O QUE VALESCA POPOZUDA E CHICO XAVIER TÊM EM COMUM? A ASSOCIAÇÃO COM A IMAGEM ADOCICADA DAS CLASSES POPULARES.
O que o "funk" e o "espiritismo" brasileiro têm em comum? Além de uma fachada falsamente progressista, que seduz setores das esquerdas político-culturais, apesar de ambos serem blindados pelas Organizações Globo, elas também apostam numa imagem glamourizada da pobreza, abordando as classes populares sob uma imagem adocicada e domesticada.
Ambos se servem de uma imagem aparentemente positiva das classes populares, e trabalham visões equivocadas relacionadas à cidadania e ao ativismo social. E tanto o "funk" quanto o "espiritismo" vendem uma imagem falsamente futurista, quando eles na verdade trabalham para regredir a sociedade brasileira para níveis sociais equiparados ao século XIX.
O "funk", por exemplo, luta para nivelar a sociedade do Estado do Rio de Janeiro e, daí, para o resto do Brasil, para os padrões de comunidades populares anteriores ao desenvolvimentismo que o prefeito da antiga capital do país, Pereira Passos, começou a fazer de forma significativa, ainda que desigual e elitista, mas, de certa forma, com alguma preocupação de progresso.
O "espiritismo" brasileiro luta para nivelar a sociedade brasileira aos padrões religiosos anteriores a 1808, recuperando os postulados originais não do Espiritismo francês, mas do Catolicismo medieval que prevaleceu durante o período colonial brasileiro.
O "espiritismo" seria uma forma de recuperar o legado da Companhia de Jesus, depois que o primeiro-ministro português Marquês do Pombal determinou o fim das atividades jesuítas na colônia, porque custavam caro aos cofres portugueses, mediante uma série de investimentos de recuperação de Portugal, após os trágicos terremoto e maremoto de 1755.
Diante disso, o que se observa é que o caráter ativista das classes populares, com revoltas históricas que ficaram na memória historiográfica de nosso país, tenta ser substituído pela imagem adocicada do povo pobre, um estereótipo considerado "alegre" e "divertido", mas que soa também inofensivo aos interesses da sociedade elitista e preconceituosa.
A visão adocicada das classes populares, que tanto podem rebolar ao som de Valesca Popozuda e Mr. Catra como podem apreciar as mensagens piegas de Chico Xavier e Divaldo Franco, garante o sono tranquilo das elites, que até apoiam as classes populares quando elas se encontram nessa situação submissa e resignada, receptivas à ação paternalista dos privilegiados da sorte.
Infelizmente, isso é uma pegadinha que pega desprevenida a sociedade progressista, que imagina que isso é uma imagem "naturalmente positiva" das classes populares. O que vemos é que mesmo entre as esquerdas brasileiras há uma educação elitista e conservadora muito forte, que faz com que mesmo os ativistas sociais autênticos consintam com essa abordagem caricatural e piegas do povo pobre.
A glamourização da pobreza tranquiliza a todos. Em tese, ela evita que as elites sejam assaltadas com mais frequência. Ela permite o paternalismo das elites e a anestesia social das classes populares por meio do entretenimento e da religião, criando uma alternância entre a permissividade do "funk" e a moderação religiosa que se observa no "espiritismo", religião que mais tipicamente trabalha a imagem glamourizada e dócil do povo pobre.
O que poucos imaginam é que isso também pode ser uma forma de controle social, porque ela nem de longe traz a verdadeira qualidade de vida. A imagem do povo pobre trazida pelo "funk" e pelos "espíritas" também não é diferente da imagem espetacularizada que eventos como o Caldeirão do Huck, apresentado pelo "potencial presidenciável" Luciano Huck, e o Criança Esperança, ambos da Rede Globo de Televisão, já trabalham.
O pano de fundo de tudo isso é a visão de que o povo pobre não tem autonomia - ou "tem", desde que subordinada ao aparato mercadológico do entretenimento comercial e religioso, no caso da caridade paliativa do Assistencialismo "espírita" - e não pode ter amplas conquistas no âmbito sócio-cultural. As "grandes conquistas" que o povo pobre pode ter estão sempre limitadas aos contextos de entretenimento e fé religiosa já pré-estabelecidos pelo poder midiático vigente.
Portanto, os dois fenômenos, "funk" e "espiritismo", podem parecer divergentes entre si, mas são muito mais afins do que se imagina, pela forma com que tratam o povo pobre, como um ente social que deve estar sempre à mercê de ações paternalistas, sujeito a uma aparente, porém limitada, emancipação social, nos limites que não representam ameaças aos privilégios abusivos das elites que lutaram para retomar o poder desde 2002 e o reconquistaram em 2016.
O que o "funk" e o "espiritismo" brasileiro têm em comum? Além de uma fachada falsamente progressista, que seduz setores das esquerdas político-culturais, apesar de ambos serem blindados pelas Organizações Globo, elas também apostam numa imagem glamourizada da pobreza, abordando as classes populares sob uma imagem adocicada e domesticada.
Ambos se servem de uma imagem aparentemente positiva das classes populares, e trabalham visões equivocadas relacionadas à cidadania e ao ativismo social. E tanto o "funk" quanto o "espiritismo" vendem uma imagem falsamente futurista, quando eles na verdade trabalham para regredir a sociedade brasileira para níveis sociais equiparados ao século XIX.
O "funk", por exemplo, luta para nivelar a sociedade do Estado do Rio de Janeiro e, daí, para o resto do Brasil, para os padrões de comunidades populares anteriores ao desenvolvimentismo que o prefeito da antiga capital do país, Pereira Passos, começou a fazer de forma significativa, ainda que desigual e elitista, mas, de certa forma, com alguma preocupação de progresso.
O "espiritismo" brasileiro luta para nivelar a sociedade brasileira aos padrões religiosos anteriores a 1808, recuperando os postulados originais não do Espiritismo francês, mas do Catolicismo medieval que prevaleceu durante o período colonial brasileiro.
O "espiritismo" seria uma forma de recuperar o legado da Companhia de Jesus, depois que o primeiro-ministro português Marquês do Pombal determinou o fim das atividades jesuítas na colônia, porque custavam caro aos cofres portugueses, mediante uma série de investimentos de recuperação de Portugal, após os trágicos terremoto e maremoto de 1755.
Diante disso, o que se observa é que o caráter ativista das classes populares, com revoltas históricas que ficaram na memória historiográfica de nosso país, tenta ser substituído pela imagem adocicada do povo pobre, um estereótipo considerado "alegre" e "divertido", mas que soa também inofensivo aos interesses da sociedade elitista e preconceituosa.
A visão adocicada das classes populares, que tanto podem rebolar ao som de Valesca Popozuda e Mr. Catra como podem apreciar as mensagens piegas de Chico Xavier e Divaldo Franco, garante o sono tranquilo das elites, que até apoiam as classes populares quando elas se encontram nessa situação submissa e resignada, receptivas à ação paternalista dos privilegiados da sorte.
Infelizmente, isso é uma pegadinha que pega desprevenida a sociedade progressista, que imagina que isso é uma imagem "naturalmente positiva" das classes populares. O que vemos é que mesmo entre as esquerdas brasileiras há uma educação elitista e conservadora muito forte, que faz com que mesmo os ativistas sociais autênticos consintam com essa abordagem caricatural e piegas do povo pobre.
A glamourização da pobreza tranquiliza a todos. Em tese, ela evita que as elites sejam assaltadas com mais frequência. Ela permite o paternalismo das elites e a anestesia social das classes populares por meio do entretenimento e da religião, criando uma alternância entre a permissividade do "funk" e a moderação religiosa que se observa no "espiritismo", religião que mais tipicamente trabalha a imagem glamourizada e dócil do povo pobre.
O que poucos imaginam é que isso também pode ser uma forma de controle social, porque ela nem de longe traz a verdadeira qualidade de vida. A imagem do povo pobre trazida pelo "funk" e pelos "espíritas" também não é diferente da imagem espetacularizada que eventos como o Caldeirão do Huck, apresentado pelo "potencial presidenciável" Luciano Huck, e o Criança Esperança, ambos da Rede Globo de Televisão, já trabalham.
O pano de fundo de tudo isso é a visão de que o povo pobre não tem autonomia - ou "tem", desde que subordinada ao aparato mercadológico do entretenimento comercial e religioso, no caso da caridade paliativa do Assistencialismo "espírita" - e não pode ter amplas conquistas no âmbito sócio-cultural. As "grandes conquistas" que o povo pobre pode ter estão sempre limitadas aos contextos de entretenimento e fé religiosa já pré-estabelecidos pelo poder midiático vigente.
Portanto, os dois fenômenos, "funk" e "espiritismo", podem parecer divergentes entre si, mas são muito mais afins do que se imagina, pela forma com que tratam o povo pobre, como um ente social que deve estar sempre à mercê de ações paternalistas, sujeito a uma aparente, porém limitada, emancipação social, nos limites que não representam ameaças aos privilégios abusivos das elites que lutaram para retomar o poder desde 2002 e o reconquistaram em 2016.
Comentários
Postar um comentário