CHICO XAVIER E OLAVO DE CARVALHO - MISTIFICAÇÃO TRAVESTIDA DE "FILOSOFIA".
As pessoas, no Brasil, pelo jeito, veem televisão demais. "A televisão me deixou burro, muito burro demais", disse, com dramaticidade crítica, Arnaldo Antunes, personificando o brasileiro típico na famosa música do grupo de rock Titãs, "Televisão".
Pois é isso mesmo. As pessoas devem ter visto Domingo Maior, da Rede Globo, para votar em Jair Bolsonaro. Uma parte das personalidades políticas reais ou virtuais é de astros de TV: João Dória Jr., Alexandre Frota, Regina Duarte, Jair Bolsonaro e, agora, um ex-esquecido Mário Frias.
E quem pensa que Francisco Cândido Xavier está fora dessa, se engana. Ele, um paiol de bombas semióticas, é justamente adorado por ser um "personagem de novela", apostando naquela "filantropia de novela das nove" ou na "espiritualidade de novela das seis". Dá pena ver gente gastando argumentação "isenta" e "realista" em favor de Chico Xavier. Estão defendendo um personagem de contos de fadas.
O verdadeiro Chico Xavier nunca passou de um reacionário, deturpador da Doutrina Espírita e criador de fraudes literárias. As "psicografias" sempre apresentaram problemas sérios nos aspectos pessoais dos supostos autores espirituais. E, além disso, se havia imitação dos mais variados estilos literários, eles vinham por conta de uma equipe de consultores literários, comandada por Manuel Quintão e Luís da Costa Porto Carreiro Neto, dirigentes da Federação "Espírita" Brasileira.
Chico Xavier foi o Olavo de Carvalho do período ditatorial, um mistificador barato que era promovido a um pretenso "guru", a um pretenso "filósofo", a servir de "cortina de fumaça" para as convulsões sociais e manipular as pessoas através da transmissão de ideias ultraconservadoras que primeiro afligem para depois submeter e dominar as multidões.
"E a caridade? E a caridade, desse homem bom, que deu a vida pelo próximo", choraminga um chiquista, todavia babando de raiva, porque para ele "é preferível que caia um Brasil inteiro do que cair um único homem, se ele for Chico Xavier, o único que está acima da Verdade e somente abaixo de Deus". Até a "caridade" dele é uma farsa.
FILANTROPIA FAJUTA
Mesmo quando certos escritores chapa-branca falam em "lindos casos" e alegam que Chico Xavier andava pelas ruas assistindo pobres, amparando sem-teto, escrevendo para presidiários etc. Tudo isso não traz discernimento algum e não é diferente do assistencialismo fajuto que Luciano Huck - que já avisou que admira Chico Xavier - faz hoje em dia.
Primeiro, porque essa "caridade" nunca atuou para a superação real das desigualdades sociais, mas tão somente o "alívio do sofrimento". E aqui as pessoas que seguem Chico Xavier adotam uma confusão conceitual das mais conhecidas, junto à confusão que é dizer que ele, como "médium", "psicografava" oferecendo sua mão para os espíritos escreverem ou ele é que escrevia o que os espíritos ditavam.
Se confundimos a "escrita do espírito pela mão do médium" com o "ditado do espírito para o médium escrever", também confundimos "aliviar o sofrimento" com "transformação de vida". Não, meus caros, isso não é a mesma coisa, e chega dessa mania de defenderem suas convicções com um textão cheio de desculpas "isentas" e, às vezes, com aparato de monografia para parecer tudo "objetivo" e "imparcial".
Primeiro, porque "aliviar o sofrimento" mantém a pessoa do jeito que está, apenas minimizando os efeitos drásticos da miséria, sem no entanto representar alguma mudança grande. Os sem-teto continuam sendo sem-teto, ou, quando muito, ganham um modesto aluguel social. Os favelados recebem donativos e uma cesta de mantimentos que se esgota em três semanas, embora essa "caridade" seja festejada pelos seus "benfeitores" por doze meses.
Não se trata de uma superação real, grande, profunda. São mudanças superficiais, mesmo quando elas envolvem a aquisição de uma casa ou de um emprego. O assistencialismo de Chico Xavier e, por associação, o de Divaldo Franco, José Medrado e similares, não é diferente do que Huck faz em seu assistencialismo espetacularizado no Caldeirão do Huck.
Transformar vidas significa sangrar nos bolsos dos mais ricos. E isso os "espíritas" não fazem. A realidade é que nem Chico Xavier, nem Divaldo Franco nem quem quer que fosse fez cobranças aos mais ricos, antes preferindo lisonjeá-los, bajulá-los e convencê-los apenas a doar "o que podem", ou seja, aquilo que os ricos sempre fazem para forjar bom-mocismo.
Coisas como doar roupas usadas, velhas, mofadas, manchadas, rasgadas ou fora de moda, cobertores furados, comprar alimentos de marcas ruins, entre tantas doações que podem ser feitas pelo piloto automático, não trazem diferencial algum. Não aliviam sequer a consciência. E, ainda mais, quantas famílias arrumam suas cestas e sacolas de donativos sob brigas entre pais e filhos, marido e mulher, estes com as empregadas, antes de irem para uma "maravilhosa" reunião na "casa espírita"?
E o protagonismo com que os "médiuns" sonham, de maneira nunca assumida - não basta negar pela palavra quando os sentimentos e a prática afirmam, mesmo de maneira oculta - , com o pouco da caridade que dizem fazer eles mal praticam um relativo benefício (se é que "aliviar o sofrimento" é um benefício real, sem fazer algo mais profundo) e já pensam nos aplausos da humanidade e até do Céu.
Ah, quantos tesouros no Céu imaginam alcançar os "médiuns espíritas". Quantas glórias, quantos aplausos por uma açãozinha medíocre, coisa de nada. Oferecer chuveiro para mendigos uma vez por ano, pedir a outras pessoas que façam donativos e apenas assistir, de maneira meramente paliativa, moradores de rua e favelados, é muito cômodo, quando o "filantropo" pensa no protagonismo, embora faça todo mundo crer o contrário.
Afinal, o que são os segredos da consciência humana? Chico Xavier havia passado por escândalos causados por suas fraudes literárias. Imagine um primeiro livro que, de uma tacada, alega que são poemas "ditados ou escritos" por diversos autores mortos, assim de bandeja! Bom demais para ser verdade, num Brasil predominantemente rural, ignorante em muita coisa, até em paranormalidade.
Alguém acha que Parnaso de Além-Túmulo é autêntico? Um livro cheio de falhas estilísticas, que foi reparado pelos editores da FEB cinco vezes. É coisa que escapa da lógica e do bom senso. Este livro merece ser rejeitado e reconhecido como um grande blefe. Foi Padre Quevedo quem disse? Foi Attila Paes Barreto? Foi Edir Macedo? Foi Christopher Hitchens?
Não. Se há uma primeira pessoa que recomendasse a rejeição de Parnaso de Além-Túmulo e o definisse como uma grande farsa, essa pessoa é Allan Kardec. Sim, isso mesmo. Kardec seria um dos maiores críticos, e até duros, contra a obra "psicográfica" de Chico Xavier e mesmo a "caridade" feita como carteirada para seus piores erros.
Não se trata do "Alam Cardeque" da Praça Tiradentes (próximo à sede fluminense da FEB), que é o que muitos brasileiros acreditam ser o professor lionês, que passa pano em tudo e inventou uma máxima sofista: "O que o verdadeiro Allan Kardec traz de desagradável, rejeitai-o covardemente".
Kardec rejeitaria Chico Xavier no conjunto de sua obra, não deixando passar sequer a "caridade", feita mais como um truque publicitário para forjar protagonismo e provocar a adoração popular - e o fanatismo cego que usa essa "caridade" como desculpa para tudo - , e isso choca muita gente, porque sabemos que o "médium" mineiro é um dos dois únicos indivíduos a ter sua biografia "administrada" não pela realidade dos fatos, mas pelo pensamento desejoso. O outro beneficiado dessa lorota toda é o médico Adolfo Bezerra de Menezes, introdutor do Roustanguismo no Brasil.
As pessoas que seguem Chico Xavier estão bem de vida. Não sabem as sutilezas ocultas de uma falsa caridade, que ajuda pouco e "ajuda mais" o suposto benfeitor, que, por um pratinho de sopa dado uma única vez a um pobre quer os aplausos eternos e os intermináveis corais de louvor.
CHIQUISTAS DEFENDEM "CARIDADE" DE CHICO XAVIER PORQUE ESTÃO BEM DE VIDA
A ajuda de Chico Xavier trouxe resultados muito medíocres, fraquíssimos para merecer toda essa festa em prol de sua pessoa. E, além disso, seguiam a cartilha da "caridade" marqueteira de Madre Teresa de Calcutá, já que Chico Xavier é "filho adotivo" de Malcolm Muggeridge, "adotado" para acompanhar a sua "filha" que ele homenageou em Algo Bonito Para Deus (Something Beautiful For God), documentário de 1969.
O que os seguidores de Chico Xavier não sabem, presos em suas fantasias mistificadoras, é que nunca se pode medir a caridade pelo prestígio do suposto benfeitor. Uma "caridade" que não traz resultados profundos e só rende adoração ao "benfeitor" que quase nada fez senão ações paliativas, não faz sentido e só defende essa "caridade" quem está bem de vida.
É gente que vive no conforto e não percebe os mantimentos que se esgotam em três semanas, consumido por famílias de mais de cinco pessoas, enquanto a única medida que gerou esses donativos é comemorada e festejada por mais de um ano, repetida em vídeos publicitários das instituições "espíritas".
Por sorte, os brasileiros não sabem quem eles realmente são, daí pouco se incomodarem com as farsas das "psicografias". Ser conservador, no Brasil, é considerado o "normal brasileiro", daí que as pessoas estranham quando se chama Chico Xavier de reacionário e apoiador da ditadura. Não é ele que é o "progressista", seus seguidores - mesmo os ditos "espíritas de esquerda" - é que são conservadores, e muito além da conta, só que não percebem isso.
Ninguém conhece a realidade. As pessoas andam vendo TV demais. Medem a realidade através das suas convicções fundamentadas pela ficção, pela novela, pelos contos de fadas, pelos programas policialescos.
A "realidade" dessas pessoas é narrada por William Bonner, José Luiz Datena, Fausto Silva, Luciano Huck, Walcyr Carrasco, Léo Dias, Galvão Bueno, Milton Neves, Danilo Gentili, Ana Maria Braga, Raul Gil e, principalmente Sílvio Santos, todos eles valendo como se fossem "vozes da consciência".
O "isentão" acha isso exagerado. Mas ele se guia por eles, também. O "isentão" é aquele que tenta criticar "imparcialmente" os argueiros nos olhos dos outros, achando que seus olhos são multidimensionais e seu cérebro, uma antena parabólica. Grande erro. Os "isentões" são os primeiros a ter um dos olhos - para não dizer os dois - tapados por uma grande trave, coisa que eles apenas admitem de forma eufemista, a desculpa "gente como a gente" de que "todos somos imperfeitos e erramos sempre".
Mas essa cegueira tem que ser contestada. Se as pessoas se incomodam com os questionamentos que põem em xeque a trajetória de Chico Xavier, que vão ao psiquiatra e peçam para receitar Rivotril. A realidade, com fatos confirmados, mostra que Chico Xavier deturpou o Espiritismo, fez fraudes literárias e era um reacionário que COLABOROU com a ditadura militar (senão a Escola Superior de Guerra não teria lhe homenageado, não é mesmo?). A realidade é dura e nela não cabem as fantasias trazidas pela TV.
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