, acolhida com resignação e até alegria. Se a desgraça é dura de suportar, fica-se em silêncio e recolha-se em oração, desde que calado e num canto para que outros não percebam. Se a desgraça acumula sem controle, com graves riscos para o infortunado, que este se conforme, até mesmo com a pior humilhação e com tragédias traumatizantes, e se mantenha na fé por uma bonança que não se sabe quando virá, se é que realmente virá.

O problema é em que momento será permitido se recolher para a prece, no caso do trabalho exaustivo, que é defendido abertamente pelo "progressista" Chico Xavier, que deveria ser creditado como o co-autor da lei nº 13.467, de julho de 2017, a chamada "reforma trabalhista". Aos chiquistas que dizem se horrorizarem com a "reforma trabalhista", como os "esquerdistas" Franklin Félix e Ana Cláudia Laurindo, aconselha-se ler com atenção as ideias de Chico Xavier. E sem falsas metáforas.

Daí que concluímos que, até mesmo na caridade, o "bondoso" Chico Xavier foi um grande farsante. Além disso, como ele fazia apologia do sofrimento humano, isso representa uma restrição de sua "ilimitada caridade". Ou seja, para uma considerável parcela de infelizes, se aconselha que "segurem a barra" e esperem um ser invisível e controverso conhecido como Deus agir um dia, não se sabe quando, e talvez, nem sabendo se isso será possível.

Para quem acha que Chico Xavier, com sua apologia ao sofrimento humano, não é reacionário e nunca seguiu a Teologia do Sofrimento (apesar dela também criar uma retórica "boazinha" para defender a desgraça alheia), favor prestar atenção, porque as elites (mesmo as da chamada "classe média") que se dizem "defensoras da humildade" e "solidárias ao povo pobre", deveriam rever seus valores.

Afinal, talvez essa visão, supostamente generosa, de acolhimento do povo pobre, é apenas um artifício para esconder as piores neuroses elitistas, as mesmas manifestas, com mais sinceridade, pelos bolsonaristas. E mostram que muitos dos que se dizem "generosos" e "solidários" só aceitam ver os pobres na condição inferiorizada de animais domesticados. Sorriem quando os pobres são subservientes, tolos e ingênuos, mas se enraivecem quando os pobres passam a lutar e protestar pedindo melhorias de vida.

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