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Jair Bolsonaro apela para o mesmo Assistencialismo de Chico Xavier


A recente pesquisa do instituto Datafolha mostra que o presidente Jair Bolsonaro teve um crescimento de aprovação que, antes, era de 32% e, na última consulta, chegou a 37%. A mesma pesquisa apontou uma queda de reprovação, que havia atingido um pico de 44%, caiu para 34%.


A avaliação desnorteou as esquerdas brasileiras, que viram Bolsonaro obter o apoio das classes populares, o que faz com que os pobres tenham recebido um projeto político conservador que, neste contexto, acabou trazendo melhorias de vida, ainda que pragmáticas. Ou seja, as empresas públicas podem desaparecer, vendidas para companhias estrangeiras, o mercado de trabalho continua precarizado e a educação, desautorizada a promover o debate público, mas o povo pobre está vendo comida na mesa graças ao auxólio emergencial de R$ 600.


Além do mais, Jair Bolsonaro, visando se reeleger no cargo, anuncia o projeto Renda Brasil, mais amplo que o auxílio emergencial, na ironia do próprio presidente ter condenado o Bolsa Família pela desculpa de que "só ajudava vagabundo". E as esquerdas "namastê" e outras "nem tão namastê assim" ainda tentam entender o crescimento do "mito".


As esquerdas, aliás, é que estão tentando entender tudo, depois do golpe político de 2016. Antes dele, as esquerdas pareciam viver num paraíso em que direitistas que apresentassem gente pobre sorrindo eram vistos como aliados, e até mesmo como "integrantes" das próprias esquerdas.


O Brasil nunca teve uma tradição de ser um país de políticas progressistas. Em outros tempos, até se tinha uma consciência esquerdista maior. Mas, no que se diz aos últimos 20 anos, tivemos apenas um esquerdismo correto na política e corajoso, embora moderado, na economia, mas culturalmente direitista. Até parece que as gerações esquerdistas mais recentes só viram o povo pobre nos programas de televisão. Essa pequena burguesia...


E aí víamos as esquerdas espinafrarem Luciano Huck mas glorificarem Francisco Cândido Xavier, o conhecido Chico Xavier. Grande incoerência, porque as "caridades" de ambos se igualam pelo caráter fajuto, paliativo e oportunista, feito mais para produzir protagonismo do que resultados sociais profundos.


E parte das esquerdas, que torciam o nariz diante da associação entre Chico Xavier e Jair Bolsonaro, pelos contrastes superficiais que ocultam a essência de dois arrivistas afins, que igualmente se ascenderam às custas de muita provocação e canastrice, toleradas por uma Justiça complacente para certos tipos de pessoas.


Agora Jair Bolsonaro opera em "modo Chico Xavier", no que se diz ao Assistencialismo meramente paliativo, numa época em que se revela que Chico Xavier operou no "modo Jair Bolsonaro", defendendo militares torturadores como "artífices" de um "futuro reino de amor".


E aí nossos "espíritas de esquerda" estão sem poder explicar o porquê de Jair Bolsonaro estar "fazendo caridade". Claro, na retórica "espírita", até mafioso lavando dinheiro com filantropia é digno de aplauso, dentro daquela ideologia "asséptica" de uma "fraternidade" de gado, em que o discurso de "igualdade" vai contra a diversidade e a individualidade, esta uma causa não muito bem vista pelo "espiritismo" brasileiro.


E o pior é que Jair Bolsonaro é alvo de denúncias envolvendo milicianos, inclusive o ex-policial Fabrício Queiroz, ele cometeu gafes grosseiras das mais diversas e manifestou desprezo aos milhares de mortos da Covid-19, que ultrapassaram a marca dos 100 mil.


Como vão explicar as coisas? Como explicar que, ao cortejar Chico Xavier, o então presidente Juscelino Kubitschek perdeu o controle de seu próprio destino e foi vítima de infortúnios que culminaram em sua morte suspeita? Enquanto isso, Fernando Collor e Jair Bolsonaro parecem ter tido a sorte grande quando, de certa forma, permitiram alguma associação com Chico Xavier. Como explicar isso? Ou será que Jair Bolsonaro será mais um "meu direitista favorito" das esquerdas?


Isso mostra o quanto Chico Xavier sempre foi ultraconservador, desde o começo da carreira, aos 22 anos, quando já manifestava ideias próprias da Teologia do Sofrimento, até o fim da vida, quando recebeu visitas de Aécio Neves e Luciano Huck. Sua doutrinária envolve conceitos que se encaixam na Reforma Trabalhista, na Escola Sem Partido e até na "cura gay", e o mais surpreendente que isso não é especulação, são fatos.


Daí que tinham que ser políticos mais conservadores os favorecidos pelas energias do "bondoso médium", mesmo um Fernando Collor falsamente visto como "progressista" e "moderno", pelo apoio tendencioso às esquerdas e pela personalidade "esportiva" e "hedonista" de um ex-playboy.


E aí as esquerdas que achavam que Chico Xavier era "progressista" estão pasmas com a proximidade com que "médium" e ex-capitão exercem um ao outro. Chico Xavier e Jair Bolsonaro simbolicamente se tornando "almas-gêmeas", para desespero dos chiquistas, pelo menos os esquerdistas e isentões. Os fatos mostram o quanto os dois são unha e carne, dois lados de uma mesma moeda.

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