Como deturpador preocupante e de extrema gravidade da Doutrina Espírita e como um dos principais responsáveis pela literatura fake que se autoproclama "mediúnica", o "médium", aliás, o anti-médium Francisco Cândido Xavier é irradiador de energias maléficas, em virtude de sua desonestidade e de seu oportunismo.
Queiram ou não queiram as pessoas, é isso mesmo que se considera no parágrafo acima. Não há como fingir que, só pelos apelos de beleza e suavidade associados a um imaginário religioso conservador - mas que pega desprevenidos muitos considerados esclarecidos e progressistas - , a desonestidade não é desonesta. É, sim, e a pior desonestidade é aquela que se esconde sob a capa da fé religiosa, da simplicidade e se reveste do mais persistente verniz de caridade e doçura.
Uma das notícias mais recentes se trata da crise do setor literário no Brasil. É a segunda crise, desta vez, econômica, nos últimos anos. A primeira crise, de 2015, é de conteúdo, quando os livros mais vendidos eram justamente os que fugiam de qualquer compromisso com a transmissão de conhecimento.
Afinal, como considerar que 2015 foi um "ano bom" para o mercado de livros se as obras mais vendidas eram de bobagens de youtubers, romances sobre estudantes-vampiros e jogos de Minecraft, sem falar das tolices de sempre nos livros de auto-ajuda. Mas o pior é que os livros para colorir também entravam no páreo, sob o rótulo de "não-ficção" (?!), só para deixar o mercado mais surreal.
Hoje vemos casos como a companhia Saraiva, que recentemente fechou 20 filiais em todo o Brasil e que entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial. Chama-se recuperação judicial um processo movido por uma empresa para obter condições para renegociação de dívidas e busca de novos empréstimos visando sua reestruturação, evitando a falência.
REFÉM DO "MOVIMENTO ESPÍRITA"
O mercado literário brasileiro, na prática, atua como refém do "movimento espírita", que no Brasil comercializa literatura fake sob o rótulo de "mediúnica". Podemos creditar as supostas psicografias como fake porque qualquer análise atenta consegue identificar, sem muita dificuldade, grosseiras disparidades em relação aos aspectos pessoais associados a cada suposto autor morto.
Essa constatação desagrada muita gente, que é movida pela cegueira das paixões religiosas, e por isso é capaz de jogar a lógica e o bom senso no lixo para continuarem defendendo paradigmas dominantes da fé religiosa, por mais absurdos que fossem.
Mas a verdade é que, diante da avaliação de um produto que pode ser falso ou não, não se pode tomar como critério as semelhanças existentes. Um produto falso, evidentemente, busca obter o maior número de semelhanças em relação ao original, o que não significa que esse produto possa ser autêntico.
Infelizmente, as "psicografias" são legitimadas apenas pelo critério de semelhanças. Se a obra "parece" com a obra original que o morto em questão havia deixado em vida, ela é "autêntica", ou, quando muito, deixada "em aberto" para qualquer um acreditar ou não "em virtude da fé". Alertamos que essa postura - que erra ao permitir a livre circulação de obras de autoria duvidosa - é acintosa em relação à memória do respectivo autor falecido.
O grande problema é que a falsidade da obra se dá quando, por mais semelhanças que existam, há um único aspecto comprometedor, que, por menor que seja, contrasta seriamente com a natureza pessoal do autor original.
Em Parnaso de Além-Túmulo, um poema atribuído a Casimiro de Abreu, "A Terra", consegue enganar muita gente no estilo que parodia bem o do poeta ultrarromântico. Um "não-espírita" espertinho chegou a apontar o poema como "prova de autenticidade" do estranho livro "mediúnico", mas ele só reproduziu os dois primeiros versos.
ÔNIBUS DA LIVRARIA ESPÍRITA (SIC) CHICO XAVIER, ESTACIONADO EM CALDAS NOVAS, GOIÁS. FOTOS DE AUTORIA DE ANDRÉ LUIZ, NÃO O "ESPÍRITO", MAS O BUSÓLOGO.
CHICO XAVIER, UM FARSANTE LITERÁRIO
O que vemos, na verdade, é que o Brasil anda sendo tomado de fenômenos de idiotia, confusão e reacionarismo em diversos âmbitos da sociedade, e isso é influência do exemplo arrivista de Francisco Cândido Xavier, cuja desonestidade foi premiada por uma santificação trazida por critérios tão subjetivos quanto duvidosos e tendenciosos, para não dizer traiçoeiros.
Muitos se assustam quando se fala que Chico Xavier foi desonesto, mas há um monte de provas consistentes a respeito. Não podemos jogar a lógica no lixo, em nome das paixões religiosas, estas tão traiçoeiras quanto as paixões do dinheiro, do sexo e das drogas.
As "psicografias" de Chico Xavier são cheias de irregularidades. Seu conteúdo é mistificador e muitas ideias expressas confirmadamente contrariam as lições da literatura espírita original, de forma ainda muito mais grave do que se pode imaginar. O Espiritismo original francês surgiu influenciado pelas ideias iluministas, seu arremedo brasileiro preferiu resgatar paradigmas decadentes e até obsoletos do antigo Catolicismo medieval jesuíta do período colonial.
Se Chico Xavier é endeusado, é porque há uma combinação, no imaginário popular, de uma série de simbologias e dissimulações que permitem tanto a beatitude medieval católica, o fanatismo religioso, o moralismo retrógrado e o fingimento de que tudo isso é uma "visão progressista" e "racional". Daí a desculpa, um tanto hipócrita, dada por uns retrógrados que apelam para "pararmos para pensar e reconhecermos o valor do coração". Pura idiotice!
Chico Xavier foi o pioneiro da literatura fake, mas, promovido a ídolo religioso dentro de um discurso multi-dissimulado, uma gororoba ideológica que mistura delírios religiosos e falsa racionalidade, foi beneficiado por um simulacro de intelectualismo - apesar do "médium" ter condenado sempre o questionamento crítico da realidade - que permite até que alguns delirantes o considerem "professor", "filósofo" e "mestre".
E aí esse simulacro de intelectualismo, esse faz-de-conta que deslumbra muitos e atrofia o cérebro - fazer o quê, muitos idiotas só conseguem pensar com o coração ou o fígado, pois o cérebro anda bastante enguiçado - faz com que existam até aberrações como o ônibus da Livraria Espírita (sic) Chico Xavier, um embuste mistificador que engana muitos leitores.
Através desses ônibus, as pessoas pobres são ludibriadas com o pior da deturpação espírita, em textos mistificadores e transmissão de moralismo retrógrado, que obriga as pessoas a suportar desgraças em silêncio. Além desses livros, há outras obras "espíritas", inclusive livros de Allan Kardec em traduções deturpadas para espalhar o vírus maligno da mistificação igrejista.
Os incautos acham que se trata de uma grande viagem no interior do Conhecimento, trazido pelas esferas espirituais superiores. Isso é uma grande tolice. O que vemos é um "cavalo de Troia" na qual a deturpação espírita se serve, por meio dessa "viatura" vinda de Uberaba, para difundir conceitos e ideias bastante agradáveis, porém extremamente contrários à lucidez dos ensinamentos espíritas originais.
E como Chico Xavier, pelo conjunto da obra - repleta de episódios arrivistas e oportunistas - , traz energias maléficas para as pessoas, a sua influência traiçoeira no mercado literário causa mau agouro, e isso atingiu sobretudo a maior vítima de sua máquina de produzir obras fake: Humberto de Campos.
O escritor maranhense é mantido fora de catálogo nas livrarias, por conta do lobby que a FEB exerce sobre o mercado literário (lembremos que a FEB é uma das instituições vinculadas à plutocracia, com uma interação bem maior do que a Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo). Enquanto isso, o "Humberto de Campos fake", com o lema proto-bolsonarista "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", corre solto não só nas livrarias, mas até na distribuição de livros gratuitos, até na Internet.
Isso traz mau agouro para a literatura séria, num mercado como o brasileiro, em que uma parcela considerável de leitores não quer saber de obter conhecimento. O Brasil que recusa a questionar seus totens e paradigmas, a ponto de agora se preparar para um governo cheio de confusão que é o de Jair Bolsonaro, se tornou a vergonha do mundo, e isso partiu do perigoso caminho de transformar um arrivista literário em um semi-deus, devido à tentação fácil das paixões religiosas.
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