Pular para o conteúdo principal

O medo dos progressistas em romper com Chico Xavier


PAULO GUEDES E CHICO XAVIER FALANDO A MESMA COISA.

"Chico Xavier me decepcionou". Essa frase, tão fácil de ser pronunciada, tão simples na colocação de palavras e sílabas e na compreensão de sentido, é a que muitos brasileiros têm a maior e a mais dura dificuldade em dizer. Preferem, dominados pelas paixões religiosas e pela fascinação obsessiva por Francisco Cândido Xavier, pronunciar "paralelepípedo" em russo.

A imagem adocicada do "médium", construída há cerca de 40 anos, deixa seus seguidores dentro da zona de conforto dessa idolatria, justificada mais ou menos de maneira convicta ou envergonhada, conforme o contexto da situação.

Agora os "espíritas" andam muito confusos. Agora eles dizem que os "médiuns" também "erram muito", são "imperfeitos", que os "espíritas" desentendem entre si, que há superfaturamento nos orçamentos das "casas espíritas" etc. Ainda falaremos nisso em outra oportunidade.

Isso seria compreensível se fosse de parte da sociedade conservadora, mas, infelizmente, nas esquerdas que, por boa ou má-fé, se definem como "espíritas", há um clima de omissão, do tipo "pensem o que querem sobre Chico Xavier, não abro mão de minhas convicções". Acham que a constatação de que Chico Xavier sempre foi conservador é mera questão de opinião e se calam, como quem fecha os olhos para certos fatos.

Para eles, é mais "realista" ver Chico Xavier voando pelo Rio Amazonas, sem asas e apenas com seu velho paletó, brigando contra jacarés famintos e socorrer, feito um Super-Homem, um barco de crianças pobres desamparadas. Nunca um ídolo religioso esteve tão apegado às interpretações do pensamento desejoso de seguidores.

Conservadores se omitindo através da silenciosa desculpa do "pensem como quiserem" faz sentido. Mas o que é estranho são progressistas, gente de esquerda, com dificuldade estratosférica de pronunciar a frase "Chico Xavier me decepcionou".

Como as esquerdas não conseguiram até agora digerir o direitismo convicto do "médium", exposto, sem a menor hesitação, com a firmeza com que Chico não tem em muitas situações, num programa de estrondosos índices de audiência.

As esquerdas não conseguem entender por que Chico Xavier dizia que o AI-5 e a violência militar - o que inclui brutamontes como Carlos Alberto Brilhante Ustra - eram "necessários" para combater o radicalismo dos opositores da ditadura militar.

Do mesmo modo, os esquerdistas também não compreendem por que Chico Xavier foi homenageado pela Escola Superior de Guerra (entidade que planejou a ditadura militar) e por que o "médium" compareceu à homenagem. Preferem, de maneira imbecil, acreditar que, neste caso, os opressores foram forçados a homenagear um religioso e este religioso foi forçado a receber a homenagem.

Isso também lembra outro fenômeno que, à maneira de uma cheerleader para um nerd, seduz as esquerdas que sentem uma paixão não correspondida. Sobre o "funk", falou-se que ele comparecia aos eventos da mídia oligárquica por "enfrentamento" e a mídia oligárquica acolhia o "funk" por "apropriação".

Grandes mentiras. Tanto no caso do "médium" quando do "funk", nunca houve essa relação de "enfrentamento X apropriação", até porque isso deveria supor algum clima de tensão, o que inexiste nessas relações, às quais fenômenos e mídia demonstram ter uma relação, isso sim, de profunda e feliz cumplicidade.

Os esquerdistas, apavorados, ficam, aos soluços, perguntando: "mas Chico Xavier não fez caridade?". Respondemos: "não, ele não fez". Isso é doloroso, mas é a realidade. O que Chico Xavier fez foi pedir aos outros para fazer Assistencialismo (tipo de caridade considerado fajuto por seus resultados sociais pouco expressivos e pela sua natureza meramente paliativa) e depois se promover às custas disso.

É necessário um pouco mais de coragem, romper com paradigmas que supostamente garantem tranquilidade e paz, mas que não são tão benéficos quanto pareciam. Devemos pensar sempre no conto do sábio e da vaquinha, e ver a nulidade que é uma pessoa como Chico Xavier, um mero deturpador que arruinou os ensinamentos espíritas com seus "fakes do bem".

Que Chico Xavier seja apreciado por aqueles que compartilham do pensamento rigorosamente conservador do "médium", que seja compreensível. Mas admirar o "médium" que trouxe ideias antagônicas ao pensamento progressista não faz sentido.

Não dá para brigar os fatos e violentar a realidade tentando entender Chico Xavier pela fantasia do pensamento desejoso e criar relativizações surreais ao seu conservadorismo explícito. Abordar Chico Xavier através da fantasia traz ideias muito agradáveis, que fazem as pessoas dormirem tranquilas. Até acordarem, no dia seguinte, com mais uma dolorosa decepção.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Padre Quevedo: A farsa de Chico Xavier

Esse instigante texto é leitura obrigatória para quem quer saber das artimanhas de um grande deturpador do Espiritismo francês, e que se promoveu através de farsas "mediúnicas" que demonstram uma série de irregularidades. Publicamos aqui em memória ao parapsicólogo Padre Oscar Quevedo, que morreu hoje, aos 89 anos. Para quem é amigo da lógica e do bom senso, lerá este texto até o fim, nem que seja preciso imprimi-lo para lê-lo aos poucos. Mas quem está movido por paixões religiosas e ainda sente fascinação obsessiva por Chico Xavier, vai evitar este texto chorando copiosamente ou mordendo os beiços de raiva. A farsa de Chico Xavier Por Padre Quevedo Francisco Cândido Xavier (1910-2002), mais conhecido como “Chico Xavier”, começou a exercer sistematicamente como “médium” espiritista psicógrafo à idade de 17 anos no Centro Espírita de Pedro Leopoldo, sua cidade natal. # Durante as últimas sete décadas foi sem dúvidas e cada vez mais uma figura muitíssimo famosa. E a...

Chico Xavier apoiou a ditadura e fez fraudes literárias. E daí?

Vamos parar com o medo e a negação da comparação de Chico Xavier com Jair Bolsonaro. Ambos são produtos de um mesmo inconsciente psicológico conservador, de um mesmo pano de fundo ao mesmo tempo moralista e imoral, e os dois nunca passaram de dois lados de uma mesma moeda. Podem "jair" se acostumando com a comparação entre o "médium cândido" e o "capitão messias". O livro O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll & Mr. Hyde) , de Robert Louis Stevenson, explica muito esse aparente contraste, que muitas vezes escapa ao maniqueísmo fácil. É simples dizer que Francisco Cândido Xavier era o símbolo de "amor" e Jair Bolsonaro é o símbolo do "ódio". Mas há episódios de Chico Xavier que são tipicamente Jair Bolsonaro e vice-versa. E Chico Xavier acusando pessoas humildes de terem sido romanos sanguinários, sem a menor fundamentação? E o "bondoso médium" chamando de "bobagem da grossa" a dúvida que amigos de Jair Presente ...

"Mediunidade" de Chico Xavier não passou de alucinação

  Uma matéria da revista Realidade, de novembro de 1971, dedicada a Francisco Cândido Xavier, mostrava inúmeros pontos duvidosos de sua trajetória "mediúnica", incluindo um trote feito pelo repórter José Hamilton Ribeiro - o mesmo que, ultimamente, faz matérias para o Globo Rural, da Rede Globo - , incluindo uma idosa doente, mas ainda viva, que havia sido dada como "morta" (ela só morreu depois da suposta psicografia e, nem por isso, seu espírito se apressou a mandar mensagem) e um fictício espírito de um paulista. Embora a matéria passasse pano nos projetos assistencialistas de Chico Xavier e alegasse que sua presença era tão agradável que "ninguém queria largar ele", uma menção "positiva" do perigoso processo do "bombardeio de amor" ( love bombing ), a matéria punha em xeque a "mediunidade" dele, e aqui mostramos um texto que enfatiza um exame médico que constatou que esse dom era falso. Os chiquistas alegaram que outros ex...

Falsas psicografias de roqueiros: Cazuza

Hoje faz 25 anos que Cazuza faleceu. O ex-vocalista do Barão Vermelho, ícone do Rock Brasil e da MPB verdadeira em geral (não aquela "verdadeira MPB" que lota plateias com facilidade, aparece no Domingão do Faustão e toca nas horrendas FMs "populares" da vida), deixou uma trajetória marcada pela personalidade boêmia e pela poesia simples e fortemente expressiva. E, é claro, como o "espiritismo" é marcado por supostos médiuns que nada têm de intermediários, porque se tornam os centros das atenções e os mais famosos deles, como Chico Xavier e Divaldo Franco, tentaram compensar a mediunidade irregular tentando se passar por pretensos pensadores, eventualmente tentando tirar uma casquinha com os finados do além. E aí, volta e meia os "médiuns" que se acham "donos dos mortos" vêm com mensagens atribuídas a este ou aquele famoso que, por suas irregularidades em relação à natureza pessoal de cada falecido, eles tentam dar uma de bonzinh...

O grande medo de Chico Xavier em ver Lula governando o país

Um bom aviso a ser dado para os esquerdistas que insistem em adorar Francisco Cândido Xavier é que o "médium" teve um enorme pavor em ver Luís Inácio Lula da Silva presidindo o Brasil. É sabido que o "médium" apoiou o rival Fernando Collor de Mello e o recebeu em sua casa. A declaração foi dada por Carlos Baccelli, em citação no artigo do jurista Liberato Póvoas ,  e surpreende a todos ao ver o "médium" adotando uma postura que parecia típica nas declarações da atriz Regina Duarte. Mas quem não se prende à imagem mitificada e fantasiosa do "médium", vigente nos últimos 40 anos com alegações de suposto progressismo e ecumenismo, verá que isso é uma dolorosa verdade. Chico Xavier foi uma das figuras mais conservadoras que existiu no país. Das mais radicais, é bom lembrar muito bem. E isso nenhum pensamento desejoso pode relativizar ou negar tal hipótese, porque tal forma de pensar sempre se sustentará com ideias vagas e devaneios bastante agr...

Por que o "espiritismo de esquerda" é tão ridículo e superficial?

A página "Espíritas à Esquerda" do Facebook  é, a princípio, muito bem intencionada, aparentemente voltada à defesa dos direitos humanos e o diálogo com a teoria espírita. No entanto, nota-se que seu conteúdo, no conjunto da obra, apresenta problemas. Isso porque é muito difícil "esquerdizar" o "espiritismo" brasileiro. Cria-se uma gororoba ideológica porque se ignora que a raiz do Espiritismo que é feito no Brasil é roustanguista. A história do "espiritismo" brasileiro se fundamentou nas ideias de Os Quatro Evangelhos  de Jean-Baptiste Roustaing, que forneceu subsídios para a "catolicização" da Doutrina Espírita. Ao longo dos tempos, o roustanguismo, antes explícito e entusiasmado, passou a ser mais enrustido. Apesar do nome Roustaing ter virado um palavrão entre os "espíritas", seu legado foi quase todo absorvido, com impressionante boa vontade, diante de dois artifícios que conseguiram mascarar Roustaing e botar o ...

Chico Xavier e Divaldo Franco NÃO têm importância alguma para o Espiritismo

O desespero reina nas redes sociais, e o apego aos "médiuns" Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco chega aos níveis de doenças psicológicas graves. Tanto que as pessoas acabam investindo na hipocrisia para manter a crença nos dois deturpadores da causa espírita em níveis que consideram ser "em bons termos". Há várias alegações dos seguidores de Chico Xavier e Divaldo Franco que podemos enumerar, pelo menos as principais delas: 1) Que eles são admirados por "não-espíritas", uma tentativa de evitar algum sectarismo; 2) Que os seguidores admitem que os "médiuns" erram, mas que eles "são importantes" para a divulgação do Espiritismo; 3) Que os seguidores consideram que os "médiuns" são "cheios de imperfeições, mas pelo menos viveram para ajudar o próximo". A emotividade tóxica que representa a adoração a esses supostos médiuns, que em suas práticas simplesmente rasgaram O Livro dos Médiuns  sem um pingo de es...

Chico Xavier foi o João de Deus de seu tempo

Muitos estão acostumados com a imagem de Francisco Cândido Xavier associado a jardim floridos, céu azul e uma série de apelos piegas que o fizeram um pretenso filantropo e um suposto símbolo de pacifismo, fraternidade e progresso humano. Essa imagem, porém, não é verdadeira e Chico Xavier, por trás de apelos tão agradáveis e confortáveis que fazem qualquer idoso dormir tranquilo, teve aspectos bastante negativos em sua trajetória e se envolveu em confusões criadas por ele mesmo e seus afins. É bastante desagradável citar esses episódios, mas eles são verídicos, embora a memória curta tente ocultar ou, se não for o caso, minimizar tais episódios. Chico Xavier é quase um "padroeiro" ou "patrono" dos arrivistas. Sua primeira obra, Parnaso de Além-Túmulo , é reconhecidamente, ainda que de maneira não-oficial, uma grande fraude editorial, feita pelo "médium", mas não sozinho. Ele contou com a ajuda de editores da FEB, do presidente da instituição e dublê ...

Chico Xavier cometeu erros graves, entre os quais lançar livros

PIOR É QUE ESSES LIVROS JÁ SÃO COLETÂNEAS QUE CANIBALIZARAM OS TERRÍVEIS 418 LIVROS ATRIBUÍDOS A FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER. Chico Xavier causou um sério prejuízo para o Brasil. Sob todos os aspectos. Usurpou a Doutrina Espírita da qual não tinha o menor interesse em estudar e acabou se tornando o "dono" do sistema de ideias lançado por Allan Kardec. Sob o pretexto de ajudar as famílias, se aproveitou das tragédias vividas por elas e, além de criar de sua mente mensagens falsamente atribuídas aos jovens mortos, ainda expôs os familiares à ostentação de seus dramas e tristezas, transformando a dor familiar em sensacionalismo. Tudo o que Chico Xavier fez e que o pessoal acha o suprassumo da caridade plena é, na verdade, um monte de atitudes irresponsáveis que somente um país confuso como o Brasil define como "elevadas" e "puras". Uma das piores atitudes de Chico Xavier foi lançar livros. Foram 418 livros fora outros que, após a morte do anti-médium m...

"Espiritismo" é a religião da Rede Globo? Tudo indica que sim

O "MÉDIUM" JOÃO DE DEUS, DE ABADIÂNIA, GOIÁS - IDOLATRIA FEITA NOS PADRÕES DA REDE GLOBO. Atores, celebridades e apresentadores de TV, sobretudo da Rede Globo de Televisão, recentemente frequentam o "centro espírita" de Abadiânia, Goiás, a Casa Dom Inácio de Loyola, para visitar o maior astro do lugar, o "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus. O clima de devoção, mesclado a coberturas sensacionalistas de TV, dá o tom do igrejismo e da vaticanização que domina o lugar, a ponto de analistas sérios nunca identificarem um vestígio de Espiritismo autêntico em estabelecimentos religiosos desse tipo. Nota-se um claro ranço católico que cerca os chamados "médiuns brasileiros". A Rede Globo, desde que Roberto Marinho passou a gostar de Francisco Cândido Xavier, encampou o "espiritismo" como sua religião oficial, algo que poderia ser um alerta, se nos basearmos nos conselhos de Leonel Brizola de que é preciso interpretar de forma...