CONTRASTES FORTES - POBRES TRISTES E SUBMISSOS COM CHICO XAVIER, POBRES ALEGRES E EM CUMPLICIDADE COM LULA.
Recentemente, nas redes sociais, surge algum engraçadinho ou bacaninha no Instagram ou Facebook, seja ele "isento" ou "de esquerda", publicando algumas frases de Francisco Cândido Xavier. Sob a desculpa de trazer boas energias, pessoas que variam de atrizes descoladas a, pasmem, ateus e fãs de rock pesado (?!), prestam alguma consideração a Chico Xavier, quando não deveriam fazê-lo sob hipótese alguma.
Para piorar, essas pessoas duvidam do potencial bolsonarismo que Chico Xavier teria se estivesse vivo. Acham que estamos inventando a respeito dessa postura. Só que não. Afinal, pesquisas foram feitas e podemos apontar alguns indícios fortes de que o anti-médium mineiro (ele é "anti-médium" por romper com a antiga simbologia intermediária do "médium", preferindo ser o centro das atenções e não uma "ponte" entre os vivos e os mortos) seria um bolsonarista ferrenho. Vamos enumerar alguns motivos:
1) A obra doutrinária de Chico Xavier se baseava na Teologia do Sofrimento. Isto é, a pessoa que sofresse alguma desgraça teria que suportá-la em silêncio ou, no caso de lutar para superá-la, é para dar murro em ponta de faca até sair um rio de sangue pela mão. A Teologia do Sofrimento era a corrente mais radical do obscurantismo da Igreja Católica e tem como adepta mais famosa a Madre Teresa de Calcutá;
2) Chico Xavier era anti-comunista ferrenho. Mesmo quando "elogiava" o comunismo, em 1945, condicionava sua "validade" a subordinação aos "princípios cristãos", um eufemismo que praticamente anula a doutrina esquerdista, em sua essência, por ser uma forma de definir o proselitismo do Catolicismo ortodoxo, de origem medieval. Além disso, em 1945 o mundo capitalista tolerava o comunismo, sem combatê-lo frontalmente, coisa que só se deu a partir de 1946, com a Guerra Fria. O anti-comunismo de Chico Xavier é conhecido pela entrevista dele dada ao Pinga-Fogo (TV Tupi);
3) Chico Xavier era defensor do trabalho servil e exaustivo. Defensor radical da obediência e do servilismo aos detentores do poder, ele, ao trabalhar para fazendeiros em Uberaba, se aliou ao coronelismo local. Suas ideias sempre recorriam para o trabalhador aguentar imposições patronais, perdas salariais, jornadas exaustivas de trabalho, sob a desculpa de serem "sacrifícios feitos em nome de Deus";
4) Chico Xavier era um defensor radical da ditadura militar. No citado Pinga-Fogo, em 1971, ele dizia que os militares (por associação, incluiu tanto os generais quanto os torturadores) estavam fazendo do Brasil um "reino de amor" para o futuro, mesmo sob o sangue de muitos inocentes. Além disso, Chico Xavier dizia que o AI-5 era "necessário" para "livrar o Brasil do caos", eufemismo muito conhecido do imaginário da direita para classificar protestos populares contra governos opressivos;
5) Quando falou das esquerdas no Pinga-Fogo, Chico Xavier fez comentários ríspidos contra o comunismo, João Goulart e os movimentos sindicais, camponeses e sem-teto, com um discurso que lembra muito bem o das elites hidrófobas que pediram o golpe de 1964;
6) Um dado a considerar é que, enquanto direitistas que apoiaram o golpe de 1964, como Carlos Lacerda e Alceu Amoroso Lima (que, coerentemente, apontou fraudes na obra de Chico Xavier), passaram a se opor energicamente à ditadura, o "bondoso médium", com errônea fama de "progressista", se manteve firme na defesa do regime ditatorial;
7) Lembremos que Chico Xavier também nunca defendeu a redemocratização, e suas "cartas mediúnicas" foram uma cortina de fumaça para tentar salvar a ditadura militar, o que não deu certo. Quando a ditadura acabou, Chico Xavier apenas se limitou a dizer que o fato foi "decisão de Deus";
8) Chico Xavier foi um dos pioneiros do anti-petismo, já na década de 1980. Isso o fez apoiar Fernando Collor, na campanha presidencial de 1989, contrariando o que os próprios amigos que blindavam o "médium" tentaram fazer crer, que era um religioso "isentão" sem vínculo ideológico. O horror a Lula tinha um discurso muito parecido com o da atriz Regina Duarte, uma das mais famosas direitistas do Brasil.
Como é que esquerdistas aloprados, sejam atores teatrais porraloucas e dondocas comunistas, entre tantos outros, uns desavisados, outros confusos, vão querer "esquerdizar" Chico Xavier e colocá-lo como se fosse "alma-gêmea de Lula"? Como gente "progressista" ou "isenta" tem a coragem de colocar as frases obscurantistas do "médium" sob a desculpa de promover a paz e a alegria nas redes sociais?
Claro, a ditadura militar saiu de cena mas deixou intata sua maior herança: o mito de Chico Xavier. Ele foi redesenhado como "fada-madrinha", com a ajuda da Rede Globo e sob o método importado de Malcolm Muggeridge - que glorificou a imagem da megera Madre Teresa, que passou pano nos insensíveis empresários que provocaram a tragédia de Bophal, na Índia, em 1984 - , com uma retórica tão dócil que fez muita gente boa e com certo esclarecimento cair feito patinho.
A própria Madre Teresa de Calcutá, apesar de seu reacionarismo ferrenho - ela era uma espécie de "Carla Zambelli" da filantropia católica - , anti-aborto e pró-sofrimento, é cortejada por setores debiloides das esquerdas brasileiras, presas num maniqueísmo fácil em que a direita só é reconhecida se sua simbologia for severamente raivosa.
Há muitas queixas de que as esquerdas acolhem muita coisa de direita, não por furar a bolha nem ir contra a polarização, mas por acreditar que muita coisa que, em verdade, é tão reacionária quanto um bolsonarista armado de metralhadora, têm uma simbologia que parece dócil e usa uma retórica mais "simpática", com frasezinhas pedindo "paciência" porque "o melhor está por vir".
As esquerdas andam muito idiotizadas, achando que um "funk ostentação" tocado durante uma ginástica olímpica, o tal "Baile de Favela" do MC João, que glamouriza a vida nesses ambientes degradados (os pobres têm que aguentar viver em casas precárias, de acesso difícil e localização arriscada, e enfrentar tiroteios até durante o dia, e morrer sob eles), vai derrubar Jair Bolsonaro.
Essas mesmas esquerdas debiloides, que esqueceram o que são as classes trabalhadoras, como realmente vivem os favelados e o sofrimento mortal dos sem-teto, acham que o "funk" defende a vacina contra a Covid-19 e os cuidados de prevenção da pandemia, mas os "bailes funk" são uma amostra de seu negacionismo com apetite bolsonarista, com aglomerações e gente dançando sem máscara, pobres que há cerca de 30 anos gastam seus suados dinheirinhos para enriquecer os empresários e DJs que realmente mandam no gênero e dos quais os MCs não passam de submissos capangas.
E não são poucos os esquerdistas que querem orar para Chico Xavier - que, para eles, não personifica o mal escancarado, mas às vezes caricatural, dos neopentecostais - para que o "médium" proteja e ampare o Lula na sua corrida presidencial para 2022. Como tem gente rezando para a raposa proteger e amparar o galinheiro, se utilizando das mais escalafobéticas desculpas para justificar tão patética postura, usando como pretextos a "caridade" e a "fraternidade".
Se saírem da toca e orarem para o "médium" proteger e amparar o Lula, podem estar certos que ocorrerá o contrário. As esquerdas se acham vencedoras, mas até agora Jair Bolsonaro não foi derrubado. O que temos são notas de repúdio, festinhas fantasiadas de protestos populares, marcadas por longos intervalos entre uma passeata e outra. As esquerdas brincam de combater Bolsonaro, se esquecendo que, quando ele se endurecer de vez, o Brasil passará por um dos períodos mais cruéis e desumanos, uma tragédia sem precedentes sequer nos piores momentos da nossa História.
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