JAIR BOLSONARO E CHICO XAVIER - AFINIDADE DE SINTONIAS.
A ficha caiu e o Brasil está no fundo do poço, com um cenário político claramente caótico, com pessoas surtando de ódio e com a desigualdade social se aprofundando cada vez mais. E não é por falta de adoração aos "médiuns que erram muito", estranhamente santificados por suas "pequenas imperfeições".
Afinal, desde 1979 o que mais os brasileiros fizeram foi adorar a figura de Francisco Cândido Xavier, conhecida pelo apelido de Chico Xavier. Do tropicalista porralouca ao bolsomínion mais endurecido, todos apoiaram o "médium", o qual acreditavam ser um símbolo de pacifismo e unificação. Na verdade, ele nunca foi isso e a imagem construída nos últimos 40 anos foi um monte de falácia.
Deturpador do Espiritismo, a ponto de reduzir o legado de Allan Kardec a uma mera repaginação do Catolicismo medieval, mudando o curso do navio espírita, que, nas mãos do pedagogo francês, rumava para a frente (guiado pelo Iluminismo) e, nas mãos do beato de Pedro Leopoldo, foi para trás (numa nostalgia doentia pelo Brasil-colônia), Chico Xavier não "catolicizou" a doutrina por acidente ou por "entusiasmo demais" pelas suas origens católicas.
Aquilo tudo foi de propósito e muito bem planejado. Desviou-se dos postulados espíritas originais em muitos pontos, como por exemplo supor datas determinadas para acontecimentos futuros - que é a tal "data-limite" do corrente ano de 2019 - , coisa que o próprio Kardec rejeitou explicitamente, porque essa atitude ele definiu como "indício de mistificação" e corroborou Erasto que definiu esse ato como "manifestação de espíritos zombeteiros".
Devemos parar de ficar desculpando Chico Xavier por "ter errado" ou lamentar que ele "foi seduzido por más influências espirituais". Por sua natureza ultraconservadora, confirmada em sua formação social, e pela esperteza que o fez aderir a atitudes desonestas. Só um idiota não seria capaz de enxergar aspectos fake em suas "psicografias" que sempre apresentam algum problema de aspecto pessoal de cada autor morto atribuído.
Afinal, se dermos crédito à "psicografia" de Chico Xavier, estaríamos chamando os espíritos do além de "retardados mentais". O sujeito volta ao mundo espiritual, onde se supõe que as faculdades mentais se ampliam completamente, e no entanto ele "se manifesta" de maneira ainda mais medíocre do que quando estava vivo, e o "médium" não tem culpa nem se pode dizer que sua obra é falsa?
AFINIDADE DE SINTONIAS
Deixemos também essa mania louca de dizer "não critiquem a pessoa de Chico Xavier, figura tão pura e imaculada" porque isso não faz sentido. Essa ladainha cansou a paciência até de qualquer budista. Primeiro, porque Chico Xavier já mostrou fortes indícios, por sua própria decisão, de fazer juízos de valor perversos, caluniar pessoas, defender a desgraça dos outros e apoiar, com gosto, a ditadura militar.
Certos acadêmicos de coração e glúteos amolecidos chegaram a dizer que Chico Xavier "apoiou a ditadura sem apoiá-la de fato", porque "ele foi obrigado a apoiar o regime" e blablablá. Isso não tem o menor sentido. Chico Xavier apoiou a ditadura militar porque ele sempre foi um reacionário, teve educação ultraconservadora, era católico tão ortodoxo quanto Gustavo Corção e um anti-esquerdista dos mais convictos.
Como é que certos idiotas de esquerda iriam dizer que Chico Xavier era "alma-gêmea" do ex-presidente Lula? Como é que os idiotas de esquerda diriam que Chico teria votado em Fernando Haddad porque este era um professor? Como os esquerdistas, como estranha histeria bolsomínion, manifestam sua irritação diante da vinculação de Chico com o bolsonarismo?
Onde o "médium" Chico Xavier mais tem sua adoração manifestada é nas mesmas redes sociais que produziram o bolsonarismo. E o "médium" Carlos Baccelli pode ser considerado "vidraça" por alguns dos "espíritas", sobretudo os "isentões" que confundem neutralidade com equilíbrio e falam numa estranha "perfeição da imperfeição" para deixar tudo como está. Mas não acreditamos que Baccelli tenha dito que Chico tinha muito pavor do Lula para desfazer o seu amigo e mestre.
Baccelli não seria capaz de inventar um anti-petismo cujas provas existem em Chico Xavier, ele esculhambando os movimentos operários, camponeses e sem-teto (ele faria o mesmo com os movimentos estudantis, só teria apoiado os protestos do MBL e dos bolsonaristas) num programa de televisão de grande audiência.
Se questionarmos o direitismo de Chico Xavier, encontraríamos problemas de argumentação. Teríamos que deixar pendente muitas questões, entre as quais mencionamos:
1) Por que Chico Xavier, consciente dos efeitos que causaria na posteridade, teria apoiado a ditadura militar e espinafrado os movimentos sociais de esquerda, sabendo do risco de expressar abertamente isso num programa de televisão de grande audiência, cujo conteúdo está entre o acervo remanescente da TV antiga, reproduzido em DVD, no YouTube e no Dailymotion e tendo virado até livro?
2) Mesmo que Chico Xavier tenha sofrido os "impulsos do momento" ao exaltar a ditadura militar, ele tinha a mínima consciência de que, considerado "visionário" pelo imaginário de seus seguidores, cobranças lhe seriam feitas no caso da ditadura militar ter acabado. Lembremos que ele não fez manifesto algum em prol da redemocratização do país - que talvez atribuísse a um capricho da "vontade divina" - e apoiou políticos conservadores até o fim da vida.
3) Com a fama de "humanista" que, ainda que tendenciosamente, desenvolveu em sua pessoa, alguém imaginaria que Chico Xavier levaria longe demais seu apoio à ditadura militar, comparecendo a homengans de militares e políticos ligados ao regime, se estivesse sendo forçado a dar esse apoio? Ele poderia ter se recusado a receber essas homenagens se realmente fosse um homem sensível ao sofrimento dos oprimidos. Só que não.
Chico Xavier, pelo menos aparentemente, não aceitava a violência. Mas seu "espiritismo" medievalizado consentia com a tragédia das vítimas da violência, que "pagavam pelo que deviam" conforme a tese duvidosa dos "reajustes morais", uma herança de J. B. Roustaing.
Do mesmo modo, Chico Xavier também fez juízos de valor cruéis. Sem o menor fundamento, ele acusou de "romanos sanguinários" as humildes vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, a uma semana do Natal de 1961. Isso não se faz, seria brincar com o sofrimento dos outros. E o pior é que Chico, para se livrar de culpa, botou responsabilidade a Humberto de Campos, mal disfarçado pelo pseudônimo "Irmão X" inventado pelo "médium".
São erros gravíssimos de Chico Xavier. São posturas graves, de consequências drásticas, não podem ser vistas como "errinhos de nada" aos quais se dá um pedido de desculpas e acabou. E além disso, há mais erros graves, como a calúnia que Chico falou sobre os amigos de Jair Presente, quando estes disseram que "não havia jeito" para as "psicografias" que levavam o nome do falecido universitário.
Chico Xavier, ríspido, chamou de "bobagem da grossa" a desconfiança dos amigos de Jair Presente. Foi uma grande ofensa. Os jovens não estavam "ofendendo e caluniando um homem de bem". Era o "homem de bem" que estava ofendendo aqueles que mais conviveram com Jair Presente. A verdade é que Chico queria se apropriar dos espíritos mortos como se fosse "dono deles" e esse é o "cacoete" que os "médiuns" brasileiros têm, nesse "espiritismo" que há muito se desviou das rotas originais.
MÁ SINTONIA TIVERAM AS ESQUERDAS
As esquerdas, que ingenuamente viam no "médium" a "alma-gêmea" do ex-presidente Lula, baseado em fantasias e alegações superficiais envolvendo palavras soltas como "fraternidade", "caridade" e "paz", é que contraíram azar ao adorarem o ultraconservador Chico Xavier.
Os esquerdistas perderam seu protagonismo, desde que a FEB presenteou a presidenta Dilma Rousseff dando-lhe o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Foi um presente de grego, porque Dilma sofreu, depois, infortúnios aos quais nem sua personalidade de fibra conseguiu deter, e ela perdeu o poder e os direitos como quem vê água cair da palma da mão.
Foi esse mesmo azar que teve Juscelino Kubitschek, que não era esquerdista mas era um progressista de centro-direita parceiro da centro-esquerda. Foi ele homenagear a FEB e Chico Xavier e o resultado foi da cassação de seu mandato parlamentar e de seus direitos políticos até a morte num acidente de carro estranho, mas também nunca devidamente investigado.
As esquerdas têm seus erros e sua complacência com o "espiritismo" brasileiro, a exemplo do que ocorreu com o "funk", é ilustrativa: ambas foram aceitas diante da falsa simbologia da "alegria de pobre", sem que as esquerdas percebam que o povo pobre é, em ambos os fenômenos, abordado de maneira sub-humana, porque não basta o pobre ficar sorrindo se ele, por trás dessa alegria, é explorado ou submetido a dominação paternalista de empresários do entretenimento ou religiosos.
As esquerdas reagem em silêncio, sem fazer autocrítica, sem sequer adotar uma posição de rompimento ou desilusão. Se silenciam a respeito de Chico Xavier e do "funk", enquanto temos "espíritas" e MC's fingindo repudiar Jair Bolsonaro pela "truculência" e só abandonando o barco porque viram que a coisa pegou feia demais. Mas, mesmo assim, "espíritas" e funkeiros não se tornaram progressistas nem libertários com isso.
Paciência, até as esquerdas foram manipuladas pela Rede Globo. Claro, a imprensa vivia sob censura e não tínhamos contraponto à imagem adocicada que fizeram de Chico Xavier, um sujeito malandro na juventude e ranzinza na velhice, mas que virou uma espécie de "fada-madrinha" do mundo real, associada ao conto-de-fadas para adultos que é o "imaginário espírita" no Brasil.
PARA OS "ESPÍRITAS", TANTO FAZ O BRASIL VIVER O CAOS
A relação simbólica de Chico Xavier com Jair Bolsonaro, nunca analisada sequer pelos semiólogos de esquerda que criticam as esquerdas, estudiosos capazes de enxergar estratégias políticas do Pentágono em filmes da Marvel, mas não são capazes de ver bombas semióticas no escapismo fabuloso de Nosso Lar e dos "ETs" da "data-limite" do "médium", é bem realista e procedente.
Afinal, ambos tiveram trajetória arrivista - é só consultar a imprensa e ver que ambos se ascenderam a partir de episódios de muita confusão e, por sorte deles, se livraram de encrencas graves que os pouparam de serem punidos - , sempre defenderam ideias ultraconservadoras e se tornaram populares por uma questão de catarse coletiva dos seus admiradores e seguidores, mesmo os "isentos".
No entanto, ambos são separados por uma "simbologia de fachada" que lhes produz uma falsa oposição entre um e outro. Isso porque Chico Xavier, blindado pela mídia hegemônica, passou a ser um personagem de dramaturgia de si mesmo, um "herói fictício" da vida real, um "filantropo de telenovela" do imaginário popular, numa retórica exportada do "fabricante de santos", o inglês Malcolm Muggeridge.
A imagem idealizada de Chico Xavier é tão agradável que a permissividade que usa o pretexto da "liberdade da fé" autoriza que ele seja compreendido à "luz" (ou melhor, à treva) do pensamento desejoso, que impede uma compreensão realista do "médium", por ser esta mais complexa, desagradável e incômoda para muitos, o que comprometeria a idolatria que permite o razoável sucesso de seus livros (que já não vendem tanto quanto outrora, mas vendem).
Só que os esquerdistas que se enfurecem quando alguém associa Chico Xavier ao bolsonarismo são os que mais caem em contradição. É só perceber a raiva com "sotaque bolsomínion" que os esquerdistas dessa tendência adotam. Sem perceber, os chiquistas de esquerda são bolsonaristas por tabela, porque apoiam ideias ultraconservadoras que estão presentes tanto no "capitão" quanto no "médium".
Alguém, por exemplo, ignora que Chico Xavier defendia o trabalho exaustivo, um dos pilares da "reforma trabalhista" apoiada por Jair Bolsonaro? E a "cura gay"? Chico Xavier defendia "respeito absoluto" aos homossexuais (hoje comunidade LGBT), mas recomendava a estes uma "reeducação" para "conscientizá-los" das imposições que Deus lhes deu pela condição sexual determinada pelo nascimento. Ou seja, se fulano nasceu homem, embora antes encarnado como mulher, ele terá que se acostumar com a "nova condição" e não sair por aí fazendo cirurgia trans ou virando gay.
O que as esquerdas não sabem é que, para o "puríssimo" Chico Xavier, tanto faz se o Brasil vivia no caos, na tragédia, na miséria ou na desordem. Em seu discurso, a prosperidade estava na "vida futura", uma ideia levianamente trabalhada pelo "espiritismo" brasileiro. O mundo espiritual e a reencarnação existem, mas eles são um mistério.
Se vemos tanta gente boa apoiando o bolsonarismo, de atores de novela, músicos de MPB e até subcelebridades festejadas, não seria absurdo que Chico Xavier, bem mais convincente no seu conservadorismo doentio, apoiaria Jair Bolsonaro. E, hoje, com base nas ideias e depoimentos deixados pelo "médium", alertamos: Chico Xavier continuaria apoiando o governo Bolsonaro.
Ele diria, muito provavelmente, o seguinte: "Oremos porque nosso presidente está sendo pressionado pelos abusos de seus parceiros e aliados, além da oposição furiosa a seu governo, vinda daqueles sem a paciência necessária de enfrentar determinados sacrifícios, necessários depois da urgência de 2016, quando o Brasil está cansado da corrupção e das tentações que o esquerdismo trouxe para os pobres, maculando neles a ambição e o materialismo".
Chico Xavier continuou apoiando a ditadura militar quando o maior apoiador do golpe de 1964, o ex-governador da Guanabara e jornalista, Carlos Lacerda, já estava na oposição, da mesma forma que o católico ortodoxo Alceu Amoroso Lima, que havia denunciado que Parnaso de Além-Túmulo era uma obra de editores da FEB. Será que os esquerdistas são idiotas em ignorar isso, que Chico Xavier continuou apoiando a ditadura mesmo quando os maiores apoiadores haviam desembarcado dela?
Talvez o excesso de adoração a Chico Xavier tenha feito muitos brasileiros ficarem entorpecidos, acomodados, ansiosos ou iludidos. Enquanto as esquerdas imaginam, tolamente, que o espírito do "médium" vai baixar em Curitiba para obsediar o carcereiro na sede da Polícia Federal e ele abrir a cela para Lula sair, o Brasil está ameaçado de sofrer o agravamento de sua crise às últimas consequências.
A realidade, dura mas indiscutível é que, pela afinidade de sintonias, a pessoa que mais está sendo protegida e amparada pelas energias de Chico Xavier não é outra senão a que se chama JAIR MESSIAS BOLSONARO. É bom jair se acostumando, "espíritas"!
A ficha caiu e o Brasil está no fundo do poço, com um cenário político claramente caótico, com pessoas surtando de ódio e com a desigualdade social se aprofundando cada vez mais. E não é por falta de adoração aos "médiuns que erram muito", estranhamente santificados por suas "pequenas imperfeições".
Afinal, desde 1979 o que mais os brasileiros fizeram foi adorar a figura de Francisco Cândido Xavier, conhecida pelo apelido de Chico Xavier. Do tropicalista porralouca ao bolsomínion mais endurecido, todos apoiaram o "médium", o qual acreditavam ser um símbolo de pacifismo e unificação. Na verdade, ele nunca foi isso e a imagem construída nos últimos 40 anos foi um monte de falácia.
Deturpador do Espiritismo, a ponto de reduzir o legado de Allan Kardec a uma mera repaginação do Catolicismo medieval, mudando o curso do navio espírita, que, nas mãos do pedagogo francês, rumava para a frente (guiado pelo Iluminismo) e, nas mãos do beato de Pedro Leopoldo, foi para trás (numa nostalgia doentia pelo Brasil-colônia), Chico Xavier não "catolicizou" a doutrina por acidente ou por "entusiasmo demais" pelas suas origens católicas.
Aquilo tudo foi de propósito e muito bem planejado. Desviou-se dos postulados espíritas originais em muitos pontos, como por exemplo supor datas determinadas para acontecimentos futuros - que é a tal "data-limite" do corrente ano de 2019 - , coisa que o próprio Kardec rejeitou explicitamente, porque essa atitude ele definiu como "indício de mistificação" e corroborou Erasto que definiu esse ato como "manifestação de espíritos zombeteiros".
Devemos parar de ficar desculpando Chico Xavier por "ter errado" ou lamentar que ele "foi seduzido por más influências espirituais". Por sua natureza ultraconservadora, confirmada em sua formação social, e pela esperteza que o fez aderir a atitudes desonestas. Só um idiota não seria capaz de enxergar aspectos fake em suas "psicografias" que sempre apresentam algum problema de aspecto pessoal de cada autor morto atribuído.
Afinal, se dermos crédito à "psicografia" de Chico Xavier, estaríamos chamando os espíritos do além de "retardados mentais". O sujeito volta ao mundo espiritual, onde se supõe que as faculdades mentais se ampliam completamente, e no entanto ele "se manifesta" de maneira ainda mais medíocre do que quando estava vivo, e o "médium" não tem culpa nem se pode dizer que sua obra é falsa?
AFINIDADE DE SINTONIAS
Deixemos também essa mania louca de dizer "não critiquem a pessoa de Chico Xavier, figura tão pura e imaculada" porque isso não faz sentido. Essa ladainha cansou a paciência até de qualquer budista. Primeiro, porque Chico Xavier já mostrou fortes indícios, por sua própria decisão, de fazer juízos de valor perversos, caluniar pessoas, defender a desgraça dos outros e apoiar, com gosto, a ditadura militar.
Certos acadêmicos de coração e glúteos amolecidos chegaram a dizer que Chico Xavier "apoiou a ditadura sem apoiá-la de fato", porque "ele foi obrigado a apoiar o regime" e blablablá. Isso não tem o menor sentido. Chico Xavier apoiou a ditadura militar porque ele sempre foi um reacionário, teve educação ultraconservadora, era católico tão ortodoxo quanto Gustavo Corção e um anti-esquerdista dos mais convictos.
Como é que certos idiotas de esquerda iriam dizer que Chico Xavier era "alma-gêmea" do ex-presidente Lula? Como é que os idiotas de esquerda diriam que Chico teria votado em Fernando Haddad porque este era um professor? Como os esquerdistas, como estranha histeria bolsomínion, manifestam sua irritação diante da vinculação de Chico com o bolsonarismo?
Onde o "médium" Chico Xavier mais tem sua adoração manifestada é nas mesmas redes sociais que produziram o bolsonarismo. E o "médium" Carlos Baccelli pode ser considerado "vidraça" por alguns dos "espíritas", sobretudo os "isentões" que confundem neutralidade com equilíbrio e falam numa estranha "perfeição da imperfeição" para deixar tudo como está. Mas não acreditamos que Baccelli tenha dito que Chico tinha muito pavor do Lula para desfazer o seu amigo e mestre.
Baccelli não seria capaz de inventar um anti-petismo cujas provas existem em Chico Xavier, ele esculhambando os movimentos operários, camponeses e sem-teto (ele faria o mesmo com os movimentos estudantis, só teria apoiado os protestos do MBL e dos bolsonaristas) num programa de televisão de grande audiência.
Se questionarmos o direitismo de Chico Xavier, encontraríamos problemas de argumentação. Teríamos que deixar pendente muitas questões, entre as quais mencionamos:
1) Por que Chico Xavier, consciente dos efeitos que causaria na posteridade, teria apoiado a ditadura militar e espinafrado os movimentos sociais de esquerda, sabendo do risco de expressar abertamente isso num programa de televisão de grande audiência, cujo conteúdo está entre o acervo remanescente da TV antiga, reproduzido em DVD, no YouTube e no Dailymotion e tendo virado até livro?
2) Mesmo que Chico Xavier tenha sofrido os "impulsos do momento" ao exaltar a ditadura militar, ele tinha a mínima consciência de que, considerado "visionário" pelo imaginário de seus seguidores, cobranças lhe seriam feitas no caso da ditadura militar ter acabado. Lembremos que ele não fez manifesto algum em prol da redemocratização do país - que talvez atribuísse a um capricho da "vontade divina" - e apoiou políticos conservadores até o fim da vida.
3) Com a fama de "humanista" que, ainda que tendenciosamente, desenvolveu em sua pessoa, alguém imaginaria que Chico Xavier levaria longe demais seu apoio à ditadura militar, comparecendo a homengans de militares e políticos ligados ao regime, se estivesse sendo forçado a dar esse apoio? Ele poderia ter se recusado a receber essas homenagens se realmente fosse um homem sensível ao sofrimento dos oprimidos. Só que não.
Chico Xavier, pelo menos aparentemente, não aceitava a violência. Mas seu "espiritismo" medievalizado consentia com a tragédia das vítimas da violência, que "pagavam pelo que deviam" conforme a tese duvidosa dos "reajustes morais", uma herança de J. B. Roustaing.
Do mesmo modo, Chico Xavier também fez juízos de valor cruéis. Sem o menor fundamento, ele acusou de "romanos sanguinários" as humildes vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, a uma semana do Natal de 1961. Isso não se faz, seria brincar com o sofrimento dos outros. E o pior é que Chico, para se livrar de culpa, botou responsabilidade a Humberto de Campos, mal disfarçado pelo pseudônimo "Irmão X" inventado pelo "médium".
São erros gravíssimos de Chico Xavier. São posturas graves, de consequências drásticas, não podem ser vistas como "errinhos de nada" aos quais se dá um pedido de desculpas e acabou. E além disso, há mais erros graves, como a calúnia que Chico falou sobre os amigos de Jair Presente, quando estes disseram que "não havia jeito" para as "psicografias" que levavam o nome do falecido universitário.
Chico Xavier, ríspido, chamou de "bobagem da grossa" a desconfiança dos amigos de Jair Presente. Foi uma grande ofensa. Os jovens não estavam "ofendendo e caluniando um homem de bem". Era o "homem de bem" que estava ofendendo aqueles que mais conviveram com Jair Presente. A verdade é que Chico queria se apropriar dos espíritos mortos como se fosse "dono deles" e esse é o "cacoete" que os "médiuns" brasileiros têm, nesse "espiritismo" que há muito se desviou das rotas originais.
MÁ SINTONIA TIVERAM AS ESQUERDAS
As esquerdas, que ingenuamente viam no "médium" a "alma-gêmea" do ex-presidente Lula, baseado em fantasias e alegações superficiais envolvendo palavras soltas como "fraternidade", "caridade" e "paz", é que contraíram azar ao adorarem o ultraconservador Chico Xavier.
Os esquerdistas perderam seu protagonismo, desde que a FEB presenteou a presidenta Dilma Rousseff dando-lhe o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Foi um presente de grego, porque Dilma sofreu, depois, infortúnios aos quais nem sua personalidade de fibra conseguiu deter, e ela perdeu o poder e os direitos como quem vê água cair da palma da mão.
Foi esse mesmo azar que teve Juscelino Kubitschek, que não era esquerdista mas era um progressista de centro-direita parceiro da centro-esquerda. Foi ele homenagear a FEB e Chico Xavier e o resultado foi da cassação de seu mandato parlamentar e de seus direitos políticos até a morte num acidente de carro estranho, mas também nunca devidamente investigado.
As esquerdas têm seus erros e sua complacência com o "espiritismo" brasileiro, a exemplo do que ocorreu com o "funk", é ilustrativa: ambas foram aceitas diante da falsa simbologia da "alegria de pobre", sem que as esquerdas percebam que o povo pobre é, em ambos os fenômenos, abordado de maneira sub-humana, porque não basta o pobre ficar sorrindo se ele, por trás dessa alegria, é explorado ou submetido a dominação paternalista de empresários do entretenimento ou religiosos.
As esquerdas reagem em silêncio, sem fazer autocrítica, sem sequer adotar uma posição de rompimento ou desilusão. Se silenciam a respeito de Chico Xavier e do "funk", enquanto temos "espíritas" e MC's fingindo repudiar Jair Bolsonaro pela "truculência" e só abandonando o barco porque viram que a coisa pegou feia demais. Mas, mesmo assim, "espíritas" e funkeiros não se tornaram progressistas nem libertários com isso.
Paciência, até as esquerdas foram manipuladas pela Rede Globo. Claro, a imprensa vivia sob censura e não tínhamos contraponto à imagem adocicada que fizeram de Chico Xavier, um sujeito malandro na juventude e ranzinza na velhice, mas que virou uma espécie de "fada-madrinha" do mundo real, associada ao conto-de-fadas para adultos que é o "imaginário espírita" no Brasil.
PARA OS "ESPÍRITAS", TANTO FAZ O BRASIL VIVER O CAOS
A relação simbólica de Chico Xavier com Jair Bolsonaro, nunca analisada sequer pelos semiólogos de esquerda que criticam as esquerdas, estudiosos capazes de enxergar estratégias políticas do Pentágono em filmes da Marvel, mas não são capazes de ver bombas semióticas no escapismo fabuloso de Nosso Lar e dos "ETs" da "data-limite" do "médium", é bem realista e procedente.
Afinal, ambos tiveram trajetória arrivista - é só consultar a imprensa e ver que ambos se ascenderam a partir de episódios de muita confusão e, por sorte deles, se livraram de encrencas graves que os pouparam de serem punidos - , sempre defenderam ideias ultraconservadoras e se tornaram populares por uma questão de catarse coletiva dos seus admiradores e seguidores, mesmo os "isentos".
No entanto, ambos são separados por uma "simbologia de fachada" que lhes produz uma falsa oposição entre um e outro. Isso porque Chico Xavier, blindado pela mídia hegemônica, passou a ser um personagem de dramaturgia de si mesmo, um "herói fictício" da vida real, um "filantropo de telenovela" do imaginário popular, numa retórica exportada do "fabricante de santos", o inglês Malcolm Muggeridge.
A imagem idealizada de Chico Xavier é tão agradável que a permissividade que usa o pretexto da "liberdade da fé" autoriza que ele seja compreendido à "luz" (ou melhor, à treva) do pensamento desejoso, que impede uma compreensão realista do "médium", por ser esta mais complexa, desagradável e incômoda para muitos, o que comprometeria a idolatria que permite o razoável sucesso de seus livros (que já não vendem tanto quanto outrora, mas vendem).
Só que os esquerdistas que se enfurecem quando alguém associa Chico Xavier ao bolsonarismo são os que mais caem em contradição. É só perceber a raiva com "sotaque bolsomínion" que os esquerdistas dessa tendência adotam. Sem perceber, os chiquistas de esquerda são bolsonaristas por tabela, porque apoiam ideias ultraconservadoras que estão presentes tanto no "capitão" quanto no "médium".
Alguém, por exemplo, ignora que Chico Xavier defendia o trabalho exaustivo, um dos pilares da "reforma trabalhista" apoiada por Jair Bolsonaro? E a "cura gay"? Chico Xavier defendia "respeito absoluto" aos homossexuais (hoje comunidade LGBT), mas recomendava a estes uma "reeducação" para "conscientizá-los" das imposições que Deus lhes deu pela condição sexual determinada pelo nascimento. Ou seja, se fulano nasceu homem, embora antes encarnado como mulher, ele terá que se acostumar com a "nova condição" e não sair por aí fazendo cirurgia trans ou virando gay.
O que as esquerdas não sabem é que, para o "puríssimo" Chico Xavier, tanto faz se o Brasil vivia no caos, na tragédia, na miséria ou na desordem. Em seu discurso, a prosperidade estava na "vida futura", uma ideia levianamente trabalhada pelo "espiritismo" brasileiro. O mundo espiritual e a reencarnação existem, mas eles são um mistério.
Se vemos tanta gente boa apoiando o bolsonarismo, de atores de novela, músicos de MPB e até subcelebridades festejadas, não seria absurdo que Chico Xavier, bem mais convincente no seu conservadorismo doentio, apoiaria Jair Bolsonaro. E, hoje, com base nas ideias e depoimentos deixados pelo "médium", alertamos: Chico Xavier continuaria apoiando o governo Bolsonaro.
Ele diria, muito provavelmente, o seguinte: "Oremos porque nosso presidente está sendo pressionado pelos abusos de seus parceiros e aliados, além da oposição furiosa a seu governo, vinda daqueles sem a paciência necessária de enfrentar determinados sacrifícios, necessários depois da urgência de 2016, quando o Brasil está cansado da corrupção e das tentações que o esquerdismo trouxe para os pobres, maculando neles a ambição e o materialismo".
Chico Xavier continuou apoiando a ditadura militar quando o maior apoiador do golpe de 1964, o ex-governador da Guanabara e jornalista, Carlos Lacerda, já estava na oposição, da mesma forma que o católico ortodoxo Alceu Amoroso Lima, que havia denunciado que Parnaso de Além-Túmulo era uma obra de editores da FEB. Será que os esquerdistas são idiotas em ignorar isso, que Chico Xavier continuou apoiando a ditadura mesmo quando os maiores apoiadores haviam desembarcado dela?
Talvez o excesso de adoração a Chico Xavier tenha feito muitos brasileiros ficarem entorpecidos, acomodados, ansiosos ou iludidos. Enquanto as esquerdas imaginam, tolamente, que o espírito do "médium" vai baixar em Curitiba para obsediar o carcereiro na sede da Polícia Federal e ele abrir a cela para Lula sair, o Brasil está ameaçado de sofrer o agravamento de sua crise às últimas consequências.
A realidade, dura mas indiscutível é que, pela afinidade de sintonias, a pessoa que mais está sendo protegida e amparada pelas energias de Chico Xavier não é outra senão a que se chama JAIR MESSIAS BOLSONARO. É bom jair se acostumando, "espíritas"!
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